domingo, 18 de dezembro de 2011

A felicidade são alguns feixes de luz.

I'm sorry for wasting your time

Eu consegui ser eu mesma com você, porque desde o começo eu sabia que não daria em nada. Você me fazia rir a cada duas palavras que dizia, mas eu não achava você bonito. E eu achava você muito menino. E enquanto você se apaixonava (e eu deixava) eu ia indo embora de fininho. E agora eu escrevo para pedir desculpas, eu não devia ter feito isso. Eu fui egoísta. Hoje eu lembro de você e eu queria agradecer, porque foi você que me fez ver que mesmo eu sendo eu mesma alguém poderia gostar de mim.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Beijo de poeta

Eu vou contar essa história, porque ela tem perseguido os meus pensamentos. Eu vou contar essa história também porque ontem eu estava no carro com você, e os seus pensamentos gritavam para eu fazer silêncio, por isso eu pensei no passado. Eu não sei quantos anos eu tinha, mas era menos de dezoito. Ele deve ter uns cinco anos a mais que eu. Seis talvez. Não sei como nós nos conhecemos, mas ele tinha um certo fascínio por mim. Eu contava tudo pra ele. As minhas dúvidas, as minhas poesias, os meus medos, as minhas coragens... Ele ouvia tudo com uma atenção que me dava coragem. E me ensinava tanta coisa... Falava de filosofia, de cinema, de livros... Tinha tudo para eu me apaixonar. Mas eu era muito nova, muito imatura, muito me faltava. E eu não me apaixonei. Ele sim. Ele me ligava, me convidava, queria me ouvir. Eu tinha um diário que eu até hoje acho lindo. Escrevia coisas lindas nele. O garoto pediu o meu diário, e disse que já devolveria. Eu o emprestei, porque confiava tanto naquele sorriso infinito... Eis que em uma das páginas eu escrevi que ele tinha beijo de poeta. Sim, claro, porque nós nos beijamos certa vez. Ele ficou encantado em saber que tinha beijo de poeta. Nesse ínterim, eu sumi. Fui para festas, almoços, churrascos, viagens, e sumi para ele. Ele também parou de ler o meu diário. E parou de me achar fascinante, porque descobriu uma outra garota. E como era de costume, ele me ligou. Eu a encontrei, ele me disse. A mulher da minha vida, a encontrei. Ela é incrível. É inteligente, fala coisas incríveis, entende de poesia, cinema, música... E é linda... Como é linda! Eu fiquei muda do outro lado da linha. Nunca tinha ouvido um garoto falar assim de uma garota. Fiquei imaginando como seria a mulher que beijaria o beijo de poeta. Ele queria casar com ela. Claro que nossa amizade se esvaziou com o tempo, e foi sumindo... Um tempo depois descobri que eles namoravam há um tempão e que eram feitos um para o outro. Ele ainda estava com o meu diário, e eu amava aquele diarinho. Certo dia eu liguei. Falei para ele deixar o meu diário na portaria, mas ele disse que queria entregar em mãos. A campainha tocou, eu abri a porta. Ele me deu o diário e me deu um beijo. Me perguntou: "ainda tenho beijo de poeta?" Eu fiquei muda. Assustada, sem saber o que fazer. Ele sorriu. Me abraçou e sumiu no horizonte. Nunca mais o vi. Soube que ele casou esse ano. Soube que ele é apaixonado. Nunca mais ouvi um homem falar de uma mulher daquela forma. E ele, sim. Ele ainda tinha beijo de poeta.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

cotidiano

Pequenos erros, às vezes grandes
pequenos defeitos, mas muitos
pequenos medos e pequenos, bem pequenos prazeres.

domingo, 20 de novembro de 2011

Poucas

A verdade é que são poucas as pessoas que sabem como espantar a minha solidão, e eu fico me questionando se você sabe mesmo.

Eyes

Como saber se o que eu vejo é a mesma coisa que todo mundo vê?
Eu quero te pedir espaço
mas eu não consigo
Eu quero saber quem sou eu agora
depois que você surgiu
mas eu não consigo
Eu sou alguém que eu não sei mais

a festa

Eu fiquei sentada ali, sem querer sair
pensando que caminhos eu escolhi, que me levaram até ali
com tanta gente desconhecida
tanta gente pisando no pé de estranhos
e no meu
meus pés doíam
e doía pensar que eu estava tão perdida
bem do seu lado
você, que tantas vezes foi o meu mapa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

falta

Você me acha comovente
mas eu sinto falta de
falta de


tudo.

Se eu me esquecer

Eu tenho medo de esquecer
de certas coisas.
A sensação que aquela música me causava,
e já não causa mais.
A saudade que eu sentia, o amor que eu sentia,
a dor, a terrível dor, que me fez seguir em frente.
Se um dia eu me esquecer de tudo isso,
não haverá outra de mim para me lembrar.
Como vou fazer?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Hoje aconteceu pela manhã

Sempre deixo de te amar em algum momento
do dia, da semana ou do ano.
E eu peço desculpas por isso.
Mas a culpa é sua por me deixar.
Todos os dias
você me deixa um pouquinho.
Tem dias que você nem percebe,
e essa é a pior parte.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Preciso saber

Estou tão ansiosa para saber um pouco mais
eu sei tão pouco
às vezes me dá até medo
do pouco que eu sei
é quase nada
ou é nada, e eu não sei?
Eu esperei a vida toda
mas ela ainda não acabou
então eu ainda espero

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Estou

Estou tão assustada
que eu já não sei mais
o que é alma
e o que é medo.

Depois que ela descobre

O que acontece com a garota,
depois que ela se encontra,
e se perde de novo?
O que acontece com ela,
depois que ela descobre,
que o mundo é mais ou menos,
que é um mundo vazio,
com um monte de gente?

Eu que penso

Eu detesto quando eu digo:
"Ele está em tal lugar, fazendo tal coisa."
E alguém responde:
"É o que você pensa."
Fique atento meu amor, daqui a pouco eu vou mudar de idéia.

Acho que vou ficar

Tanto tempo desperdiçado...
Acho que vou ficar.
Tantas fotos, tantas coisas,
melhor esperar mais.
Quem sabe para de chover,
quem sabe eu paro de chover,
quem sabe o mundo não para de cair
em cima de nós?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Can you be alone with me for a while
while the world does something else?

