terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Madrugada de dor

Ela precisava ficar a sós para chorar. A dor não era tão forte, mas era constante e não a deixava pensar em outra coisa. Ela mal podia esperar para que virasse dia e ela pudesse comprar os remédios. Eram quatro da manhã, e os pais dela estavam longe. Eles, que estavam sempre ali para cuidar dela qual fosse a dor. Dessa vez não. Era ela, alguns estranhos e ele. Mas quem era ele senão outro estranho? Quem era ele senão uma escolha dela, uma escolha ainda no começo? Ela levantou e foi ao banheiro para ficar sozinha. As lágrimas até traziam um certo alívio. Nem cinco minutos passaram e ele apareceu. Porque ela não dormia, ele não dormia também. Ela quis que ele a deixasse sozinha. Ela não queria que ninguém a visse daquele jeito: frágil e triste. Mas ele não desistiu, ficou ali, fez carinho na sua cabeça, pediu que ela voltasse para a cama, falou e falou e acabou a convencendo de assistir um filme. Durante os três primeiros minutos do filme ela adormeceu, abraçada nele. A dor deu uma trégua, o dia amanheceu, ela comprou os remédios e fim. Só que aquela dor, aquela madrugada de dor, ficou marcada nos dias mais meigos de sua vida. Ele indo com toda vontade ao pronto-socorro as três da manhã, ele contando sobre como uma prancha o fez ficar com dois pontos na cabeça, ele lutando contra o sono para não a deixar sozinha nem um minuto, ele não a deixando sozinha nem por um minuto, ele a ensinando bem sutilmente como é que funciona o amor...



Para ele, que fez a madrugada triste ser tão doce...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ela só não percebia que a dor dela doia mais nele...e que ele faria qualquer coisa no mundo para tirar aquelas lagrimas da cara dela e trazer de volta aquele sorriso que ele tanto ama...




;)

você, um beco

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