sábado, 26 de dezembro de 2009

Lençóis

Eu nunca mais troco os lençóis
-pensando que você vai ficar.

Pela poesia

Quando me despeço de você, sempre que me despeço de você, tenho vontade de agradecer por um dia você ter me amado. Eu era mais bonita quando você me amava. Eu gostava de fingir que dentro do meu peito não havia só um monte de veias e tubos, havia um troço grande pulsando todo o meu sangue. Você sorria em paz quando me olhava, como se nunca tivesse existido solidão e frio. Sinto falta de quando eu não era insignificante. Sinto falta do seu abraço, que me lembrava o berço em que dormia. Me ame de novo, eu peço. Só para que eu possa escrever mais poesia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O amor tem cheiro de pólvora


E exala no nariz de quem insiste, fere o pulmão de quem inala, dói a quem respira, destrói o coração de quem se cala, pensando ser imune. O amor tem cheiro de pólvora sim, mas o cheiro engana, as balas são de festim.

Sala de cinema

Você se lembra daquela sala de cinema?
Sala vazia de cinema, eu e você, sem ver filme algum.
Aquele dia, sabe, eu achei que a vida era um filme.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Não muito

Quando eu te vi pela primeira vez, acho que foram os seus olhos claros que me convidaram. Havia tanta gente. Você me olhava com medo, parecia que era medo. Pelo tempo que demorou a vir me perguntar qualquer coisa, acho que era mesmo um pouco de medo. Você dizia coisas tão fascinantes. Ou era eu que escutava só o que eu queria ouvir? Você me ganhou desde o primeiro olhar. E foi me ganhando. Mas você parece me perder aos poucos agora. Eu não sei se espero, se vou, se é cedo ou se é tarde. Você me confunde. Eu não consigo te decifrar, você carrega qualquer coisa de saudade. Antes mesmo de você chegar eu já estou sentindo saudade. Acho que é a ausência, que mesmo que você lute contra ela, você aprendeu a ser ausente. Eu carrego uma multidão no peito. São muitas e muitas pessoas. E todas elas querem um pouco. Todas elas sentem saudade, você consegue deixar a multidão do meu peito sozinha. Você consegue não dar a mão para nenhuma das pessoas que eu trago comigo. Eu não peço muito, posso transformar essa multidão em uma só. Eu não peço muito, só não quero mais essa sua saudade.

caged


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Que você segurasse

- O perigo nunca vai deixar de existir, disse ele meio ofegante. Talvez estivesse cansado de tentar explicar para ela.
- Pode ser, e é por isso mesmo que eu gostaria que você segurasse a minha mão, ela respondeu.

E então, as coisas ficaram um pouco mais complicadas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lições de um vazio

O vazio inevitável do fim do dia voltou a aparecer. Discretamente, enquanto eu estou distraída pensando no que será que amanhã. É um vazio bonito, até. Quase se confunde com um sentimento de impotência, de insignificância. Mas é um vazio, apenas. Não esvazia o meu ser, não me deixa desiludida esperando algo para preenchê-lo, ele apenas é. Tem dias que sinto uma paz enorme em estar aqui, tem dias que passo cheia de dúvidas se eu deveria estar em outro lugar. E o vazio, que passa o dia todo escondido, surge segundos antes de meus olhos fecharem para dormir. Não luto contra ele, não sofro (só às vezes que sofrer me faz grande), eu deixo o vazio ali, porque ele é meu e com ele eu aprendi a coexistir.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Me deixe partir:

Enquanto ainda estou inteira.

caneta de dedos

Não consigo disfarçar a vontade de escrever poemas em seu peito. Será que algum dia você me deixa?

sobre escolher

Eu te escolhi. Outros me olhavam, outros pareciam até mais interessantes, mas eu escolhi você. Eu já havia escolhido outras pessoas outras vezes, mas dessa vez foi diferente. Foi tão complexo, tão astronômico, tão inusitado: você me escolheu também.

Acho melhor não publicar

Fico cheia de rascunhos. Nas minhas mensagens de texto, nos meus e-mails, no meu blog, nas minhas declarações, e hoje percebi: nos meus olhares também.

domingo, 6 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não vá

Por favor, não vá.
Parei de esperar
que você seja outra pessoa.
Por favor, não vá.
Acho que aprendi
a enxergar você.
Não vá,
eu quero te conhecer.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fugir da solidão

Ela sempre quis fugir da solidão. Quando ele perguntou, ela logo falou o nome dela, com esse propósito. Mesmo que subliminar, mesmo que camuflado nas suas risadas sem jeito. Ela aceitou a carona dele, achando que não iria ficar sozinha estando ao lado dele. Ele parecia tão especial. Ela esperou a ligação dele. Esperou, porque sabia que ele era alguém, e eles dois sendo alguém juntos, naturalmente não estariam sozinhos: um teria o outro. Era isso que ela pensava. Ela nem quis saber. Passou a esperá-lo no portão. Passou a sorrir quando pronunciava o seu nome. Mas, sabe, ela estava enganada. Tão enganada, meu Deus. Ela achava que sabia o que era a solidão, mas foi só depois de conhecê-lo que ela viu o que realmente era a solidão. 

domingo, 29 de novembro de 2009

O balanço


Gosto de pensar que por trás de toda essa sua petulância, de toda essa certeza, de tanta sabedoria e seriedade, há um menino. Gosto de imaginar que esse menino gosta de correr, que ele gosta de dar risada, que gosta de aprender coisas novas. Sei que deve haver, em algum lugar por trás do que eu vejo, algo que eu não posso ver. Deve haver uma necessidade de um colo, deve haver uma vontade enorme de tomar sorvete a qualquer hora, deve haver. Quando descobri o seu olhar no meio daquela gente toda, eu vi um menino. Com o tempo esse menino foi sumindo, foi se escondendo, acho que ele foi se proteger. Mas eu quero que saiba, e eu falo com o menino apenas, que você pode sair aqui fora um pouco. Saiba que por trás desse meu cansaço, desse meu desânimo, desse meu olhar triste que chora, há uma menina louca para brincar com você no balanço.

sábado, 28 de novembro de 2009

até eu saber

Não sei se eu tenho essa capacidade de não amar quem me abraça. É difícil, se recebo tão poucos abraços. Vou continuar me segurando para não te amar, até eu saber que você me abraça por amor e não por solidão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Seremos distantes

Estou me esforçando para não olhar demais para o seu rosto. Me esforço também para não pegar na sua mão e nem encostar no seu ombro. Vou fazer todos os esforços que a sua frieza pedir, até que um dia eu me torne distante sem mais esforço. Seremos dois distantes, que talvez boiem no meio de uma lagoa (ou seria represa?). Você não vai segurar a minha mão e nem perguntar como foi o meu dia, mas isso não vai fazer diferença já que eu nem vou notar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Como será o seu adeus?


