quarta-feira, 30 de maio de 2012
Cinquenta minutos
Ela sentou na poltrona. Ficou à vontade, como sempre fica, e começou a falar. Tudo bem, tudo tranquilo, sem grandes novidades. Na verdade talvez eu tenha alguma coisa para você, ela disse. E falou dele. Só dele. Da cortina que ele cismava em ficar atrás. Ela tentava dar uma espiada de vez em quando, mas não via muita coisa. Ela estava ficando cansada. Os anos estavam passando e a cortina dele continuava fechada. Ela começou a sentir aquela sensação que há tempos não sentia. Aquela sensação de que alguma coisa estava presa na garganta, de que havia uma tristeza no meio daquela tranquilidade. Ela levantou da poltrona e lembrou do primeiro dia que entrou naquela sala, a vontade de chorar voltou, depois de tantos anos.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Beco
Estou tão sem foco, que já não adianta mais usar óculos ou operar os olhos. O foco já não existe mais. Estou perdida, irremediavelmente perdida. Não sei se vou ou se fico, nem mesmo se quero ir ou ficar. E você também não pode me tirar dessa falta de tudo, porque você faz parte dela.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Formingas, máscaras, impostos
Ele olhou para a amiga bem nos olhos, e perguntou: "O que foi?". Só isso. Mas ela quis desabar. Só de olhar para ele. Tantas coisas, meu amigo, tantas coisas. Mas ela ficou quietinha. "Nada, estou ótima" e continuou usando a máscara de sempre, aquela que a faz parecer uma fortaleza. Ridícula, era na verdade de papel a máscara. Lá dentro ela sabia que era uma droga de uma formiguinha, sempre fingindo ser maior, uma onça, um tigre, um gavião. Qualquer outro bicho, qualquer outro lugar. Não me olha assim, amigo, pelo amor de Deus, que eu começo a te contar tudo e eu sei que ninguém está interessado de verdade. A gente precisa ganhar dinheiro, pagar as contas, os impostos. Não vamos ficar pensando nessas outras coisas. Eu não vou te falar. Amanhã passa, ou depois de amanhã, ou algum outro dia. Eu não quero mais ser formiguinha, não quero mais estar aqui. Logo logo alguém chega e pisa em cima de mim. As pessoas não enxergam essas porcariazinhas desses insetos minúsculos que ficam atrás dos doces. Pra que diabos servem as formigas? "Tá bom então, mas melhora essa cara porque não parece que está tudo ótimo." Ela correu para o banheiro e lavou o rosto. Pôs a máscara. Voltou ao trabalho.
Não vou dizer
Irônico, mas eu não tenho mais o que dizer. Tanta coisa presa nesse peito pequenininho, tanta coisa presa na minha cabeça que não me deixa dormir, mas eu não tenho o que dizer. Não posso dizer, não tenho como dizer, eu não vou falar. Queria, talvez, que você falasse por mim. Que você parasse de andar correndo com os braços balançando. Eu não posso dizer, mas eu estou mais uma vez com medo do mundo lá fora.
sábado, 5 de maio de 2012
Trevo de quatro folhas
Obrigada por me fazer pensar com as suas palavras.
Obrigada por me mostrar o meu valor, e obrigada por me achar tão especial.
Obrigada por me mostrar o meu valor, e obrigada por me achar tão especial.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
No travesseiro
Quando você não dorme em casa eu já chego desanimada do trabalho, porque eu sei que não vai ter nada no meu travesseiro. Nenhuma surpresinha, nenhuma maquiagem, nenhum docinho, nada. Ontem eu fiquei imaginando como vai ser quando eu sair de casa, ou você sair. Não consigo nem pensar a tristeza sem fim que vai ser saber que nunca, nunca mesmo, nenhuma surpresa vai estar me esperando no travesseiro.
Para minha irmã
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Cinza e branco
Hoje fez um dia frio, meio misterioso. Uma chuva que não parava, cores frias. Um tempo que todo mundo chama de feio. Hoje eu não chamei. Eu gostei de todo esse mistério, me fez companhia.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
sete de março de dois mil e doze
Eu ia te fazer uma surpresa. Chegar no seu trabalho logo cedo e ser a primeira a dar parabéns. Quando cheguei, você digitava coisas, super concentrado no computador. Nem me viu. Fiquei parada na sua frente por alguns segundos. Até a hora em que você levantou os olhos. A surpresa foi toda minha. A sua cara. Eu nunca vou me esquecer da sua cara. Você mudou completamente a feição. De bravo e sério para um sorriso de orelha a orelha. Tudo no seu rosto sorria. Foi como se você tivesse visto a coisa mais linda do mundo. Mas não, era eu. Você estava louco de felicidade porque eu estava ali. De todos os "eu te amo" que você disse para mim, esse foi de longe o mais lindo.
terça-feira, 24 de abril de 2012
E. Hemingway
So you said he likes cats. So you said he writes stuff. I don't think I will like him, he seems lonely. I am lonely enough. "The Old Man and the Sea" that is a very sad name for a book. I'll bet it's a melancholic story about a guy who is alone in the sea and he's obsessed with a fish. Am I right? I'll bet he won't be successful, people will read and forget. Ernest, what kind of name is that?
Quero saber
Quem é você? De onde você vem? Por onde passou? O que você trás consigo? O que você quer? Por que está aqui? O que você sente? O que gosta de ler, de escutar? Você é sozinho? Para onde você foge, quando foge? Quem são seus melhores amigos? O que é você? De que você é feito, o que você sabe fazer?
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Caixa de postais
Eu tinha medo dele, não sei por quê. Não sei se era porque ele morava sozinho, porque a família dele estava longe demais, ou porque ele tinha planos demais, concretos demais. Eu não tinha nada. Mal conseguia ver o dia seguinte. Eu tinha medo também porque ele queria me mostrar tudo, ele queria me ensinar tudo e eu não tinha nada para ensinar. Eu lembro quando ele pegou uma caixa enorme cheia de postais, fotos e papéis antigos. Lindos. Ele até me deu alguns dos mais bonitos. Eu lembro que fiquei encantada. Era um quarto pequeno, mas tão cheio de vida, de histórias, de conteúdo. Confortável. E eu cheia de medo de entrar na vida dele. Eu cheguei em casa e fui correndo montar um mural de fotos e postais. Queria deixar o meu quarto com vida. Com um pouco dele. Uma vez ele me levou ao último andar do prédio. A gente ficou olhando a cidade. Ele tinha duas tartarugas. Eu não lembro os nomes, mas lembro que ele gostava delas com um orgulho infantil. Ele não sabe, mas eu achava ele incrível. O problema é que eu sempre tive medo dele, até quando eu liguei uns dois anos depois. Continuava com medo. E foi o meu medo que disse aquele "até logo" fatal. Não fui eu.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Tem dias assim:
Eu não sei o que fazer com você.
E quando me falta você -
Aí é que eu não sei o que fazer.
E quando me falta você -
Aí é que eu não sei o que fazer.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Bom-bom
É tudo meio torto mesmo:
O certo parece errado,
A distância parece mais distante ainda.
É só uma fase,
Como qualquer outra.
Pétalas vão cair,
Mas a flor sempre renasce.
Você, como uma boa flor,
Vai surgir mais cheirosa,
Só para humilhar o resto do jardim.
Eu te conheço, sei que vai ser assim.
O certo parece errado,
A distância parece mais distante ainda.
É só uma fase,
Como qualquer outra.
Pétalas vão cair,
Mas a flor sempre renasce.
Você, como uma boa flor,
Vai surgir mais cheirosa,
Só para humilhar o resto do jardim.
Eu te conheço, sei que vai ser assim.
(Para M.)
quarta-feira, 28 de março de 2012
db
Como um personagem de infância, hoje eu te procurei.
Encontrei escritos antigos, mas não você.
O seu nome foi o que me fez sorrir hoje, quando eu quis chorar.
Você é o meu personagem de infância, e eu queria saber se você é real.
Encontrei escritos antigos, mas não você.
O seu nome foi o que me fez sorrir hoje, quando eu quis chorar.
Você é o meu personagem de infância, e eu queria saber se você é real.
terça-feira, 20 de março de 2012
Foi o Chico Buarque que disse isso?
Nem toda loucura é sinônimo de genialidade e nem toda lucidez é sinal de velhice.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Um botão
Ele dirigia, ela imersa em pensamentos. Ela tem um botão. Um botão de desligar. Ela aperta o botão quando quer pensar em outras coisas, quando quer evitar a realidade, quando não quer estar ali. É verdade que o botão às vezes liga automaticamente e a faz desligar do mundo sem querer. Mas aquela noite não foi automático. Ela realmente não queria estar ali. Não queria ouvi-lo, falar com ele, não queria estar ali. Uma parte dela estava morrendo de vontade de beijá-lo, mas era uma parte silenciosa dela. Uma parte sem forças. Então ela ficou ali, sem estar. Ele logo deduziu que o silêncio e distância dela eram por causa do cansaço. E tudo bem. Deixe que ele pense, por enquanto.
segunda-feira, 5 de março de 2012
I forgive you
I forgive you not because I love you, nor because I am afraid to lose you. I forgive you because I want to see where this will go. I want to see how further can we go, can I go. I have never been this far, this is all new. I don't really know how to handle this. How to handle your immature attitude, your selfishness, you. I am curious. Besides that, the guy that I fell in love with is bigger than all of those stupid actions. He is special, and he is still you.
O fim do mundo não vai cair do céu
Coisas tem caído do céu. Pedaços de satélites, lixo espacial. As chances de uma coisa dessas cair no nosso quintal são mínimas, quase inexistentes, mas mesmo assim elas caíram no quintal de pessoas do Maranhão na semana passada. "Assustada, a população chegou a falar em invasão alienígena e até em possíveis indícios do fim do mundo" a Folha de São Paulo relatou. O fim do mundo, minha gente, existe desde que o mundo se formou, lá atrás no Big Bang. O negócio é o seguinte: nenhum de nós vai estar aqui para vê-lo. Não se preocupem com coisas caindo do céu. As coisas que estão aqui na Terra são muito mais perigosas.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Muitos beijos, guaxinim
Eu reli o e-mail dele hoje. Um e-mail de dois mil e nove. Um e-mail que ele falava coisas contraditórias. E ele se despedia. Ele dizia que eu aprontava demais e ele não conseguia confiar em mim. Achei graça. Eu não gostava tanto dele assim. Eu sofri como uma louca, chorei dias sem parar. Não sei explicar direito por que, mas não foi porque eu o amava. Se eu o amasse, eu nunca teria feito nada do que eu fiz. Eu saía todos os dias, eu fazia planos sem ele, eu desaparecia. E quando ele desistiu, meu mundo pareceu acabar. Uma bobagem. Uma bobagem imensa. Eu deveria ter escutado a minha mãe, ela disse que aquilo iria passar, que eu logo esqueceria. Eu demorei um pouco para esquecer, mas passou. Aquele foi só mais um garoto que não me ensinou a namorar, que não me ensinou a amar. Ele ficaria impressionado se visse o quanto eu estou calma. O quanto eu estou em paz, fazendo todos os meus planos com alguém. Alguém que eu respeito e amo. Alguém que teve uma paciência imensa em me ensinar.