Descoberta

Eu ouvi você, tão desconhecido para mim,
dizer coisas bonitas e coisas engraçadas.
Algumas eu até esqueci de prestar atenção.
Fiquei pensando o quanto é incrível
- e perigoso
eu ter te ouvido assim.
Posso ter descoberto alguém.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Explosão

Quando a gente começa a ter dúvidas demais,
é melhor que as respostas apareçam rápido,
se não tudo pode explodir de repente.
Desculpe se eu estou 
completamente calada.

Dead end

Esse troço tão irracional que é estar aqui,
e não em qualquer outro lugar,
não foi uma escolha minha, eu juro.
-De repente me vi aqui.
Foram várias escolhas, eu sei,
mas se eu pudesse, lá atrás, saber que agora estaria aqui,
talvez eu tivesse virado em alguma curva, 
pegado algum retorno,
entrado em outra rua.

O efeito porta-retrato

Não queria aquilo para mim. Nunca quis, nunca vou querer. Quase fui embora, eu já estava com as malas prontas dentro da minha cabeça. Chorei porque eu ia ter que me despedir, eu ia ter que dizer que estava indo embora. É difícil essa parte, por isso eu chorei. Mas eu resolvi ficar. Ainda não sei se fiz bem, se foi uma escolha certa, mas não vai ser difícil de saber. Sei que aquele porta-retratos não causa mais o mesmo efeito. Eu chegava no meu quarto suspirando, ia dormir suspirando. Sei que eventualmente os suspiros acabam, mas algum efeito ele ainda deveria causar. Não causa mais. Às vezes eu olho com dúvidas, às vezes com um aperto estranho. Eu já cheguei a pensar que aquele porta-retratos poderia ficar vazio. Esse pensamento me dói, mas tem coisas que me doem mais, você mesmo já me doeu mais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Não estar mais

Ir embora já não é para mim o fim do mundo,
um dia você pode acordar e eu não estar mais ali.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Porque

Hoje eu me senti livre.
Por razão nenhuma.
Não por causa de você,
nem por causa da lembrança do seu sorriso
(eu nem lembrei dele hoje).
Eu me senti livre hoje,
porque sim.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Azul Celeste

Você me disse que o nome da cor do céu é azul celeste.
Eu não sei, deve ser,
mas tem dias que esse céu fica branco.
Terrivelmente branco,
branco solidão.

Aquino

Um homem que eu não conheço me disse, completando uma coisa que eu havia escrito, que: "desistir precisa coragem... e amor a própria pele, já dizem os alpinistas de alta montanha quando renunciam ao topo."

E eu fiquei pensando na minha renúncia e no meu topo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Antes que acabe

Só mais essa pergunta:
(antes que a caneta acabe,
que o dia acabe,
que a pergunta acabe,
que a gente acabe)
Se eu fosse um pouquinho mais importante
-para você,
você teria acordado com o despertador?

O que faz uma pessoa

Eu fico imaginando, olhando pela janela,
o que faz uma pessoa triste,
profundamente triste,
em um mundo tão grande,
onde a tristeza é proibida?

Un Jardin Sur le Tot

Exagerei no perfume 
para disfarçar a minha vergonha, 
preguiça, 
insegurança, medo, 
o meu mundo de segredos.
O meu cheiro era um disfarce,
e você nem percebeu.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Me dou conta

Eu detesto quando, de repente no meio de tudo, eu me dou conta da bobagem que tudo isso é.

domingo, 21 de agosto de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Besterinha

O poema que eu fiz para você,
fiquei de te entregar,
mas sabe o que é?
Eu estava no jardim
dobrando o papel,
quando um passarinho bem esperto
levou o poema embora.
Não consigo escrever de novo,
não lembro as palavras,
mas eu sei que você não ia gostar.

Como a saudade

Eu não vou desistir, isso eu lhe prometo.
Mas eu não posso garantir que a vida,
louca como ela é,
inconsequente, inesperada e maldosa,
eu não posso garantir que ela não vai me levar em um barco
que aos poucos descreve um arco, e evita atracar no cais.

Para mamãe

Ando tão emocionada, não sei porquê.
Encontrar a Iemanjá envolta num tercinho
me fez chorar ali sozinha.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Epílogo

Ele começou a cantar. E na aflição de saber o quanto tudo é sempre tão efêmero, ela começou a filmá-lo. Mas, naquele mesmo momento, algo estranho aconteceu e ela teve que parar de filmar. Ela sentiu uma espécie de saudade que só sentiria no fim da história deles dois. Ela sentiu aquela saudade, e por isso achou melhor não filmar mais, para não catalizar a dor que viria, quando viesse. Ele cantando seria apenas uma memória que poderia se tornar um borrão um dia, depois que o fim chegasse. Sem registrar o momento, seria uma lembrança a menos para doer. Ele continuou cantando sem nem imaginar o que se passava dentro dela. E ela, mais uma vez perdida, esqueceu: esqueceu de ouvir ele cantando, esqueceu que eles estavam ali, esqueceu de viver aquele momento.

"A vida continua..."

MAS CONTINUA COMO MEU DEUS?

(1) amor; (2) falta

O amor é incompleto e sempre falta alguma coisa:
Uma ponta, um pedaço, um pouco.
Mesmo quando é inteiro, é incompleto.
E isso não tem nada a ver com a falta de amor.
É que amor e falta são complementos,
são irmãos, parceiros, são juntos.
Mas que fique bem claro, que não reste dúvidas:
isso não tem nada a ver com a falta de amor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Boa noite

Boa noite, eu disse.
Na verdade eu queria ter-lhe dado um beijo e deitado no seu peito.
Mas não dá para fazer isso pelo telefone, não é mesmo?

Para um menino sem nada

Vinícius, o poetinha, escreveu para uma menina com uma flor. Um poema lindinho. Coisas pequenas, parece de criança. Eu escrevo para um menino sem nada, um menino que não me deu uma flor, e por isso eu não poderia ser a menina com uma flor.

Anti-sinal

Eu escrevo para saber de você. E também porque hoje eu me peguei contando os números das placas dos carros, e nenhum dava 18.

