¨
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
O meu primeiro amor
Eu tinha um ursinho de pelúcia que era um porco. Eu devia ter uns 9, 10 anos. Ele vestia um suspensório e uma camisa social. Era pequeno, o porquinho. Eu dormia abraçada nele, acordava e o levava para onde eu fosse. Ele me dava paz, me protegia. Uma vez fui com a minha família para uma dessas viagens, devia ser a Disney, e eu levei meu companheiro porquinho. Ele não tinha nome, porque eu nunca precisava chamá-lo: ele não me abandonava. Fomos juntos em todos os brinquedos do parque, e na hora de voltar para São Paulo, eu o esqueci no banheiro do aeroporto. Ele me abandonou. Senti falta de tê-lo dado um nome, porque eu não pude chamá-lo. Me desesperei tanto, que pensei que minha vida não tinha mais sentido. Eu não queria voltar para casa, porque eu esperava que ele fosse voltar para mim. Mas ele não voltou. Ele nunca foi encontrado (ou se foi, foi por outra garotinha) e eu tive que voltar. Demorei muito tempo para superar a perda do porquinho de suspensório. Meu pai me deu outros bichos para tentar amenizar, tipo um tatuzinho cinza que usava lenço vermelho, mas nada substituiu o meu porquinho. Domingo eu faço aniversário. Completo 22 anos. E eu queria que o meu porquinho estivesse aqui para comemorar o meu aniversário comigo.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
domingo, 25 de janeiro de 2009
Você me deixou
Estou acostumada com respostas doces, porque você sempre me dava uma resposta doce. Talvez eu não tenha o deixado nada. Nem mais forte, nem mais sábio, mais esperto ou mais alegre. Talvez eu tenha o deixado mais cauteloso, ou talvez um pouco mais triste. Não sei qual mensagem ou qual papel eu tive na sua vida, mas eu sei que eu estou acostumada com respostas doces. Uma das coisas que você me deixou foi isso: Eu só aceito respostas doces, se não for doce eu não quero. Você me deixou mais doce. 
¨

Para G.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Se
Se eu fosse um pouco menos do que sou, eu seria pouco demais? Ainda assim eu caberia nos seus pensamentos?
¨
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
sábado, 17 de janeiro de 2009
Post-it na pele
Estávamos falando sobre tatuagens. Fiquei com vontade de fazer uma também. Uma que dissesse alguma coisa para mim, que todos os dias eu lesse uma mensagem no meu corpo, como um lembrete. Um post-it na pele. Talvez uma poesia, por que não?
Mas foi quando eu estava no meu carro, ouvindo uma das minhas músicas preferidas, que eu descobri o que vou tatuar.
Mas foi quando eu estava no meu carro, ouvindo uma das minhas músicas preferidas, que eu descobri o que vou tatuar.
Agora eu só preciso pensar como é que vou tatuar a minha música preferida na pele, porque ela é feita só de som. Enquanto eu penso, vou ficar sem tatuagem mesmo, eu não quero um lembrete que não me lembre de nada.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
A interminável lista de coisas que eu queria saber
- Queria saber se Deus concorda que à noite os homens durmam, e de manhã os homens trabalhem. Se ele fez a noite ser escura só para que ninguém enxergasse nada e fosse dormir, ou se ele quis que os homens fizessem um esforço e vivessem a noite, mas ninguém o obedeceu.
- Queria saber se é verdade que todo mundo tem um dom. O dom de cantar, de contar, de correr, de nadar, de ser líder (como Gandhi) ou de transmitir paz (como Dalai Lama). Se for verdade mesmo, eu gostaria de saber qual o meu dom.
- Queria saber quem é Graça e se ela trabalha mesmo com os filhos. Porque todos os dias eu passo perto de um restaurante chique de São Paulo e vejo um monte de cestas, dessas de feira, com muitas frutas frescas e um rótulo escrito: "Graça & Filhos". A Graça é quem recolhe as frutas e os filhos a ajudam a colocá-las nas cestas e vendê-las?
- Queria saber se você, às vezes, pensa em mim.
Minha lista é interminável e eu não me atrevo a terminá-la.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Feliz ano novo
-Que nada! Eu penso. O único ano novo que existe é dentro da gente, e este ainda nem começou a se formar dentro de mim.
¨
domingo, 11 de janeiro de 2009
Enquanto espero que você venha [ou que a vida passe]