Desprezo
O seu silêncio me afasta. A sua falta de qualquer coisa também. Eu interpreto como um desprezo. Depois você vem e me esmaga entre os seus braços, me beija milhares de vezes, me olha com esse olhar apaixonado. Você vem, você fica, você pede, você me ama. Mesmo assim há um desprezo nos seus segredos. Na sua falta de vida além de nós dois. Onde está a sua alma que eu ainda não conheci? Eu não posso viver no meio da sua vida, sem saber o que há na sua vida, sem saber o que você pensa da vida.
A minha morte
Estou pensando em escrever um livro e já tenho dois enredos. Um deles é sobre a minha morte. No meio da sala, no meio do dia, no meio da vida. Assim, inesperada. Às vezes eu imagino a minha morte e não gosto de pensar nas pessoas que me amam. Meu pai, minha mãe, minhas irmãs, nelas eu não gosto de pensar. Gosto de pensar em pessoas que passaram na minha vida e se apegaram. Em pessoas que se importavam comigo e eu nem sabia. Eu gosto de pensar na cor das flores e nos meus lábios pálidos. Alguém vem e dá um beijo no meu cadáver frio. Lágrimas fazem a minha maquiagem escorrer, o que faz parecer que eu também choro. Mas eu não choro, eu não sei quem está ali, eu estou morta.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
A sua casa
Eu sempre fico angustiada quando eu entro. Mas eu gosto do cheiro da cozinha. É sempre o mesmo: de comida gostosa que foi guardada na geladeira. E eu sei que sempre tem mesmo alguma coisa parecida com a comida do restaurante mais fino da cidade. Manteiga caseira, torta de palmito e ricota e temperos especiais ou qualquer coisa do tipo. Eu gosto da cozinha. Eu gosto que sempre tem amêndoas. Eu gosto da cozinheira com voz de criança, tamanho de criança e jeitinho de criança. Mas ela cozinha como um chef francês. Mas aí a gente sai da cozinha e vem aquele eco de casa grande, aquele eco de vazio, aquele eco de um lugar que eu não pertenço. O quarto eu não sei. Ele é seu demais. É proibido tocar em tudo. Você não gosta que eu mexa. Você tem medo de ir tomar banho e me deixar mexendo. Mas eu não mexo. Tenho medo. Na primeira e última vez que eu mexi, encontrei um retrato seu com uma ex namorada. Vocês pareciam felizes. Ela era feia. E além de tudo tinha um recadinho seu pra ela, dela para você. Sei que você não jogou fora e eu não tenho a menor intenção de encontrá-lo no meio das suas coisas. Eu não quero encontrar nada na verdade. Eu não gosto de ficar sozinha enquanto você toma banho. Me dá agonia. Você disse que vai se mudar. Eu não quero que você se mude. Eu gosto da sua casa, ela só não é a minha.
Chorar flores
Eu queria que os meus cílios fossem maiores. E que às vezes fragmentos de flores caíssem sobre os meus olhos e ficassem presos nos cílios, até me fazerem lacrimejar.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Não diga isso
Suas lágrimas não são um desperdício. Nunca serão. Que bobagem é essa? Nunca mais diga isso. Seriam desperdício se ficassem guardadas dentro de você, sem poder drenar o seu pobre coração.
Domingo de carnaval
Eu vi a cidade vazia.
- Nenhuma alma à vista.
Me senti em um filme cult. Um filme sobre solidão, sobre silêncio.
Nessa overdose de fotos de praias e gente sorrindo,
talvez fosse bom um pouco de nada.
Você mais uma vez foi embora. E eu não quis saber por quê.
Nem insisti para que você ficasse.
Eu não sou assim.
Eu nunca vou te fazer ficar, a não ser que você queira.
Solidão às vezes é bom.
- Nenhuma alma à vista.
Me senti em um filme cult. Um filme sobre solidão, sobre silêncio.
Nessa overdose de fotos de praias e gente sorrindo,
talvez fosse bom um pouco de nada.
Você mais uma vez foi embora. E eu não quis saber por quê.
Nem insisti para que você ficasse.
Eu não sou assim.
Eu nunca vou te fazer ficar, a não ser que você queira.
Solidão às vezes é bom.
Bem às vezes, quando nada mais resta.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Ela
Você vai ter que se acostumar com o fato de que eu sinto saudade. O tempo todo. Só de ficar em silêncio já me dá saudade, só de fechar os olhos, só de parar para pensar um pouco. Não estou falando de saudade de você. Estou falando de saudade de tudo. Eu não sei existir sem saudade.
Com amor, do Rio
Pensei que seria você a pessoa que iria me ensinar como é que funciona o amor à distância. Queria que você me mostrasse que é possível, que o amor por si só bastava, que não era tão complicado. Não deu. Não dá, não funciona. A gente pensa que ser romântico e acreditar já é o bastante. Na verdade, eu já sou um pouco desacreditada no amor, ele mesmo. O velho e simples amor. Eu ainda tenho medo de acordar e não ser mais amada pelo homem que eu amo. Ou de acordar e ver que isso tudo que estou investindo não é amor, não é amor o que eu sinto por ele. Os nossos pais não são um bom exemplo, você sabe. É conto de fadas demais, o caso deles é raro demais. Por isso fica difícil acreditar, quando se tem um conto de fadas em casa. Mas voltando ao amor à distância, se amar de perto já é difícil, de longe então... O investimento é muito mais alto, as expectativas dobram, tudo fica mais complicado. Mas eu queria, na verdade, aproveitar que a vida te deixou na mão para te falar uma coisa. Não foi você a pessoa que me mostrou que o amor à distância funciona. Mas é você a pessoa que mais me inspira a esquecer esse negócio de questionar, de ter medo, dúvidas. É você a pessoa que fica me mostrando que um coração quebrado se conserta, e logo volta a bater de novo. Logo volta a bater forte e rápido de novo. Até mesmo em menos de dezoito dias. "Ela achou que eu ia esperar dezoito dias, até parece. Em dezoito dias eu já estou curada" você me disse. Isso você me ensinou. E isso foi o bastante.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Iemanjá
Hoje é o seu dia, de novo. Parece que o seu dia foi ontem e não ano passado. Ai, minha santa, estou um pouco emotiva. Você tem feito tanto por mim... Ainda assim eu ainda preciso de tanto... Nada material, você sabe, preciso de outras coisas. Não posso falar aqui, eu ainda não sou forte o bastante para me expor assim, depois te conto em segredo, em uma rezinha só nossa. Você pode me ajudar? Desculpe minha santa, quase esqueci de te dar parabéns. Vou jogar uma flor no mar assim que eu chegar no Rio. É, eu vou para o Rio! Eu estava esperando o meu amor chegar para ir para lá. Mas isso é um segredo, tá? Iemanjá, vc parece tanto a minha mãe, sabia? Me sinto tão protegida no seu colo. Me sinto tão protegida com você ao meu lado. Sabe, minha santa, às vezes eu acho que você é a minha mãe. (É que ela é muito tímida, não diz pra ninguém que é você.)
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Sutileza
Eu gosto das suas declarações sutis, entre uma frase e outra, escondidas no meio de um monte de outras coisas que você me diz. São por causa delas que eu fico um tempão sorrindo no trabalho. Quando você não diz nenhuma delas, as notícias que eu sou obrigada a escrever todos os dias me parecem tão inúteis. Quem precisa de notícias de outros lugares, quem precisa de informações de outras pessoas, dessas manchetes, quem precisa? Eu preciso das suas declarações, sutis ou não. Elas transformam o meu dia. Elas transformam tudo.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Carnaval no vizinho
A janela do meu quarto dava para prédios, e nesses prédios sempre acontecia alguma festa. Eu era adolescente e ficava morrendo de inveja. Ficava me remoendo por dentro, ansiosa, triste, desejando estar naquelas festas. Eu sentia que era um fim de semana sendo desperdiçado. O tempo passou e eu fui à tantas festas, em tantos prédios, em tantos lugares que jamais conseguiria fazer as contas. Aquele sentimento bobo de antes passou. Claro. Eu já sei que não existem fins de semana desperdiçados. Quando ouço festas do meu quarto, me dá é preguiça de estar ali. Mas eu nunca perdi um carnaval sequer. Pulei todos. De formas diferentes em lugares diferentes, mas sempre pulei. Dessa vez eu vou trabalhar. Eu nem me importaria se não fosse por você. Pensar que você com os seus amigos fica tão diferente me incomoda. Que aquele seu amigo em especial vai estar junto me incomoda. Pensar que carnaval é carnaval e você vai estar por aí me incomoda. Se você não existisse, seria apenas mais um barulho de festa no vizinho. Mas você existe, a festa está alta, tem muita gente ali, e o fim de semana está sendo desperdiçado.
Eu não quero mais isso
Você adora discordar de mim e eu ainda não entendo por que faz isso. Magoada eu não fico, mas desgasta nós dois. E desgastar não é o que acontece com os seus argumentos. Tantas vezes eu já concordei com você porque eu prefiro continuar de mãos dadas. Você não faz isso, mas eu quero te ensinar. Eu quero te ensinar que nós vamos discordar de tantas coisas, mas alguns momentos você vai ter que ceder, porque é isso que as pessoas que se amam fazem. Elas não concordam com tudo, mas não ficam discordando o tempo todo. Minha mãe tantas vezes concordou com o meu pai para evitar o desgaste. E vice-versa. Eu vejo isso o tempo todo. Vamos brigar pelas coisas que valem a pena, vamos discordar do que vai nos fazer aprender alguma coisa. Vamos prezar pela paz, porque ela é muito mais importante do que você tentar me provar que eu estou errada. Eu não quero mais isso. Hoje eu me dei conta que eu não quero mais isso.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
ERRATA
Ao contrário do que foi publicado qualquer dia desses por aqui, eu nunca fui quem eu sou. Eu sou, na verdade, quem eu nunca fui.
Ainda não voltou
Às vezes eu chego a acreditar em amor à distância, quando esqueço que nós moramos tão perto e que você já está voltando. A verdade é que você não parece morar ali e parece que, desde a primeira vez que você saiu, ainda não voltou.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Eu não esperei
Não se preocupe porque eu não esperei por você. Talvez você tenha ficado sem graça de me dizer que não estava voltando, porque eu poderia estar te esperando. Mas saiba, eu não te espero mais. Já faz um tempo que eu aprendi a não ter expectativas, não esperar nada, não te esperar. Aquela vez, quando você saiu mais cedo da cama e ficou horas na cozinha, eu pensei que você voltaria com café na cama pra mim, como eu fiz uma vez pra você. (Lembra? Foi um desastre: o omelete estava sem sal, a torrada muito tostada e o café, frio.) Você não, você voltou da cozinha sem nada. E aquela foi a última vez que eu esperei alguma coisa de você. Hoje você diz que vem, diz que vai, diz que sim. Mas eu sei que não, não, não. O sim eventual me surpreende. Raras vezes me surpreende. Raras e maravilhosas vezes. Mas não se preocupe meu amor, eu aprendi a não esperar. Eu aprendi a deixar surpreender.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Lancôme
As minhas mãos estavam secas, ásperas. Eu odeio quando as minhas mãos ficam assim. Procurei na minha bolsa algum creme, eu sempre tenho algum na bolsa. Não achei. Fiquei chateada. De pensar que eu ia passar o dia todo com as mãos secas, me deu vontade de chorar. Tudo já estava meio errado, desde o momento em que eu acordei mais cedo do que deveria. Acordei de mais um pesadelo onde eu ia embora. Ou era você que ia? Nem sei. Abri a bolsa de novo, procurei nos bolsos de fora. Achei. Nem vi que creme era, se era mesmo um creme, já fui passando. O cheiro era tão bom, que creme é esse, que eu lembro desse cheirinho de algum lugar? Esse cheiro me remete a alguma lembrança boa que eu não tenho certeza... Ah. Lembrei. Nós estavamos sentados na cadeira da penteadeira. Olhávamos as fotos pelo seu computador. Estavam lindas, as fotos. Mas já era tarde, estava na hora de dormir. Você fechou o computador e eu saí do seu colo. Você virou para me dar um beijo e eu reparei como o seu rosto estava seco, quase descascava. Na Itália fazia frio, e no Brasil, calor. Por isso a sua pele ficou assim, só fazia quatro dias que você tinha chegado. Eu propus te emprestar um creme, você não quis.