Como será o seu adeus?
Penso que algumas coisas serão inevitáveis,
e que se entre elas o adeus for também,
espero que seja olhando nos olhos.
Não quero um adeus só na voz.
Quero ver o seu olhar de quem não volta,
- se você decidir não voltar mais.

domingo, 22 de novembro de 2009

ímã

Não estou sabendo lidar com você. Tenho medo às vezes e quando eu não tenho medo, eu tenho silêncio. Talvez você seja como o mar sendo visto pela primeira vez. Ou então o escuro. Ainda não sei.

sábado, 21 de novembro de 2009

A próxima

Ela não sabia se falava logo tchau, ou se pedia para ele. Então pediu. Não me deixe sozinha hoje, por favor, eu não quero. Ele fez aquele sorriso didático que lhe é de costume e respondeu. Você não tem medo, né. Claro que não, só não quero. Ele continuou dirigindo, e disse desinteressado: não sei. Pode ser que dentro dele, ele quisesse abraçá-la e protegê-la, do jeito que ela gosta e ele sabe. Mas não foi isso que ele mostrou. Ele só disse não sei. Então, quando chegaram na casa dela, ele achou aquilo uma bobagem e disse: fica para a próxima. E deixou ela sozinha. Na próxima, ela pensou, eu não vou pedir para você ficar comigo, eu vou querer ficar sozinha, porque você me ensinou. E ela foi dormir, no silêncio da noite.

O amor

Eu também te procuro
por favor me espere,
eu também estou perdida.
Não desista de me encontrar,
Tudo tem sido difícil para mim
enquanto isso.
Você não chega e eu acabo
me confundindo.
Eu sempre acho que você é outra pessoa,
mas você nunca é.
Não desista de mim.
Eu estou em algum lugar
que você ainda não foi,
mas eu estou aqui.
Se você soubesse quantas vezes
eu me confundi.
Tem sido difícil te encontrar
em tantos lugares vazios.
Mas olha, eu não vou desistir de você.
Pode demorar, eu não me importo.
Quando você me reconhecer,
pode ser que, de repente,
eu me reconheça.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Entregue em mãos

Saiba, pois, que entregar um poema na mão exige muita coragem.
A gente se expõe ao rídiculo de não saber escrever,
Mente um pouquinho, doces mentiras.
Um poema entregue em mãos nos deixa nus.
Ainda mais se a mão que recebe
não aplaude
-nem um pouquinho.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O eu te amo da Bianca

Ela tem cara dessas pessoas que não falam "eu te amo" para ninguém. Nunca. Na verdade não é só cara, ela realmente não fala. Mas eu aceitei fazer parte mesmo assim. Driblando um certo mau-humor e pessimismo fomos indo, eu cheia de querer sugar a vida e ela cheia de querer cuspi-la. E não é que os anos passaram bem devagar (ou rápido demais?) e ela esqueceu de ser mau-humorada e pessimista? Esqueceu. Claro que há certas hipóteses para esse esquecimento, mas eu não vou dizer. (Será que ela fica muito brava se eu disser?) Pra mim, foram os quatro olhinhos que surgiram de repente. Ela pôde entender um pouquinho melhor como tudo isso é sim um milagre. E também ela gostou de ser tão, mas tão amada por duas coisinhas minúsculas. Mas não foi só isso. Também teve a mãe que, de repente, se deu conta -mais do que antes, do tamanho do buraco que ficou depois que ela veio para a cidade grande. A mãe sorriu mais para ela, e ela sorriu mais para a mãe. Eu, narcisista que sou, não posso deixar de citar minha participação nisso tudo. Minha e da Marina, quase igual. Mostramos para ela o quanto ela é fundamental para um certo mundo (o nosso). Ser fundamental é fundamental para a sobrevivência, e acho que ela não sabia disso. Claro que houve mais coisa. Muitas outras coisas, mas eu não saberei explicar. Talvez só um estudioso de psicologia saberia. O fato é que ela esqueceu de ser mau-humorada e pessimista, e sem nem peceber, passou a querer sugar a vida também. Hoje eu chorei um pouquinho. Ela desceu do carro, e antes de bater a porta com seu jeito meio agressivo, falou: "Te amo" e saiu.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sobre vidas que eu não salvo

Quando eu escrevo nenhum milagre acontece. Nenhum. Nem mesmo dentro de mim. Tudo se mantém igual e eu não consigo salvar nenhuma vida. Mas não é disso que eu preciso. Eu só preciso encontrar alguma coisa, e talvez eu encontre um pedacinho do que eu procuro. Eu escrevo para encontrar a parte de mim que eu perco enquanto vivo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

Só eu vejo


Um dia eu já quis deixar a Terra.
-Não foi hoje.
Um dia eu já quis me encontrar do outro lado,
e conhecer outras partes do ser,
mas hoje, sem dúvidas, não foi.
Hoje eu não quis ser outra, não quis mudar meu sentido.
Quis deitar em minha própria cama,
ter meus próprios sonhos,
(que, embora escassos, chegam a sobrar em mim.)
Quis ter esses meus olhos,
e ver tudo que estou vendo agora:
Essa beleza toda que não há,
mas eu vejo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu te desprezo agora

Te desprezo como um preso despreza a vida lá fora.
Te desprezo com todos os meus dentes.
Se desprezasse menos, não poderia lhe escrever mais uma palavra.
Se desprezasse mais, poderia subir a escada sem pensar em você.
Eu desprezo tudo que vem de você, desprezo o seu cheiro também.
Eu desprezo cada segundo que respira,
desprezo o meu peito quando foi seu, desprezo o seu amor fingido.
Eu desprezo-te com toda a minha voz,
com o meu coração, com tudo, tudo, tudo que há em mim.
Te desprezo tanto, será que você não vê?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

I'm glad

Good night, rain. I'm glad you came tonight.

Eu preciso ir embora

"It's funny. Don't ever tell anybody anything. If you do, you start missing everybody."
(The Catcher in the Rye, J.D. Salinger)

Eu não costumava ser assim. Eu até falava bastante de mim antigamente, adorava explicar as minhas teorias e falar do meu passado. Mesmo porque o meu passado é uma delícia. Não sei se foi um fato pontual que me calou por enquanto. Também não sei se é só por enquanto. Mas o meu passado continua bonito, continua mesmo. Eu é que fiquei um pouquinho mais medrosa. Cuidadosa, talvez. Prometo que qualquer dia desses eu falo um pouco mais. Só que não gosto de falar muito. Eu sempre me arrependo depois, fico achando que estou nua. Que você pode rir da minha participação insignificante no mundo. Ou que você pode achar tudo isso um pouco bagunçado demais, você que é arrumadinho. Eu gosto de você, e quando eu gosto de alguém eu fico morrendo de medo de ouvir "eu preciso ir embora." Pra mim isso é pior do que um "eu nunca te amei." Eu supero não-amores, mas despedidas eu não sei. Fica tudo meio engasgado, eu fico perdida no meio da rua da minha cabeça. Quantas vezes já escrevi sobre adeuses? Eu acabo indo embora antes de ser abandonada, não consigo. Devem ter sido muitos desencontros. Tenho medo de virar aquelas pessoas que não se apegam, porque tiveram que desapegar demais. Apesar de que eu acho que já não posso mais partir, acho que é você que terá que ir. Será que você vai mesmo embora? Se for, não deixe de perguntar mais uma ou duas coisas sobre mim, para você eu quero falar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Você me dá

medo, curiosidade, às vezes um frio misterioso, medo, um dia deu azar, sensação de estar perdida, sensação de estar segura, medo, mais curiosidade, medo medo medo.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

