segunda-feira, 25 de junho de 2012

Primeiro domingo

Ela prendeu o dedo na porta e começou a chorar como um bebê. A dor passou, mas ela continuou chorando, e de repente ficou óbvio demais que não chorava mais de dor. Ou pelo menos não por causa do dedo. E ele ficou preocupado. Não sabia mais o que fazer para que ela parasse de chorar. E ele percebeu que ele não podia mais fazer nada. Ele percebeu que ela estava procurando desculpas para ir embora. Ela chorava e se despedia com o choro. Ia dizendo adeus baixinho. Esqueceu-se do dedo, da porta, esqueceu por que chorava, por que estava ali. E foi. Ele ficou parado, sem saber o que fazer. Era o primeiro domingo que ia passar sem ela. Não ia ser fácil, mas era tarde demais. Ela já tinha sumido no horizonte.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Essa outra

Estou sentindo muito frio. Tem um casaco bem aqui do meu lado, mas eu não quero vesti-lo. Quero sentir frio, congelar. Talvez se o meu corpo doer de frio, ele para de doer essa outra dor.

Pouco tempo

Eu lembrei de você hoje. Depois de tanto tempo, os meus pensamentos evocaram o seu jeito de fazer piadas, as coisas todas que você tinha tanto prazer em me ensinar, a sua impaciência de às vezes, tanta coisa. Tanta coisa. Foi pouco tempo, mas hoje eu disse que é difícil se desvincular de pessoas depois de muito tempo com elas, porque elas ficam marcadas em todas as coisas, em todos os sons, em tudo. Alguém então me respondeu que o tempo nessas horas não faz tanta diferença, porque às vezes ficar pouquíssimo tempo com uma pessoa pode ser tão difícil quanto um tempão. Quatro meses. Eu acho que foram quatro meses. Eu nunca mais me esqueci das coisas que você me ensinou. Mas sabe, a única coisa que eu me perguntei hoje foi se você, neste momento, estaria cuidando de mim, enxugando as minhas lágrimas, me dando um abraço, daqueles que você não gostava de dar. Porque eu estou tão sozinha. Tão sozinha, sabe? Igual a você, na última vez que eu te vi.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Chopin

Só ouço Chopin ultimamente.
A tristeza que ele tocava chega a doer de tão linda. 
Se ele fosse feliz,
o que seriam dos noturnos?
Ainda bem que ele era triste, triste, triste.

Para:

Cliquei em "enviar" e o gmail me avisou que eu precisava de um destinatário. Eu não tenho um destinatário no momento. Não posso enviar para o infinito? Não posso enviar para a Clara do futuro?


sábado, 16 de junho de 2012

2:30 am

Você ficou na porta, fazendo cara de quem estava triste. Mas acho que você só estava com sono. Eu fui embora. Aquela típica cena de adeus - o homem na porta, olhando o carro se afastar. Eu, no carro, via o homem na porta se afastar. O homem na porta, a casa, aquela fase, aquele amor, tudo se afastando. Eu fui embora, às duas e meia da manhã. Eu tinha chegado para ficar, mas fui embora. Às duas e meia da manhã, para sempre.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Frase

Eu ouvi essa frase em um filme: "why did you had to happen, just when I was doing so good without you?"

sábado, 9 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

I've been keeping to myself

The things I wanted to say
will never come out the right way
will never come out.

Os pés

Não te ver aquele dia foi estranho. Eu te via todos os dias. Foi estranho e triste. Mas até que eu me saí bem. Eu acho que ninguém percebeu que eu estava em pedaços. Vários pedaços, mini-pedaços. Todos caídos no chão. As pessoas iam andando e pisando neles, tranquilamente. Seria tudo bem, se algum daqueles pés fosse o seu.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Aquele jazz

Chovia lá fora,
mas ela não sabia.
Lá dentro o tempo não existia.
O convite se perdeu na chuva,
mas ele não sabia.
Ela não aceitaria nunca mais. 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...