domingo, 26 de dezembro de 2010

o olhar

Meu olhar não sorri para você hoje.
Nem hoje, nem amanhã.
Por enquanto ele não vai sorrir, o meu triste olhar.
Ele se mantém calmo e breve.
Neste dia que passou e que não é mais dia,
meu olhar desmaiou.

Um dia

É só um dia a menos em uma vida que dura só o tempo de uma vida. E que diferença pode fazer um só dia? É só um dia. É só um arranhão, é só uma chuva, é só uma morte. Essa morte que pode vir amanhã, mas é só um dia.

venha

Dói tanto para uma mulher se arrumar para alguém que não vem.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Por hoje

Hoje eu sou nada e não há nada que me faça ser alguma coisa. Talvez um cobertor para eu me esconder, uns óculos escuros, para eu sentir que estou um pouco escondida. Nem isso. Eu não sou hoje, e se esse dia for mais tarde questionado, será uma grande incógnita que ninguém tentará resolver. E pouco importa. Não há eu por hoje, e eu espero que eu sobreviva a essa enorme inexistência de mim.

Assim era

Ela esperava dia sim, dia não, pelo momento em que alguma coisa aconteceria. Não se frustrava mais com a longa espera, mas certamente as suas pernas estavam cansadas de tanto aguentar em pé.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

O que te traz

O que te traz aqui
se eu sempre fui tão cheia de clichês?
se eu nunca soube de nada?
Seu amor mal dava para você,
o que te traz aqui?

Pedaço meu e seu

Eu fui procurar no seu ármario
um pedaço de alguma coisa
eu achei coisas demais
e nenhum pedaço:
só coisas inteiras.
Eu penso se eu terei,
serei
ou farei
um pedaço disso aqui.

u-n-me

I already miss it all.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Insultos de madrugada

Ouço gritos na casa ao lado
alguém briga com alguém
e como gritam
parecem desesperados
os dois aumentam o tom de voz
e às vezes se calam por um minuto
depois voltam os gritos
alguns insultos que eu não ouço bem
é engraçado, pra mim aqui de fora
é tão evidente
que tudo que os dois, berrando, esperam
é um pedido de perdão,
e um abraço.

Essa chuva

Vejo da minha janela uma chuva que eu não sei
o que faz ali
essa janela é minha
esse lado de fora da janela também é um pouco meu
quem foi que mandou essa chuva
essa hora da noite
na minha janela?

Transferência

Hoje eu estou cheia de ódio
-de mim, do dia de hoje, das montanhas de algum lugar
estou com saudade de não sentir ódio
porque ele me machuca
nos poucos minutos que dura
se alimenta de minhas víceras, e como dói
Esse ódio que me deu hoje
trouxe até um pouco de ânsia
de tão forte
eu não sei por que tanto ódio
Eu talvez possa explicar
que tudo isso seja feito
desse amor que eu não posso sentir
não quero, não devo, não não não
transformo em ódio
para poder continuar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lá dentro

A minha cólica e a dor no peito vão passar.
A chuva vai passar.
O tempo, a vida, os homens,
o ferro e a fome.
A vontade de qualquer coisa vai passar.
Todo mundo que vier,
todo mundo que me fizer chorar,
ou não fizer nada.
Não adianta dizer que não.
O infinito vai passar, eu prometo.
É assim, e não há deus que negue.
O que não passa
(e contra isso não há remédio)
é a solidão.
O peito, ele é solitário.
Pode enchê-lo de mesquinharias,
de segredos, de saudades, de pessoas,
ele é só ele.
E quando tudo der errado,
e se tudo der certo
e se nada acontecer além das coisas,
o peito é sozinho lá dentro.
E isso não vai passar.

Susto

Eu não sabia que a música ainda não tinha acabado, e quando ela voltou a tocar eu levei um susto. Um susto bom, claro. Um susto tão bom quanto daquela vez que você me flagrou bocejando alto. E você falou comigo. Você nunca falava comigo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A day

The thing is, today is just a sad day. It would be very very sad, if it wasn't for the fact that it is just a day.

maybe tomorrow

É hoje que eu vou ser eu e fazer as coisas que eu faço. É definitivamente hoje.
Talvez amanhã eu comece todas as outras coisas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

não senti

Hoje eu não senti medo,
porque tive preguiça de ficar perdida
de novo.

Demorei para dormir

Demorei para dormir, porque eu pensei em Deus. Pensei em comida, no reveillon e eu pensei também no abismo e na morte. Pensei na solidão, mas eu pensei em nós dois, pensei nele também, eu pensei em religião. Eu pensei em notícias, em frases, em suco de limão. Cheguei a pensar no meu sonho antigo e a falta que ele me faz. Fiquei pensando em ir embora, como eu sempre penso, depois eu pensei em motivos para ficar. Pensei em mais um pouco de abismo, nos cachorros do vizinho, em línguas que eu queria aprender e em café. Eu odeio café, mas eu bebo mesmo assim. Pensei em fotos que eu tirei, e em fotos bonitas para tirar. Pensei na praia, nas minhas irmãs. Pensei em armários maiores, em roupas e na sua loja. Eu pensei nos seus traços e eu ia começar a pensar na chuva, mas eu caí no sono e passei a sonhar. Os meus sonhos eu nunca lembro.

Nem por acaso

Discutindo aquela bobagem,
eu quis fugir,
levando tudo,
e jogando tudo fora.
Pra me esquecer
que um dia fui sua
toda sua, por inteiro.
E eu sou de esquecer?
E eu sou sua toda hora
e não me esqueço,
nem por acaso.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Disse a princesinha

Saia do meu caminho, você está me impedindo de ser o que eu quero. Saia já e leve toda a sua arrogância. Leve os seus frascos de perfume, leve os seus pulsos firmes que ficavam na minha cintura, leve tudo embora. E saia, que eu preciso colher umas flores no meu jardim, disse a princesinha.

Músicas

Ela ficava tentando descobrir para quem eram as músicas, o que queriam dizer as letras. E ele cantava sobre qualquer coisa que o fizesse cantar, tantas vezes sem motivos.

Um dos fins

Ela sorriu só de pensar que ele sabia abraçar daquele jeito. Mas logo desfez o sorriso, porque lembrou que ele poderia ter dado um milhão daqueles e não deu. Ela ficou ali mais um pouco, mas estava atrasada e precisou ir embora. Ele passou então a invadir os seus sonhos, todos os dias.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Goodnight, boyfriend

Boa noite, namorado, que às vezes eu me sinto tão longe de você. Acho que você já dormiu. Fez bem, chove lá fora tão gostoso. Não tem problema que você não me ligou, eu já estou indo dormir mesmo, tudo bem. Às vezes a gente esquece do amor, não é mesmo? Boa noite, durma bem. Tenha sonhos gostosos, acorde bem tranquilo. Não tem problema que você desistiu de me levar para sair, eu já sabia que isso ia acontecer. Você fica cansado e desiste. Não faz mal. Eu até confesso que quando eu me sinto longe de você, tenho preguiça de te conhecer tudo de novo. Hoje eu teria que dizer "de onde você veio?" porque eu teria me esquecido. É o meu mecanismo de defesa. Eu esqueço de você toda vez que você esquece de mim. Boa noite namorado, que essa noite eu não consigo esquecer de você.

From me to you


Mind the mind

I'm about to lose
what I've already lost
-my troubled mind

Você diz que está aqui

Se você está aqui,
por que eu estou tão sozinha?
Se você está aqui,
onde está você?
Se você está mesmo aqui,
por que eu me sinto tão perdida?
Por que eu não consigo te encontrar?
Você está mesmo aqui?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Isso um dia vai acabar

Isso tudo um dia vai acabar, mas eu não quero saber. Não quero que alguém me diga e eu não quero perceber. Eu não quero receber um aviso, não quero receber um sinal. Não quero ver, não quero, não quero, não quero. Eu quero acordar um dia, e de repente ver que o que iria acabar já não acabou, e que não tem mais o que acabar.

Penso

De tanto pensar alguns homens ficaram loucos. Eu não sou um desses homens, porque eu não penso em física, em filosofia, em nada que preste. Eu penso em aqui, em nós dois, em poesia e falta dela, em coisas que poderiam ser bonitas se não fossem tão feias. Eu penso no abismo e no silêncio. E eu não fico louca. Eu me silencio e eu me afasto.

Quando acaba

Já não me assusta a falta de você,
eu me acostumo aos poucos.
Todo dia é um dia a menos,
e eu espero o dia ser inteiro,
sem parar para começar outro.
A sua falta só acaba,
quando eu deito no seu ombro
e vejo o tempo passar.
Me assusta ver que acaba,
mas quando acaba,
eu já estou preparada:
porque eu sei que o dia vai voltar.