When you say it

I read this once somewhere, and now I can say it for myself: I love how my name sounds safe in your mouth. It sounds like a special name when you say it.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Eugênia

Talvez uma das minhas pernas fosse coxa e talvez minha existência tenha sido mesmo insignificante. Mas, na verdade, mal sabes ti que eu não o admirei como pensaste. Eu o quis porque tu me admiraste, e isso me foi bonito. Quando finalmente viste os meus defeitos, fostes embora. Eu agradeço por fim, por teres partido. Tu eras tão manco quanto eu, mas eu era manca apenas na perna. E tu? Bom, tu era um ser coxo da cabeça aos pés. Tua existência foi coxa e morreste tão só quanto eu.


domingo, 25 de outubro de 2009

na mesma gaveta

Tenho que admitir um dos meus maiores erros: guardo multas de trânsito e cartas de amor na mesma gaveta.

Qualquer um

Por que o seu silêncio é sempre muito mais longo do que qualquer um dos seus sons?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cheiro errado


Não gosto do cheiro da sua chegada: é cheiro de despedida.
Sabe cheiro de quem vai embora?
Espero que o seu perfume abafe esse cheiro que me arde,
espero que minhas narinas estejam erradas,
espero que o mundo inteiro reinvente o cheiro das coisas.
Não quero mais que esse seja o seu cheiro: eu quero que você fique.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Me deixe

Me deixe achar tudo sem graça
Sem que eu perca a graça de achar

Teorias conspiratórias

Preciso de uma tesoura para recortar um anúncio de jornal. É sobre ganhar muito dinheiro escrevendo alguma coisa. Não pude ver direito o que eu preciso escrever, mas o dinheiro é muito e eu adoro escrever. Se for sobre carros eu improviso, sobre esportes também. Se for sobre política eu dou um jeito de xingar todo mundo. Se for sobre Deus, eu invento um. Se for sobre amor, rasgo meu peito, fica fácil. Preciso mesmo da tesoura. Acho que é sobre a guerra que estão inventando. Talvez sobre teorias conspiratórias, parece que criaram umas novas, vão fazer um filme. Não sei o que é, mas com a grana dava para eu ir viajar um pouco. Uma praia bem distante. Uns coqueiros. Adoro coqueiros. Olhar para eles. Talvez eu até levasse alguém comigo. Achei o anúncio, tá aqui. Vou cortar. Ah. É para escrever marchinhas de carnaval. Não, sem chance. Marchinha de carnaval não. Pode levar a tesoura de volta. Nem tô precisando de tanta grana assim.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Deixadas como estão

Tive uma insônia brava ontem. Não sei se foi por conta do café que tomei (como uma chicarazinha pode ser tão potente?) ou se foi por conta do meu coração meio disparado, meio parado. Não sei o que foi. Eu apenas acendi a lâmpada de criadomudo e fiquei olhando as coisas em volta. Não ouvi música, não peguei meu livro e nem tomei um copo de água com açúcar. Eu fiquei olhando um par de sapatos no chão, a bolsa aberta com a carteira meio para fora, alguns papéis caídos (seriam multas, cartas?), achei um pouquinho incrível. À noite as coisas ficam silenciosas, esquecidas, deixadas como estão... Parece um quadro bonito.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pouca noite

Foi estranho. Estranho mesmo. Eu olhei para a janela do carro e comecei a achar tudo um pouco diferente do que era antes. E a noite não tem culpa, eu é que não consigo dormir: são muitos sonhos para pouca noite.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lição de Casa

Quando eu estava na segunda ou terceira série, minha lição de casa era fazer um poema com palavras que rimassem. Foi uma das lições de casa mais legais que tive até hoje. Na época tive grandes dificuldades, e chamei a mamãe:
-Mamãe, eu só consigo rimar "tristeza" e "Tereza", e não consigo fazer nenhuma frase!
Minha mãe passou o resto da tarde se divertindo comigo. A gente juntas fez o poema mais lindo da classe (na verdade minha mãe fez quase tudo). É claro que hoje eu não lembro do poema, mas eu lembro que era mais ou menos assim:

A tristeza de Tereza
Por Maria Clara Moraes e Thelma Bombonato

Se sentia Tereza tristeza
A tristeza não sentia a Tereza
E Tereza sentia ainda mais tristeza,
porque a tristeza não sabia de Tereza.

Acho que era por aí. Eu nunca vou saber ao certo como era o poema, porque ele ficou perdido em algum caderninho da terceira série, e nem sei se ele ainda existe. Sei que toda vez que me sinto um pouquinho triste, vem a frase na minha cabeça "A tristeza de Tereza" e me lembro da vozinha que minha mãe falava comigo quando eu era pequena. Eu sorrio.

Continua a tristeza sem saber de Tereza?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não fui embora porque

Não posso partir sob o luar.
Faz muito frio de madrugada,

E falta luz para me guiar.
Me abandone você então,
Mas vá à noite:
Prefiro perder na escuridão.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

il mio principe

Ver-te foi leve
Leve como a tua despedida
faz quase um ano, tu te lembras?
Que partiste sem cerimônias.
Ver-te foi bonito,
porque tu estavas igual.
Igual àquele que um dia amei,
igual àquele que me fez chorar,
escrever tanta poesia,
e continuar andando.
E ver-te me fez lembrar
que eu sei caminhar
mesmo depois
de ouvir adeus.
E agora eu é que digo,
com a boca feliz
a boca que já não é tua
a boca que ouviu muito, depois de ti
eu é que digo:
adeus, amor meu.

Para R. A.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Freud, me explica?

Tantas foram as vezes que eu olhei a sua foto,
Que já decorei todos os seus contornos,
Sei desenhar o seu sorriso igualzinho está no retrato.
Gostava muito de olhar você congelado naquele instante.
Hoje eu não gostei.
Hoje eu, de repente, esqueci os seus traços,
Não soube desenhar.
Mas o mais estranho disso tudo foi
Que naquela foto tão antiga de você,
Fui olhar hoje de novo,
E o seu sorriso não estava mais lá.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eu queria

Queria ter
Um pouquinho de vergonha na cara
Ou até um pouquinho (mais) de preguiça

Queria ser
Um tantão mais corajosa
E um tantão mais qualquer coisa

Eu queria ser um pouco menos eu
E um pouco mais o que eu sou de verdade

Eu queria ter menos vontade
menos saudade

Se o meu peito fosse
Um pouquinho maior
Talvez eu te convidasse
Para vir morar
E talvez eu não quisesse
mais nada.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