Mas eu insisti e você acabou cedendo. Enquanto eu passava aquele creminho de amostra grátis no seu rosto eu fiquei reparando nas suas pintinhas, e no seu olhão arregalado. Virou hábito naquela viagem o seu rosto ficar seco e eu passar aquele creminho. Era bom. Eu adorava aquela hora do dia. Eu guardei o frasquinho para comprar o creme um dia e te dar... Um dia. Um dia que nunca veio. O frasquinho que ficou guardado e hoje eu achei na minha bolsa. Eu já estava com vontade de chorar mesmo, não segurei. Onde é que ficou aquela viagem? Aquele você daquela viagem? Aquela eu tão distraída e orgulhosa de qualquer coisa? Minhas mãos não estavam mais secas, mas agora era o vazio que me incomodava. O vazio de hoje. Mas para esse, não tem creme. Não tem nada.
Mas eu insisti e você acabou cedendo. Enquanto eu passava aquele creminho de amostra grátis no seu rosto eu fiquei reparando nas suas pintinhas, e no seu olhão arregalado. Virou hábito naquela viagem o seu rosto ficar seco e eu passar aquele creminho. Era bom. Eu adorava aquela hora do dia. Eu guardei o frasquinho para comprar o creme um dia e te dar... Um dia. Um dia que nunca veio. O frasquinho que ficou guardado e hoje eu achei na minha bolsa. Eu já estava com vontade de chorar mesmo, não segurei. Onde é que ficou aquela viagem? Aquele você daquela viagem? Aquela eu tão distraída e orgulhosa de qualquer coisa? Minhas mãos não estavam mais secas, mas agora era o vazio que me incomodava. O vazio de hoje. Mas para esse, não tem creme. Não tem nada.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Just a work night
Estou viciada em uma música que você nunca ouviu, e você nem imagina.
Ela é triste e fala de separação. Eu gosto de músicas tristes.
Não gosto de pensar que alguns detalhes tão insignificamente importantes para mim você nem sabe.
And now I'm giving up on you, plim plim plim (piano)
Penso em você dormindo com a boca ligeiramente aberta e os braços jogados (eu não estou entre eles).
A música acaba e a gente continua longe,
claro. Você dorme e eu estou plenamente acordada.
Ela é triste e fala de separação. Eu gosto de músicas tristes.
Não gosto de pensar que alguns detalhes tão insignificamente importantes para mim você nem sabe.
And now I'm giving up on you, plim plim plim (piano)
Penso em você dormindo com a boca ligeiramente aberta e os braços jogados (eu não estou entre eles).
A música acaba e a gente continua longe,
claro. Você dorme e eu estou plenamente acordada.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
E eu com isso
Tanta coisa acontecendo:
no mundo inteiro
aqui dentro
por aí
em qualquer lugar
em todos os lugares
o tempo todo
em tudo.
E eu nem ligo.
no mundo inteiro
aqui dentro
por aí
em qualquer lugar
em todos os lugares
o tempo todo
em tudo.
E eu nem ligo.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Eu já amo demais
Você fica me observando o tempo todo, e todos os dias e tenta me agradar de alguma forma.Vê o que eu gosto de comer, o que eu gosto de ler na internet, o que eu costumo fazer quando o trabalho acaba. Eu percebi, mas me faço de tonta e disfarço com uma falsa concentração na tela do computador. A última música que você pediu para eu escutar tinha uma mensagem secreta e eu não posso escutá-la. E nem quero.
Não ser mais outra
De repente eu não quis mais ser ruiva. Nem ter olhos claros e nem ser mais magra. Eu me dei conta que eu sou assim porque eu sou um pouco do meu pai, aquele que pulou mais de dez vezes de paraquedas. Aquele que faz até o jardineiro morrer de rir. Aquele que gosta de pintar ouvindo música clássica e quer ler todos os livros do mundo. O meu pai me emociona, e é incrível poder ter os traços dele.
Solitary dance
A minha pista de dança tem sido o meu quarto. Não que eu dance ali, mas eu não tenho dançado muito e quando danço é sozinha. Você bem que tenta vez ou outra. Acontece que eu ficaria a noite toda, e sei que você logo está cansado. Aí eu vou pro quarto e danço sozinha... Assim que eu fecho os olhos.
Um pequeno obrigada
Você me deu um pedaço do seu sanduíche e para a minha surpresa aceitou um pedaço do meu. Outro dia me falou sobre sua ex-mulher, e eu nem sabia que você já tinha casado. Eu fico feliz que você tenha me deixado olhar um pouco além da fresta. Você é uma pessoa incrível e eu precisava deixar registrado o quanto estou feliz em ter te conhecido.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Uma noite perdida
Aquela noite ele ficou jogando ping pong, e essa era mais uma das coisas que eu não sabia fazer. Fui para a praia, porque essa era uma das coisas que eu queria fazer com ele. Ele demorou para sentir a minha falta, e quando chegou lá, já era tarde. Eu não estava mais pensando nele. Eu pensava no trabalho. Eu agradecia aos meus colegas, e imagino que as energia que mandei para eles os fez dormir melhor, pelo menos aquela noite. Gosto de agradecer pessoas com uma certa reza. Quando ele chegou, ele estava bravo porque eu tinha sumido e nem percebeu como a lua estava grande, como eu estava bonita para ele e como eu daria tudo para viver naquela noite para sempre. E eu, bom, eu já estava com sono e queria dormir.
domingo, 18 de dezembro de 2011
I'm sorry for wasting your time
Eu consegui ser eu mesma com você, porque desde o começo eu sabia que não daria em nada. Você me fazia rir a cada duas palavras que dizia, mas eu não achava você bonito. E eu achava você muito menino. E enquanto você se apaixonava (e eu deixava) eu ia indo embora de fininho. E agora eu escrevo para pedir desculpas, eu não devia ter feito isso. Eu fui egoísta. Hoje eu lembro de você e eu queria agradecer, porque foi você que me fez ver que mesmo eu sendo eu mesma alguém poderia gostar de mim.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Beijo de poeta
Eu vou contar essa história, porque ela tem perseguido os meus pensamentos. Eu vou contar essa história também porque ontem eu estava no carro com você, e os seus pensamentos gritavam para eu fazer silêncio, por isso eu pensei no passado. Eu não sei quantos anos eu tinha, mas era menos de dezoito. Ele deve ter uns cinco anos a mais que eu. Seis talvez. Não sei como nós nos conhecemos, mas ele tinha um certo fascínio por mim. Eu contava tudo pra ele. As minhas dúvidas, as minhas poesias, os meus medos, as minhas coragens... Ele ouvia tudo com uma atenção que me dava coragem. E me ensinava tanta coisa... Falava de filosofia, de cinema, de livros... Tinha tudo para eu me apaixonar. Mas eu era muito nova, muito imatura, muito me faltava. E eu não me apaixonei. Ele sim. Ele me ligava, me convidava, queria me ouvir. Eu tinha um diário que eu até hoje acho lindo. Escrevia coisas lindas nele. O garoto pediu o meu diário, e disse que já devolveria. Eu o emprestei, porque confiava tanto naquele sorriso infinito... Eis que em uma das páginas eu escrevi que ele tinha beijo de poeta. Sim, claro, porque nós nos beijamos certa vez. Ele ficou encantado em saber que tinha beijo de poeta. Nesse ínterim, eu sumi. Fui para festas, almoços, churrascos, viagens, e sumi para ele. Ele também parou de ler o meu diário. E parou de me achar fascinante, porque descobriu uma outra garota. E como era de costume, ele me ligou. Eu a encontrei, ele me disse. A mulher da minha vida, a encontrei. Ela é incrível. É inteligente, fala coisas incríveis, entende de poesia, cinema, música... E é linda... Como é linda! Eu fiquei muda do outro lado da linha. Nunca tinha ouvido um garoto falar assim de uma garota. Fiquei imaginando como seria a mulher que beijaria o beijo de poeta. Ele queria casar com ela. Claro que nossa amizade se esvaziou com o tempo, e foi sumindo... Um tempo depois descobri que eles namoravam há um tempão e que eram feitos um para o outro. Ele ainda estava com o meu diário, e eu amava aquele diarinho. Certo dia eu liguei. Falei para ele deixar o meu diário na portaria, mas ele disse que queria entregar em mãos. A campainha tocou, eu abri a porta. Ele me deu o diário e me deu um beijo. Me perguntou: "ainda tenho beijo de poeta?" Eu fiquei muda. Assustada, sem saber o que fazer. Ele sorriu. Me abraçou e sumiu no horizonte. Nunca mais o vi. Soube que ele casou esse ano. Soube que ele é apaixonado. Nunca mais ouvi um homem falar de uma mulher daquela forma. E ele, sim. Ele ainda tinha beijo de poeta.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
What a waste
What a waste of time it would be
If we weren't sure.
Sometimes I wonder...
Are you sure?
If we weren't sure.
Sometimes I wonder...
Are you sure?
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
cotidiano
Pequenos erros, às vezes grandes
pequenos defeitos, mas muitos
pequenos medos e pequenos, bem pequenos prazeres.
pequenos defeitos, mas muitos
pequenos medos e pequenos, bem pequenos prazeres.
domingo, 20 de novembro de 2011
Poucas
A verdade é que são poucas as pessoas que sabem como espantar a minha solidão, e eu fico me questionando se você sabe mesmo.
a festa
Eu fiquei sentada ali, sem querer sair
pensando que caminhos eu escolhi, que me levaram até ali
com tanta gente desconhecida
tanta gente pisando no pé de estranhos
e no meu
meus pés doíam
e doía pensar que eu estava tão perdida
bem do seu lado
você, que tantas vezes foi o meu mapa
pensando que caminhos eu escolhi, que me levaram até ali
com tanta gente desconhecida
tanta gente pisando no pé de estranhos
e no meu
meus pés doíam
e doía pensar que eu estava tão perdida
bem do seu lado
você, que tantas vezes foi o meu mapa
terça-feira, 8 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Se eu me esquecer
Eu tenho medo de esquecer
de certas coisas.
A sensação que aquela música me causava,
e já não causa mais.
A saudade que eu sentia, o amor que eu sentia,
a dor, a terrível dor, que me fez seguir em frente.
Se um dia eu me esquecer de tudo isso,
não haverá outra de mim para me lembrar.
Como vou fazer?
de certas coisas.
A sensação que aquela música me causava,
e já não causa mais.
A saudade que eu sentia, o amor que eu sentia,
a dor, a terrível dor, que me fez seguir em frente.