Correndo na praia

Quando eu saí para correr, dei de cara com um monte de casais que corriam juntos. Pensei que eu não poderia correr junto com você, porque você correria muito mais rápido e ia ficar bem mais na minha frente. Então eu fiquei pensando se aqueles homens que corriam com as mulheres estavam correndo um pouco mais devagar para poder acompanhá-las, ou se eles não eram tão rápidos quanto você. Não cheguei a conclusão nenhuma, e até esqueci de pensar nisso porque eu fiquei cansada de correr. E quando eu voltei, olhei para você por algum tempo e fiquei pensando se você correria na minha frente sempre ou se algum dia você iria correr comigo. Se algum dia uma menina ficaria olhando para nós dois e pensando qual dos dois estaria correndo mais devagar para acompanhar o outro.

de aquecer o peito esquerdo

Fui dormir
esquecida
gripada
doendo tudo
quando fechei os olhos
veio a mãe
com o remédio
-não fui esquecida!
fui dormir
de novo
e veio o pai
com o remédio:
-eu não esqueci de você
e eu melhorei
todos os sintomas
só de aquecer o peito esquerdo.
Esquecida eu posso ser
no trabalho
na praia,
aqui não.

Capítulo vinte e três

A gente estava sentado um ao lado do outro. Eu preferia nem puxar assunto e aproveitar o sol, mas eu não ia ser mal-educada, e ele tinha falado alguma coisa.
-Desculpe, eu não ouvi.
-Eu falei que ela é mesmo linda, né?! Tem um jeito que combina com ele, e com a família dele.
Eu sabia que aquilo era uma provocação. Ele continuou elogiando a garota, dizendo o quanto ela tinha tudo que a família aprovava. E eu... Bem, eu era precisamente a antítese daquilo. Era nítido.
-É, ela é bem bonita.
E cortei o assunto. Acho que ele já tinha provado o seu ponto. Já haviam me dito para eu não escutá-lo, mas ele sempre fala as coisas com tanta propriedade, não tem como não acreditar. Além do quê, ele só estava comprovando uma dúvida que eu tinha latente. Eu, que queria tanto ficar, fui pegar as minhas coisas para irmos logo embora.

sábado, 6 de novembro de 2010

Po-de-me-do

Ah, mas se eu soubesse
que o medo é feito de pó...

Eu gosto de abrir os olhos

Eu fiquei horas e horas olhando a nossa foto, aquela que tiraram no dia que a gente se conheceu, durante a valsa. Eu era só sorrisos, e você os olhos brilhando. Eu tento sair dos clichês, mas não consigo. Eu amo ver você dormindo. Eu gosto de abrir os olhos às vezes para ver só mais uma vez que é você que eu estou beijando. Eu gosto de lembrar, no meio do meu trabalho, daquele dia na praia, que fazia frio e ventava muito, mas eu esqueci de sentir frio por causa das rosas no chão, e porque você trazia Vinícius no envelope. Não sei o que dizer... Você é poeta em todas as coisas que faz para mim, e eu não quero mais nada nesse mundo. É só isso.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Casulo

Onde é que está eu, essa eu que eu queria ser mas não sou? Onde ela está, que não aqui? Quero saber se ela chega algum dia, porque assim eu paro de esperar. Quero saber se ela vem, se vem acompanhada de outras eus, talvez feitas de sonhos. Essa matéria tão inútil que é o sonho. De nada me adianta. Eu não sou ainda, quanto mais um sonho. Eu não terminei de me formar. Larva no casulo. E pode ser que o casulo seja eu. Pode ser sim. E o casulo fica achando que um dia descasca em borboleta, mas que bobagem, se o casulo é o eu. Loucura, eu sei. É que tem dia que eu acordo casulo. Tem mês que eu acordo casulo. A borboleta é difícil, tão rara.

Do meu pessimista favorito

"O amor não resolve nada. O amor é uma coisa pessoal, e alimenta-se do respeito mútuo. Mas isto não transcende o colectivo. Levamos já dois mil anos dizendo-nos isso de amar-nos uns aos outros. E serviu de alguma coisa? Poderíamos mudá-lo por respeitar-nos uns aos outros, para ver se assim tem mais eficácia. Porque o amor não é suficiente."

-José Saramago.
O mundo é dos outros.

Sleep tight


Primeiro de novembro

Fiquei tão feliz com as flores, não sei se você sabe exatamente o quanto.
De repente me deparei com um sinal de que eu pertenço aqui. Um sinal de que alguém sente a minha presença, eu tenho a capacidade de fazer alguém feliz. "Ei, olha o que tem de lindo no mundo, nesse mundo, ao seu redor, bem aqui." E eu sorri. Você faz com que eu me sinta importante nesse lugar onde ninguém importa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre ela (de novo)

A solidão é tão de dentro, mas tão de dentro, que talvez fique em um infinito qualquer, lá dentro. Eu gostaria de entender por que às vezes meu olhar fica desatento, minha fala meio sem sentido e eu perco a vontade. Eu sei que é a solidão que resolveu dar o ar da graça, mas eu fico sem entender, por que aparecer bem agora? Geralmente é a noite. Geralmente é quando eu estou sozinha, mas nem sempre. Eu posso até estar no meio de um abraço, ela não poupa momentos. O infinito que ela fica escondida deve ser muito feio e triste, para ela vir e estragar com a minha noite. Eu não tenho mais medo de você, pode vir. Eu ando tão sem poesia, pode vir, assim você me ajuda a escrever alguma coisa.

Conclusão do dia

Uma vez um homem louco foi gratuitamente grosseiro comigo. Ele gritou, falou besteiras no maior tom de voz que existe, e ficou me ofendendo. Um velho louco. Eu fiquei completamente calada. E no fundo eu sabia que ele estava apenas nervoso com qualquer coisa e descontou em mim. A minha intenção era esperar um tempo e falar com ele, explicar que as ofensas eram gratuitas e ele não precisava ter gritado daquele jeito, por mais certo que ele estivesse. Acontece que eu deixei para depois, deixei para depois e o depois nunca veio. Ele nunca mais falou comigo e até hoje me olha feio. Acho que eu devia ter falado com ele aquele dia, aquela hora. Esperar o depois é perigoso.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ele me disse

-se você soubesse o que eu sinto por você, acho que você correria.
-é feio?
-não, é muito forte.

Da janela pra dentro

A paisagem era horrível
tinha gente em todo lugar
fazendo todo tipo de coisa
a todo instante, de todos os jeitos
tanto mundo, tanta coisa
e ela achava a paisagem horrível
do lado de dentro da janela.

Se eu sair

Se eu sair
-e não voltar mais
quando eu voltar,
você ainda vai estar aí?

Poeira

E quando a poeira baixa,
e eu vejo melhor os meus pés
e eu vejo onde estou
aonde vou
e eu vejo o horizonte
eu paro, eu não quero continuar.
Eu quero que a poeira levante de novo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Você não precisa ir embora

Quando eu chorar à noite e você não souber por que choro,
você não precisa ir.
Quando eu não sorrir para você ou deixar de te abraçar,
quando alguma coisa parecer estranha, não vá.
O nosso amor é, e não vai deixar de ser.
Não tão cedo, não já, talvez nunca.
Você não precisa ir embora ao primeiro sinal de incerteza.
Eu não sei o que foi, às vezes nem sei por que choro.
Eu só peço que você fique.
-para sempre.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O passar dos sonhos

Acordo de sonhos estranhos, e continuo acreditando que eles são reais. Até quando essa dúvida? Essa pouca vida, essa quase nada? Será sonho ou será eu, que estou acabando?

domingo, 17 de outubro de 2010

I love you, G.B.


sábado duas vezes

Se um dia você me deixar,
ou eu resolver partir,
tem uma coisa que não vai ter jeito:
o domingo
vai voltar a existir.

O Gosto

Pode ser que eu nem mais te reconheça:
quando o amor passa, o rosto muda
e o andar fica diferente.
Os teus beijos que já foram meu motivo,
deixaram só um gosto estranho.
Gosto de nunca mais.

não adianta

-Troco o seu silêncio por palavras.
-Não adianta, você vai dizer as palavras erradas.

Nada de críticos da arte

Os fortes que me perdoem:
os meus poemas são só para os fracos.

Teu nome

Houve um tempo que de tanto te amar,
reduzi o teu nome a uma inicial.
Faz muitos anos.
Eu não conseguia ler o teu nome sem o coração disparar.
Para não ter que sofrer cada vez que eu lia o teu nome,
ele virava uma letra só. A tua inicial.
Aquilo te deixava mais fraco:
Eu que mandava no tamanho do teu nome.
A realidade é que eu chorava,
e não havia nada mais que eu pudesse fazer.

Olhos nos olhos

Sou obrigada a desviar o olhar para não ser mal interpretada, mas se eu pudesse ficaria encarando todas as pessoas que passam, por horas e horas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Minha vida dividida

Eu não sei o que será de mim quando eu tiver que dividir a minha cama com um homem, todos os dias. Fico pensando se eu serei capaz de dividir a minha vida. Ela é tão escassa, tão pouca, mal dá para eu viver. O que será dos meus pensamentos se eu tiver de compartilhá-los todo tempo? O que será dos meus silêncios? E se eles forem mal interpretados? Eu não consigo explicar todos os meus silêncios. São tantos, eles fazem parte do que eu sou. Eu sou feita de silêncios e algumas palavras entre eles. O que vai ser da minha vida, dividida ao meio? Vai sobrar um pouco para existir por aí, sem ser de ninguém?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quando menos

Quanto mais eu me aproximo,
mas difíceis são os dias
sem a tua mão forte,
o teu não
que discorda de mim.
Quanto mais eu me aproximo,
mais vidro eu me torno
com medo de quebrar.
Quanto mais...
eu não sei:
nunca estive tão perto.

