terça-feira, 15 de maio de 2012
Formingas, máscaras, impostos
Ele olhou para a amiga bem nos olhos, e perguntou: "O que foi?". Só isso. Mas ela quis desabar. Só de olhar para ele. Tantas coisas, meu amigo, tantas coisas. Mas ela ficou quietinha. "Nada, estou ótima" e continuou usando a máscara de sempre, aquela que a faz parecer uma fortaleza. Ridícula, era na verdade de papel a máscara. Lá dentro ela sabia que era uma droga de uma formiguinha, sempre fingindo ser maior, uma onça, um tigre, um gavião. Qualquer outro bicho, qualquer outro lugar. Não me olha assim, amigo, pelo amor de Deus, que eu começo a te contar tudo e eu sei que ninguém está interessado de verdade. A gente precisa ganhar dinheiro, pagar as contas, os impostos. Não vamos ficar pensando nessas outras coisas. Eu não vou te falar. Amanhã passa, ou depois de amanhã, ou algum outro dia. Eu não quero mais ser formiguinha, não quero mais estar aqui. Logo logo alguém chega e pisa em cima de mim. As pessoas não enxergam essas porcariazinhas desses insetos minúsculos que ficam atrás dos doces. Pra que diabos servem as formigas? "Tá bom então, mas melhora essa cara porque não parece que está tudo ótimo." Ela correu para o banheiro e lavou o rosto. Pôs a máscara. Voltou ao trabalho.
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