quinta-feira, 29 de novembro de 2018

troca

te dei
um pedaço de mim
uma gota
um pequeno fragmento
por um tempo
peguei
um átomo seu
um grão
uma partícula
veio um vento
uma brisa qualquer
um sopro
levou pouco
muito pouco
quase nada
apenas toda
nossa troca

domingo, 25 de novembro de 2018

viagem

naquela viagem
eu vi a minha própria alma
cheia de crianças e Deus
dei um abraço na minha mãe
entendi porque me despedi dele
que nunca ia me amar
vi uma alma cheia de flores
coisas belas e brilhantes
me achei tão linda e pensei
ainda bem que eu moro aqui



sometimes we leave before we hurt 
but it still hurts to leave

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Neste instante

Enquanto eu passava argila no seu rosto
te falei que ele tinha voltado
a sua barba ficou cheia de argila,
você fugiu atrás de um cigarro e eu vi 
que nunca é hora de falar de outro amor
fumando na varanda 
você falou sobre o perigo de amar
de estar vivo, de ficar preso na cama
eu quis ir embora, mudar de assunto
ele voltou, mas ele não vem 
ele quem? 
fiquei olhando o seu rosto todo marrom
os seus gestos cuidadosos e inseguros
a argila pingando 
eu não gosto de tomar vinho em copo de requeijão 
preciso estar perto de árvores e plantas,
eu não sei se vou ficar 
mas olha, a argila está pingando bem na sua frente
quer que eu te ajude a tirar? vai sujar o chão

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Frio

Disseram que ia fazer frio, ainda não senti
se senti, não me incomodei
difícil incomodar ultimamente
nem a falta de um amor
meu amor tem sido borrifado
em pequenos amores cotidianos
(alguns grandes)
e na falta de você
que podia estar em todos os lugares
mas está sempre longe
Sinto um pouco de frio agora
mas não vou borrifar meu amor
quero ver se você sente
e resolve voltar

domingo, 11 de novembro de 2018

observo as fases com cuidado

a espera passou a fazer parte da paisagem
tento me lembrar da última vez que você me abraçou
faz tempo
agora eu sei contar os dias com a lua também
observo as fases com cuidado 
o modo como ela se revela devagar 
enquanto espero 
em que cidade você está ou em que país
talvez aqui mesmo
numa festa que eu não fui
eu vi a lua agora há pouco
ela já está pequena de novo
não sei por que eu insisto 
você já disse que não sabe ler poesia


domingo, 4 de novembro de 2018

Flor no lixo

Eu nem sabia o que tinha
ao meu redor
quando você me arrancou do chão
disse que eu era uma flor
no lixo
mas eu te reconheci
quando você me mostrou sua alma
um pouco amassada
uma flor reconhece a outra
estica a alma por favor
sejamos flor
na mão de uma menina
Vinícius precisa fazer poesia
não deixemos de ser flor jamais
lixo já tem demais




eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...