Amarelos olhos

O teu olhar
me dói
quando não
me vê

você dorme e eu não

Quando você dorme e eu continuo acordada, eu fico pensando em coisas que se você pudesse ouvir, me abraçaria bem forte. De repente, você acorda e me abraça forte, meio distraído. É por isso que eu consigo dormir afinal.
I don't know exactly what I fear, but I fear something.

domingo, 3 de outubro de 2010

nova ida

O caminho de volta,
é sempre um caminho de ida.

Parou

esvaziou, de tanto inundar
agora num vazio de universo
num vazio de estrela morta
de astronauta que volta trinta anos depois
acreditando que três meses se passaram
nesse vazio de inundações que levam tudo
de quem já não tem nada
num vazio de luz apagada
nesse vazio que não existe mais nada
não se põe, nem se tira
acho que o meu coração parou.

Uma noite como outra qualquer


- São quatro valsas, com quem você vai dançar as outras três?

Vento nenhum

O vento que passou,
levou quase tudo.
Poderia ter levado tudo,
mas levou quase tudo.
Quebrou copos, vidros e objetos,
mas não quebrou ninguém.
Vestidos voaram, mostrando o que não deveria,
mas nenhuma moça sofreu ferimentos.
Haverá sempre um refúgio, um abrigo qualquer.
Nenhum vento no mundo pode ser tão forte,
a ponto de mudar uma vida de direção.

O livro dos adeuses e dos nunca mais

E a próxima página ficou vazia. Nada mais foi escrito, e o livro não pôde ser publicado. Nunca mais.

Aquele dia - a tristeza de repente

(...) Eu odeio você hoje porque o dia está horrível e eu quero odiar tudo para ficar mais fácil levantar da cama. Te amar poderia me deixar linda, mas hoje eu quero ser feia. Hoje eu não quero te amar. Dá muito trabalho tudo isso. Eu não quero te falar sobre o meu passado, sobre o que eu sei e sobre o que eu sou. Eu quero ficar calada te odiando secretamente durante todo o dia. Amanhã eu volto ao normal e nem ligo para o mundo. Amanhã eu te amo a troco de nada de novo. Amanhã eu não me importo que você trabalha com moda. Amanhã, mesmo se o dia estiver horrível eu prometo que volto a te amar e achar que você é o homem da minha vida. Porque você não é feito do seu trabalho, e ele não tem nada a ver com você. Você é uma exceção da sua espécie. Você parece que estava distraído enquanto tudo acontecia. Você não ouviu a maldade. Eu amo tanto o seu jeito de ser o que você é, assim tão facilmente. E você é tão lindo que me dá raiva. E os seus olhos são uma coisa que eu não tenho a menor idéia como explicar. É o sol e a lua ao mesmo tempo. É tipo uma paisagem vista da janela de um navio. Teus olhos exigem um silêncio. O mesmo silêncio que exige o mar. E eu não consigo mais te detestar porque você é todo feito de paz, você me dá vontade de chorar e de te abraçar tão forte. Eu não consigo nem chegar perto de te odiar, nem num dia desses, que eu acordei pronta para o mistério da tristeza de de repente.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Falha no destino

Se houver uma falha no destino,
que ela faça um encontro nosso.
Quero aceitar o seu perdão,
quero ver se você está bem,
quero te dar um abraço,
e dizer adeus direito.
Se houver falha no destino,
que ela seja longa,
que ela se repita,
que ela seja hoje.

Perigo

Não gosto de gente
disfarçada de louco.
-É perigoso:
a gente nunca sabe
se é o contrário.

Quero ser de mim

Eu fico em silêncio,
em dias como este,
porque eu não sei o que dizer.
Eu pertenço a alguém:
isso é tão novo pra mim.
Quero ficar em silêncio,
pra ver se eu consigo ser minha,
pelo menos por hoje.

ainda

Acho que eu sei que você ainda me ama,
mas eu prometo guardar segredo.

Telepatia

Você me ouve quando eu penso em você?

domingo, 26 de setembro de 2010

Domingo

O domingo chega como um carro que carrega um defundo,
sem ninguém para enterrar o domingo.

Sentido anti-horário

Se o sentido não fosse horário,
que sentido seria?
Anti-horário,
anti-sentido?
Que sentido teria o horário,
se o horário fosse em outro sentido?

Óculos de grampo

Óculos de grampo,
calça de moletom,
canal Brasil.
Eu e você,
chuva barulhenta,
sofá três-em-um.
Se o mundo parasse de girar,
se esquecesse o lado certo,
ou se um sol nascesse no lugar da lua.
Eu estaria ocupada
acreditando nessas coisas,
tipo o amor.

É como dirigir na chuva

Estrada molhada, um medo maior.
Atenção redobrada,
Os olhos quase sem piscar.
O volante sou eu que seguro,
mas eu não sei se vai estar escorregadio demais.
Eu não sei, meu amor, eu não sei.
Tomo conta como eu posso, mas eu não posso saber.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Agora

Agora eu não te amo.
Agora eu te amo.
Agora não,
agora sim.

Esconderijo nos pés

Vergonha é uma forma de medo, dizem psicólogos e freudianos no geral.
Ela tinha vergonha, e ficava sempre de meias.
Porque era a única parte do corpo que ela ainda conseguia esconder.

War widow

Ele não foi uma Guerra Mundial no meu peito, e o máximo que ficou em mim foram umas fotos que tirei com os olhos. Fotos bonitas. Mas foto é uma coisa que vai desbotando com o tempo.

E tem mais

E tem mais: ele não gostava de guloseimas de supermercado.
Quem nesse mundo não gosta de guloseimas de supermercado?
Era o fim.

O prego não aguentou

Ele não soube me amar como um homem ama uma mulher.
Ele me amou como se ama um quadro na parede.
E durante todos esses dias eu fui isso:
um belo quadro pendurado numa parede vazia.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Outras coisas

Tu és o que determinam as estrelas, ela disse.
Ele ficou calado, só observando.
É bem possível que ele não entendesse quase nada.
Mas tudo bem.
Era o silêncio que eles compartilhavam.
E as estrelas não determinavam nada.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

gosto de ser

Gosto de ser e só ser,
sem precisar ser nada.

Se eu te chamasse pelo nome

Você aparecer no meu sonho,
eu não posso impedir.
Eu só não vou acordar querendo te ver, não mais.
Podemos estar submersos, podemos estar de mãos dadas.
Eu não vou acordar
querendo entrar no mar de mãos dadas com você,
não mais.
Você pode até me abraçar mais forte,
como eu sei que você tentou da última vez,
mas eu não vou sentir o seu abraço quando eu acordar.
Não, não, nunca mais.
O que hoje é sonho, já foi um dia real.
Acontece que agora os sonhos
são só o que são: sonhos - E você não é mais o que eu vejo.
Eu não tenho mais nada para você.
Tudo que eu tinha já foi recolhido,
muito bem recolhido.
Agora eu não preciso mais de sonhos,
tenho abraços que são bem reais.

Poetas em pensamento

Quantas pessoas eram poetas
antes da invenção das palavras ?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Barco a remo

Eu também não sei remar.
Estou no barco ao lado, com os meus remos também inúteis.
Te conforta saber que a correnteza do rio é forte?
Ela está nos levando para algum lugar.
Não sei bem aonde,
Mas o barulho do rio é bom.

Never going to

You thought it was because of that silly poem you wrote me that day,
it wasn't.
Actually, that was the sweetest part.
You kept asking yourself what was the problem, there was no problem.
You were great, you were really funny and smart, and had a lot to offer me.
No problem at all.
The thing is, you were starting to love me.
And I, I just was never going to love you.

O Grito do Ipiranga

Algum dos Dom Pedros deu um grito importante a beira de um rio, mas eu não ouvi. Esse grito fez com que alguma coisa mudasse, mas eu não vi mudança nenhuma. Dizem que alguma coisa de fato mudou, e deve ter mudado mesmo, faz tantos anos. Eu só sei que hoje proclamaram um dia em que ninguém precisa ir trabalhar. "Independência ou Morte!" ele parece ter gritado. Fez desse dia um feriado. As pessoas descansaram, foram viajar, aproveitaram o dia de folga para fazer visitas. Isso porque há uns cento e muitos anos um cara gritou uma frase na beira de um rio.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hora de ouro

O relógio parado no pulso.
De ouro, o relógio,
mas estava parado.
Não sabia dizer as horas.
Era de ouro,
mas nada dizia,
nada me disse.
Em outro pulso que não o meu.
Se fosse meu, o pulso,
o relógio não estaria parado.
Talvez o pulso,
mas nunca o relógio.

Costura o órgão

corta, abre, costura e fecha
mas não fecha tão bem
que é pra poder abrir
se de repente eu amar

Little chaos

Eu sei bem as consequências disso tudo, e eu não consigo deixar de achar lindo o pequeno caos que estamos criando.

Dezessete de junho de alguns anos atrás

Abri a caixa depois de quatro anos que eu a mantive fechada.
Cartas, bilhetes, desenhos
e algumas lágrimas que você colocou em um papel de seda.
Encontrei aquele nosso mundo, tão antigo, tão distante.
Não há nada que eu mudaria daquelas risadas
no corredor, naquele terraço secreto,
naquele jardim de outra casa: a gente só sabia rir
do mundo dos outros.
Um dia eu cresci demais para aquele casal que éramos.
Eu e você,
ficamos naquela caixinha azul.

