sábado, 15 de maio de 2010

50 copos

Naquela noite, ela pensou como ele estaria. O que ele estaria fazendo e se ele estaria sozinho. Ela ficou tentada a mandar um telegrama bem urgente perguntando onde ele estava, mas ficou apenas tentada, não teve coragem de escrever nenhuma letra. Passou a noite toda tentando juntar velhos pedaços para ver se conseguia entender coisas que nunca havia entendido, mas em vão. As lembranças não tinham continuidade e eram pedaços confusos demais. Pelo menos ninguém saiu ferido, ela pensou, foi um adeus silencioso. Ela queria saber se ele estava sozinho olhando por aquela janela branca, ou talvez com os pés apoiados naquela mesa cara. Era mesmo uma mesa bonita. E os 50 copos? Ela nunca se esqueceu que ele, morando sozinho, havia comprado 50 copos de vidro para deixar na cozinha. Onde ele estaria, o que estaria fazendo? A última vez que se viram, ele estava estressado e parecia meio abatido, foi o último retrato dele que ficou em sua mente. Será que um dia ele aprende a não ser tão distante do mundo, ela pensou.

3 comentários:

Roderigo Torçop Orti disse...

Talvez ele tivesse voltado para o seu planetinha distante do mundo. Lá, os 50 copos faziam sentido porque eram 50 os seres que habitavam a sua mente, nem um a mais e nem um a menos.
Ele bem que fez uma tentativa terrestre, mas não adiantou, coitado: estava mesmo condenado ao planetinha. Até hoje não sabe que perdeu a beleza, a simpatia, a inteligência e a alegria de viver, tudo num pacote só.

meat disse...

Talvez
quem precisasse mudar
não ela ele, com seus 50 copos
mas ela
com seus 50 convites de festas
talvez ele não fosse frio
mas sim, medroso
de tanta beleza, tanto carisma, tanta luz para seu caminhãozinho...
talvez
não fosse sua hora
talvez não fosse o lugar ceto
talvez
e somente talvez...

Anônimo disse...

Se o problema se constitue em quantidade de copos,jogo todos fora, ou compro um caminhão deles para você. A propósito: esse cara dos copos é outro no meu caminho?????????????????????

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