SAP no céu

Tem gente que diz que fala com Deus. Eu não. Pra mim ele fala muito rápido e eu não entendo nada que ele diz. 

domingo, 17 de julho de 2011

Adeus

Adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus, adeus.


É tão difícil assim de dizer, meu deus?

Pra ver se gasto as vírgulas

Esperando, sempre esperando.
Eu fico esperando você crescer mais um pouquinho,
eu fico esperando o sinal abrir,
eu acordar para a vida.
Acorda para a vida, alguém me diz aí de fora.
Mas o que isso quer dizer?
Eu estou dormindo?
Mas isso não me faria sonhar?
Eu já não sonho faz um tempo,
ou quando sonho é a gente se separando,
ou um barco partindo esquecendo de me levar junto,
é sempre algo assim.
Isso parece um desabafo, minha mãe vai pensar.
E talvez seja.
Essa espera me incomoda, me atrapalha,
e eu não sei o que fazer com ela.
Eu tão pouco sei o que fazer com tanta vírgula
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
Elas não servem pra nada na vida real,
só no papel.
Deve ser por isso que eu escrevo tanto.

Três palavras

Eu não tenho mais coragem de dizer
Eu não vou mais dizer
Perdi as palavras, perdi a vontade
Eu perdi o que ia dizer
Não vou mais
Não me peça
Melhor manter segredo
Se eu disser
É capaz que tudo mude
Só porque eu disse.

A pior delas

Das tantas coisas em você que eu não gosto, a pior delas é o fato de que às vezes você não vem.

sábado, 9 de julho de 2011

Nothnagel

That last night you weren't there. I had so much fun, I danced, got drunk, laughed so hard and talked a lot, but you weren't there. I didn't know what had happened to you. By the end of the night, I was tired. It was raining a little and it was very cold. My house was the furthest from all. The guys asked me if I needed company to walk home. Of course I needed company, it was cold and raining and walking home alone can be sad. But I said no. I didn't want to give trouble to anyone. When I got home, I remembered that you would never let me walk alone at night, you would be there with me.
Cade a urgência que existia em você?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Analista

Ele falou que eu tenho que ter paciência e jeitinho,
se não eu acabo atropelada por você e pelo meu acúmulo de silêncios.
Ele falou que acredita dessa vez.
Porque me conhece, sabe que eu vou embora antes do fim,
mas dessa vez ele acredita, não sei por quê
(na verdade eu sei, mas deixa pra lá).
Monalisa, o que você está pensando agora, ele pergunta.
E ele sabe que é em você, mas eu não digo.
Ele diz que eu preciso dizer tudo, porque ele nunca consegue adivinhar.
Você consegue?
Se fosse você ali sentado, no lugar dele, é capaz que eu não dissesse nada.
Você ficaria me olhando, eu olhando para o lado,
((silêncio))

Tonight

So many things I would have said
but words got in the way.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Omissão

Tem tanta coisa que eu não te conto
eu omito, silencio, te escondo
Para me defender
de você, tão inofensivo
Com tanto poder.
Começo a observar sozinha (porque ninguém consegue me acompanhar), que talvez estar perdida seja uma dádiva. 

Sonho de criança

Quando eu era um pouco mais nova, eu acreditava que, quando a gente pensava que um sonho não iria se realizar, é porque ele já estava se realizando, bem baixinho, bem escondido, sem que ninguém soubesse. Quando eu era mais nova eu acreditava em cada coisa engraçada.

O silêncio dos outros

Não sei e nunca soube direito o que fazer com o silêncio dos outros. Se eu dou aquela risada meio sem graça, se eu fico em silêncio também, se eu falo qualquer coisa, eu nunca sei. Depois de um tempo, talvez eu deveria ter aprendido que o silêncio é natural e provavelmente a hora mais sincera da conversa, mas eu não aprendi. Eu sinto a necessidade de preenchê-lo. Tantas vezes eu nem tenho o que dizer e digo algo completamente besta como: esse remédio tem gosto de chocolate. E aí a pessoa fica muda de novo, porque não sabe o que me responder. Eu tenho uma relação de desconfiança com o silêncio dos outros, uma relação difícil. Eu sempre acho que ele está me escondendo alguma coisa, que ele tem algo a dizer, mas se faz silêncio por algum motivo. Alguém me ensina a lidar com o silêncio dos outros? Eu acho até que sei como é que faz. Eu acho que é preciso colocar dois silêncios para conversar, em silêncio. E então, enquanto eles conversam, os olhos é que devem falar.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

I miss hearing things that would make me feel really special. I do hear them frequently, but not from you.

O destino vestindo um velho chapéu

Começo a achar, mais até do que achar, começo a ver que eu não estou fazendo nada além de esperar o destino me encontrar. Mas que destino é esse? Não sei, já perdi o interesse em descobri-lo. Os dias passam e eu já nem olho mais no relógio para flagar a hora certa que ele me encontrar. O que eu antes pensava sobre esse destino não lembro, faz tempo que eu já não acho mais nada. Ele deve ser bem sem graça, porque já perdeu o timing, e uma boa piada depende do timing. Ele já transbordou o limite das expectativas o que faz dele também qualquer coisa acima ou abaixo delas. É possível que ele passe por mim e eu nem perceba. É possível que eu acene para ele, que vestirá um velho chapéu, e nem saiba que se trata do meu destino. Ele, desanimado pela minha falta de reconhecimento, certamente passará e irá embora, como castigo por eu não tê-lo reconhecido. Então, eu deverei esperar tudo de novo, até que ele resolva aparecer novamente. Ao pensar nisso tudo a idéia me faz chorar: e se ele já tiver passado, acenado e ido embora?

terça-feira, 28 de junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

The truth is

Even if it hurts
Even if it will break my heart
Even if you don't like the truth
Even if...
it is goodbye.