The sweetest thing


Entrou ele primeiro no ônibus, depois ela. Ele tinha uma cara de bravo, era grande e forte. Contrastava completamente com a menina, que era quase uma bonequinha de vestido rosa. Ela segurava a mão dele e sorria. Ele pagou as passagens e foi procurar um banco. Ela soltou a mão dele e foi correndo se sentar no assento com a marcação amarela. Ele foi atrás dela com aquela cara brava, pronto para explicar que ali ela não poderia se sentar, pois era assento preferencial. Mas antes que ele abrisse a boca, a menina-bonequinha apontou para o adesivo na janela e disse com uma voz fininha:
-Papai, qual dessas menininhas você escolhe? Eu escolho a do bebezinho!
Para Vivi

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5 de outubro de 2009


Eu fico achando que eu sou enorme. Que sou toda forte, que eu posso tudo, que tudo vai ser maravilhoso para onde quer que eu vá, que tudo está bem assim. Eu fico achando que aguento tudo, que tudo sempre dá certo. Dou discursos, conselhos, dicas e lições de moral para quem quiser ouvir. Tenho palavras para dar e vender. Mas aí, acontece uma coisinha como aconteceu comigo hoje, uma coisinha dessas que faz a gente ficar meio nervosa, e então tudo cai por água abaixo. Eu já não sei mais onde estou, quem eu sou e para onde estou indo. Eu fico fraquinha, como aquela abelha que acabou de morrer na minha janela. Eu não sei mais onde estão meus propósitos, quais são os meus propósitos. Para quê eu sirvo, para quem eu sirvo, eu sirvo para alguma coisa? Já não sei mais nada. Mais o pior disso tudo é pensar que eu estou sozinha nisso tudo.

Desculpa, pai. Desculpa, desculpa, desculpa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Eu acho que é isso


Às vezes a gente tem que despistar todo mundo para que ninguém veja a alegria absurda que estamos sentindo. Para que ela não escape no meio de tantos olhares curiosos, para que ninguém nos a tome (mesmo que sem querer). Assim também acontece com a tristeza profunda. Temos que despistar todo mundo, para que ela não se espalhe e acabe penetrando outras vidas e deixando tudo azul. Para que ela não saia de nós e passe para quem precisamos ver sorrindo. As máscaras diárias protegem a nós mesmos e salvam vidas. É preciso saber usá-las, no entanto, para que a vida não seja vivida por trás da máscara, na solidão. É preciso saber deixar o pouquinho exato de tristeza e o pouquinho exato de alegria transbordarem para todos os lados e penetrarem em alguns cantos.

Vingança

Tem dias em que eu quase me desculpo ao resto do mundo por ter nascido, e me escondo dentro da cama, por vingança à minha enorme vontade de sair vivendo.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Acabei nem dizendo

Se eu não soube me despedir
A vida fará isso por mim
Um dia, por fim
Enquanto eu estiver distraída
Ou enquanto eu dormir

Que seja enquanto eu durmo, para que eu não veja o último instante
Que seja incompleto, para que eu fique com o restante

Eu nunca vi isso antes

Nunca vi essas cores, esses sinos, essas flores
Tudo que há no seu peito
Tudo que causa esse efeito

Mas se eu implorar mais um adeus,
Se jurar partir para nunca mais
Me segure
Me peça para ficar
Me impeça de falar
Não deixe que eu parta
-ao meio
jamais

domingo, 27 de setembro de 2009

Eu não gosto de domingo

Porque nesse dia eu me sinto mais só do que todo silêncio que a Terra faria se não existisse mais nada.

sábado, 26 de setembro de 2009

Feliz aniversário

Quando olhei para você depois de ser jogado na piscina, eu finalmente vi que mais um ano se passou, e você ainda não foi embora de lugar nenhum.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Rascunho no guardanapo

Uma vez você disse que eu deveria aceitar apenas o extraordinário
Pra mim você sempre foi o que eu deveria esperar
Você disse para eu ficar
Mas você sempre foi embora
Os seus olhos mentem, e eu já sabia
Mesmo assim eu gostava de olhar
Você já ia comprar aquela guitarra
E eu achei que era para mim
Você já tinha planos formados
E eu achei que era tudo por impulso
Você nunca teve coragem
Nunca teve certeza
Nunca soube o que fazer
E pra mim não importava
Mas no fundo eu ficava esperando
Eu poderia até fazer uma música
Para o beijo que você me deu
E depois você poderia cantar
Acho que todos os dias eu fazia músicas
E guardava para um dia você cantar
Eu era uma flor caída no chão
Você me pegou
Mas eu não coube no seu buquê
E você me deixou cair sem querer

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Minha foto preferida

Resolvi começar a tirar fotos de todas as coisas lindas que eu vejo durante o dia com o meu celular. Tudo que eu acho lindo eu tiro uma foto. Hoje eu descobri como faz para passar essas fotos para o computador, fiquei muito feliz. Consegui ver as tantas fotos de troncos de árvores que tirei (porque alguns troncos são realmente lindos), fotos do pôr-do-sol na Marginal Pinheiros, a própria Marginal à noite com suas tantas luzes, uma loja de brinquedos, uma ou outra pessoa querida, e essa foto, que de longe é a minha preferida:




E já que o meu amigo William disse que adora fotos com histórias, vou contar a história dessa. Estou fazendo um videodocumentário sobre professores de escolas públicas. Hoje fomos entrevistar uma professora cujo apelido é "pink" porque ela adora cor-de-rosa. Eis como estava a lousa da sala de aula onde ela leciona. Achei essas perguntas extremamente difíceis de responder. É possível que eu tirasse zero.

Não se assuste

Me disseram que todas as coisas que não são relacionadas a saúde têm cura. É por isso que eu estou com essa cara esquisita, estou procurando um remédio para mim nessas prateleiras todas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

As cores das coisas


As cores são exatamente o que elas não são. Lembra da aula de física? O Azul, por exemplo, é de todas as cores menos azul. Newton explicou que as coisas absorvem cores, e refletem as cores não absorvidas. Então se uma folha é verde, é porque ela absorve todas as cores menos o verde, e reflete somente o verde. A folha é de todas as cores menos verde. E é assim com todas as coisas. Às vezes a gente se pega numa situação que Newton não saberia explicar tão bem... A gente pode jurar que o sinal está verde, mas lá no fundo, bem lá no fundo, a gente bem sabe que essa é a cor que nós estamos refletindo, porque o sinal está de todas as cores, menos verde.
-
"Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos" (Anais Nin)

domingo, 13 de setembro de 2009

Estar aqui

Alberto Caeiro, um dos heterônimos do Fernando Pessoa, dizia que não sabemos o que há além da curva da estrada, e que não importa o que há por lá. E mesmo se houver buracos, e mesmo se tivermos que cair nesses buracos, e mesmo se não houver nenhum jardim e mesmo se houver alguém, e, pior, se não houver ninguém:

"Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não deixe que escape

As coisas todas aparecem.
Misteriosamente aparecem com o nada.
No chão, com o vento, para o céu.
(Aparecem e podem sumir).
Segurem-nas com as duas mãos.
Não as deixem voar com os pássaros,
Não as deixem escorrer para o ralo,
Com a água do banho.
Não as deixem soltas como pétalas caindo da flor,
Porque não são flor.
O vento é fragil, fraco, não se vê,
Mas às vezes leva tudo o que se tem,
(Violentamente, como se as coisas não precisassem de despedidas),
Como se tudo bastasse no momento em que se acaba,
Como se nunca ficasse um talvez, um suspiro, uma lágrima.
As coisas todas aparecem. Sempre.
Tudo que se quis, tudo que se quer, tudo que não se tem: aparece.
Não deixe que nada escape.
Porque as coisas se vão, misteriosamente.

is it really?