¨
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Intocável
Às vezes eu desgosto tanto dos meus pensamentos, mas tanto. Nem o alto volume do rádio consegue abafá-los. Nem o desvio do meu olhar, nem outros pensamentos que tento pensar emcima daqueles. O que eu faço com esses pensamentos, se eles estão dentro de mim e tudo que é de dentro é intocável?
Tudo que é de dentro é intocável?
¨
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Esse meu sentimento de você
Eu sei que mal dá para me ver. Sei que já não é possível mais tocar nem em meus pés. Eu sei que não dei adeus a ninguém e que, de repente, subi. Sei, sei, eu sei que devia ter tocado uma última vez a minha valsinha e contado uma última piada, mas não deu. Eu tive que subir. Uma hora eu cansei de tantas mãos acenando adeus e outras cumprimentando. Eu cansei de tentar decorar olhos que eu não veria nunca mais. Eu cansei de tudo isso e encontrei um só olhar que não vai dizer adeus. Esse olhar agora só vai olhar para mim, e eu trouxe ele para cá comigo.
Sabe, já estava na hora de eu conhecer as nuvens.

Sabe, já estava na hora de eu conhecer as nuvens.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Disfarce do tempo

Tudo bem que na grande maioria das vezes ele passa depressa demais, mas às vezes ele para e deixa a gente com cara de relógio. Desses relógios bem antigos que rangem para virar os minutos.
O tempo é um tremendo de um sacana. Ele é todo sabichão e sempre faz tudo na hora certa, mas ele se esconde em momentos errados. Confude todo mundo de propósito.
A gente sempre espera que o tempo conserte tudo, como se ele fosse um santo milagroso. E é por isso mesmo que ele é um sacana: ele é um santo milagroso disfarçado de malandro.
¨
¨
domingo, 4 de janeiro de 2009
Heartless
Sempre que eu viajo no reveillon eu volto com um coração a menos. Quero saber quantos corações ainda me restam.
¨
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Sobrevivi

Feliz ano novo a todos.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Temporal de dentro
Perdão pelo egocentrismo, mas eu acho que as enchentes e chuvas estão apenas refletindo o meu estado de espírito.


¨
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
Casamentos
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Tópicos da minha madrugada
1. Did you miss me while you believed in strangers?
2. Quando se fala muito, corre-se o risco de falar demais.
3. Eu não queria ter conhecido aquele seu olhar antes da hora, tive medo do seu olhar.
4. Quando se faz uma escolha, deve-se afogar todas as renúncias no oceano, e não olhar para trás.
5. Por favor não tenha pressa. Esse é o tempo da correnteza do rio, se você se apressar, pode morrer afogado.
6. I love when you sound so interested in my day.
7. Acabo de me dar conta que eu avalio pessoas pelo modo como elas chamam o garçom. Até hoje não encontrei ninguém que tratasse o garçom exatamente do jeito que eu gosto.
2. Quando se fala muito, corre-se o risco de falar demais.
3. Eu não queria ter conhecido aquele seu olhar antes da hora, tive medo do seu olhar.
4. Quando se faz uma escolha, deve-se afogar todas as renúncias no oceano, e não olhar para trás.
5. Por favor não tenha pressa. Esse é o tempo da correnteza do rio, se você se apressar, pode morrer afogado.
6. I love when you sound so interested in my day.
7. Acabo de me dar conta que eu avalio pessoas pelo modo como elas chamam o garçom. Até hoje não encontrei ninguém que tratasse o garçom exatamente do jeito que eu gosto.
.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Não adianta
Estou sim adiando a nossa conversa. É muita coisa que fica perdida na tradução de um sentimento partido. Não vamos entender, nem eu e nem você. Tanta coisa incompreensível...
Sobre o quê iremos falar? Sobre o que você nunca disse? Ou sobre o que eu sempre tive que adivinhar?
Podemos então falar sobre a praia que sempre ficou nos esperando, que eu fiquei esperando, mas você não me levou. Podemos falar também sobre as fotos que eu sempre quis tirar, mas você nunca levou a máquina. Ou então a gente pode falar sobre todos os textos que eu escrevi para você, mas você nunca disse nada. Você gostou?
Essas coisas a gente pode sim falar, mas por favor, não me pergunte por que eu fui embora.
Eu fui embora porque um dia eu percebi que o amor não é mudo. Porque eu percebi que eu quero ficar rouca de tanto conversar de madrugada. Porque eu vi como o horizonte é infinito e eu quero andar nele até cansar. Eu fui embora porque eu vi como a vida estava me chamando e eu não podia mais deixar o tempo passar assim, tão à toa.
Sobre o quê iremos falar? Sobre o que você nunca disse? Ou sobre o que eu sempre tive que adivinhar?
Podemos então falar sobre a praia que sempre ficou nos esperando, que eu fiquei esperando, mas você não me levou. Podemos falar também sobre as fotos que eu sempre quis tirar, mas você nunca levou a máquina. Ou então a gente pode falar sobre todos os textos que eu escrevi para você, mas você nunca disse nada. Você gostou?
Essas coisas a gente pode sim falar, mas por favor, não me pergunte por que eu fui embora.
Eu fui embora porque um dia eu percebi que o amor não é mudo. Porque eu percebi que eu quero ficar rouca de tanto conversar de madrugada. Porque eu vi como o horizonte é infinito e eu quero andar nele até cansar. Eu fui embora porque eu vi como a vida estava me chamando e eu não podia mais deixar o tempo passar assim, tão à toa.
domingo, 7 de dezembro de 2008
O meu jardim