Stuck

Eu não gostei, mas o que é que eu posso fazer? Talvez com um somatório maior de desgostos eu até possa fazer alguma coisa. Por enquanto eu aceito, eu observo, eu fico. Conformada, sem ré, freios ou qualquer coisa que me faça parar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Talvez a última

Eu aqui sentada, ouvindo a noite, os relógios da casa e os grilos, eu tenho tanto medo. Tem tanta coisa ali fora e eu não sei de nada. Como posso saber se tomei decisões certas, se até mesmo estar aqui é uma decisão? Talvez a mais importante de todas, talvez a mais triste, talvez a última.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

PS:

Cada um tem o seu jeito de amar.
De sofrer,
de doer,
e de sorrir.
Tem gente que sorri menos,
tem gente que sorri demais.
Tem até gente que só sorri por dentro.
Talvez eu ame errado,
talvez eu não saiba como é que se ama.
Acontece que amar é como ser mãe:
a gente não aprende - um dia acontece.
É como ser filho, é como sentir fome.
Não existe amar errado.
O que existe é medo,
e só medo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Momento fofura do dia - parte II

Metade acrobata metade mergulhadora.
Metade poetisa metade humorista.
Metade rica metade pobre.
Metade alegre metade triste.
Metade jornalista metade escritora.
Metade peixe metade ave.
Tantos papeis...
Todos eles bem vividos.
Não se preocupe,
Tem sempre um papel para você.

Amor paterno.

(Obrigada, amo você.)

Tantas faces

Não gosto de uma metade de mim,
e da outra eu gosto só às vezes.
Sorte a minha que a gente não tem só duas metades,
e sobram algumas para eu gostar.

Momento fofura do dia

Ela nem imagina como eu adorei e achei fofo.
Obrigada!
(PS: Não consegui virar a foto...)




terça-feira, 14 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dentes de leite


Essa foto eu tirei quando visitei uma escola pública. Ela estava na parede, junto com as fotos dos outros alunos.


Alguém explicou para ele que ele precisava sorrir. Ele achava que sorrir era mostrar os dentes. Ele esqueceu que sorrir era a mesma coisa que ele fazia quando os amigos dele contavam piadas, ou quando o avô trazia um brinquedo novo, ou quando ele corria na grama molhada. E eu me identifiquei com ele, tanto... Eu também às vezes esqueço como é que sorri. E eu também confundo sorrir com mostrar os dentes. A unica diferença é que os meus dentes não são mais de leite.

Mais possibilidades

  1. Deus estava distraído
  2. Deus estava cansado
  3. Deus estava sozinho demais
  4. Deus não estava.

domingo, 12 de junho de 2011

Se um dia

Quais músicas farão você lembrar de mim
quais ruas, lojas, pessoas, livros?
Quais frases minhas, quais gestos que eu fazia,
qual cheiro que eu exalava, qual risada que explodia de mim
qual qualquer coisa fará você ter vontade de chorar?
O que vai fazer você pensar em mim, talvez com tanta saudade,
se um dia eu for embora daqui?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Como o meu

Engraçado sentir o peito vazio,
abandonado,
sem nada dentro.
Moscas talvez,
e elas fazem um barulho engraçado,
parece um coração batendo.
Mas eu sei que não é,
eu sei que é bobagem,
eu sei que corações não batem
em peitos como o meu.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

...se atraem

Somos tão diferentes que tudo acaba sendo uma surpresa. Eu nunca sei o que ele acha, o que ele vai dizer, ou o que ele pensa. E gosto de descobrir. Imagine já saber tudo só de olhar para ele? Cada vez que eu olho para ele, eu descubro mais que não sei de nada.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Elefante amarelo

Tem um elefante amarelo dentro de mim, e ele tem a ver com coisas que eu não gosto de falar a respeito com você. Mas deixa pra lá, eu não quero falar sobre isso.

Um cantor que descobri hoje

Esse cara me comove porque ele parece um pouco depressivo. Triste eu não sei, talvez um pouco descrente de alguma coisa. Ele me comove porque eu divido com ele essa necessidade de estar presente aqui, mesmo sem saber como.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tic tac tic tac

Está tudo meio abandonado: ideais, sonhos, objetivos. Está tudo um pouco embolorado e com algumas teias de aranha. Tudo parece um pouco sem dono. E tem dias que nem esse novo amor ajuda. E tem dias que ninguém pode ver o que se passa, porque todo mundo tem os seus próprios bolores. E os pensamentos, as vontades e saudades se misturam e viram uma coisa só: uma coisa que machuca. Não adianta tentar se esconder com fins de semana que surdam da alma. Não adianta calar-se diante dos outros. Não adianta rir, porque a risada nessas horas é uma máscara frágil que se desfaz em um minuto. O melhor a fazer agora é esperar. Tic tac tic tac. Esperar a próxima volta do mundo. Quem sabe não dá para pegar uma carona?

Já posso?

Já posso fazer uma risada sem graça, acenar com a mão e sair de fininho, pelos fundos?

domingo, 22 de maio de 2011

Um sábado e um sim

Eu não tive vontade de estar ali, no lugar dela. Eu não quis que você fosse ele e eu não senti nenhuma vontade de chorar com tudo aquilo. Nem pude me imaginar naquele lugar. O nosso agora é diferente. A gente está, só agora, começando a ficar bem à vontade ao lado do outro, sem disfarçar nada. Eu estou só começando a querer que você seja o primeiro a saber de qualquer coisa. Eu estou aprendendo que as festas e bares ficam um pouco sem motivo. A gente está aprendendo a ser dois e um só. Estamos aprendendo a ver a vida com quatro olhos. Só agora. Eu jamais iria querer apressar tudo isso, se essa é a melhor parte. Quero mesmo é que ela dure: os mistérios, as dúvidas, alguns segredos. Temos todo o tempo do mundo: eu e você.

Segunda-feira

Eu não queria que você chegasse. Você, tão sem perspectivas, tão sem foco, sem objetivos concretos. Eu queria era jogar você fora, pular você, rasgar você do calendário universal. Claro que estou fazendo de você um espelho onde eu me encontro sem saída e sem vontade. Eu sei que você não é culpada, mas nesta fase da minha vida, você só chega para me lembrar o quanto eu estou perdida e sem nada.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu, agora, sem você

é tão estranho pensar que eu poderia ser eu, agora, sem você. Quem seria eu, agora, sem você? Eu seria mais vazia, menos perdida? Eu seria eu, mas diferente. Não sei quanto, mas eu seria uma eu com alguma coisa a menos lá dentro, com uma luz apagada. Eu fico imaginando que eu, agora, sem você, talvez seria um túnel desses que passa debaixo de um rio. Mas um túnel sem fim, sem uma luz no fim do túnel.