Feel this. It's my heart, and my doctor said it is beating.

Coleção


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Para onde foram?

Para onde foram as palavras que um dia sussurrei em um ouvido? Elas foram para algum lugar? Ficaram naquele ouvido? Foram para algum órgão, o coração? Queria seguir o percurso de cada palavra, letra por letra, para garantir que elas chegassem em algum lugar. Eu não gosto de desperdiçar palavras, sinto que já desperdicei demais.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fotografia


E a sua fotografia continua ali, imóvel e calada como ela sempre foi. Talvez um pouco mais imóvel e um pouco mais calada. E agora ela me dói. Seu rosto de lado, como se fizesse uma pose sem querer. Porque a impressão que tenho de você é que faz tudo sem querer. Sem querer me olhou, sem querer me quis, sem querer me prendeu em armadilha. E a sua fotografia agora me dói, porque eu estou presa à sua armadilha. E você, (será sem querer?) levou embora um pouquinho de mim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apenas o necessário


Eu tenho um amigo incrível. Ele faz festa na casa dele toda sexta-feira, não pára quieto, faz amizade com qualquer pessoa que passa na vida dele e o mais legal de tudo, ele adora ler. É dessas pessoas que é muito, muito difícil mesmo de não gostar. Ele tem umas frases bem divertidas que são marca registrada dele, e a que eu mais gosto é sempre pronunciada nas festas de sexta-feira: "Pessoal, quebrem apenas o necessário". Essa frase anda ecoando na minha cabeça. Tenho vontade de dizer para todas as pessoas que fazem festa no meu coração: "Ei, quebre apenas o necessário..."

domingo, 30 de agosto de 2009

Iniciais

Gosto de iniciais. H.O., R.E., S.K., M.C., gosto de como elas são misteriosas. Eu fico imaginando os nomes que as iniciais guardam. Gosto de como elas guardam pessoas misteriosas de óculos pretos, ou pessoas inseguras de vestido azul. Algumas iniciais protegem bem os nomes e outras nem tanto. Gosto de como iniciais pertencem a reis, rainhas, marcas de camisetas e à pessoas que cometem erros.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

à-braços

De todas as coisas que eu prefiro, eu prefiro um abraço. Deixo que me abracem por horas e horas seguidas. Não vejo outra utilidade para meus braços senão abraçar. Porque eu, criatura perdida nesta vida que Deus me deu, sou feita inteirinha de abraços que recebi.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Avisos vãos

Disseram que ia chover e eu deveria ter escutado, porque eu não trouxe o meu guarda-chuva e a garoa já começou. Eu nunca ouço essas coisas, e a vida sempre trata de me deixar encharcada.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

How to explain?

If any man in this world asked me right now:
-Will you marry me?
I'd tell him that I'm too young. That I still have a lot of things to live. That I want to study some more, that I want to work at a place where I'd have very few money but many pleasure, that I want to see so many things. I'd tell him that I can't right now. I have pictures to take. I want to play a little bit more with the child inside of me. I have too many parties to go to, too many interesting people to meet, too many flowers to receive. "I can't marry you yet", I'd say.
But if you asked me:
-Will you marr...
-Yes!

And we could do all of that together.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Me basta


Para mim, me basta que tu me olhes.
Não preciso de muito: de presentes ou promessas.
Não preciso tocar o teu corpo, não preciso beijar os teus lábios.
Me bastam os teus olhos cheios de vontade do que não pode ser.
Me basta a tua vontade.
Que quando falas, tuas palavras são doces, mesmo que fales de abandono e solidão.
Que quando me beijas, são os teus beijos que desejo.
Mas para mim, me basta o teu olhar.
É do teu olhar que eu tiro toda poesia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

One silly little thing


- I will give you the world. I will give you anything you'll ask. Anything you want.

- Do you promise me?

- Yes, I promise you. But hey, there is only one thing, one silly little thing that I can't give you.

- What? What is it?

- My heart.

- It's the only thing that I want.

- Should we say goodbye?

- I wish we didn't have to.


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Se molhava você

Sem saber onde te encontrar
Fui caminhando devagar
De esquina em esquina eu virava pra ver,
Se quem vinha era você
Você, como sempre, não veio
Tudo ficou assim, tão feio
Eu triste, vazia
A minha tristeza invadiu o dia
Invadiu o céu, as nuvens
E o mundo, de repente, começou a chover
Só pra ver se molhava você...

,

E que perder tudo não é só perder o que se tem...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bailarina que atravessa a rua

Eu gosto de deixar uma luzinha bem fraca enquanto eu escrevo. Quase no escuro eu fico. Porque eu gosto de pouca coisa me denunciando. Não gosto de holofotes enquanto eu escrevo, não gosto que se torne uma coisa pública. Eu gosto de fingir que escrevo por acaso. Assim como quando uma bailarina atravessa a rua, meio que sem perceber, ela atravessa dançando.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ampulheta de nós dois


Tudo que você diz guarda uma despedida triste. Mas só eu posso ouvir o adeus de cada palavra sua. Você tem um jeito manso de dizer que o mundo está desmoronando. E eu, secretamente, às vezes desejo que ele desmorone logo. Que tudo recomece com outro começo. E você sabe o que eu queria que mudasse, mas você, secretamente, não sabe se também queria recomeçar. A gente sorri para toda essa areia caindo na ampulheta, porque somos tão tolos... Mal sabemos que o mundo está prestes a rachar ao meio, e que cada um de nós vai ficar de um lado.

Na verdade

Na verdade,
Eu só gosto de ser quem eu sou
Porque tem você,
Para gostar do que eu sou...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Negativas que trago


Eu não pertenço a mundo nenhum, a hora nenhuma, a nada. Não pertenço a nenhum cheiro e a nenhuma mão. Eu não me encaixo em um quadrado e nem em um círculo. Eu não me encaixo. Eu não entendo as coisas, eu não sei das coisas, eu não encontro nada. Eu não sei o que é o amor do meu peito entupindo as minhas veias e bloqueando as minhas passagens, não sei. Nunca encontrei um cãozinho abandonado na rua e cuidei dele até ele crescer. Eu nunca cuidei de uma planta só minha. Eu nunca consegui traduzir meus pensamentos. Não entendo quase nada que me dizem. Não entendo palavras, desenhos, símbolos. Não entendo. Não faz sentido, não faço sentido. Tenho medo lá de fora, tenho medo do mundo. Tem dias em que eu sinto que eu não sou daqui. Tem dias que eu realmente não sou daqui. Sabe, eu acho que não sou daqui.


