terça-feira, 27 de maio de 2014

Seremos nós

Tenho medo da falta de água, da falta de energia e da falta de um partido para votar. Tenho medo também de ficar sem emprego, de me explorarem no próximo emprego, de nunca mais me empregarem. Tenho medo dos assaltos no meu bairro, da greve que virá amanhã, do silêncio e omissão dos políticos. Porque está todo mundo normal, ninguém tem medo e eu me sinto sozinha. Ninguém percebe que a sociedade está se revoltando, que somos todos atores da peça Marat-Sade, que desse jeito não dá mais pra ficar? O povo viu, o povo sabe, não adianta mais enganar. Brecht se revira no túmulo tentando entender se no fundo haverá mesmo uma revolução, porque o mundo está silencioso diante dos gritos das massas. Como se quem não visse fosse o foco. E como eles não viram nada mesmo, eles caem na mentira. E o mundo começa a morrer ao poucos (ou só o Brasil), mas  a verdade é que não está dando mais vontade de morar aqui, e quando isso acontecer com todos nós, seremos nós mesmos os haitianos.

domingo, 25 de maio de 2014

9.855 dias

Depois de tudo que eu passei
continuo igual 
Desde que nasci, um feto perdido 
não mudei nada
Sou assim, estou assim
e assim sempre fui
Será que todo mundo sabe 
que acabei de chegar?

Antes

Antes eu preciso descansar. Minha cabeça dói e eu acho um pouco que estou pagando por alguns pecados. Espera um pouco, você já perdeu a sua chance de me chamar.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Porque não é

Não gosto de escrever pra você,
porque é o que eu sei fazer
e eu sei que vou ficar sem resposta
porque não é o que você gosta de fazer.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Eu fujo

Tenho medo de ficar sozinha, tanto medo.
E é desse medo mesmo que eu fujo.
Fujo tão depressa que acabo ficando sozinha.

Confusion

Eu já não quero mais morrer cinco minutos depois de ter morrido, já não sei mais o que fazer com você cinco minutos depois de termos nos amado. E eu quero partir hoje, agora, cadê minhas malas, onde estão minhas coisas? Não adianta tentar me segurar, eu não amo mais você. Mas por que você está indo embora? Não se vá, fique. Por favor fique. Não sei ficar sem você não sei, te juro. Estou mansinha e é assim que eu sou. Me perdoe se às vezes me exalto. Adeus, sou eu que estou indo embora. Estou moída demais, não posso mais ficar aqui. Adeus.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Antes da hora

Eis que ir embora é uma desgraça.
Não se pode nem ir embora sem magoar todo mundo que fica.
Fica todo mundo querendo entender.
Mas entender o quê, minha gente? Deu vontade de ir.
Não se pode nem sair de fininho pela porta dos fundos.
Não adianta não fazer barulho e nem se fazer de bobo.
Mas sabe, acho que tem uma lógica.
Se desse pra sumir assim sem deixar rastros,
um dia ou outro, todo mundo ia embora antes da hora de ir.
Só ia ficar no mundo tristeza e espaço vazio.


Recolho as minhas coisas

Há uma ingratidão.
Não sei se é minha ou da vida, mas alguém está sendo ingrato.
Já que a vida é muito maior do que eu,
recolho as minhas coisas no chão e vou saindo de fininho
(mas eu não peço perdão).

sexta-feira, 9 de maio de 2014

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Ainda não

E pra que esperar, você me pergunta. 
Eu não sei. E não sei mesmo.  
Mas eu espero, porque um dia eu ainda hei de saber.

The great gig

Ninguém falou nada, porque todo mundo ficou com medo de falar.
E então ela entrou na sala puxou o ar pra dentro, inalando profundamente, e soltou-o gritando até o fim.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

No amor, estranhamento

Os olhos amarelados
o cabelo macio
a pinta do lado esquerdo da boca
e a boca.

O abraço que cabe de forma exata
no meu braço
o beijo que tem o gosto
que eu gosto
a mão que sempre encontra
a minha.

O horóscopo dizia:
“no amor, estranhamento.”
No meu poema eu digo:
 “no amor, exatidão.”

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...