Quando aperta

O silêncio do seu quarto está ficando alto demais, estou quase gritando o seu nome para ninguém.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Assim

Quando eu fico assim, o melhor a se fazer
é apagar a luz.

Eu não escrevi

Uma vez eu escrevi um livro.
Na verdade não era bem um livro,
era um conto.
Se é que pode se chamar de conto,
estava mais para poema.
Acho que nem poema.
Uma vez eu escrevi um troço,
mas eu joguei fora.

Aralc Airam

O meu nome ao avesso
ainda é o meu nome?

Quem vai querer

Estou apenas aguardando
que partam o meu órgão vital
inteirinho
em pedaços diferentes
Quero distribuí-los por aí
um a um
Quero só ver quem vai querer.
I'm losing you
inside of me.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Retrato do passado

Aquele retrato do passado que ficamos vendo
Você com frio, eu com aquele sentimento de domingo
Você me explicando
"As estrelas estão mortas"
O seu frio aumentando
E o meu sentimento de domingo desaparecendo
Para o resto dos meus domingos.

Dez mil reais

Esse quadro não vale tudo isso. É bonito, é expressivo, e eu gosto de arte moderna. Fora que você disse que o artista é consagrado, e eu acredito. Mas não é isso. É que com esse dinheiro a gente podia fugir daqui, ela pensou.

domingo, 15 de agosto de 2010

Nuvem Rosa

Tinha coisa ou outra que eu sabia que só você ia entender. Sempre teve. Quando todo mundo achava que eu era sabiá, só você, secretamente, sabia que eu era um bem-te-vi. Coisa minha e sua. Eu ia arrumar a sala caindo de sono, só porque você queria. Eu achava aquilo um saco, mas eu nem percebia, porque você estava feliz e eu achava que estava feliz também. Uma coisa meio louca mesmo, a gente confundir as almas. Ultimamente eu acho que você anda pensando que eu sou um sabiá, como todo mundo. A Nuvem Rosa sempre foi a nossa segunda casa, talvez você tenha esquecido o caminho.

Sobre as mariposas

Foi logo no começo da viagem que eu senti a mariposa pousando no meu peito. Eu senti, igualzinho aquele livro descrevia. Ela tinha as patas geladas, e me esfriou toda por dentro, lentamente. Passei o resto do caminho calada, com aquela mariposa ali. Eu achei incrível reconhecê-la, porque é raríssimo a gente se dar conta o momento exato que ela pousa. Ainda bem que ele espantou-a dali, com aquele jeito sutil, até um pouco doce, porque eu não sei se eu ia conseguir fazê-la sair sozinha. Aquele dia, naquela festa, eu não consegui. Ela deixou o meu peito todo manchado com aquele pó esquisito que as mariposas soltam. É complicado esse negócio de se magoar com alguém, é uma mariposa que pode nunca mais tirar as patas frias e sair voando. A gente tem que ficar atento pra não sair soltando mariposas nos peitos frágeis das pessoas.

A língua dele

-Você fala português? Ele me perguntou. Aquela foi a primeira coisa que ele me falou. Antes de qualquer outra coisa, foi o nosso primeiro contato. É claro que pareceria ridículo fora do contexto, mas o fato é que mesmo dentro do contexto foi ridículo. Se eu falo português... Isso é pergunta para se iniciar uma conversa?
Acontece que aquela foi a única coisa ridícula que ele me falou até hoje. Tudo que procedeu aquela pergunta foram as coisas mais interessantes que alguém já me falou.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Antídoto

É melhor que paremos logo com essa incompreensão toda, antes que ela se torne maior do que nós.

would you

-Would you ask me to stay?
-But what if you never leave?
-I have to leave.

Hora de dormir

Eu me recuso a dormir agora.
O dia virou noite e tudo ficou tão lindo.
Silencioso.
Ninguém me pede para ser nada,
ninguém sabe onde estou,
nem eu.
Não estou com saudade de nada.
Eu quero ficar acordada até que o mundo acorde,
e então eu quero dormir.

Marinheiros

Ela fez aquilo porque estava insatisfeita. E a insatisfação levou muitos homens a alto mar. Não estavam satisfeitos com o horizonte tão restrito. Ela também. O horizonte pode ser muito finito se você olhar com atenção. Acaba logo ali, no final de alguma coisa. Ela não queria que mais nada acabasse, por isso foi embora.

Sinopse

A idéia de que aquele mundo não era real foi implantada. E mesmo quando o mundo já era real, não lhe restavam alternativas a não ser acreditar em um mundo em outro lugar.

domingo, 8 de agosto de 2010

A água evaporou

Fácil era prender a respiração debaixo d'água
a gente brincava de aguentar
Soltar a respiração aqui em cima é difícil demais
eu mal aguento

Reparo

O esquecimento é concluído, quando se ouve Kings of Leon, e não é feita nenhuma associação.

Velório algures

-Shhh, silêncio.
-Por quê?
-Porque acaba de morrer alguém, neste instante, em algum lugar do mundo.

otherwise

So she made everyone think that she was making them happy, but in fact it was just otherwise.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

I'd be away


Caixa

Eu tento ser paciente
mas eu choro por dentro
eu quero gritar
me encaixar ali.
- Mas eu não me encaixo
a paciência transborda pra fora
derrama-se toda
e não há.
Você entende?
Eu não me encaixo.

rascunho

A cada segundo eu já não sinto mais o que eu sentia.
Eu invento um novo medo.
Cada medo engraçado que eu invento,
(e fico tremendo encolhida, tão tolinha).
Mas o que eu posso fazer,
se tudo que eu faço
são só coisas que eu poderia não ter feito.
Eu apaguei o que eu ia dizer,
isso aqui é só um rascunho de qualquer coisa que não importa.
O que importa mesmo eu não posso mostrar.
Você não iria entender.
Você e nem niguém.
Talvez um dia.
(olha aí, já estou com medo de novo.)

Suspire

Pedem que eu não me desespere, que eu suspire, que eu ande.
Mas eu me desespero mesmo assim.
É muito para mim: tudo acontecendo desse jeito, e eu aqui.

Mal tempo

Mal tenho tempo para ser quem eu queria ser.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O que foi isso?

-É que hoje eu me demiti de mim mesma.

Be right back

Run as fast as I can
reach an abyss
come back to you

O meu jornal de hoje

Estudos comprovam que cachorros enxergam como humanos
Nova Lei impede a maioria dos políticos a se reeleger
Furacão destrói o equivalente a um estádio de futebol na Conchinchina
Empresas são obrigadas a dar férias aos funcionários a cada dois meses
Mais de quinhentos criminosos morrem de velhice fulminante em São Paulo
Flores de cor indefinida nascem no sul do país
Crianças podem ter descoberto a cura da pedofilia por acaso
Mais uma chacina acontece no Ururuniaquistão
Papa pede demissão e comprova que a fé não requer religião
Tendência para a moda dos próximos anos: inteligência e nudez
Estados Unidos alegam que capitalismo tem fim próximo
Formigas são apontadas como substitutas para o dinheiro
Novo padrão de beleza é decretado: gorduras, celulites e olheiras estão em alta
Pandemia de felicidade atinge quase todos os países do Globo
É encontrada a única menina no mundo a ter zero porcento de stress, ela mora em São Paulo, tem duas irmãs e só para de sorrir ao ir dormir, boa noite.

A última vez

A primeira vez que eu entreguei um poema a alguém,
foi a última.
Ele não disse uma palavra sequer,
não sorriu e nem fez qualquer cara.
Eu passei quase o dia todo esperando uma resposta.
Era a minha alma que estava em jogo.
E nada.
Então, eu me fechei para balanço.
Daqui de dentro eles não saem mais, eu pensei.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Que ninguém saiba

Queria ficar em segredo,
escondida,
-sob sigilo absoluto.
Pra ninguém saber,
em lugar algum,
que eu estou amando.

domingo, 25 de julho de 2010

Pescador

A memória de peixe às vezes bate na gente, e a gente esquece completamente que um dia sofreu. A gente pensa que nunca existiu nada disso antes, mas é só a memória de peixe. Algumas pessoas não entendem nada de mar, e chamam isso de amor.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Menino das bochechas grandes

-Como você sabe que eu não sou um grande psicopata?
-Alguém com bochechas desse tamanho não pode fazer mal.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Elipse

Farei como certo poeta escreveu uma vez, porque ele tem razão.
Não pronunciarei a palavra amor.
Esta santa palavra, de minha boca não sairá.
Se um dia pensares que não o amo, que o fim chegou,
não o penses, se o problema for o meu silêncio.
O amor não será dito, ele será um segredo de nós dois.
Não posso correr o risco de soltar a palavra aos ventos,
e deixá-la fora do meu peito.

domingo, 18 de julho de 2010

Lágrimas de Chopin

Fico tentando desvendar o que Chopin pensava quando fez aquele noturno triste daquele jeito.
Seu coração doía? Ele teve vontade de chorar?
Me parece que ele não tinha lágrimas. Todas as suas lágrimas haviam secado.
Há algo de pertubador demais em pensar que nem chorar se pode.
É isso que ele fez: transformou cada lágrima em uma tecla.
Eu choro cada vez que ouço as lágrimas de Chopin.