Upside down love

Quando tudo começa pelo fim, onde é que fica o começo?

sexta-feira, 31 de julho de 2009

I just had to let you know

Quando eu olho para você, eu não tenho vontade de beijá-lo loucamente. Eu tenho vontade de saber tudo que você pensa, tudo que você fez e vai fazer na sua vida. Eu tenho vontade de entender as frases que você não fala. Eu tenho vontade de conversar sobre tudo que eu quero saber e tudo que você sabe. Tenho vontade de sugar todos os seus pensamentos para dentro dos meus. Eu fico com vontade de roubar a sua calma, de roubar os seus medos e de te dar os meus. Eu fico achando que você me protege, mesmo que você nem se aproxime de mim. Sei lá o que me acontece, o seu olhar me acalma, mesmo que minhas mãos tremam um pouco. Eu não sei o que acontece, mas eu não consigo evitar. Quando eu olho para você, eu tenho vontade de descobrir um planeta novo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Algum lugar


Tenho vontade mesmo é de jogar tudo pro alto e ir caminhar.
Não quero fugir de tudo como fez a minha irmã, e nem ficar parada sem saber.
Quero apenas caminhar.
Encontrar pessoas no caminho.
Sentar um pouco debaixo da sombra de uma árvore.
Acenar para as pessoas que vão ficando, e acenar conforme eu vou chegando.
Eu queria mesmo era caminhar,
até chegar em algum lugar.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

domingo, 26 de julho de 2009

Anúncios

"Os verdadeiros poetas não lêem os outros poetas. Os verdadeiros poetas lêem os pequenos anúncios dos jornais".

Mário Quintana

Um garotinho que sorri assim


Tem um clipe no youtube que chama "Candy", o cantor é o Paolo Nutini. O clipe é uma graça, está entre os meus preferidos. É um casamento em um vilarejo. Você vê, pelo olhar do noivo, pelo sorriso dele, a alegria que ele estava sentindo na hora. Os convidados, os arranjos pelos cantos... É um casamento ao ar livre. São pessoas simples, mas como sorriem! É claro que eu imediatamente quis viver um casamento assim. Eu espero o quanto for, quero um casamento assim. A foto que eu selecionei não tem a ver com toda a história do clipe, com o que citei, mas é uma cena mágica. A carinha desse garoto aparece aos 1:31, e some em uma fração de segundo. Eu quis ter, além do casamento simples no vilarejo, um garotinho que sorri assim também.

sábado, 25 de julho de 2009

Chegar, partir.

Não sei quem decide a hora de partir, se é o vento, se são os pêlos do braço que cansaram de se arrepiar, se é o sol esperando a Terra dar a volta em torno ou se é uma mão que chamam de Deus. Eu não chamo de nada, eu vou embora porque é a minha hora, e eu deixo que partam, porque não cabe a mim decidir. Eu não sei de nada, mas eu não tenho medo de partidas. Me assustam as chegadas: nada determina a hora de chegar. As pessoas tiveram de partir de alguém e de algum lugar para chegarem até aqui. Me diz: de onde foi que você partiu?

Protetor

As pessoas usam óculos escuros e dizem que é para se proteger do sol.

Mentira.

Elas querem se proteger das outras pessoas.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

se o seu olhar fosse

Posso me esconder do seu olhar?
Posso fechar os meus olhos?
Os seus olhos mentem -e eu tenho medo de mentira.
Os seus olhos que me seduzem, já são de alguém -e eu bem sei.
Pobres olhos meus:
serão enganados, serão magoados, serão abandonados?
Se o seu olhar fosse tão só quanto o meu, poderíamos olhar juntos -para qualquer lugar.
Mas os seus olhos mentem.
E os meus olhos são fragéis demais para as tantas lágrimas que viriam.

A memória é um velho álbum de fotografias

Todo mundo é um fotógrafo.

A percepção da beleza se dá com uma foto tirada pelos olhos.


terça-feira, 21 de julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

Efêmero

1: Vem do grego epheméros, que signifca: que dura um só dia;
2: De pouca duração; Curto; Passageiro; Transitório; Breve.

Antônimos
permanente
eterno


E no meu dicionário viria assim:

O pulo da bailarina. O sopro que apaga a vela. A vontade que precede o realizar. O "não" que quer dizer "sim." A vida da mosca. A vida do beija-flor. O bater de asas. O sono antes de dormir. A minha vontade de ir embora e nunca mais voltar. O caminho da gota de chuva, entre a nuvem e a superfície que ela toca. O nunca mais. O que se sente, e que de repente, não se sente mais. O último olhar descendo a escada rolante do aeroporto. O passarinho que nunca deixa que se aproximem. A água escorrendo para o bueiro. A sujeira indo com a água. O instante de uma fotografia. Uma barra de chocolate na mão de um garotinho no recreio. A hora do recreio para um garotinho que come uma barra de chocolate. Um amor que tive antes de saber que não era amor. O beijo de quem não queria dar um beijo. Um abraço forçado. A música preferida que começa a tocar em um lugar inesperado. Uma espera de três horas para alguém que esperou uma linda mulher que surge descendo a escada. Um amor de verão. Um inverno sem graça. Uma vida sem graça.


[Uma pequena ressalva: algumas das coisas citadas são simultaneamente eternas.]

O crime de partir


Meu cachorro é muito esperto, muito. Em absolutamente todas as vezes que alguém se despede, mesmo que efemeramente, ele pára todos os seus movimentos, fica estático. Começa a encarar a pessoa que parte de tal forma que a gente se sente culpado. "Calma, eu já volto! Só vou até ali." Não adianta. Ele fica extremamente triste. A gente fica achando que está cometendo algum tipo de crime, porque para ele talvez ir embora seja um crime.
Muito esperto, muito.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cazuza cantava:

"Que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou"

E eu escrevo:

Que coincidência é a vida, eu nunca mais vi você

A morte para mim

A morte, para mim, é uma espécie de sono prolongado onde, durante os sonhos da morte, não se revive o dia, mas a vida toda.

domingo, 12 de julho de 2009

Minhas continuações

Eu gosto de ler textos que não tem um fim. Textos que contam um pedaço de uma história ou relatam uma experiência, mas que não acabam. Uma frase encerra aquele relato com um ponto final, mas a história fica assim meio suspensa. Então eu começo a criar o que viria depois. Eu começo a colocar a minha vida naquele texto e as coisas ficam com a minha cara. Eu li sobre uma noiva que conhecia o pai do noivo. O encontro é puro, é bonito. Aquele texto termina com uma frase "e caminhamos calmamente para o carro" mas não acaba a história. E eu, na minha cabeça, criei um abraço, um casamento bonito e, como minha imaginação sempre manda no final, ninguém nunca mais sente frio. Não sei porquê, mas nas minhas histórias as pessoas não acabam felizes para sempre, elas apenas nunca mais sentem frio. E ficam com as mãos entrelaçadas, para o resto do que for. Felizes, é claro, mas não para sempre, por que a tristeza é linda. Tem que ter um pouco de tristeza entre um para sempre e o outro. Pelo menos nos meus finais.
Estou me sentindo um enorme e grosso livro de clichês.

Qual a escala do seu mapa?