Se um dia eu me esquecer de tudo isso,
não haverá outra de mim para me lembrar.
Como vou fazer?
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Hoje aconteceu pela manhã
Sempre deixo de te amar em algum momento
do dia, da semana ou do ano.
E eu peço desculpas por isso.
Mas a culpa é sua por me deixar.
Todos os dias
você me deixa um pouquinho.
Tem dias que você nem percebe,
e essa é a pior parte.
do dia, da semana ou do ano.
E eu peço desculpas por isso.
Mas a culpa é sua por me deixar.
Todos os dias
você me deixa um pouquinho.
Tem dias que você nem percebe,
e essa é a pior parte.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Preciso saber
Estou tão ansiosa para saber um pouco mais
eu sei tão pouco
às vezes me dá até medo
do pouco que eu sei
é quase nada
ou é nada, e eu não sei?
eu sei tão pouco
às vezes me dá até medo
do pouco que eu sei
é quase nada
ou é nada, e eu não sei?
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Depois que ela descobre
O que acontece com a garota,
depois que ela se encontra,
e se perde de novo?
O que acontece com ela,
depois que ela descobre,
que o mundo é mais ou menos,
que é um mundo vazio,
com um monte de gente?
depois que ela se encontra,
e se perde de novo?
O que acontece com ela,
depois que ela descobre,
que o mundo é mais ou menos,
que é um mundo vazio,
com um monte de gente?
Eu que penso
Eu detesto quando eu digo:
"Ele está em tal lugar, fazendo tal coisa."
E alguém responde:
"É o que você pensa."
"Ele está em tal lugar, fazendo tal coisa."
E alguém responde:
"É o que você pensa."
Acho que vou ficar
Tanto tempo desperdiçado...
Acho que vou ficar.
Tantas fotos, tantas coisas,
melhor esperar mais.
Quem sabe para de chover,
quem sabe eu paro de chover,
quem sabe o mundo não para de cair
em cima de nós?
Acho que vou ficar.
Tantas fotos, tantas coisas,
melhor esperar mais.
Quem sabe para de chover,
quem sabe eu paro de chover,
quem sabe o mundo não para de cair
em cima de nós?
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Descoberta
Eu ouvi você, tão desconhecido para mim,
dizer coisas bonitas e coisas engraçadas.
Algumas eu até esqueci de prestar atenção.
Fiquei pensando o quanto é incrível
- e perigoso
eu ter te ouvido assim.
Posso ter descoberto alguém.
dizer coisas bonitas e coisas engraçadas.
Algumas eu até esqueci de prestar atenção.
Fiquei pensando o quanto é incrível
- e perigoso
eu ter te ouvido assim.
Posso ter descoberto alguém.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Explosão
Quando a gente começa a ter dúvidas demais,
é melhor que as respostas apareçam rápido,
se não tudo pode explodir de repente.
é melhor que as respostas apareçam rápido,
se não tudo pode explodir de repente.
Dead end
Esse troço tão irracional que é estar aqui,
e não em qualquer outro lugar,
não foi uma escolha minha, eu juro.
-De repente me vi aqui.
Foram várias escolhas, eu sei,
mas se eu pudesse, lá atrás, saber que agora estaria aqui,
talvez eu tivesse virado em alguma curva,
pegado algum retorno,
entrado em outra rua.
O efeito porta-retrato
Não queria aquilo para mim. Nunca quis, nunca vou querer. Quase fui embora, eu já estava com as malas prontas dentro da minha cabeça. Chorei porque eu ia ter que me despedir, eu ia ter que dizer que estava indo embora. É difícil essa parte, por isso eu chorei. Mas eu resolvi ficar. Ainda não sei se fiz bem, se foi uma escolha certa, mas não vai ser difícil de saber. Sei que aquele porta-retratos não causa mais o mesmo efeito. Eu chegava no meu quarto suspirando, ia dormir suspirando. Sei que eventualmente os suspiros acabam, mas algum efeito ele ainda deveria causar. Não causa mais. Às vezes eu olho com dúvidas, às vezes com um aperto estranho. Eu já cheguei a pensar que aquele porta-retratos poderia ficar vazio. Esse pensamento me dói, mas tem coisas que me doem mais, você mesmo já me doeu mais.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Não estar mais
Ir embora já não é para mim o fim do mundo,
um dia você pode acordar e eu não estar mais ali.
um dia você pode acordar e eu não estar mais ali.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Porque
Hoje eu me senti livre.
Por razão nenhuma.
Não por causa de você,
nem por causa da lembrança do seu sorriso
(eu nem lembrei dele hoje).
Eu me senti livre hoje,
porque sim.
Por razão nenhuma.
Não por causa de você,
nem por causa da lembrança do seu sorriso
(eu nem lembrei dele hoje).
Eu me senti livre hoje,
porque sim.
sábado, 10 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Devia
Sinto saudade de qualquer coisa que eu devia ter dito,
e também de qualquer coisa que você devia ter feito,
se eu tivesse dito o que eu não disse.
e também de qualquer coisa que você devia ter feito,
se eu tivesse dito o que eu não disse.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Azul Celeste
Você me disse que o nome da cor do céu é azul celeste.
Eu não sei, deve ser,
mas tem dias que esse céu fica branco.
Terrivelmente branco,
branco solidão.
Eu não sei, deve ser,
mas tem dias que esse céu fica branco.
Terrivelmente branco,
branco solidão.
Aquino
Um homem que eu não conheço me disse, completando uma coisa que eu havia escrito, que: "desistir precisa coragem... e amor a própria pele, já dizem os alpinistas de alta montanha quando renunciam ao topo."
E eu fiquei pensando na minha renúncia e no meu topo.
E eu fiquei pensando na minha renúncia e no meu topo.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Antes que acabe
Só mais essa pergunta:
(antes que a caneta acabe,
que o dia acabe,
que a pergunta acabe,
que a gente acabe)
Se eu fosse um pouquinho mais importante
-para você,
você teria acordado com o despertador?
(antes que a caneta acabe,
que o dia acabe,
que a pergunta acabe,
que a gente acabe)
Se eu fosse um pouquinho mais importante
-para você,
você teria acordado com o despertador?
O que faz uma pessoa
Eu fico imaginando, olhando pela janela,
o que faz uma pessoa triste,
profundamente triste,
em um mundo tão grande,
onde a tristeza é proibida?
o que faz uma pessoa triste,
profundamente triste,
em um mundo tão grande,
onde a tristeza é proibida?
Un Jardin Sur le Tot
Exagerei no perfume
para disfarçar a minha vergonha,
preguiça,
insegurança, medo,
o meu mundo de segredos.
O meu cheiro era um disfarce,
e você nem percebeu.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Me dou conta
Eu detesto quando, de repente no meio de tudo, eu me dou conta da bobagem que tudo isso é.
domingo, 21 de agosto de 2011
Eu não
Você dorme tranquilo, ronca.
Eu não.
Você me olha tranquilo, sorri.
Eu não.
Você pega minha mão, caminha, tranquilo.
Eu lhe peço:
me ensina essa paz?
Eu não.
Você me olha tranquilo, sorri.
Eu não.
Você pega minha mão, caminha, tranquilo.
Eu lhe peço:
me ensina essa paz?
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Besterinha
O poema que eu fiz para você,
fiquei de te entregar,
mas sabe o que é?
Eu estava no jardim
dobrando o papel,
quando um passarinho bem esperto
levou o poema embora.
Não consigo escrever de novo,
não lembro as palavras,
mas eu sei que você não ia gostar.
fiquei de te entregar,
mas sabe o que é?
Eu estava no jardim
dobrando o papel,
quando um passarinho bem esperto
levou o poema embora.
Não consigo escrever de novo,
não lembro as palavras,
mas eu sei que você não ia gostar.
Como a saudade
Eu não vou desistir, isso eu lhe prometo.
Mas eu não posso garantir que a vida,
louca como ela é,
inconsequente, inesperada e maldosa,
eu não posso garantir que ela não vai me levar em um barco
que aos poucos descreve um arco, e evita atracar no cais.
Mas eu não posso garantir que a vida,
louca como ela é,
inconsequente, inesperada e maldosa,
eu não posso garantir que ela não vai me levar em um barco
que aos poucos descreve um arco, e evita atracar no cais.
Para mamãe
Ando tão emocionada, não sei porquê.
Encontrar a Iemanjá envolta num tercinho
me fez chorar ali sozinha.
Encontrar a Iemanjá envolta num tercinho
me fez chorar ali sozinha.
domingo, 14 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Epílogo
Ele começou a cantar. E na aflição de saber o quanto tudo é sempre tão efêmero, ela começou a filmá-lo. Mas, naquele mesmo momento, algo estranho aconteceu e ela teve que parar de filmar. Ela sentiu uma espécie de saudade que só sentiria no fim da história deles dois. Ela sentiu aquela saudade, e por isso achou melhor não filmar mais, para não catalizar a dor que viria, quando viesse. Ele cantando seria apenas uma memória que poderia se tornar um borrão um dia, depois que o fim chegasse. Sem registrar o momento, seria uma lembrança a menos para doer. Ele continuou cantando sem nem imaginar o que se passava dentro dela. E ela, mais uma vez perdida, esqueceu: esqueceu de ouvir ele cantando, esqueceu que eles estavam ali, esqueceu de viver aquele momento.
(1) amor; (2) falta
O amor é incompleto e sempre falta alguma coisa:
Uma ponta, um pedaço, um pouco.
Mesmo quando é inteiro, é incompleto.
E isso não tem nada a ver com a falta de amor.
É que amor e falta são complementos,
são irmãos, parceiros, são juntos.
Mas que fique bem claro, que não reste dúvidas:
isso não tem nada a ver com a falta de amor.
Uma ponta, um pedaço, um pouco.
Mesmo quando é inteiro, é incompleto.
E isso não tem nada a ver com a falta de amor.
É que amor e falta são complementos,
são irmãos, parceiros, são juntos.
Mas que fique bem claro, que não reste dúvidas:
isso não tem nada a ver com a falta de amor.
sábado, 6 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Boa noite
Boa noite, eu disse.
Na verdade eu queria ter-lhe dado um beijo e deitado no seu peito.
Mas não dá para fazer isso pelo telefone, não é mesmo?
Para um menino sem nada
Vinícius, o poetinha, escreveu para uma menina com uma flor. Um poema lindinho. Coisas pequenas, parece de criança. Eu escrevo para um menino sem nada, um menino que não me deu uma flor, e por isso eu não poderia ser a menina com uma flor.
Anti-sinal
Eu escrevo para saber de você. E também porque hoje eu me peguei contando os números das placas dos carros, e nenhum dava 18.
SAP no céu
Tem gente que diz que fala com Deus. Eu não. Pra mim ele fala muito rápido e eu não entendo nada que ele diz.
domingo, 17 de julho de 2011
Adeus
Adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus.
É tão difícil assim de dizer, meu deus?
É tão difícil assim de dizer, meu deus?
Pra ver se gasto as vírgulas
Esperando, sempre esperando.
Eu fico esperando você crescer mais um pouquinho,
eu fico esperando o sinal abrir,
eu acordar para a vida.
Acorda para a vida, alguém me diz aí de fora.
Mas o que isso quer dizer?
Eu estou dormindo?
Mas isso não me faria sonhar?
