quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Epílogo
Ele começou a cantar. E na aflição de saber o quanto tudo é sempre tão efêmero, ela começou a filmá-lo. Mas, naquele mesmo momento, algo estranho aconteceu e ela teve que parar de filmar. Ela sentiu uma espécie de saudade que só sentiria no fim da história deles dois. Ela sentiu aquela saudade, e por isso achou melhor não filmar mais, para não catalizar a dor que viria, quando viesse. Ele cantando seria apenas uma memória que poderia se tornar um borrão um dia, depois que o fim chegasse. Sem registrar o momento, seria uma lembrança a menos para doer. Ele continuou cantando sem nem imaginar o que se passava dentro dela. E ela, mais uma vez perdida, esqueceu: esqueceu de ouvir ele cantando, esqueceu que eles estavam ali, esqueceu de viver aquele momento.
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