Postsecret.com

Sometimes when I am alone with you
I feel alone.

Um beijo

Ele me beijou, como há tempos não beijava. Me abraçou, como há tempos não fazia. Eu me derreti, como há tempos não me derretia. Mas abri os olhos e percebi: aquele beijo não era para mim. Era um beijo para os outros. E então a noite acabou.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Resto de vida

Quando vai começar o resto da minha vida? Ele já começou? Como é que a gente sabe se já é o resto? Eu sinto secretamente que ele ainda não começou, mas como é que eu posso saber, se tudo me parece tão gasto?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Para sempre

Estava tão perdida que aceitei abrir a caixa de cartas de amor antigas para ver se me encontrava em algum lugar por ali. Para sempre, uma delas dizia. Tão pouco tempo durou aquele para sempre. E então eu me perdi um pouco mais.

domingo, 8 de maio de 2011

Quando




Desvestir-me

Tem também dias em que eu acordo pensando que sou uma pessoa dentro de um corpo, e eu não consigo achar o zíper, e eu não consigo entender onde é o cadarço, onde eu me desamarro, onde é que eu posso sair.

Escritora que não sou

Só porque eu não tenho cabelos brancos não significa que eu não tenho vida atrás de mim. E ainda assim eu não tenho nenhuma história para caber em um livro.
O que faz de mim uma pessoa

e não um rabisco

em um papel qualquer?

Il Geranio

Naquela noite, naquele restaurante, tomando um pouco de vinho, eu tentei te explicar que a gente pode brincar de nos olhar e ver desconhecidos. Eu adoro fazer isso: olhar para velhos conhecidos e fingir que eu acabei de conhecer. Eu adoro lembrar a sensação da primeira vez que eu vi aquela pessoa. Aquela noite eu estava fazendo isso com você, te olhando e não vendo o você que eu conheço tão bem. Quando eu não te conhecia eu achava que você não tinha nada a ver comigo, e eu estava tentando conhecer as suas pintinhas a tempo de me despedir. O tempo passou, um ano passou, e eu ainda não consegui conhecer todas as suas pintinhas. Eu ainda acho que você não tem nada a ver comigo, mas isso agora é tão bom. Eu olho para você e brinco de te ver um desconhecido. Tanto de você ainda é um desconhecido para mim. Mas eu achei tão lindo que você não entendeu nada aquela noite, e disse que não queria brincar disso, porque é tão mais gostoso hoje em dia que a gente se conhece bem. Você disse isso, e eu escutei uma declaração de amor tão doce.

Hunted

Eu acordei de um sonho estranho. Era uma casa escura, tínhamos medo de entrar. Eu acho que nevava ou chovia, sei que o tempo era feio. Eu lembro bem da casa, ninguém queria ir até lá. Eu acho que era mal assombrada ou qualquer coisa. Eu acordei, estava tão sozinha, meus pais não faziam barulho pela casa, não tinha ninguém. Fiquei na cama muito tempo, não queria levantar e não ver ninguém. Fiquei horas pensando no meu sonho, parecia tanto um filme. Um filme triste, eu acho. Tem dias que a nossa vida parece um filme triste. Estou indo dormir, a casa vazia, silenciosa. Não gosto desse sonho, não gosto dessa vida do dia de hoje. Sinto falta de alguém, de alguma coisa.

Ele

Eu achei que o fim de tarde de domingo não me faria chorar nunca mais. Mas hoje, quando todo mundo apagou a luz e foi para o seu quarto, aquela velha dor voltou. É muito triste para mim. Alguém poderia dizer que é a morte se aproximando, que é a vida passando, que é o tempo acabando. E esse alguém estaria certo também. Mas não é só isso. É entre eu e ele. Nós temos uma coisa antiga, eu e o fim de tarde de domingo. A gente nunca se deu bem, ele sempre me fez chorar.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Whose is it?

Just because I see an ending coming, doesn't mean we have to worry, it might not be our ending.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Ou um espaço

Eu esqueci o motivo das minhas coisas:
fiquei mais livre, de fato,
mas estou perdida em tantas coisas sem sentido.
O que fazer de um beco?

Perchè no?

Maybe this is wrong
--in so many ways
but the truth is:
you left a mark
--a very big one.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aqui de tão longe

Eu ensinei a essas pessoas quem é o Pequeno Príncipe e quem foi São Francisco de Assis. As pessoas ficaram me olhando meio desconfiadas, muito impressionadas e fizeram perguntas. Eu fiquei sem entender como alguém pode viver tantos anos em conhecer esses pequenos personagens, tão brilhantes, tão magicos e tão fundamentais, talvez para mim.

domingo, 10 de abril de 2011

Frio de princesa

Ele falou que eu sou uma princesa. E explicou, de todos os jeitos, por quê eu sou uma princesa. Estamos tão longe de casa, de tudo que nos é comum e normal, que ele realmente acredita nisso, e eu acreditei nele. E, de repente, senti um frio na barriga que eu conheço tão bem: é saudade do meu príncipe.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Keep dreaming

Não consigo dormir, eu fico imaginando você vindo tão tarde com um chocolatinho embrulhado para me dar.

Deixa

Deixa para amanhã, ou depois de amanhã, ou depois. Tanto faz um dia ou outro. Ninguém vai embora, não é mesmo? Ou vai?

A love letter in topics

1. hearts on a notebook
2. hearts on a panflet about a museum
3. hearts on a napkin
4. hearts on a post-it
5. hearts on a paper
6. a broken heart inside of me

segunda-feira, 28 de março de 2011

Clouds in my head

I used to think that you were the sweetest person alive, I don't really know what happened to that thought.

domingo, 27 de março de 2011

Under my bed

What is there, under my bed, that does not let me sleep?

For the boy who came and ran away


Dentro dele

Deitei minha cabeça no peito dele. Ele nem imagina, mas algo extraordinário aconteceu: eu ouvi o coração dele pulsando, lá de dentro. Com a outra orelha eu pude escutar os sons da rua, das pessoas passando, dos carros, das plantas. Não sei como explicar ele estando lá, vivo, bem do meu lado, e as pessoas andando na rua, as ambulâncias, as folhas das árvores balançando. Ninguém parou, nem por um segundo. O coração dele também não. Ele respirava, o coração batia, e eu ali, participando da vida dele. O meu coração batia também, mas ninguém ouviu. Há tempos corações batem dentro das pessoas, e eu descobri o dele.