Eu já não sonho faz um tempo,
ou quando sonho é a gente se separando,
ou um barco partindo esquecendo de me levar junto,
é sempre algo assim.
Isso parece um desabafo, minha mãe vai pensar.
E talvez seja.
Essa espera me incomoda, me atrapalha,
e eu não sei o que fazer com ela.
Eu tão pouco sei o que fazer com tanta vírgula
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
Elas não servem pra nada na vida real,
só no papel.
Deve ser por isso que eu escrevo tanto.
Três palavras
Eu não tenho mais coragem de dizer
Eu não vou mais dizer
Perdi as palavras, perdi a vontade
Eu perdi o que ia dizer
Não vou mais
Não me peça
Melhor manter segredo
Se eu disser
É capaz que tudo mude
Só porque eu disse.
Eu não vou mais dizer
Perdi as palavras, perdi a vontade
Eu perdi o que ia dizer
Não vou mais
Não me peça
Melhor manter segredo
Se eu disser
É capaz que tudo mude
Só porque eu disse.
A pior delas
Das tantas coisas em você que eu não gosto, a pior delas é o fato de que às vezes você não vem.
sábado, 9 de julho de 2011
Nothnagel
That last night you weren't there. I had so much fun, I danced, got drunk, laughed so hard and talked a lot, but you weren't there. I didn't know what had happened to you. By the end of the night, I was tired. It was raining a little and it was very cold. My house was the furthest from all. The guys asked me if I needed company to walk home. Of course I needed company, it was cold and raining and walking home alone can be sad. But I said no. I didn't want to give trouble to anyone. When I got home, I remembered that you would never let me walk alone at night, you would be there with me.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Analista
Ele falou que eu tenho que ter paciência e jeitinho,
se não eu acabo atropelada por você e pelo meu acúmulo de silêncios.
Ele falou que acredita dessa vez.
Porque me conhece, sabe que eu vou embora antes do fim,
mas dessa vez ele acredita, não sei por quê
(na verdade eu sei, mas deixa pra lá).
Monalisa, o que você está pensando agora, ele pergunta.
E ele sabe que é em você, mas eu não digo.
Ele diz que eu preciso dizer tudo, porque ele nunca consegue adivinhar.
Você consegue?
Se fosse você ali sentado, no lugar dele, é capaz que eu não dissesse nada.
Você ficaria me olhando, eu olhando para o lado,
se não eu acabo atropelada por você e pelo meu acúmulo de silêncios.
Ele falou que acredita dessa vez.
Porque me conhece, sabe que eu vou embora antes do fim,
mas dessa vez ele acredita, não sei por quê
(na verdade eu sei, mas deixa pra lá).
Monalisa, o que você está pensando agora, ele pergunta.
E ele sabe que é em você, mas eu não digo.
Ele diz que eu preciso dizer tudo, porque ele nunca consegue adivinhar.
Você consegue?
Se fosse você ali sentado, no lugar dele, é capaz que eu não dissesse nada.
Você ficaria me olhando, eu olhando para o lado,
((silêncio))
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Omissão
Tem tanta coisa que eu não te conto
eu omito, silencio, te escondo
Para me defender
de você, tão inofensivo
Com tanto poder.
eu omito, silencio, te escondo
Para me defender
de você, tão inofensivo
Com tanto poder.
Sonho de criança
Quando eu era um pouco mais nova, eu acreditava que, quando a gente pensava que um sonho não iria se realizar, é porque ele já estava se realizando, bem baixinho, bem escondido, sem que ninguém soubesse. Quando eu era mais nova eu acreditava em cada coisa engraçada.
O silêncio dos outros
Não sei e nunca soube direito o que fazer com o silêncio dos outros. Se eu dou aquela risada meio sem graça, se eu fico em silêncio também, se eu falo qualquer coisa, eu nunca sei. Depois de um tempo, talvez eu deveria ter aprendido que o silêncio é natural e provavelmente a hora mais sincera da conversa, mas eu não aprendi. Eu sinto a necessidade de preenchê-lo. Tantas vezes eu nem tenho o que dizer e digo algo completamente besta como: esse remédio tem gosto de chocolate. E aí a pessoa fica muda de novo, porque não sabe o que me responder. Eu tenho uma relação de desconfiança com o silêncio dos outros, uma relação difícil. Eu sempre acho que ele está me escondendo alguma coisa, que ele tem algo a dizer, mas se faz silêncio por algum motivo. Alguém me ensina a lidar com o silêncio dos outros? Eu acho até que sei como é que faz. Eu acho que é preciso colocar dois silêncios para conversar, em silêncio. E então, enquanto eles conversam, os olhos é que devem falar.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
O destino vestindo um velho chapéu
Começo a achar, mais até do que achar, começo a ver que eu não estou fazendo nada além de esperar o destino me encontrar. Mas que destino é esse? Não sei, já perdi o interesse em descobri-lo. Os dias passam e eu já nem olho mais no relógio para flagar a hora certa que ele me encontrar. O que eu antes pensava sobre esse destino não lembro, faz tempo que eu já não acho mais nada. Ele deve ser bem sem graça, porque já perdeu o timing, e uma boa piada depende do timing. Ele já transbordou o limite das expectativas o que faz dele também qualquer coisa acima ou abaixo delas. É possível que ele passe por mim e eu nem perceba. É possível que eu acene para ele, que vestirá um velho chapéu, e nem saiba que se trata do meu destino. Ele, desanimado pela minha falta de reconhecimento, certamente passará e irá embora, como castigo por eu não tê-lo reconhecido. Então, eu deverei esperar tudo de novo, até que ele resolva aparecer novamente. Ao pensar nisso tudo a idéia me faz chorar: e se ele já tiver passado, acenado e ido embora?
segunda-feira, 27 de junho de 2011
The truth is
Even if it hurts
Even if it will break my heart
Even if you don't like the truth
Even if...
it is goodbye.
Even if it will break my heart
Even if you don't like the truth
Even if...
it is goodbye.
Stuck
Eu não gostei, mas o que é que eu posso fazer? Talvez com um somatório maior de desgostos eu até possa fazer alguma coisa. Por enquanto eu aceito, eu observo, eu fico. Conformada, sem ré, freios ou qualquer coisa que me faça parar.
domingo, 26 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Talvez a última
Eu aqui sentada, ouvindo a noite, os relógios da casa e os grilos, eu tenho tanto medo. Tem tanta coisa ali fora e eu não sei de nada. Como posso saber se tomei decisões certas, se até mesmo estar aqui é uma decisão? Talvez a mais importante de todas, talvez a mais triste, talvez a última.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
PS:
Cada um tem o seu jeito de amar.
De sofrer,
de doer,
e de sorrir.
Tem gente que sorri menos,
tem gente que sorri demais.
Tem até gente que só sorri por dentro.
Talvez eu ame errado,
talvez eu não saiba como é que se ama.
Acontece que amar é como ser mãe:
a gente não aprende - um dia acontece.
É como ser filho, é como sentir fome.
Não existe amar errado.
O que existe é medo,
e só medo.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Momento fofura do dia - parte II
Metade acrobata metade mergulhadora.
Metade poetisa metade humorista.
Metade rica metade pobre.
Metade alegre metade triste.
Metade jornalista metade escritora.
Metade peixe metade ave.
Tantos papeis...
Todos eles bem vividos.
Não se preocupe,
Tem sempre um papel para você.
Amor paterno.
(Obrigada, amo você.)
Tantas faces
Não gosto de uma metade de mim,
e da outra eu gosto só às vezes.
Sorte a minha que a gente não tem só duas metades,
e sobram algumas para eu gostar.
terça-feira, 14 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Dentes de leite
Essa foto eu tirei quando visitei uma escola pública. Ela estava na parede, junto com as fotos dos outros alunos.

Alguém explicou para ele que ele precisava sorrir. Ele achava que sorrir era mostrar os dentes. Ele esqueceu que sorrir era a mesma coisa que ele fazia quando os amigos dele contavam piadas, ou quando o avô trazia um brinquedo novo, ou quando ele corria na grama molhada. E eu me identifiquei com ele, tanto... Eu também às vezes esqueço como é que sorri. E eu também confundo sorrir com mostrar os dentes. A unica diferença é que os meus dentes não são mais de leite.
Mais possibilidades
- Deus estava distraído
- Deus estava cansado
- Deus estava sozinho demais
- Deus não estava.
domingo, 12 de junho de 2011
Se um dia
Quais músicas farão você lembrar de mim
quais ruas, lojas, pessoas, livros?
Quais frases minhas, quais gestos que eu fazia,
qual cheiro que eu exalava, qual risada que explodia de mim
qual qualquer coisa fará você ter vontade de chorar?
O que vai fazer você pensar em mim, talvez com tanta saudade,
se um dia eu for embora daqui?
quais ruas, lojas, pessoas, livros?
Quais frases minhas, quais gestos que eu fazia,
qual cheiro que eu exalava, qual risada que explodia de mim
qual qualquer coisa fará você ter vontade de chorar?
O que vai fazer você pensar em mim, talvez com tanta saudade,
se um dia eu for embora daqui?
terça-feira, 7 de junho de 2011
Como o meu
Engraçado sentir o peito vazio,
abandonado,
sem nada dentro.
Moscas talvez,
e elas fazem um barulho engraçado,
parece um coração batendo.
Mas eu sei que não é,
eu sei que é bobagem,
eu sei que corações não batem
em peitos como o meu.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
...se atraem
Somos tão diferentes que tudo acaba sendo uma surpresa. Eu nunca sei o que ele acha, o que ele vai dizer, ou o que ele pensa. E gosto de descobrir. Imagine já saber tudo só de olhar para ele? Cada vez que eu olho para ele, eu descubro mais que não sei de nada.
terça-feira, 31 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Elefante amarelo
Tem um elefante amarelo dentro de mim, e ele tem a ver com coisas que eu não gosto de falar a respeito com você. Mas deixa pra lá, eu não quero falar sobre isso.
Um cantor que descobri hoje
Esse cara me comove porque ele parece um pouco depressivo. Triste eu não sei, talvez um pouco descrente de alguma coisa. Ele me comove porque eu divido com ele essa necessidade de estar presente aqui, mesmo sem saber como.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Tic tac tic tac
Está tudo meio abandonado: ideais, sonhos, objetivos. Está tudo um pouco embolorado e com algumas teias de aranha. Tudo parece um pouco sem dono. E tem dias que nem esse novo amor ajuda. E tem dias que ninguém pode ver o que se passa, porque todo mundo tem os seus próprios bolores. E os pensamentos, as vontades e saudades se misturam e viram uma coisa só: uma coisa que machuca. Não adianta tentar se esconder com fins de semana que surdam da alma. Não adianta calar-se diante dos outros. Não adianta rir, porque a risada nessas horas é uma máscara frágil que se desfaz em um minuto. O melhor a fazer agora é esperar. Tic tac tic tac. Esperar a próxima volta do mundo. Quem sabe não dá para pegar uma carona?
domingo, 22 de maio de 2011
Um sábado e um sim
Eu não tive vontade de estar ali, no lugar dela. Eu não quis que você fosse ele e eu não senti nenhuma vontade de chorar com tudo aquilo. Nem pude me imaginar naquele lugar. O nosso agora é diferente. A gente está, só agora, começando a ficar bem à vontade ao lado do outro, sem disfarçar nada. Eu estou só começando a querer que você seja o primeiro a saber de qualquer coisa. Eu estou aprendendo que as festas e bares ficam um pouco sem motivo. A gente está aprendendo a ser dois e um só. Estamos aprendendo a ver a vida com quatro olhos. Só agora. Eu jamais iria querer apressar tudo isso, se essa é a melhor parte. Quero mesmo é que ela dure: os mistérios, as dúvidas, alguns segredos. Temos todo o tempo do mundo: eu e você.