Às vezes você me olha de um jeito que eu penso que sou uma figura desconexa do mundo.
Eu penso se, quando você se sente sozinho, você se lembra que a minha mão pode segurar a sua. Eu não penso na sua mão quando eu estou sozinha. Eu prefiro pensar num jardim enorme onde eu posso correr. Você agora dorme?
Eu durmo. E no meu sonho, o jardim onde eu corro é a sua mão.
sábado, 6 de dezembro de 2008
A falta de plumas do mundo

terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Estação das flores

domingo, 30 de novembro de 2008
Em breve

segunda-feira, 24 de novembro de 2008
As mãos que eu soltei

.
sábado, 22 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Curva
Não era de você que eu gostava, era da curva que o meu sorriso fazia quando eu ficava do seu lado. Acho que o meu sorriso ficou agora reto.
Secretamente

Quis ficar em silêncio só com os meus sons.
Não quis escutar mais nada além de mim,
E nem ter que espalhar as minhas palavras pelos ouvidos dele.
Mas ele veio.
Ele veio e trouxe milhares de barulhos, cheiros e caras, dessas que ele faz pra tentar me seduzir.
Eu tive de dividir os meus sons com os dele.
Os meus cheiros com os dele.
Os meus pés também.
E tive que fazer aquelas caras que eu faço quando o resto do mundo não me interessa mais.
A gente riu: eu dele e ele de mim.
E então eu quis, secretamente, que os pés dele nunca mais andassem para longe dos meus.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Arre-perder
O que eu faço com o arrependimento?
Jogo num rio, onde ele se dissolverá e sumirá para sempre?
Dou para você guardar de souvenir, junto com seus outros caprichos?
Guardo para mim, e deixo que ele me encolha?
O que eu faço com o arrependimento, diz?
Jogo num rio, onde ele se dissolverá e sumirá para sempre?
Dou para você guardar de souvenir, junto com seus outros caprichos?
Guardo para mim, e deixo que ele me encolha?
O que eu faço com o arrependimento, diz?
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Platão de perto

Você é dessas pessoas que observam as outras de longe?
domingo, 16 de novembro de 2008
Os morangos da minha irmã
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Tênis de corrida

segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Pequena constatação
Eu poderia criar um enorme dicionário das palavras que eu digo mas ninguém pode entender. E mesmo nessa incomunicação que tenho com o mundo, eu bem que consigo fazer poesia.
sábado, 8 de novembro de 2008
Um poeta sem alma