O homem que eu amo

Eu fiquei olhando para ele, o homem que eu amo. Ele perguntava as coisas, mas eu não escutava. Eu não quis segurar a sua mão. Eu não quis encostar os meus lábios nos dele, não quis chamá-lo pelo seu nome secreto. Não sei dizer quanto tempo tudo isso durou, pode ser dois minutos, pode ser duas horas. Foi o momento em que eu não o amei, o homem que eu amo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Condição

Eu só topo ser a sua namorada, se eu puder ser sua amiga, companheira, cúmplice e parceira. Só assim. Se não for assim, então eu não topo, e quero o meu coração de volta, partido ou inteiro.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Chove mim

Metade do jornal de hoje a noite vai estar relacionado a chuva. Perdas, alagamentos, desastres. Mas o que me importa? A chuva, como sempre digo, é uma extensão de mim, se alastrando por todos os bueiros, buscando um rio para desaguar, buscando qualquer coisa. É uma extensão do meu choro, do meu corpo caindo de mim. A chuva que cai agora na sua janela, sou eu.

Olhando pela janela do carro

A gente precisa confiar mais em nós mesmos, e contar mais um com o outro. Tudo vai nos decepcionar o tempo todo, mas vai doer bem menos se a gente puder contar um com o outro.

quarta-feira, 16 de março de 2011


shh

Eu só preciso de um pouco de silêncio para poder ouvir minha própria respiração.

494

Olhei a janela. Pensei se era no segundo ou no primeiro andar. O primeiro tem grade, deve ser no segundo. Eu já me encostei naquele terraço e suspirei um monte. Dessa vez eu sorri e pensei no caminho de casa.

Plenty of nothing

Did you know how wrong you were when you said we would have plenty of time?

terça-feira, 15 de março de 2011

cada vão momento

Citando Vinícius, e acho que sem perceber, ele me disse que o nosso amor teria um fim eventualmente. Talvez os dois tenham mesmo razão. De fato, infinito já está sendo.

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Talvez eu esteja no caminho certo. Mesmo que eu não esteja em caminho nenhum.

terça-feira, 8 de março de 2011

... oito, nove, dez.

Não chorei dessa vez. Foi tudo tão triste como das outras vezes, mas eu aprendi a contar até dez.

Devaneio

Tento lembrar de respirar, mas é tão complexo esse processo de puxar algumas moléculas do ar e soltar outras. Me falha a respiração e por isso perco todos os movimentos. Só consigo pensar e nada mais. Claro que os pensamentos não são lineares e enquanto eu penso que estou caindo em um abismo, porque estou há muito tempo sem respirar, eu penso em outras coisas também. Respira, respira, puxa ar, solta ar. O que estou fazendo aqui, por que você está ao meu lado? O que você quer comigo? Por que eu gosto tanto de ser abraçada, de tocar na sua mão? Eu não sei. Voltei a respirar. Voltei a ser eu, voltei a estar aqui. Esqueci tudo que eu estava pensando, me dá a sua mão, porque eu quero segurá-la. Não me importam motivos. Eu não quero saber o que te traz aqui, desde que eu continue respirando.

you must have one

I've been living with this suitcase in my closet, ready to be taken away. I've been living with intentions and no dreams. I've been trying to live, thinking that this is life. I've been regreting. I've never been so cold, I've never been so lonely, I've never fell so hard. I am giving up. I am leaving this body and going to another one. Goodbye, girl. Now you are on your own, go find another soul, poor child. Go and find your space somewhere, you must have one.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Não concordo

E por que, para você, tudo precisa de um contexto? Tudo precisa de um raciocínio exato, de um momento exato? Daqui a pouco será tarde demais, e nós dois sabemos disso.

terça-feira, 1 de março de 2011

Descostura

Eu sou uma boneca de pano.
O mundo,
a vida,
a morte e a falta
estão me descosturando.
Meus botões caíram,
minha roupa se desfez.
Não sou uma boneca de pano:
sou um monte de trapos.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Última tangerina

Ele entrou na sala falando sobre ideias, planos, comunismo. Nem prestei atenção. Ele descascava uma tangerina e comia os gomos bem devagar, fazendo a sala toda ficar com aquele cheiro forte de laranja. Não queria escutá-lo, mas o cheiro me obrigava a pelo menos olhar para ele. Eu estava pensando em outras coisas, tinha outros planos. Eu concordei com a última frase, só para não dar abertura para uma discussão. Fiquei ali por um tempo, parada, pensando em como fazê-lo sair da minha vida, se eu não queria nem mais ouvi-lo. Então eu saí da sala e tive um desejo inexplicável de comer tangerina.

Maybe you are the anchor to my sinking ship.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Feet

Do you think my feet are too dry? I think my feet are dry, and I hate it. Would you love me less because I have very dry feet?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Doar; doer

Dôo minhas roupas, todas. Aquela saia que acabei de ganhar, a blusinha do brechó, os vestidos. Dôo os sapatos (não vou mais caminhar), dôo minhas jóias, até mesmo as que eu ganhei. As minhas bolsas, esmaltes, brincos. Eu quero tirar tudo daqui. Que levem tudo. A cama? Podem levar. Levem as minhas canetas, pode ser que eu já nem escreva mais. O telefone? Por favor, levem agora, tirem daqui. Não quero mais essa janela. Essa vista, esses olhos. Não quero mais essa preguiça e nem essa vontade de continuar. Eu não quero mais nada. Estou doando meu presente e o meu futuro (o passado, infelizmente, não dá). Estou doando tudo o que eu ia escrever. Pode anotar. Os meus cabelos, dedos, pés. O meu coração, até. Levem tudo, tudo, tudo. Não deixem nada aqui. Disfarcem, não deixem que eu veja, se restar algum pedaço de mim.


in my heart

There he was, but then there he wasn't anymore.

