domingo, 8 de maio de 2011
Il Geranio
Naquela noite, naquele restaurante, tomando um pouco de vinho, eu tentei te explicar que a gente pode brincar de nos olhar e ver desconhecidos. Eu adoro fazer isso: olhar para velhos conhecidos e fingir que eu acabei de conhecer. Eu adoro lembrar a sensação da primeira vez que eu vi aquela pessoa. Aquela noite eu estava fazendo isso com você, te olhando e não vendo o você que eu conheço tão bem. Quando eu não te conhecia eu achava que você não tinha nada a ver comigo, e eu estava tentando conhecer as suas pintinhas a tempo de me despedir. O tempo passou, um ano passou, e eu ainda não consegui conhecer todas as suas pintinhas. Eu ainda acho que você não tem nada a ver comigo, mas isso agora é tão bom. Eu olho para você e brinco de te ver um desconhecido. Tanto de você ainda é um desconhecido para mim. Mas eu achei tão lindo que você não entendeu nada aquela noite, e disse que não queria brincar disso, porque é tão mais gostoso hoje em dia que a gente se conhece bem. Você disse isso, e eu escutei uma declaração de amor tão doce.
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