Treasure it

- O que você tem aqui é diferente de tudo que eu já vi.
- Mas eu devo guardar?
- Você provavelmente nunca mais vai encontrar nada igual.

O.K.


sábado, 17 de julho de 2010

That's it

Remember when I told you I didn't know how this thing worked? It was true. It is true. Can you see it now? Are you patient enough to teach me? Can you do it very slowly so I can send all my fears away? They live inside of me, so you have to be patient. That's it. This is me.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Eu peço

O silêncio entre todas as coisas que você diz
o silêncio do que você pensou
o silêncio do seu sono
o silêncio
seu

Lá fora

Como estará o resto do mundo enquanto eu estou assim?

Rainny days

Se fossem pequenas pedrinhas no lugar de gotas, todo mundo estaria morto, de tão forte que estava a chuva. O guarda-chuva já não resolvia mais. Entrou no carro correndo, e sentiu um alívio profundo ao ganhar a proteção do teto. Durou pouco, o alívio. O carro era velho, e devia estar com o teto furado, pois ela ainda podia sentir a chuva. Ao chegar em casa, sentia goteiras em todo lugar, já não sabia mais o que fazer. Nem tomou banho, se enfiou nas cobertas e dormiu. Com muita dificuldade, ela dormiu. Não foi o sono que a aliviou da chuva. Quando ela dormiu, a chuva continuou no sonho. Ela estava apenas começando, iria durar mais do que se dura uma chuva. Era uma chuva dela.

Subliminal message

Love under the bridge.
Paz não tem explicação.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Treze de julho

Você surgiu antes de mim. Não duvido nada que tenha tomado conta daquele lugar escuro onde eu me escondia. Não duvido nada que tenha cantado para mim antes mesmo de eu nascer. Eu não duvido nada que você tenha me ensinado a amar, logo que eu cheguei.


Esse é para Carolina

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O seu livro

Eu posso ficar completamente brava, ou encantada com alguém, não importa. É sempre a mesma resposta que ela me dá (e eu prefiro ouvir isso quando encontro pessoas terríveis, me dá um certo alívio), ela diz:
- É só mais um capítulo para o seu livro.

Livros e paradas de mão

Ele pediu para ela abaixar o volume e para explicar porque ela fazia paradas de mão na grama. Ela não tinha a menor idéia. Mas é bom, ela dizia. Tenta! Ele ficou deitado na rede, imóvel, lendo o livro. Era um livro interessante, mas não a interessava naquele momento. O que a interessava naquele momento era o interesse dele, que parecia desinteressado com tudo, menos o livro. Os dois passaram a tarde envoltos em seus mundo diferentes. Tão diferentes que para mudar de um mundo para o outro seria preciso viajar de avião. Por horas e horas. E mesmo assim, talvez nunca se chegasse ao mundo do outro.

Direção

Na volta, parecia que a gente estava indo em direção ao pôr-do-sol, e estávamos mesmo indo porque é isso que se faz a vida toda. Eu fiquei aliviada de ver que ao meu lado estava ele. É ele, eu pensei. Acho que eu finalmente o encontrei.


Capítulo doze ou treze

Eu e a Carol tínhamos ciúmes de tudo naquele acampamento. Do refeitório bagunçado, dos beliches rabiscados, do pebolim, do palco cheio de placas com recados carinhosos. Aquilo tudo era só nosso e de mais ninguém. Então, depois de algumas semanas, meu pai ligou e disse que a Mariana estava chegando. Eu e a Carol entramos em desespero. Como se alguém fosse ocupar nosso reinado, como se alguém fosse tomar tudo aquilo da gente. Passamos então a avisar todo mundo que a Mariana era uma chata dissimulada. Que ela era sem graça, que era fresca e não tinha nada a ver com o acampamento. Todo mundo ficou esperando receber a Mariana que avisamos que estaria chegando. Não deu outra: ela chegou e imediatamente todo mundo, dos mais pequenos aos adolescentes mandões, se apaixonou por ela. Não houve uma pessoa dali que não disse que ela era a pessoa mais linda, engraçada e fofa que existia. No dia seguinte eu tive cólicas e ela passou a tarde toda cuidando de mim.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Uma das tantas hipóteses

Ando descobrindo que talvez a saudade não seja algo direcionado a alguma coisa ou a alguém. Talvez seja um troço que se aloja no corpo, e às vezes come um pouquinho da gente.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Some lyrics told me

What comes is better than what came before

My heart alone

Esse meu coração...
Nunca posso deixá-lo sozinho.
Ele se confunde com a chuva,
ele se confunde com a neve (que nem existe por aqui).
O meu coração sozinho faz desgraças.
Ele se despedaça inteiro,
só para me magoar.
Depois para consertá-lo dá o maior trabalho,
se um dia eu conseguir.

domingo, 4 de julho de 2010

Butterflies in the stomach

I feel the urgent need to talk with a lower voice,
because we might scare the butterflies away,
and I want them to live in my stomach forever.



O seu amor que come laços

Às vezes eu fico te ouvindo falar e começo a lembrar um monte de poesia que eu gosto. Veja se você não pensaria nessa poesia do João Cabral de Melo Neto (um trecho):

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

Só quero que entendas

Seu passado faz parte dos seus olhos, da sua risada, do seu nariz. Eu não ligo para ele, até gosto de tudo que ele te fez. Te fez uma mistura de coisas que eu procurava em lugares diferentes. Tem a dose certa de abraço (nem mais, nem menos), tem o doce exato no beijo e tem uma bobeirinha que te faz rir de mim, quando espero ouvir sua risada. As pessoas que caminharam no seu peito, e o deixaram do tamanho que ele é, não podem ter o meu desgosto, que faço do seu peito o meu jardim. Não se assuste com a minha cara de surpresa, quando vejo o seu passado em fotografia. Eu não me sinto dolorida e nem menor. É que o passado é uma coisa tão abstrata, fere os olhos ele assim, tão exposto na minha frente. Guarde o seu passado nos seus olhos, na sua risada e no seu nariz, não deixe que eu veja o rosto que ele tem.

Já não sinto medo de (quase) nada

Eu nunca tive nenhuma coragem como estou tendo agora, deitada aqui no seu ombro.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Todo o frio que sentes

Nem todo o frio que sentes
é culpa desse inverno.
Pode ser que parte dele
seja do inverno passado,
que ainda gela em ti.

domingo, 27 de junho de 2010

Beleza tua

Não queria ser bela para ter atenção quando passo,
nem ser bela para capa de revista.
Tampouco para que a beleza facilite certas coisas.
Não queria ser bela para qualquer um que vê.
Eu queria ser bela,
para que os seus olhos ficassem mais calmos
cada vez que pousassem sobre o meu rosto.
Para que os seus dedos deslizassem no meu corpo, tranquilamente.
Para que você nunca tivesse pressa comigo.
Para que você ficasse mais em paz, só de me olhar passando.
Eu queria ser uma obra de arte, mas só no seu museu silencioso.
Queria ser de uma beleza invisível para os homens, mas incrível para você.
Queria ser tão bela quanto a sua música preferida,
eu queria caber nas cores do seu desenho de criança.
Eu queria ter um rosto que te lembrasse todos os lugares lindos que você já passou.
Mas eu queria também ter um olho bem atento,
só para ficar olhando você viver.

Para GB

sábado, 26 de junho de 2010

Você já parou para pensar que até num abraço apertado há milhares e milhares de átomos nos separando?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Para onde foi a manhã?

Onde está aquela manhã que deveria acontecer?
A manhã que deveria fazer a noite se calar.
(E a noite não se cala.)
Onde está essa manhã que não veio?
Haverá algum fuso horário atrapalhando a sua chegada?
Alguma estrela entupindo a passagem?
Algum cemitério escondendo manhãs que morrem sem nascer?
Quem esconde a minha manhã de sol forte,
ou mesmo de chuva e tempo frio?
Não vejo manhã nenhuma, nessa noite que não termina,
nessa escuridão que é o meu peito por dentro.
Aquela manhã que há anos espero,
que há anos deve me esperar também,
aquela manhã que deveria clarear o dia,
que deveria pôr os girassóis a girar,
para onde foi que não a vejo chegando?
Há anos que minha vida é uma noite interminável,
sempre a espera de uma manhã.

terça-feira, 22 de junho de 2010


Ave do nepal

Ganhei este poema de presente. E amei. Obrigada...
Olhos de pessoa leve
pássaro de seda
raio de cristal
pousam em uma cabeça
feito nave errante
num voo arrasante
ave do nepal

guardiã do paraíso
pérola de fogo
ave do sinal

fez um sonho de grafite
que cegou nos olhos
de um louco mortal

ave do nepal

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Urgência de ser

Me desculpe estar correndo tanto com tudo.
Tenho pressa, tenho muita pressa.
Acho que tudo pode acabar no próximo instante.
Tenho pressa para viver tudo neste instante agora,
quero aprender tudo que couber no agora.
Rápido, antes que esse agora acabe,
e logo já seja outro agora.
No próximo agora, tudo pode ser menos interessante.
Eu posso morrer de calor, ou de frio,
posso achar tudo tão triste quanto antes.
Tenho pressa para aproveitar esse agora que é meu,
o próximo agora pode já não ser.

sábado, 19 de junho de 2010

Apertado

Sinto saudade e não sei do quê,
porque não é saudade, é dor.
Deve ser eu mesma,
que não caibo dentro de mim.
Fica apertado
o espaço de dentro,
e dói.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Onze horas

Esqueci por quê eu ia chorar, e então eu fui dormir.