Dorme saudade

Dorme. Dorme que eu engano a saudade. Dorme que eu faço ela passar. Pode ir dormir. A gente vai enganando, enganando até que ela engana a gente, e puff. Some com tudo. Nada de saudade, de mim, de você ou de sono. Dorme, meu bem.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

00:40

Eu e a minha velha vontade de conseguir pôr pra fora.
Mas eu não consigo, eu não consigo.
O resto tudo fica pra dentro:
e na verdade o resto é tudo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ctrl + Z

Atalhos: pressione Ctrl com: B = Fugir, I = Viajar, P = Dormir por 6 meses, S = Ser salva

e para desfazer qualquer ação, o velho e simples Ctrl + Z.

Filmes de amor

Ele chamava Jamie. Era um moreno bonitão. Conforme o desenrolar do filme ele ia se mostrando um cara sensível, generoso, atencioso, enfim, um verdadeiro galã. Todas as mulheres que assistiam, babavam. Eu tive que fingir que babava também, mas na verdade eu não me impressionei. Claro que eu o achei um homem bonito. Mas eu só pensava em você. No quanto eu te acho mil vezes mais bonito, mil vezes mais doce, mais gracinha, mais tudo que você é. Eu tive que fingir que babava, porque eu nunca ia contar para aquele bando de mulheres que o que eu tenho é muito melhor. Fiquei lá quietinha, pensando que eu não preciso mais de filmes de amor.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sobre o alívio (e o livro)

Pensar em você me traz um certo alívio. Mesmo que a gente nunca mais tenha se visto, mesmo que faça tanto tempo, mesmo que mesmo. Eu gosto de pensar que eu já fui sua inspiração para qualquer coisa que você nunca fez. Aquele livro que você me deu, não entendi nada. Você me deu esperando que pudéssemos discutir alguma coisa, mas eu não pude. Ele não me convenceu. Eu esqueci de te falar isso. E sobre o alívio, eu não sei explicar. Você rompeu alguma coisa na minha cabeça e eu acho que eu não vou esquecer nem em um milhão de anos. Não é como levar um vestido para o tintureiro. Não existe tintureiro para esse tipo de mancha.

Um ensaio sobre algo que eu nada sei


Desistir não é nada fácil. É preciso muita força, muita vontade e muita coragem para desistir. Lutar é clichê, todo mundo luta, todos os dias. Quando desistem é que chamam atenção. Para desistir é preciso perder tudo de dentro, o estágio de vazio deve ser o mais elevado. O irresistível desistir: eu não tenho coragem.

Uma surpresa gostosa

Despedidas fazem parte do percurso natural da vida. Todo grande recomeço vem depois de uma despedida dolorosa.

-Boa noite, Maria Clara

is it?

Is this a blessing in a disguise?

Geladeira

O jeito foi deixar a geladeira aberta. Ela ficou apitando freneticamente e eu fiquei me sentindo menos sozinha.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dois mil e quanto

E na hora de preencher a data, travei. Dia nove de fevereiro de dois mil e quanto mesmo? Em que ano estamos? O ano já virou? Mas que ano era, que ano vai ser? Ah, Deus do céu, pra que tantos anos? Que tal apagar todos os anos, apagar tudo? Que tal esquecer que amanhã é carnaval, que depois do carnaval tem um monte de dias cinzas? Deus do céu, por que a gente não pode preencher as datas erradas e esquecer as datas erradas? Que ano é hoje? Se eu perguntar vão me achar completamente perdida, mas quem nunca simplesmente esqueceu em que ano estava? Quem nunca ficou completamente perdida?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dentro de mim

E quando eu não quero ser eu?
Certas vezes tenho vergonha - eu poderia ter sido outra coisa.
Tem vezes e mais vezes que eu estou sendo enganada por mim.
E como saber quem sou eu?
Eu estou desgastada
Eu estou reprimida
Eu não estou eu
Me ajuda, me tira de mim, que eu estou quase me engolindo.

guarda-chuva

Não se preocupe: eu guardei um pouco de chuva, para quando ficar quente demais.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O vácuo dos vasos

Essa história é sobre uma mulher que colecionava vasos de flor. Todos bastante caros, importados dos lugares mais distantes e exóticos. Vasos raros, muitos deles. Ela cuidava com muito carinho: limpava-os, admirava-os e mostrava-os com muito orgulho para as visitas. Em todas as datas comemorativas os amigos a presenteavam com um vaso fino. Ela adorava todos. Um certo dia, um homem lhe deu uma flor. Ela não soube o que fazer com algo tão efêmero, tão frágil. Ficou confusa, perdida. Deixou-a em cima da mesa e foi atender os outros convidados, foi cuidar da sua festa. No dia seguinte, a flor ainda estava sobre a mesa. Ela olhou, olhou, e a pegou na mão: a flor estava morta. Essa é a história de uma mulher que possuia os vasos mais lindos do mundo, mas não sabia o que fazer com uma flor.

Trinta de janeiro de dois mil e onze

Tem dias que arrancar uma folha do calendário dói como se eu estivesse arrancando um dedo.

E mais nada


too much space

Will I ever feel comfortable at your house?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Madrugada de dor

Ela precisava ficar a sós para chorar. A dor não era tão forte, mas era constante e não a deixava pensar em outra coisa. Ela mal podia esperar para que virasse dia e ela pudesse comprar os remédios. Eram quatro da manhã, e os pais dela estavam longe. Eles, que estavam sempre ali para cuidar dela qual fosse a dor. Dessa vez não. Era ela, alguns estranhos e ele. Mas quem era ele senão outro estranho? Quem era ele senão uma escolha dela, uma escolha ainda no começo? Ela levantou e foi ao banheiro para ficar sozinha. As lágrimas até traziam um certo alívio. Nem cinco minutos passaram e ele apareceu. Porque ela não dormia, ele não dormia também. Ela quis que ele a deixasse sozinha. Ela não queria que ninguém a visse daquele jeito: frágil e triste. Mas ele não desistiu, ficou ali, fez carinho na sua cabeça, pediu que ela voltasse para a cama, falou e falou e acabou a convencendo de assistir um filme. Durante os três primeiros minutos do filme ela adormeceu, abraçada nele. A dor deu uma trégua, o dia amanheceu, ela comprou os remédios e fim. Só que aquela dor, aquela madrugada de dor, ficou marcada nos dias mais meigos de sua vida. Ele indo com toda vontade ao pronto-socorro as três da manhã, ele contando sobre como uma prancha o fez ficar com dois pontos na cabeça, ele lutando contra o sono para não a deixar sozinha nem um minuto, ele não a deixando sozinha nem por um minuto, ele a ensinando bem sutilmente como é que funciona o amor...