Segunda-feira
Eu não queria que você chegasse. Você, tão sem perspectivas, tão sem foco, sem objetivos concretos. Eu queria era jogar você fora, pular você, rasgar você do calendário universal. Claro que estou fazendo de você um espelho onde eu me encontro sem saída e sem vontade. Eu sei que você não é culpada, mas nesta fase da minha vida, você só chega para me lembrar o quanto eu estou perdida e sem nada.
domingo, 15 de maio de 2011
Eu, agora, sem você
é tão estranho pensar que eu poderia ser eu, agora, sem você. Quem seria eu, agora, sem você? Eu seria mais vazia, menos perdida? Eu seria eu, mas diferente. Não sei quanto, mas eu seria uma eu com alguma coisa a menos lá dentro, com uma luz apagada. Eu fico imaginando que eu, agora, sem você, talvez seria um túnel desses que passa debaixo de um rio. Mas um túnel sem fim, sem uma luz no fim do túnel.
Um beijo
Ele me beijou, como há tempos não beijava. Me abraçou, como há tempos não fazia. Eu me derreti, como há tempos não me derretia. Mas abri os olhos e percebi: aquele beijo não era para mim. Era um beijo para os outros. E então a noite acabou.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Resto de vida
Quando vai começar o resto da minha vida? Ele já começou? Como é que a gente sabe se já é o resto? Eu sinto secretamente que ele ainda não começou, mas como é que eu posso saber, se tudo me parece tão gasto?
terça-feira, 10 de maio de 2011
Para sempre
Estava tão perdida que aceitei abrir a caixa de cartas de amor antigas para ver se me encontrava em algum lugar por ali. Para sempre, uma delas dizia. Tão pouco tempo durou aquele para sempre. E então eu me perdi um pouco mais.
domingo, 8 de maio de 2011
Desvestir-me
Tem também dias em que eu acordo pensando que sou uma pessoa dentro de um corpo, e eu não consigo achar o zíper, e eu não consigo entender onde é o cadarço, onde eu me desamarro, onde é que eu posso sair.
Escritora que não sou
Só porque eu não tenho cabelos brancos não significa que eu não tenho vida atrás de mim. E ainda assim eu não tenho nenhuma história para caber em um livro.
Il Geranio
Naquela noite, naquele restaurante, tomando um pouco de vinho, eu tentei te explicar que a gente pode brincar de nos olhar e ver desconhecidos. Eu adoro fazer isso: olhar para velhos conhecidos e fingir que eu acabei de conhecer. Eu adoro lembrar a sensação da primeira vez que eu vi aquela pessoa. Aquela noite eu estava fazendo isso com você, te olhando e não vendo o você que eu conheço tão bem. Quando eu não te conhecia eu achava que você não tinha nada a ver comigo, e eu estava tentando conhecer as suas pintinhas a tempo de me despedir. O tempo passou, um ano passou, e eu ainda não consegui conhecer todas as suas pintinhas. Eu ainda acho que você não tem nada a ver comigo, mas isso agora é tão bom. Eu olho para você e brinco de te ver um desconhecido. Tanto de você ainda é um desconhecido para mim. Mas eu achei tão lindo que você não entendeu nada aquela noite, e disse que não queria brincar disso, porque é tão mais gostoso hoje em dia que a gente se conhece bem. Você disse isso, e eu escutei uma declaração de amor tão doce.
Hunted
Eu acordei de um sonho estranho. Era uma casa escura, tínhamos medo de entrar. Eu acho que nevava ou chovia, sei que o tempo era feio. Eu lembro bem da casa, ninguém queria ir até lá. Eu acho que era mal assombrada ou qualquer coisa. Eu acordei, estava tão sozinha, meus pais não faziam barulho pela casa, não tinha ninguém. Fiquei na cama muito tempo, não queria levantar e não ver ninguém. Fiquei horas pensando no meu sonho, parecia tanto um filme. Um filme triste, eu acho. Tem dias que a nossa vida parece um filme triste. Estou indo dormir, a casa vazia, silenciosa. Não gosto desse sonho, não gosto dessa vida do dia de hoje. Sinto falta de alguém, de alguma coisa.
Ele
Eu achei que o fim de tarde de domingo não me faria chorar nunca mais. Mas hoje, quando todo mundo apagou a luz e foi para o seu quarto, aquela velha dor voltou. É muito triste para mim. Alguém poderia dizer que é a morte se aproximando, que é a vida passando, que é o tempo acabando. E esse alguém estaria certo também. Mas não é só isso. É entre eu e ele. Nós temos uma coisa antiga, eu e o fim de tarde de domingo. A gente nunca se deu bem, ele sempre me fez chorar.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Whose is it?
Just because I see an ending coming, doesn't mean we have to worry, it might not be our ending.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
Ou um espaço
Eu esqueci o motivo das minhas coisas:
fiquei mais livre, de fato,
mas estou perdida em tantas coisas sem sentido.
O que fazer de um beco?
fiquei mais livre, de fato,
mas estou perdida em tantas coisas sem sentido.
O que fazer de um beco?
terça-feira, 19 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Aqui de tão longe
Eu ensinei a essas pessoas quem é o Pequeno Príncipe e quem foi São Francisco de Assis. As pessoas ficaram me olhando meio desconfiadas, muito impressionadas e fizeram perguntas. Eu fiquei sem entender como alguém pode viver tantos anos em conhecer esses pequenos personagens, tão brilhantes, tão magicos e tão fundamentais, talvez para mim.
domingo, 10 de abril de 2011
Frio de princesa
Ele falou que eu sou uma princesa. E explicou, de todos os jeitos, por quê eu sou uma princesa. Estamos tão longe de casa, de tudo que nos é comum e normal, que ele realmente acredita nisso, e eu acreditei nele. E, de repente, senti um frio na barriga que eu conheço tão bem: é saudade do meu príncipe.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Keep dreaming
Não consigo dormir, eu fico imaginando você vindo tão tarde com um chocolatinho embrulhado para me dar.
Deixa
Deixa para amanhã, ou depois de amanhã, ou depois. Tanto faz um dia ou outro. Ninguém vai embora, não é mesmo? Ou vai?
A love letter in topics
1. hearts on a notebook
2. hearts on a panflet about a museum
3. hearts on a napkin
4. hearts on a post-it
5. hearts on a paper
6. a broken heart inside of me
2. hearts on a panflet about a museum
3. hearts on a napkin
4. hearts on a post-it
5. hearts on a paper
6. a broken heart inside of me
terça-feira, 29 de março de 2011
Metamorfose
Quem é que chegou?
Dentro de mim, chegou alguém.
Quem é? Eu é que não sou.
Se for eu, é mais alguém também.
Uma outra eu chegando, chegando...
E virando eu.
Dentro de mim, chegou alguém.
Quem é? Eu é que não sou.
Se for eu, é mais alguém também.
Uma outra eu chegando, chegando...
E virando eu.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Clouds in my head
I used to think that you were the sweetest person alive, I don't really know what happened to that thought.
domingo, 27 de março de 2011
Dentro dele
Deitei minha cabeça no peito dele. Ele nem imagina, mas algo extraordinário aconteceu: eu ouvi o coração dele pulsando, lá de dentro. Com a outra orelha eu pude escutar os sons da rua, das pessoas passando, dos carros, das plantas. Não sei como explicar ele estando lá, vivo, bem do meu lado, e as pessoas andando na rua, as ambulâncias, as folhas das árvores balançando. Ninguém parou, nem por um segundo. O coração dele também não. Ele respirava, o coração batia, e eu ali, participando da vida dele. O meu coração batia também, mas ninguém ouviu. Há tempos corações batem dentro das pessoas, e eu descobri o dele.
O homem que eu amo
Eu fiquei olhando para ele, o homem que eu amo. Ele perguntava as coisas, mas eu não escutava. Eu não quis segurar a sua mão. Eu não quis encostar os meus lábios nos dele, não quis chamá-lo pelo seu nome secreto. Não sei dizer quanto tempo tudo isso durou, pode ser dois minutos, pode ser duas horas. Foi o momento em que eu não o amei, o homem que eu amo.
terça-feira, 22 de março de 2011
Condição
Eu só topo ser a sua namorada, se eu puder ser sua amiga, companheira, cúmplice e parceira. Só assim. Se não for assim, então eu não topo, e quero o meu coração de volta, partido ou inteiro.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Chove mim
Metade do jornal de hoje a noite vai estar relacionado a chuva. Perdas, alagamentos, desastres. Mas o que me importa? A chuva, como sempre digo, é uma extensão de mim, se alastrando por todos os bueiros, buscando um rio para desaguar, buscando qualquer coisa. É uma extensão do meu choro, do meu corpo caindo de mim. A chuva que cai agora na sua janela, sou eu.
Olhando pela janela do carro
A gente precisa confiar mais em nós mesmos, e contar mais um com o outro. Tudo vai nos decepcionar o tempo todo, mas vai doer bem menos se a gente puder contar um com o outro.
quarta-feira, 16 de março de 2011
494
Olhei a janela. Pensei se era no segundo ou no primeiro andar. O primeiro tem grade, deve ser no segundo. Eu já me encostei naquele terraço e suspirei um monte. Dessa vez eu sorri e pensei no caminho de casa.
terça-feira, 15 de março de 2011
cada vão momento
Citando Vinícius, e acho que sem perceber, ele me disse que o nosso amor teria um fim eventualmente. Talvez os dois tenham mesmo razão. De fato, infinito já está sendo.
terça-feira, 8 de março de 2011
... oito, nove, dez.
Não chorei dessa vez. Foi tudo tão triste como das outras vezes, mas eu aprendi a contar até dez.
Devaneio
Tento lembrar de respirar, mas é tão complexo esse processo de puxar algumas moléculas do ar e soltar outras. Me falha a respiração e por isso perco todos os movimentos. Só consigo pensar e nada mais. Claro que os pensamentos não são lineares e enquanto eu penso que estou caindo em um abismo, porque estou há muito tempo sem respirar, eu penso em outras coisas também. Respira, respira, puxa ar, solta ar. O que estou fazendo aqui, por que você está ao meu lado? O que você quer comigo? Por que eu gosto tanto de ser abraçada, de tocar na sua mão? Eu não sei. Voltei a respirar. Voltei a ser eu, voltei a estar aqui. Esqueci tudo que eu estava pensando, me dá a sua mão, porque eu quero segurá-la. Não me importam motivos. Eu não quero saber o que te traz aqui, desde que eu continue respirando.
you must have one
I've been living with this suitcase in my closet, ready to be taken away. I've been living with intentions and no dreams. I've been trying to live, thinking that this is life. I've been regreting. I've never been so cold, I've never been so lonely, I've never fell so hard. I am giving up. I am leaving this body and going to another one. Goodbye, girl. Now you are on your own, go find another soul, poor child. Go and find your space somewhere, you must have one.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Não concordo
E por que, para você, tudo precisa de um contexto? Tudo precisa de um raciocínio exato, de um momento exato? Daqui a pouco será tarde demais, e nós dois sabemos disso.
terça-feira, 1 de março de 2011
Descostura
Eu sou uma boneca de pano.