Aquela lua

Ele reparou tanto na lua,
e me mostrou tão cheio de orgulho,
como se fosse dele, aquela lua.
Eu acreditei que era dele,
e acabei pegando emprestada.

This is not

Ouvindo uma música que não era de amor,
eu não quis te abraçar, mas você me abraçou bem no ritmo
not a love song
me abraçou tanto
I'm changing my ways
Eu fui cedendo, no ritmo
this is not
Quando fui ver, no meio da música que não tinha nada de amor,
eu me entreguei, assim, entregue.
This is not a love poem, you should know.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A timidez da felicidade


O ideal é manter a discrição. Não fazer muito alarde. Porque a felicidade, se ela se dá conta que ficou demais em um lugar só, ela vai embora, tímida que é. O ideal é disfarçar, ir pouco a pouco levando a felicidade consigo na discrição. Dizem por aí que há pessoas que conseguiram burlar a timidez da felicidade, e a carregaram para o resto da vida.

Tanta coisa importante

Uma vez, um professor meu me mostrou um quadro e me falou que aquele era Gustav Klint. Meus pais me mostraram nomes de passarinhos, de flores, de sentimentos e de pessoas importantes. Amigos me mostraram coisas proibidas, palavrões e um monte de coisa legal. E os namorados então! Já tive tanto namorado, cada um me ensinou uma coisa. Teve um que me ensinou até a fazer carinho em cachorro bravo. A gente aprende tanta coisa nessa vida. As pessoas adoram ensinar coisas, é tão curioso. A minha irmã me ensinou a ter nojo de carpete, porque existem muitos ácaros e bactérias morando em todos os carpetes. Isso eu nunca gostaria de ter aprendido. E eu digo tudo isso porque saudade não se aprende com ninguém. Você sente um troço estranho, pergunta para a sua vó o que é aquilo e ela logo deduz que é saudade do papai e da mamãe, que foram viajar. Assim a gente conhece a saudade (claro que pra cada um é de um jeito diferente). Eu já a conhecia, é claro, afinal basta sobreviver para sentir saudade de ontem. Acontece que eu sempre achei um tremendo de um blefe quando alguém dizia que sentia saudade de uma pessoa que acabara de partir. Sempre achei aquilo exagerado. Um dia, eu conheci um garoto de olhos amarelos e pintinhas. Eu não achava que ele iria me ensinar algo tão importante, mas ele me ensinou que a gente pode sentir saudade um segundo depois que uma pessoa parte. Ele nem sabe disso, e por favor não conte, mas ele anda me ensinando tanta coisa importante, do tipo que livro nenhum ensina.

domingo, 13 de junho de 2010

Quem poderá dizer?

Eles deram as mãos e começaram a caminhar. Objetos caíam da estante, lençóis rasgavam, incêndios aconteciam. Era só olhar os lados para ver, mas eles não viram nada. Eles mantiveram as mãos dadas - na verdade eles mantiveram as mãos entregues, e foram andando. Até onde foram, quem poderá dizer, se eles continuam caminhando por aí?

Licença Poética

Eu ponho ponto final onde eu quiser. Eu tiro vírgulas de onde eu quiser tirar, Eu escrevo em minúsculas, e eu faço um desenho no meio do papel também se eu quiser. é assim, porque eu acho que assim fica lindo. Porque um dia eu ouvi uma música que me lembrava o perfume de um beijo que eu dei. Eu escrevo, escrevo, e ponto final;

Pétalas de rosas

Que eu enjôo de tudo é verdade. Mas como é que eu posso enjoar de algo que vive me surpreendendo?

sábado, 12 de junho de 2010

Ainda não passou

Hoje é o dia mais frio do ano, dizem especialistas. Eu já tive dias bem mais frios este ano, hoje até que está ameno. O frio não passou pelo meu fim de tarde ainda.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

As cascas de lugares novos

Eu logo tracei um perfil dela: estudiosa, perfeccionista (e por isso um pouco chata) e honesta. Dele eu não pude dizer muita coisa, porque ele ficou o tempo todo gastando energia tentando ser legal. Preferia ter visto o rosto verdadeiro, mas não consegui. E tiveram as outras pessoas, observei-as uma a uma, traçando todos os perfis bem detalhados. Eu simplesmenete adoro quando o tempo passa e eu me descubro completamente enganada sobre todo mundo, é o que eu mais gosto. As pessoas usam cascas, vestem máscaras e gastam bastante energia diária tentando ser outras coisas, mas é infalível: vem o tempo e mostra tudo. Fico pensando, o que será que vêem em mim e na minha casca?

Pergunta à ninguém

Todas as pessoas do mundo foram condenadas a algum dia sentir saudade até o corpo todo doer?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olhos cor do sol

Eu nem vi o sol daquela manhã, e nem vi de que cor estava o mundo. Nem vi se chovia também. Tanto faz, tanto faz. Os seus olhos tem a cor do sol, e foi só essa cor que eu vi.

Se você voltou

Fiquei esperando de chinelos calçados, mas achei melhor tirá-los. Depois de um tempo, achei melhor parar de esperar também. Depois de muito tempo, acabei dormindo. Se você voltou e se deitou ao meu lado, eu não sei, eu estava dormindo.

I wish

I wish I knew you well enough to know,
what I wish I knew.

Você nem imagina

Aquela pousadinha guarda histórias que você nem imagina. Justo aquela pousadinha bem ali na esquina. Pessoas acordaram sem saber onde estavam, pessoas não voltaram para dormir lá, pessoas se conheceram no corredor. Pessoas tomaram café da manhã lembrando da noite anterior, pessoas fizeram tanta bagunça que foram expulsas daquela pousadinha. Sim, bem aquela pousadinha ali, naquele lugarzinho tão fora de mão. Sabe, há pessoas sendo felizes em todos os cantos, você nem imagina.
Capote me pareceu tão interessante daquela rede.
Eu lembro dele às vezes entre uma piscada e outra.

Pernas balançando

Eu sinto como se todo tempo os dias ficassem me esperando, sentados, com um pouco de pressa. Pernas balançando, me reprovando e aprovando algumas vezes. Os dias conseguem ser bastante cruéis, e eu só quero saber o que será deles, se um dia eu me sentar e esperar por eles.
Eu não quero estar aqui para ver,
quando o fim do domingo chegar.
Será que um dia ela aprende
a se distanciar um pouco do mundo?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

just wondering

So unstable, the thoughts are. They come and go all the time, without any commitment with anything, they might even vanish and no one will be able to keep it from happening. They do vanish all the time, but sometimes they come back. Me, I loose myself easily when I'm with you, within the buttons of your shirt, within the words you say that make me smile. And when I begin to think I might be traveling somewhere, I see a portrait in your shelf of a smile that does not have any similarity with mine. I imediately remember exactly where I am. My doubts never let me loose myself for very long. And the thoughts? Well, they are as unstable as they could be, soon I will be thinking about something else.

domingo, 30 de maio de 2010

A água que sou


Se eu estiver contaminada, me perdoe.
Só quero que você me tome, gole por gole.
Estou metade cheia, metade vazia, neste copo em cima da mesa.
Eu quero ser parte do seu organismo, enquanto eu não evaporo.
Por favor, tome esse meu gole, experimente o meu gosto.
Se eu estiver contaminada, peço perdão.
Eu só espero que você não beba a metade vazia do copo.

Quase parando

Eu já não acredito mais nessa intensidade toda, nessa pressa, essa urgência. Elas são de uma triste efemeridade, ninguém sabe ao certo por que isso acontece se não é feito para durar, não assim. Quando caem as pétalas de uma flor, eu nem pergunto nada, isso pode acontecer. Vai entender a lógica desse quebra-cabeça... Eu não tento mais entender, pra mim tanto faz. Só estou fazendo a minha parte para que você me acerte. Devagar, quase parando.

Aqui vai o meu clichê pra você:

Eu sei que tudo pode não ser
que tenho tudo a perder
a qualquer instante, por qualquer motivo
sei que daqui a pouco nenhum de nós pode estar mais vivo
mas enquanto isso
É você,
é você que me faz viver.
Para GB.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Disfarce

É possível mesmo que um dia eu ainda mude de nome. Enquanto isso não acontece, eu me escondo de outros jeitos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nem lembro

Eu já nem lembro mais como era há dois segundos atrás, quando eu não acreditava que pessoas podiam de fato preencher vazios.