Para ele, que fez a madrugada triste ser tão doce...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Coração gelado


Não mais, não tanto

Eu fico pensando como eu era antes de te conhecer. Não sei bem, mas eu era um pouco mais distraída. Não sabia a diferença, a real diferença, entre o verde e o azul. Agora que eu sei, gasto horas do meu dia reparando no que é verde e no que é azul. Eu gostava de achar que era tudo mais ou menos igual. Eu gostava de misturar tudo, de me confundir. Mas não. Agora que o azul é azul, não tem mais volta. Eu aprendi, não dá mais para confundir. Tinha algo de pueril, de quem acha tudo bonito. Não mais, não tanto.

Uma despedida

Fiquei parada, esperando ele falar alguma coisa. Nada. Por um tempão. Ele ficou sentado do meu lado, olhando para os próprios pés. Eu ainda o achava lindo, eu ainda gostava do abraço dele, mas eu não achava mais graça. A minha vontade era de não ter que dizer nada, de sair correndo. Quantos minutos de agonia. Minhas unhas já quase não existiam. Ele então pegou na minha mão. Eu sei, você deve estar agonizando para me dizer alguma coisa, ele disse. Olhou para mim, e continuou: você seria a mulher da minha vida, se eu fosse o homem da sua. Você me faria muito feliz, se eu pudesse te fazer feliz também. Não precisa dizer nada. Eu vou embora. Ele pegou a chave do carro no bolso, atravessou a pracinha, e foi caminhando. Eu acho que ele chorava, mas eu não sei, ele não virou para trás.

and she said: I still don't know what love is

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O foco da fuga

Estive sempre fugindo
mas eu perdi um pouco o foco da fuga
continuo fugindo
mas acho que fujo de ontem
de outros dias
de coisas que não são mais
Não fujo mais daquelas coisas
são outras as fugas
são fugas de brincadeira
são fugas pra ficar.

Chegando

Você me perdoa por estar conseguindo disfarçar a saudade tão bem, por estar quase enganando a mim mesma, por estar chegando a algum lugar nenhum?

Dear heart

You are no different than anybody else. Stop being so spoiled. Stop bothering me while I'm working. Stop bothering me all the time, I need peace. I don't need you.

Ato falho

(...) hoje, quando você fazia parte da minha vida.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ilhada

Eu estou ilhada
nessa chuva de são paulo
que nem chegou na minha casa
e eu só vi nos jornais
Eu estou ilhada em mim
porque lá fora é tão difícil
e eu não consigo sair

domingo, 9 de janeiro de 2011

Here we are

You got the best of the world. And though it is not your fault, you have been breathing a better air than everybody else. It didn't make you any different, and that is something I really love about you. Sometimes it is like you excuse yourself for being lucky. I thought you weren't going to mean anything, I was wrong. I was so happily wrong. You turned my thoughts into your home.

Ele disse

Eu perdi muitas horas da minha vida lendo os seus escritos, ele disse. Eu suspirei e fiquei um pouco aliviada. Um alívio de quem não perdeu tempo escrevendo cartas de amor ao infinito.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ontem

Quem era você antes, que eu nem me lembro mais? Hoje o que eu vejo é um pote de ouro, mas sem o ouro. No fim de um arco-íris cinza. Aliás, eu não te vejo mais. Cinzas. Esse seu olhar, para mim é só um par de olhos em minha direção. Eu não lembro mais qual era a sua graça, pode parar de sorrir.

A resposta da pousada

Vocês receberam o depósito? E o meu perfume, vocês conseguiram enviar? Grata.
A sua estadia foi paga e o seu perfume está a caminho. Você o esqueceu no espelho do banheiro, provavelmente queria deixar para passá-lo nos últimos instantes, mas eles foram tão curtos que você não conseguiu, e o seu cheiro ficou para trás.

Eu não penso

Ouço agora aquela música que você coloca no repeat dez vezes. Lembro da sua risada explodindo aos pouquinhos, da maneira como a sua mão se apoia em qualquer coisa. Pode ser em mim? Vou abrir a janela porque está calor, e acho que você deve estar morrendo de frio. Na verdade eu nem me importo, o seu frio é cheio de cobertores grossos e de repente eu acho que você nunca deve ter passado frio. Mesmo quando chovia e os vidros ficavam embassados, e todo mundo fazia desenhos com o dedo, você nem imaginava o que é sentir frio. A música acabou e eu não tenho poesia para você, essa que é a verdade. Você deve estar jantando, tomando um vinho. Eu tenho gosto de chiclete na boca, já comi uns quinze. Os chicletes são os meus cigarros. Vou dormir, acho que você pode estar pensando em mim agora. Eu não, eu não penso em você agora.

Brandy Alexander

This is my drink and it really needs me in this silent night.

The work we need


o mesmo

Nós estamos aqui agora. Eu aqui e você em qualquer outro lugar. E não importa, estamos aqui, nesse céu estrelado. Para você deve estar cheio de luz do sol, mas é o mesmo infinito.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Disfarce

Não é que eu tente não sentir a sua falta, é que ela está no meu caminho e eu preciso seguir. Você entende? Prefiro que você fique mais um tempo onde está, para que eu vá aprendendo a esquecer essa parte amputada que ninguém vê.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mãe cujos filhos são peixes

Iemanjá, eu não pude jogar uma flor no seu mar, você me desculpa? Eu pulei as sete ondas, mas foi uma correria danada e eu não consegui levar uma florzinha para você. Eu sei que eu tenho muito a agradecer, muito mais do que pedir. E este ano eu só peço um pouquinho mais de mar. O resto, que continue assim mesmo.

da minha janela

A chuva não é a mesma. O mar nunca vai ser como aquele. A minha voz já mudou, tudo está diferente. E dói, e como dói termos fechado aquela janela cheia de barcos. Eu estou aqui agora, e tudo está tão diferente. Como uma chuva tão igual a de sempre, pode ter perdido tanto a graça? Agora ela é tão triste, parece chorar o que antes cantava.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...