O mundo,
a vida,
a morte e a falta
estão me descosturando.
Meus botões caíram,
minha roupa se desfez.
Não sou uma boneca de pano:
sou um monte de trapos.
O mundo,
a vida,
a morte e a falta
estão me descosturando.
Meus botões caíram,
minha roupa se desfez.
Não sou uma boneca de pano:
sou um monte de trapos.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Última tangerina
Ele entrou na sala falando sobre ideias, planos, comunismo. Nem prestei atenção. Ele descascava uma tangerina e comia os gomos bem devagar, fazendo a sala toda ficar com aquele cheiro forte de laranja. Não queria escutá-lo, mas o cheiro me obrigava a pelo menos olhar para ele. Eu estava pensando em outras coisas, tinha outros planos. Eu concordei com a última frase, só para não dar abertura para uma discussão. Fiquei ali por um tempo, parada, pensando em como fazê-lo sair da minha vida, se eu não queria nem mais ouvi-lo. Então eu saí da sala e tive um desejo inexplicável de comer tangerina.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Feet
Do you think my feet are too dry? I think my feet are dry, and I hate it. Would you love me less because I have very dry feet?
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Doar; doer
Dôo minhas roupas, todas. Aquela saia que acabei de ganhar, a blusinha do brechó, os vestidos. Dôo os sapatos (não vou mais caminhar), dôo minhas jóias, até mesmo as que eu ganhei. As minhas bolsas, esmaltes, brincos. Eu quero tirar tudo daqui. Que levem tudo. A cama? Podem levar. Levem as minhas canetas, pode ser que eu já nem escreva mais. O telefone? Por favor, levem agora, tirem daqui. Não quero mais essa janela. Essa vista, esses olhos. Não quero mais essa preguiça e nem essa vontade de continuar. Eu não quero mais nada. Estou doando meu presente e o meu futuro (o passado, infelizmente, não dá). Estou doando tudo o que eu ia escrever. Pode anotar. Os meus cabelos, dedos, pés. O meu coração, até. Levem tudo, tudo, tudo. Não deixem nada aqui. Disfarcem, não deixem que eu veja, se restar algum pedaço de mim.

Dorme saudade
Dorme. Dorme que eu engano a saudade. Dorme que eu faço ela passar. Pode ir dormir. A gente vai enganando, enganando até que ela engana a gente, e puff. Some com tudo. Nada de saudade, de mim, de você ou de sono. Dorme, meu bem.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
00:40
Eu e a minha velha vontade de conseguir pôr pra fora.
Mas eu não consigo, eu não consigo.
O resto tudo fica pra dentro:
e na verdade o resto é tudo.
Mas eu não consigo, eu não consigo.
O resto tudo fica pra dentro:
e na verdade o resto é tudo.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Ctrl + Z
Atalhos: pressione Ctrl com: B = Fugir, I = Viajar, P = Dormir por 6 meses, S = Ser salva
e para desfazer qualquer ação, o velho e simples Ctrl + Z.
e para desfazer qualquer ação, o velho e simples Ctrl + Z.
Filmes de amor
Ele chamava Jamie. Era um moreno bonitão. Conforme o desenrolar do filme ele ia se mostrando um cara sensível, generoso, atencioso, enfim, um verdadeiro galã. Todas as mulheres que assistiam, babavam. Eu tive que fingir que babava também, mas na verdade eu não me impressionei. Claro que eu o achei um homem bonito. Mas eu só pensava em você. No quanto eu te acho mil vezes mais bonito, mil vezes mais doce, mais gracinha, mais tudo que você é. Eu tive que fingir que babava, porque eu nunca ia contar para aquele bando de mulheres que o que eu tenho é muito melhor. Fiquei lá quietinha, pensando que eu não preciso mais de filmes de amor.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Sobre o alívio (e o livro)
Pensar em você me traz um certo alívio. Mesmo que a gente nunca mais tenha se visto, mesmo que faça tanto tempo, mesmo que mesmo. Eu gosto de pensar que eu já fui sua inspiração para qualquer coisa que você nunca fez. Aquele livro que você me deu, não entendi nada. Você me deu esperando que pudéssemos discutir alguma coisa, mas eu não pude. Ele não me convenceu. Eu esqueci de te falar isso. E sobre o alívio, eu não sei explicar. Você rompeu alguma coisa na minha cabeça e eu acho que eu não vou esquecer nem em um milhão de anos. Não é como levar um vestido para o tintureiro. Não existe tintureiro para esse tipo de mancha.
Um ensaio sobre algo que eu nada sei

Desistir não é nada fácil. É preciso muita força, muita vontade e muita coragem para desistir. Lutar é clichê, todo mundo luta, todos os dias. Quando desistem é que chamam atenção. Para desistir é preciso perder tudo de dentro, o estágio de vazio deve ser o mais elevado. O irresistível desistir: eu não tenho coragem.
Uma surpresa gostosa
Despedidas fazem parte do percurso natural da vida. Todo grande recomeço vem depois de uma despedida dolorosa.
-Boa noite, Maria Clara
-Boa noite, Maria Clara
Geladeira
O jeito foi deixar a geladeira aberta. Ela ficou apitando freneticamente e eu fiquei me sentindo menos sozinha.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Dois mil e quanto
E na hora de preencher a data, travei. Dia nove de fevereiro de dois mil e quanto mesmo? Em que ano estamos? O ano já virou? Mas que ano era, que ano vai ser? Ah, Deus do céu, pra que tantos anos? Que tal apagar todos os anos, apagar tudo? Que tal esquecer que amanhã é carnaval, que depois do carnaval tem um monte de dias cinzas? Deus do céu, por que a gente não pode preencher as datas erradas e esquecer as datas erradas? Que ano é hoje? Se eu perguntar vão me achar completamente perdida, mas quem nunca simplesmente esqueceu em que ano estava? Quem nunca ficou completamente perdida?
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Dentro de mim
E quando eu não quero ser eu?
Certas vezes tenho vergonha - eu poderia ter sido outra coisa.
Tem vezes e mais vezes que eu estou sendo enganada por mim.
E como saber quem sou eu?
Eu estou desgastada
Eu estou reprimida
Eu não estou eu
Me ajuda, me tira de mim, que eu estou quase me engolindo.
Certas vezes tenho vergonha - eu poderia ter sido outra coisa.
Tem vezes e mais vezes que eu estou sendo enganada por mim.
E como saber quem sou eu?
Eu estou desgastada
Eu estou reprimida
Eu não estou eu
Me ajuda, me tira de mim, que eu estou quase me engolindo.
domingo, 30 de janeiro de 2011
O vácuo dos vasos
Essa história é sobre uma mulher que colecionava vasos de flor. Todos bastante caros, importados dos lugares mais distantes e exóticos. Vasos raros, muitos deles. Ela cuidava com muito carinho: limpava-os, admirava-os e mostrava-os com muito orgulho para as visitas. Em todas as datas comemorativas os amigos a presenteavam com um vaso fino. Ela adorava todos. Um certo dia, um homem lhe deu uma flor. Ela não soube o que fazer com algo tão efêmero, tão frágil. Ficou confusa, perdida. Deixou-a em cima da mesa e foi atender os outros convidados, foi cuidar da sua festa. No dia seguinte, a flor ainda estava sobre a mesa. Ela olhou, olhou, e a pegou na mão: a flor estava morta. Essa é a história de uma mulher que possuia os vasos mais lindos do mundo, mas não sabia o que fazer com uma flor.
Trinta de janeiro de dois mil e onze
Tem dias que arrancar uma folha do calendário dói como se eu estivesse arrancando um dedo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Madrugada de dor
Ela precisava ficar a sós para chorar. A dor não era tão forte, mas era constante e não a deixava pensar em outra coisa. Ela mal podia esperar para que virasse dia e ela pudesse comprar os remédios. Eram quatro da manhã, e os pais dela estavam longe. Eles, que estavam sempre ali para cuidar dela qual fosse a dor. Dessa vez não. Era ela, alguns estranhos e ele. Mas quem era ele senão outro estranho? Quem era ele senão uma escolha dela, uma escolha ainda no começo? Ela levantou e foi ao banheiro para ficar sozinha. As lágrimas até traziam um certo alívio. Nem cinco minutos passaram e ele apareceu. Porque ela não dormia, ele não dormia também. Ela quis que ele a deixasse sozinha. Ela não queria que ninguém a visse daquele jeito: frágil e triste. Mas ele não desistiu, ficou ali, fez carinho na sua cabeça, pediu que ela voltasse para a cama, falou e falou e acabou a convencendo de assistir um filme. Durante os três primeiros minutos do filme ela adormeceu, abraçada nele. A dor deu uma trégua, o dia amanheceu, ela comprou os remédios e fim. Só que aquela dor, aquela madrugada de dor, ficou marcada nos dias mais meigos de sua vida. Ele indo com toda vontade ao pronto-socorro as três da manhã, ele contando sobre como uma prancha o fez ficar com dois pontos na cabeça, ele lutando contra o sono para não a deixar sozinha nem um minuto, ele não a deixando sozinha nem por um minuto, ele a ensinando bem sutilmente como é que funciona o amor...
Para ele, que fez a madrugada triste ser tão doce...
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Não mais, não tanto
Eu fico pensando como eu era antes de te conhecer. Não sei bem, mas eu era um pouco mais distraída. Não sabia a diferença, a real diferença, entre o verde e o azul. Agora que eu sei, gasto horas do meu dia reparando no que é verde e no que é azul. Eu gostava de achar que era tudo mais ou menos igual. Eu gostava de misturar tudo, de me confundir. Mas não. Agora que o azul é azul, não tem mais volta. Eu aprendi, não dá mais para confundir. Tinha algo de pueril, de quem acha tudo bonito. Não mais, não tanto.
Uma despedida
Fiquei parada, esperando ele falar alguma coisa. Nada. Por um tempão. Ele ficou sentado do meu lado, olhando para os próprios pés. Eu ainda o achava lindo, eu ainda gostava do abraço dele, mas eu não achava mais graça. A minha vontade era de não ter que dizer nada, de sair correndo. Quantos minutos de agonia. Minhas unhas já quase não existiam. Ele então pegou na minha mão. Eu sei, você deve estar agonizando para me dizer alguma coisa, ele disse. Olhou para mim, e continuou: você seria a mulher da minha vida, se eu fosse o homem da sua. Você me faria muito feliz, se eu pudesse te fazer feliz também. Não precisa dizer nada. Eu vou embora. Ele pegou a chave do carro no bolso, atravessou a pracinha, e foi caminhando. Eu acho que ele chorava, mas eu não sei, ele não virou para trás.
and she said: I still don't know what love is
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
O foco da fuga
Estive sempre fugindo
mas eu perdi um pouco o foco da fuga
continuo fugindo
mas acho que fujo de ontem
de outros dias
de coisas que não são mais
Não fujo mais daquelas coisas
são outras as fugas
são fugas de brincadeira
são fugas pra ficar.
mas eu perdi um pouco o foco da fuga
continuo fugindo
mas acho que fujo de ontem
de outros dias
de coisas que não são mais
Não fujo mais daquelas coisas
são outras as fugas
são fugas de brincadeira
são fugas pra ficar.