Eu não me importo com os caminhos que você tenha percorrido até chegar no ponto onde a gente se encontrou sem querer. Você pode ter sido famoso, pode ter tido milhares de namoradas em todos os cantos do mundo, pode ter sido um cantor charmoso ou até um mendigo. [Mas o momento do nosso encontro marcou um ponto no mapa da sua vida.] Esse ponto é um começo. Esse ponto é o resto que vai vir a partir de então. As fotografias não vão sumir, as namoradas vão continuar no mapa também, mas a partir daqui eu vou estar nas fotos, eu vou sorrir com você, e o seu mapa vai se misturar com o meu. A gente vai traçar o resto juntos. Por isso, nada disso importa: eu já fui um alguém antes também.
Seremos juntos agora.
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eterna condição


E no final das contas o melhor é assumir a solidão. Não adianta fugir para um lugar lotado de pessoas, não adianta fazer trezentas ligações ou se esconder no edredon quentinho da cama. Talvez um livro, talvez. E talvez nem um livro. A solidão grita mais alto que a música, mesmo que as caixas de som estorem. A solidão é maior que a festa mais cheia da noite. A solidão segue o caminho mais longo. O importante mesmo é não ter vergonha ou medo dela. Porque no final das contas a gente descobre que a solidão faz parte da gente. Cada pessoa no mundo guarda um pouquinho de solidão dentro de si. Das mais alegres às mais solitárias. A solidão é a eterna condição humana.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Se dissolvem as perguntas

Não fico mais me perguntando para que servem as coisas. Por quê me sinto de tal forma com relação a algumas pessoas e a outras me sinto exatamente o contrário. Não me pergunto mais do que são feitas certas pessoas e por que tanta gente não vê o que eu vejo. Eu não pergunto mais. Talvez eu tenha enjoado de tanto buscar algo que não vai me tirar deste lugar. talvez eu não tenha mais aquelas curiosidades antigas. E talvez eu saiba, talvez eu simplesmente saiba, que a resposta é tão misteriosa quanto todas as minhas perguntas...

Aquela menina

A diferença dela com as outras tantas milhões de meninas do mundo era a sua calma. Ela tinha calma para viver, para respirar e, principalmente, calma para aceitar todas as outras pessoas.

sábado, 4 de julho de 2009

Acontece

Tenho milhares de coisas para escrever. Preciso tirá-las de mim, arrancá-las dos meus pensamentos, livrar-me de todas, e são muitas mesmo. Acontece que chega a inspiração, e leva tudo embora.

Tudo isso

-E isso tudo.... É paixão?

-Não. Curiosidade.

domingo, 28 de junho de 2009

Impressão

A impressão que eu tenho é que a noite apaga o sol, todos os dias.

E o sol acende de novo, todos os dias seguintes.

sábado, 27 de junho de 2009

Branco


Dizem que quando se ama, surpreende-se ao ser amado de volta. A reciprocidade não é exigência do amor. Dizem que aquele que ama, não espera ser amado de volta, porque ele apenas sente, não sabe dizer porquê ou como. Erra-se ao esperar que o outro ame de volta. Esse tipo de amor é egoísta, mesquinho. Se o outro ama de volta, sorte dos dois. Sorte do destino. Sorte, apenas. O amor não tem causa, não tem resposta, não tem consequência. É clichê falar sobre o amor, e eu nada sei. Mas sempre achei que o amor é a como a cor branca, uma mistura de todas as cores que existem. Todos os sentimentos misturados formam o amor.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eu tinha escrito e guardei


O jeito dele de gostar das pessoas é diferente. Ele mesmo que me contou. Ele não se encanta em primeiros encontros. Ele nunca sentiu uma paixão dessas que leva tudo embora. Ele é um passarinho. E quando ele bate as asas, todo mundo espera para ver onde ele vai pousar. Mas ele não pousa nunca, ele voa. Eu criei um monte de ninhos em árvores que já nem sei mais. Claro que os meus ninhos ficaram lá, claro que foram bonitos um dia. O menino-pássaro tem muito o que aprender sobre os tantos tufões do amor. Eu posso ajudar nisso, sobre tufões eu sei. Mas eu aqui observando o seu vôo, acho que é ele quem precisa me ensinar a voar.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

O hoje da minha irmã

Olha só que engraçado isso: minha irmã, lá na Austrália, falou que a noite daqui é dia de lá. Claro que eu já sabia, claro que isso é óbvio, claro. Mas eu nunca tinha parado para pensar direito. Eu nunca me importei com o fuso horário dos cangurus australianos, até terça passada. Ela falou ainda, brincando: "quem sabe eu espio a resposta dos seus problemas aqui no futuro e te ligo para contar!" Pensei, então, que eu nunca mais vou ficar sozinha enquanto ela estiver lá.

domingo, 21 de junho de 2009

Ele pesou a alma humana

Em 1907, um cientista completamente poético fez um experimento pesando pessoas antes e depois de morrerem. Ele criou a tese de que, como as pessoas perdiam 21 gramas após falecerem, este seria o peso da alma.

Eu não sou cientista e nem me atrevo a fazer experimentos. Apenas escrevo e crio as minhas pseudoteorias. A respeito da alma, eu acredito que não tenha peso. Ela flutua sob nossas carcaças e às vezes se perde com o vento. Às vezes ela viaja para longe e volta uns tempos depois. Nem sempre a nossa alma nos acompanha.

Minha alma, por exemplo, já nem sei. Outro dia pensei que a tinha aqui comigo, engano meu. Eu a perdi já faz um tempo, mas ainda espero que ela volte.



MacDougall é conhecido até hoje pelo seu experimento dos 21 gramas, chegando até a inspirar um filme americano. No dia 16 de outubro de 1920, o The New York Times anunciava sua morte com o título: "Ele pesou a alma humana".

sábado, 20 de junho de 2009

an outflow

I really enjoyed the movie. I enjoyed the company, the cold weather and your laugh. Everything could not be more perfect. I even felt as if I was in paris at a certain point, with the skyscrapers, the lights and everything. Nothing is wrong with you or your beautiful smile. I just hope that my lonelyness did not turn me into a cold, distant, empty person. Did it?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

True-life fairytales

Minha mãe uma vez me disse que por trás de toda história há um conto de fadas. Muitas foram as noites violentas, os silêncios ensurdecedores, as lágrimas sem sal, até me esqueço da frase da minha mãe. Como aquela vez que ralei meu joelho no chão e perdi a vontade de correr. Ou quando perdi o meu primeiro amor, o segundo e o terceiro também. Ou como acontece todos os dias quando abro o jornal e não acho nenhum conto de fadas em histórias de gente que morreu, ou que ainda vive, mas vai morrendo todos os dias de tristeza ou fome. Os fins que a gente dá mas que nunca se darão. As portas trancadas com suas chaves perdidas por aí. As tristezas que você vem me dizer enquanto chora. As pessoas que batem no meu vidro pedindo um pouco do que eu tenho. As coisas me confundem e não encontro contos de fadas. É incrível, mesmo depois de tanto tempo eu só consigo encontrar conto de fadas no colo da minha mãe.
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rótulos