Volver

Ela solta a mão dele e vai embora. Ele não sabe para onde, não sabe se ela volta, mas a espera. Esperar é sempre difícil, mas às vezes vale a pena, ele pensa. Ela não olha para trás, nem para ver se ele ainda sorri, nem para conferir se o deixou no lugar certo, do jeito certo. Ele chega a coçar a cabeça na espera, porque fica amargurando, pensando em coisas que não deveria pensar. Os dias passam e ela volta. Ele se levanta para recebê-la de pé, ela corre para abraçá-lo e ele não sabe se haverá boca para tanto sorriso.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nove horas

Meu amor, ainda não são nove horas, nós podemos ficar.
Mas eu quero ir embora daqui, agora.
Vamos, já são quase nove horas e alguém vai chegar.
Eu não sei para onde ir, e agora?
Ainda não são nove horas e ninguém tem pressa, pode sentar.
Eu não sei que horas são, posso me atrasar.
É melhor eu ir embora, está ficando tarde demais e alguma coisa pode quebrar.
Eu preciso sair daqui, mas não sei se devo ficar.
Tudo tem seu tempo, e o meu tempo é agora.
Meu amor, eu acho que já são nove horas.

domingo, 23 de maio de 2010

Sinal

Sete luzinhas no teto.
Um livro com uma dedicatória,
um monte de papéis velhos,
coisas velhas escritas,
pessoas que passaram,
sorrisos paralisados,
bagunças, detalhes, coisas.
-Bem vinda, ele disse sem dizer uma palavra.
Esse é o meu mundo, e esse sou eu. Aquela ali com o cabelo na cara é você, ocupando um certo espaço no porta-retrato.
Eu não me assustei.
Pela primeira vez eu não me assustei.
Como quando eu aprendi sobre a saudade efêmera em dias comuns, eu não me assustei.
Eram sete luzinhas no teto do quarto e mesmo que coisas antigas estivessem escritas em papéis velhos, e mesmo que houvessem coisas que ainda não foram jogadas fora, eu era a oitava luzinha no teto. Por isso eu não me assustei.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Naked

I only like to talk about myself when it's really dark. That way you cannot see what I am wearing, I cannot see what you are wearing and deep inside, we are all naked.

De passagem

Não precisa se levantar
Nem precisa me oferecer nada
Nem se preocupar, nem se mexer
Não precisa de nada na verdade
Estou só olhando
Estou de passagem.

sábado, 15 de maio de 2010

50 copos

Naquela noite, ela pensou como ele estaria. O que ele estaria fazendo e se ele estaria sozinho. Ela ficou tentada a mandar um telegrama bem urgente perguntando onde ele estava, mas ficou apenas tentada, não teve coragem de escrever nenhuma letra. Passou a noite toda tentando juntar velhos pedaços para ver se conseguia entender coisas que nunca havia entendido, mas em vão. As lembranças não tinham continuidade e eram pedaços confusos demais. Pelo menos ninguém saiu ferido, ela pensou, foi um adeus silencioso. Ela queria saber se ele estava sozinho olhando por aquela janela branca, ou talvez com os pés apoiados naquela mesa cara. Era mesmo uma mesa bonita. E os 50 copos? Ela nunca se esqueceu que ele, morando sozinho, havia comprado 50 copos de vidro para deixar na cozinha. Onde ele estaria, o que estaria fazendo? A última vez que se viram, ele estava estressado e parecia meio abatido, foi o último retrato dele que ficou em sua mente. Será que um dia ele aprende a não ser tão distante do mundo, ela pensou.

Metamorfose

De ontem para hoje eu mudei tanto que quase nem me reconheço.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Gosto

Que gosto é esse na minha boca? Não é o seu beijo e nem o beijo de ninguém. Não é o gosto do medo, esse gosto eu conheço bem. Náo é saudade, não é coragem e nem desgosto. Não é nada que eu conheça. Já se passaram tantos anos desde que o homem começou a dar nomes para todas as coisas, eu penso se todos os sentimentos já foram nomeados. Esse gosto, esse sentimento, acho que ninguém deu nome. Eu não sinto fome, não sinto dor, não sei o que é. Não tenho medo dessa vez. Acho que é gosto do tempo passando. Tem nome sentir o tempo passando?

E veio se deitar comigo

Fazia frio, e todo mundo parecia tão frio quanto o tempo, mas talvez isso fosse apenas a minha impressão. Eu me cobri com cobertores pesados, com agasalho de lã (de repente, me dei conta de como a lã parecia algo tão antigo, um pouco melancólico), fechei as janelas, as cortinas, e me escondi em minha cama. Me sentia protegida, embora continuasse precisando de qualquer coisa. Quis dormir, quis sonhar, quis encontrar pessoas nos meus sonhos e quis ficar bem quietinha naquele silêncio familiar. Não houve jeito, eu não pude: ela me encontrou. A tristeza chegou de fininho e veio se deitar comigo naquela noite de frio intenso.

sábado, 8 de maio de 2010

Sinais da chuva


Eu não sei se é tempo de ficar ou ir embora, mas escolhi ficar.

Ouço a chuva caindo, e lembro daquela aula na faculdade, quando me disseram que a chuva nos filmes é sinal de mudança. Sempre penso nisso quando chove, será que a vida também faz sinais subliminares? E se não captarmos eles, e se não captarmos um sinal que diga que é melhor não ficar? Recebo convites e discretamente os rejeito. Não tenho vontade de aceitar mais nada, finalmente acho que estou no lugar certo. É uma combinação de sorte, destino e distração. Eu, distraidamente aceitei os seus convites por achá-los leves. Por sorte foi tudo leve de fato, e pelo destino e escolha minha, aqui eu fiquei.

Enquanto isso, chove lá fora, acho que é sinal de mudança.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ponto de Luz

Já não se pode mais falar de pôr do sol ou de tardes vermelhas,
não se pode mais falar de dor ou do prazer de estar aqui.
Já não se escutam mais silêncios ou barulhos invisíveis,
não se escuta mais nada.
-Nada que importe.
Não se vendem mais giz de cera, só monitores gigantes,
e tudo bem se as cores forem esquecidas, só o azul das notas.
Eu não sei para onde ir nesse lugar,
não cabe poesia aqui,
não fazem mais as minhas músicas.
O mundo, que costumava girar tão normal, já nem sabe mais para onde ir.
Está tudo tão esquecido, ninguém se lembra que tudo começou de um ponto de luz.
Todo mundo perdeu o ponto de luz
de dentro de si.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

In Wonderland... Or right here?

Alice
I wonder if I've been changed in the night? Let me think. Was I the same when I got up this morning? I almost think I can remember feeling a little different. But if I'm not the same, the next question is 'Who in the world am I?' Ah, that's the great puzzle!

Alice in Wonderland 

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Passagens por aqui

Passaram por aqui algumas pessoas. Todas delas tiveram parte. Eu tive parte nelas também, mas é difícil dizer. Algumas pessoas negam, ou até preferem não lembrar. Eu não. Eu lembro a todo instante das pessoas que passaram por aqui. Foi com elas que aprendi a ouvir logo quando vem alguém chegando. Aprendi a ouvir quando essa pessoa terá uma parte pequena, uma parte grande, ou se será uma dessas pessoas que gostam mesmo é de passar. Ouço alguém chegando, e eu sei. Eu sei que é alguém que talvez náo tenha parte não, me parece que é alguém que vai ter tudo. Se eu ouvi direito, é alguém que eu vou carregar no peito. A gente nunca sabe essas coisas ao certo, acho que é melhor eu colocar o meu vestido mais bonito.

A paz que você me deu


Dizem que para olhar o mar é preciso silêncio.
Mas o que talvez ninguém perceba é que silêncio se faz com o mar.
O mar faz o silêncio da praia.
As ondas batendo na areia calam todas as vozes, todos os passos, todos os sons.
A praia fica muda, nasce uma certa paz.
Uma paz secreta, meio escondida.
Não se escuta nada, tudo fica parecendo um pedaço do céu,
aquele céu que nos prometem desde o começo.
Aquele céu que nos prometem, ele existe na praia.
Naquela praia, naquele dia na praia,
naquele beijo que você me deu, na praia, perto do mar em silêncio.
Para G.B.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O que não tem nos livros

Eu preferia que você me ensinasse sobre o que eu não sei. Eu sei tão pouco, mas o que eu já sei não me interessa mais. Quero aprender, quero aprender mais e mais, e tudo que eu quero de você, é que você me ensine.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Não gosto de casa vazia

Não vá embora dessa vez. Fique para tomar mais um ou dois goles, mais um copo. Fique porque o filme ainda não acabou, fique. Vamos, fique para me contar mais alguma bobagem qualquer que nem me importa. Fique porque eu não gosto de casa vazia. Eu não gosto de abrir a porta para niguém sair a essa hora da noite. Vamos, fique aqui. Você nem precisa ir embora, você nem tem mentira nenhuma para contar amanhã, é melhor ficar. Não vá embora dessa vez, eu não aguentaria.

Como lhe é de costume

Meu peito, como lhe é de costume, anda explodindo um bocado.

domingo, 25 de abril de 2010

Ressaca

Como suportar o dia seguinte da vida? O que significa esse aperto, é um aperto? A vida passando por entre os dedos, como se não fosse nada demais... Esses furacões diários, como é que a gente sobrevive? Como é que se chama essa ressaca de viver? Essa ressaca de dor de saudade, o que é que eu faço com isso? Eu não sei esperar o dia seguinte de hoje. Eu não sei sobreviver a perspectiva do fim do dia, e quando o dia seguinte chega, eu não sei o que fazer com ele. É assim mesmo que se vive, sem nem saber como sobreviver?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

The best things in the world

Quando é que você vai tocar piano para mim, para eu colocar na minha listinha das melhores coisas do mundo?