Chegando
Você me perdoa por estar conseguindo disfarçar a saudade tão bem, por estar quase enganando a mim mesma, por estar chegando a algum lugar nenhum?
Dear heart
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Ilhada
Eu estou ilhada
nessa chuva de são paulo
que nem chegou na minha casa
e eu só vi nos jornais
Eu estou ilhada em mim
porque lá fora é tão difícil
e eu não consigo sair
nessa chuva de são paulo
que nem chegou na minha casa
e eu só vi nos jornais
Eu estou ilhada em mim
porque lá fora é tão difícil
e eu não consigo sair
domingo, 9 de janeiro de 2011
Here we are
You got the best of the world. And though it is not your fault, you have been breathing a better air than everybody else. It didn't make you any different, and that is something I really love about you. Sometimes it is like you excuse yourself for being lucky. I thought you weren't going to mean anything, I was wrong. I was so happily wrong. You turned my thoughts into your home.
Ele disse
Eu perdi muitas horas da minha vida lendo os seus escritos, ele disse. Eu suspirei e fiquei um pouco aliviada. Um alívio de quem não perdeu tempo escrevendo cartas de amor ao infinito.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Ontem
Quem era você antes, que eu nem me lembro mais? Hoje o que eu vejo é um pote de ouro, mas sem o ouro. No fim de um arco-íris cinza. Aliás, eu não te vejo mais. Cinzas. Esse seu olhar, para mim é só um par de olhos em minha direção. Eu não lembro mais qual era a sua graça, pode parar de sorrir.
A resposta da pousada
Vocês receberam o depósito? E o meu perfume, vocês conseguiram enviar? Grata.
A sua estadia foi paga e o seu perfume está a caminho. Você o esqueceu no espelho do banheiro, provavelmente queria deixar para passá-lo nos últimos instantes, mas eles foram tão curtos que você não conseguiu, e o seu cheiro ficou para trás.
A sua estadia foi paga e o seu perfume está a caminho. Você o esqueceu no espelho do banheiro, provavelmente queria deixar para passá-lo nos últimos instantes, mas eles foram tão curtos que você não conseguiu, e o seu cheiro ficou para trás.
Eu não penso
Ouço agora aquela música que você coloca no repeat dez vezes. Lembro da sua risada explodindo aos pouquinhos, da maneira como a sua mão se apoia em qualquer coisa. Pode ser em mim? Vou abrir a janela porque está calor, e acho que você deve estar morrendo de frio. Na verdade eu nem me importo, o seu frio é cheio de cobertores grossos e de repente eu acho que você nunca deve ter passado frio. Mesmo quando chovia e os vidros ficavam embassados, e todo mundo fazia desenhos com o dedo, você nem imaginava o que é sentir frio. A música acabou e eu não tenho poesia para você, essa que é a verdade. Você deve estar jantando, tomando um vinho. Eu tenho gosto de chiclete na boca, já comi uns quinze. Os chicletes são os meus cigarros. Vou dormir, acho que você pode estar pensando em mim agora. Eu não, eu não penso em você agora.
o mesmo
Nós estamos aqui agora. Eu aqui e você em qualquer outro lugar. E não importa, estamos aqui, nesse céu estrelado. Para você deve estar cheio de luz do sol, mas é o mesmo infinito.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Disfarce
Não é que eu tente não sentir a sua falta, é que ela está no meu caminho e eu preciso seguir. Você entende? Prefiro que você fique mais um tempo onde está, para que eu vá aprendendo a esquecer essa parte amputada que ninguém vê.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Mãe cujos filhos são peixes
Iemanjá, eu não pude jogar uma flor no seu mar, você me desculpa? Eu pulei as sete ondas, mas foi uma correria danada e eu não consegui levar uma florzinha para você. Eu sei que eu tenho muito a agradecer, muito mais do que pedir. E este ano eu só peço um pouquinho mais de mar. O resto, que continue assim mesmo.
da minha janela
A chuva não é a mesma. O mar nunca vai ser como aquele. A minha voz já mudou, tudo está diferente. E dói, e como dói termos fechado aquela janela cheia de barcos. Eu estou aqui agora, e tudo está tão diferente. Como uma chuva tão igual a de sempre, pode ter perdido tanto a graça? Agora ela é tão triste, parece chorar o que antes cantava.
domingo, 26 de dezembro de 2010
o olhar
Meu olhar não sorri para você hoje.
Nem hoje, nem amanhã.
Por enquanto ele não vai sorrir, o meu triste olhar.
Ele se mantém calmo e breve.
Neste dia que passou e que não é mais dia,
meu olhar desmaiou.
Nem hoje, nem amanhã.
Por enquanto ele não vai sorrir, o meu triste olhar.
Ele se mantém calmo e breve.
Neste dia que passou e que não é mais dia,
meu olhar desmaiou.
Um dia
É só um dia a menos em uma vida que dura só o tempo de uma vida. E que diferença pode fazer um só dia? É só um dia. É só um arranhão, é só uma chuva, é só uma morte. Essa morte que pode vir amanhã, mas é só um dia.
domingo, 19 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Por hoje
Hoje eu sou nada e não há nada que me faça ser alguma coisa. Talvez um cobertor para eu me esconder, uns óculos escuros, para eu sentir que estou um pouco escondida. Nem isso. Eu não sou hoje, e se esse dia for mais tarde questionado, será uma grande incógnita que ninguém tentará resolver. E pouco importa. Não há eu por hoje, e eu espero que eu sobreviva a essa enorme inexistência de mim.
Assim era
Ela esperava dia sim, dia não, pelo momento em que alguma coisa aconteceria. Não se frustrava mais com a longa espera, mas certamente as suas pernas estavam cansadas de tanto aguentar em pé.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
O que te traz
O que te traz aqui
se eu sempre fui tão cheia de clichês?
se eu nunca soube de nada?
Seu amor mal dava para você,
o que te traz aqui?
se eu sempre fui tão cheia de clichês?
se eu nunca soube de nada?
Seu amor mal dava para você,
o que te traz aqui?
Pedaço meu e seu
Eu fui procurar no seu ármario
um pedaço de alguma coisa
eu achei coisas demais
e nenhum pedaço:
só coisas inteiras.
Eu penso se eu terei,
serei
ou farei
um pedaço disso aqui.
um pedaço de alguma coisa
eu achei coisas demais
e nenhum pedaço:
só coisas inteiras.
Eu penso se eu terei,
serei
ou farei
um pedaço disso aqui.
sábado, 11 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Insultos de madrugada
Ouço gritos na casa ao lado
alguém briga com alguém
e como gritam
parecem desesperados
os dois aumentam o tom de voz
e às vezes se calam por um minuto
depois voltam os gritos
alguns insultos que eu não ouço bem
é engraçado, pra mim aqui de fora
é tão evidente
que tudo que os dois, berrando, esperam
é um pedido de perdão,
e um abraço.
alguém briga com alguém
e como gritam
parecem desesperados
os dois aumentam o tom de voz
e às vezes se calam por um minuto
depois voltam os gritos
alguns insultos que eu não ouço bem
é engraçado, pra mim aqui de fora
é tão evidente
que tudo que os dois, berrando, esperam
é um pedido de perdão,
e um abraço.
Essa chuva
Vejo da minha janela uma chuva que eu não sei
o que faz ali
essa janela é minha
esse lado de fora da janela também é um pouco meu
quem foi que mandou essa chuva
essa hora da noite
na minha janela?
o que faz ali
essa janela é minha
esse lado de fora da janela também é um pouco meu
quem foi que mandou essa chuva
essa hora da noite
na minha janela?
Transferência
Hoje eu estou cheia de ódio
-de mim, do dia de hoje, das montanhas de algum lugar
estou com saudade de não sentir ódio
porque ele me machuca
nos poucos minutos que dura
se alimenta de minhas víceras, e como dói
Esse ódio que me deu hoje
trouxe até um pouco de ânsia
de tão forte
eu não sei por que tanto ódio
Eu talvez possa explicar
que tudo isso seja feito
desse amor que eu não posso sentir
não quero, não devo, não não não
transformo em ódio
para poder continuar.
-de mim, do dia de hoje, das montanhas de algum lugar
estou com saudade de não sentir ódio
porque ele me machuca
nos poucos minutos que dura
se alimenta de minhas víceras, e como dói
Esse ódio que me deu hoje
trouxe até um pouco de ânsia
de tão forte
eu não sei por que tanto ódio
Eu talvez possa explicar
que tudo isso seja feito
desse amor que eu não posso sentir
não quero, não devo, não não não
transformo em ódio
para poder continuar.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Lá dentro
A minha cólica e a dor no peito vão passar.
A chuva vai passar.
O tempo, a vida, os homens,
o ferro e a fome.
A vontade de qualquer coisa vai passar.
Todo mundo que vier,
todo mundo que me fizer chorar,
ou não fizer nada.
Não adianta dizer que não.
O infinito vai passar, eu prometo.
É assim, e não há deus que negue.
O que não passa
(e contra isso não há remédio)
é a solidão.
O peito, ele é solitário.
Pode enchê-lo de mesquinharias,
de segredos, de saudades, de pessoas,
ele é só ele.
E quando tudo der errado,
e se tudo der certo
e se nada acontecer além das coisas,
o peito é sozinho lá dentro.
E isso não vai passar.
A chuva vai passar.
O tempo, a vida, os homens,
o ferro e a fome.
A vontade de qualquer coisa vai passar.
Todo mundo que vier,
todo mundo que me fizer chorar,
ou não fizer nada.
Não adianta dizer que não.
O infinito vai passar, eu prometo.
É assim, e não há deus que negue.
O que não passa
(e contra isso não há remédio)
é a solidão.
O peito, ele é solitário.
Pode enchê-lo de mesquinharias,
de segredos, de saudades, de pessoas,
ele é só ele.
E quando tudo der errado,
e se tudo der certo
e se nada acontecer além das coisas,
o peito é sozinho lá dentro.
E isso não vai passar.
Susto
Eu não sabia que a música ainda não tinha acabado, e quando ela voltou a tocar eu levei um susto. Um susto bom, claro. Um susto tão bom quanto daquela vez que você me flagrou bocejando alto. E você falou comigo. Você nunca falava comigo.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
A day
The thing is, today is just a sad day. It would be very very sad, if it wasn't for the fact that it is just a day.
maybe tomorrow
É hoje que eu vou ser eu e fazer as coisas que eu faço. É definitivamente hoje.
Talvez amanhã eu comece todas as outras coisas.
Talvez amanhã eu comece todas as outras coisas.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
A minha insignificância disfarçada de mundo
O mundo é tão insignificante, que se ele acabasse hoje, seria como se ele nunca tivesse existido para o resto do Universo.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
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até o barulho da porta
No café da manhã te conto um sonho você finge não entender te beijo e abraço suas costas você beija de volta e vai embora fico com as suas ...
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No café da manhã te conto um sonho você finge não entender te beijo e abraço suas costas você beija de volta e vai embora fico com as suas ...
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Uma cestinha. As pessoas, que eram 16, entram naquela cestinha e o cara começa a soltar fogo pra esquentar o balão. Apavorante. A cestinha ...
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Talvez você encontre a menina que nunca disse eu te amo, a menina que não gosta de sair, que não escreve sobre você e nem ninguém. Tua menin...