Adoro tentar descobrir as frases que as pessoas teriam nos seus rótulos, se as pessoas viessem com rótulos. Claro que eu já tentei criar um para mim, mas eu sempre mudo. Hoje eu entrei em um blog e encontrei uma menina que dizia que é "uma pessoa feita de pequenas saudades". Ei, menina desconhecida, posso usar o seu rótulo para mim também?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ele ficou esperando

Há pouco, uma menina quase partiu para abraçar um sonho que a esperava do outro lado da calçada. Acontece que um ônibus desses de dois andares parou bem no meio da rua e a menina não pôde atravessar. O farol custou para ficar verde novamente e a menina ficou bastante irritada. Ah, mas como foi bonito ver o ônibus saindo da frente e a menina correndo para abraçar o sonho que ficou ali esperando, você precisava ver que cena mais linda.
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domingo, 14 de junho de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Livro

Eu guardei o seu livro na estante dos meus livros preferidos. Prometi a você que eu o devolveria assim que terminasse de lê-lo, pois é, eu ainda não terminei. Eu li até a penúltima página e o fechei, guardei na estante. Sempre cumpro as minhas promessas e eu não faria diferente desta vez. Apenas não li o final do livro para não ter de devolvê-lo. Enquanto eu lhe dei minha vida inteira e o meu órgão vital, esse livro é a única coisa sua que eu tenho. E eu não pretendo nunca ler a última página, se você quer saber.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Perda de tempo

Não é que eu seja tola ou inocente. Eu apenas amo as pessoas muito antes de descobri-las. E na hora de descobri-las eu as descubro já com os olhos do amor, que são tantas vezes cegos. Todas as vezes, as boas e as ruins, houve o meu amor e ele nunca foi desperdiçado. Todas as pessoas que eu amei, de uma forma ou de outra precisaram do meu amor. E eu não me importo em saber se elas o mereciam, isso já seria perda de tempo.
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domingo, 7 de junho de 2009

Sem novidades

Só queria avisar,
que o mundo todo morreu,
que a água acabou,
que o céu se fechou,
que eu não moro mais aqui,
e nem ali,
e nem em lugar algum.
Tudo se foi,
sem deixar espaço para perguntas,
respostas, ou afirmações.
Aqui nada mais cabe nem vive.
De resto, estou sem novidades.


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sábado, 6 de junho de 2009

Peça

Tenho procurado em outros lábios o modo como os seus lábios calavam os meus. Tenho procurado apenas, e às vezes observado de longe outros lábios que se beijam. Há dias em que me contento com a busca, e dizem ser interminável. Eu busco o silêncio e a cor que tinham os fins de tarde, que agora nem pássaros mais tem. Gosto de imaginar a minha janela cheia de árvores que balançam alegres e fazem flores a cada dia. Tem dias que nem nuvens cinzas eu vejo na janela, apenas mais um dia indo para onde vão os fins. Quando me chamam de triste, eu lembro que você não gostava da minha alegria exagerada e fico aliviada que você sabia tão pouco de mim. Em cada lugar que eu vou, espero para ver se você não chega. É triste mesmo ver a vida assim passando tão à toa, me sinto uma peça que não se encaixa em quebra-cabeça nenhum.



quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cemitério

Sabe, eu resolvi escrever para você, porque hoje eu passei na frente de um cemitério, e ele me fez pensar que nunca é a hora certa de partir.

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domingo, 31 de maio de 2009

Olhos que não fecham

Quero dormir, mas me faltam olhos para fechar. Os olhos que tenho não fecham mais e eu não durmo. Terei de conversar com corujas e vagalumes, e quem sabe aprender a viver à noite. Meus olhos não fecham, mas não posso dizer que eu vejo tudo. Se um dia eu fechar os olhos novamente, será que volto a enxergar?



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terça-feira, 26 de maio de 2009

Deus,

Aqui embaixo todo mundo procura pelo Senhor o tempo todo. O chamam de milhares de nomes, o vêem em milhares de imagens. Dizem que o senhor olha feio quando as pessoas fazem coisas esquisitas e que o senhor escolhe quem vai ficar aí em cima com o senhor: não é todo mundo. É verdade mesmo? Não acredito em tudo que dizem, mas uma coisa ou outra eu até suspeito. Sabe Deus, todo mundo aqui embaixo precisa do senhor, embora muita gente não assuma. O senhor vai mesmo descer daí um dia e abraçar toda essa gente? É muita gente, meu Deus! Eu até que tenho sido boazinha, cometo apenas um ou dois pecados por dia. Será que o senhor vai me escolher pra ficar aí em cima também? Não que eu tenha medo lá de baixo, claro que não, mas ouvi dizer que por aí tem marshmellow para todo mundo e uns garotinhos de cabelos encaracolados tocando harpa. Mas harpa, meu Deus? Por que harpa? Acho que prefiro violão. Deus, será que vossa santidade poderia descer um pouquinho antes e me dar só um abracinho? Eu prometo que não contarei para ninguém, e quando eu o reencontrar aí em cima, eu finjo que nunca o vi antes. O que o senhor acha? Talvez seja só o seu abraço que possa salvar a minha vida...
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O pior fica com você

Eu perdôo todo o mal que você me fez.
Mas e você, se perdoa?
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quinta-feira, 21 de maio de 2009

É, talvez a vida não seja mesmo um conto de fadas, mas eu vou garantir o meu final feliz.
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A minha garantia

Será preciso muita força do mal para derrubar todo o bem que eu construi, muita. Foi muita brincadeira de rua, muito amor de mãe, muita proteção de irmã mais velha, muitos livros do Pequeno Príncipe e do Pequeno Nicolau. Foram muitos anos de alegria para essa tristeza sua me penetrar. Pode me fazer chorar, pode me empurrar da escada, pode me desejar o mal, mas você não vai conseguir me transformar. Eu saio daqui, você vence. Mas sua vitória será temporária, porque para as pessoas do bem a vida é um conto de fadas, e contos de fadas sempre têm finais felizes.

As coisas que não são tão simples

Elas não são tão simples,
porque a gente não as olha com olhos de criança.
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terça-feira, 19 de maio de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

E agora, José?

Agora limpe o que restou da festa. Talvez alguns copos jogados no chão, talvez uma ressaca das fortes, talvez muitas dívidas, muitas dúvidas, pouco sossego. Talvez não reste ninguém para ajudar a limpar, talvez reste um sorriso amarelo. Talvez, talvez, talvez, José. Mas veja José, veja quantos retratos bonitos você tem para guardar na lembrança. Não deixe de ver os retratos, José, porque é isso que restou afinal.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sirenes dos meus ouvidos




Peço então que todas as sirenes dos meus ouvidos se aquietem, por favor. Quero ouvir apenas os grilos e as cigarras. Talvez eu não saiba mesmo a dimensão do que está por vir, e isso me dá um enorme prazer. Já fui chamada de sonsa. Talvez sonsa, talvez distraída, talvez indiferente ao que não posso mudar. Eu não alcanço o que está por vir, e isso explica a minha grande preferência por grilos à sirenes.

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As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...