Aquela distância

Você tinha cara de quem ia me ensinar muita coisa. Realmente, eu aprendi coisa ou outra. Claro que você não me convenceu que Radiohead é a melhor banda de todos os tempos, nem que Lars Von Trier é uma delícia de se assistir, mas me ensinou a não esperar nada. Quando eu ganho uma coisinha ou outra, eu lembro de você e daquela distância no sofá.

domingo, 18 de abril de 2010

o ato de enlaçar-se

Eu gosto de enlaçar meu braço no seu pescoço e olhar o seu sorriso enquanto eu o faço. É quase automático, ele surge no seu rosto e é possível que você nem perceba. Talvez seja por isso que eu goste de você, você é tão distraído.

o velho medo


Vez ou outra acordo num susto. É aquele velho medo de estar viva. Todo mundo sabe que eu tenho isso. Parece loucura, mas é muito sã. Eu tenho medo de estar viva, porque morrer parece fácil. Puff, acabou. Estar viva é uma coragem. Os sonhos me apavoram. Digo sonhos desses de alcançar. Apavoram porque podem vir amanhã, ou podem nunca vir. E tem também as perdas. Dia se ama, dia não. E se eu amar, mas de repente não amar mais? Não foi de repente que do silêncio fez-se o pranto? E se meu barulho também virar pranto? E se? Lá vou eu questionar tudo. É o medo, quando se tem esse medo todo que eu tenho, tudo parece uma grande bobagem, tudo parece faz-de-conta, não é possível que nada disso seja real. Será que quando se realiza um sonho, no dia seguinte se continua vivendo? Como é a vida após o sonho? Ela existe?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Houve um momento

Ele tinha uma boca de cigarro e café. Alguma coisa de noites mal dormidas, e aquilo tirava um pouco da beleza e da poesia do seu rosto doce, já não tão doce. Ele criava um ar de distância, algo que fazia com que ela sentisse a necessidade de levantar dali. Mas não. Tinha outra coisa também, alguma coisa no olhar dele que a convidava a continuar sentada. O olhar vencia. Dava uma vontade de se aproximar, de explorar toda aquela solidão que ele exalava. E diante daqueles pensamentos todos, ela acabou por dizer: preciso ir, até amanhã. Ele abraçou-a com uma força que talvez lhe fosse comum (mas é claro que ela achou que a força era só para ela) e disse: até. Mais nada, ele não disse mais nada. Mal sabiam que aquilo, aquele breve instante, fora deles.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Penteie o cabelo

Não se esqueça de pentear o cabelo antes de dormir
talvez assim você se lembre de mim
foi para isso que eu deixei os meus fios no seu pente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Novamente

Quantas vezes eu já te vi antes?
E todas as vezes que te encontro, são para me despedir.
Adeus, adeus. Espero que seja feliz.
E no entando, nada muda, tudo fica igual.
Você não parte, eu fico aqui,
e lá vamos nós nos despedir novamente.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Midnight thought

Bom mesmo seria nunca ter de me perguntar se eu deveria ter feito diferente. Vou fazer diferente e talvez não reste perguntas, porque mesmo se der errado, eu vou esquecer o motivo, mas vou lembrar de ter tentado.

domingo, 4 de abril de 2010

Caio Fernando Abreu de hoje:

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo."

Uma tristeza bonita que não acaba mais


Eu escolhi dar risada porque é muito mais fácil, não nego.
Escolhi deixar que todos riem de mim (ou comigo, tanto faz)
e assim todos ficarão bem distraídos.
Vou disfarçando a morte que acontece o tempo todo.
Vou disfarçando o amor se desfazendo dentro de mim.
Disfarço a poesia que trago.
Disfarço o cansaço, o desespero, a agonia e o medo.
Ah, o medo. Principalmente o medo. O medo de tudo.
Até chega a parecer que vejo o mundo engraçado, mas é mentira.
É puro disfarce.
Eu vejo o mundo em fotografias preto-e-branco,
numa tristeza bonita que não acaba mais.
O mundo é uma espécie de espelho quebrado,
é um troço esquisito que eu estou descobrindo, não sei o que é,
mas me apavora ficar nele sozinha por muito tempo.
E quando eu dou risada, eu me protejo disso tudo.
Eu finjo que sou maior que essa tristeza toda,
eu finjo e acabo acreditando.
Mas não é sempre assim, claro.
Há dias em que alguém segura na minha mão,
ou alguém precisa de mim para um abraço,
e é claro que a risada acontece tão verdadeira.
Há músicas, imagens, crianças e muitas piadas engraçadas.
Mas a graça é tão efêmera... E eu me escondo.
Ninguém sabe que eu deixo tanto amor escapar.
Todo dia o amor me escapa.
Ninguém sabe que eu tenho vontade de ser menos eu.
Às vezes eu só finjo, às vezes eu só minto.
Há de chegar o dia em que eu não vou mais precisar me proteger,
há de chegar esse dia.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

Nove bilhões

Todos os dias me acompanha um tormento
de dor, de saudade, de ansiedade
Que será dos meus dias? Que será do que foi?
O que vai me restar, quando nada restar?
Dói a vida brotando, nova
Dói ficar sozinha por um segundo
E neste segundo, não ter ninguém
Mas logo alguém grita de longe, que alguma coisa aconteceu
Um assassinato, um nascimento, uma vitória ou uma derrota
Coisas acontecem a todo instante
Novas flores brotam no chão, enchentes encharcam o mundo
Eu, sozinha, nunca estou sozinha
O mundo inteiro não passa de uma solidão de nove bilhões de pessoas.

Diálogo

-Estou tão cansada de sofrer, não quero mais amar.
-E o que lhe resta então, é continuar sofrendo.
A minha vida é uma fotografia cheia de rostos esquisitos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

De repente, outro mundo

De um dia para o outro
de repente se acorda
se acorda para o mundo
que, de um dia para o outro,
é um outro mundo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Canto de cisne

Chore porque eu não te amo,
ou chore porque te deixei.
Chore com a música
que já não é nossa,
ou chore com o som
dos meus passos partindo.
Chore com o meu silêncio
do outro lado da linha.
Chore porque eu já não sou sua,
chore, eu peço, chore por mim.
Seu sorriso me dói demais.

Nem precisa ser poeta

Nem precisa ser poeta
e nem o és
mas a poesia vem
todo dia
com cada palavra
que pronuncias.

Há quem diga

Há quem diga que foi de propósito,
há quem diga que foi sem querer.
Haverá sempre alguém para dizer,
nem sempre alguém para ouvir.
E pra mim nem importa.
Pode ser que sim, pode ser que não.
A data vai ficar marcada,
a ausência vai ficar marcada,
O motivo eu já esqueci.

A B.C.

terça-feira, 16 de março de 2010

Pata de quatro patas

Sonhei com você hoje. Foi rápido o sonho, porque era uma soneca no meio da tarde.
Você estava linda com uma calça jeans (acho que eu nunca te vi de jeans) e me apresentava para o seu novo namorado. Ele era meio mala, falava demais, e era meio prepotente. Você sorria e achava ele o máximo. De repente, você começava a se dar conta de que ele não combinava com você e começávamos a rir bem gostoso. Eu e você bem cúmplices, como já fomos um dia, como estamos sendo agora. Você tão longe, e mesmo assim eu consegui sentir a sua risada. Eu quis te contar, porque você me sorriu numa soneca no meio da tarde, e eu estou te sorrindo agora.



Te amo e sinto sua falta.

segunda-feira, 8 de março de 2010

4/4

Eu tinha quatro vidas.
Perdi duas,
por aí,
Tão à toa...
A terceira eu perdi,
porque foi preciso.
A última que me resta,
é tão escassa,
tão curta,
tão pequena,
tão à toa, por aí,
que eu cuido bem,
para nunca me faltar vida.

Ou em pensamento

Há um modo certo de agir,
um modo bem simples.
Dizer coisas baixinho,
Mostrar gratidão,
(uma gratidão qualquer).
Há um modo certo, que é fácil de acertar.
É só andar devagarzinho,
com muita pressa.
É só ter uma urgência diária,
mas aguentar com força.
Mas é preciso,
(muito preciso mesmo)
lembrar de chamar o meu nome,
-todos os dias
nem que seja baixinho,
ou em pensamento.

sexta-feira, 5 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

Pena capital

Morreu a vontade, morreu a coragem, morreu o desejo, morreu a atração, morreu o carinho, morreu a memória, morreu a urgência, morreu a necessidade, morreu o tesão, morreu, morreu, morreu. E a morte, embora tão abundante, passou despercebida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Desvio

Porque hoje é um dia qualquer,
eu não lembrei de você.
-Só um pouquinho, enquanto voltava pra casa.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mortais

Quais são as coisas que matam?
O amor? A solidão? A tristeza?
Nada disso mata, disse a minha mãe.
Quem sou eu para duvidar?
O que mata de verdade, disse o meu pai,
é deixar-se morrer cada vez que deparamos
o amor, a solidão, a tristeza.

As irmãs


Uma irmã foi para outro continente,
Outra irmã foi para um mundo paralelo,
E a terceira ficou no seu quarto.
Uma irmã encontrou um novo deus,
A outra irmã também,
A terceira encontrou um sanduíche na geladeira.
Uma irmã não quer mais voltar,
A outra quer sair,
A terceira só quer que elas voltem.


Sobre como você deveria ter lido aquele livro

Você deveria ter lido aquele livro da Clarice que eu te dei. Você ia me entender melhor. E talvez até se entender melhor. Você era o Ulisses e eu era a Lóri, mas sem o final bonito.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...