Largarei-a para que ela se encontre em um nirvana profundo do paraíso das almas. Largarei-a em uma esquina, sem nenhum radar. Deixarei-a em paz, na paz que as almas encontram quando encontram a si mesmas.
Eu deixarei minha alma passear pelo mundo, pelos cantos, pelas casas e pontes, para que eu encontre a felicidade de amar.
Mas peço a ela, a alma que é, que não me abandone. Que vagueie por muito tempo, que se incomunique com outras almas, que se encontre em espelhos do mundo. Mas que volte para o meu corpo. Porque há muito tempo ele já sente a falta desta alma.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Nem cinco minutos
Sou uma pessoa muito demorada. Demoro para me vestir, para comer, para tomar decisões. Resolvi adiantar meu relógio em cinco minutos, só para ver se me acelerava.
Hoje eu finalmente notei que eu estava envelhecendo cinco minutos. Eu estava vivendo cinco minutos na frente do tempo. Eu estava adiantando a minha vida. Pior: Adiantando a minha morte!
Atrasei cinco minutos o meu relógio. Prefiro chegar sempre atrasada do que viver cinco minutos a menos.
Hoje eu finalmente notei que eu estava envelhecendo cinco minutos. Eu estava vivendo cinco minutos na frente do tempo. Eu estava adiantando a minha vida. Pior: Adiantando a minha morte!
Atrasei cinco minutos o meu relógio. Prefiro chegar sempre atrasada do que viver cinco minutos a menos.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
Presa
A sua boca não pode dizer adeus
Se for pra me dizer que vai
Não diz
Só se for pra ficar
É que eu vou ouvir.
Não diz
Só se for pra ficar
É que eu vou ouvir.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
O pai e a filha (ou a minhoca e o urso)

terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Frustrated Fears
I am scared of the possibility of being alone. Scared of the possibility of getting lost. Of the possibility of not doing what I really desire to do, and not doing what I think I was made to be doing (Because right now I do what I do, no pleasure gained). I am scared of not finding my better-half. I am scared that he's lost out there and he won't find the way to my arms. I am scared of so many people in the world: will I be forgotten? Will I ever be noticed? I have so many fears and they are so heavy, that I am scared I might not be able to walk with this weight. I am so scared of all the possibilities I have from the moment I wake up, but I am mostly scared of not seeing them, and letting them go before my eyes. Like I always do.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
In-definitivo
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Partes
Bem naquele segundo em que eu olhei para fora da janela, eu deixei de te amar. Você nem sabe, mas eu não o amo mais. Foi muito rápido: eu nem tive tempo de pensar. Agora eu só amo algumas partes de você. Eu amo o canto embaixo da sua orelha, parece que lá sempre tem um pouco do seu perfume. Eu amo o instante antes da sua boca sorrir, quando os lábios estão se transformando em sorriso. Eu amo o seu abraço, só porque eu tenho medo de procurar outros braços. E eu amo os seus olhos, mas só quando eles não estão olhando para mim.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Às vezes funciona (a meu favor)
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Entre aspas
Ontem me perguntaram (o meu psicólogo perguntou) qual era o meu sonho, se eu tinha algum.
Na hora eu não soube bem responder,
e isso só o ajudou a pensar que eu realmente não sei quem eu sou.
Me desculpe, eu não sei mesmo. Não faço idéia.
-Na verdade eu nem me importo muito com isso agora.
Seja como for, é assim que eu sou (por enquanto).
Acontece que hoje eu me lembrei que eu sempre tive um sonho, só nunca soube colocá-lo em palavras.
Eis que acabo de conseguir juntar as palavras exatas:
É esse o meu sonho.
Na hora eu não soube bem responder,
e isso só o ajudou a pensar que eu realmente não sei quem eu sou.
Me desculpe, eu não sei mesmo. Não faço idéia.
-Na verdade eu nem me importo muito com isso agora.
Seja como for, é assim que eu sou (por enquanto).
Acontece que hoje eu me lembrei que eu sempre tive um sonho, só nunca soube colocá-lo em palavras.
Eis que acabo de conseguir juntar as palavras exatas:
O meu sonho é um dia ler algumas palavras minhas, quaisquer que sejam, entre um par de aspas.
É esse o meu sonho.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Pensamento
Resolvi andar um pouco hoje. Às vezes eu resolvo ir andar.
Encontrei aquele velho senhor que eu encontrava quando caminhava com maior frequência.
Eu simplesmente acenei e iria continuar minha caminhada, mas ele falou:
-Como vai?
-Bem, e o senhor?
-Estou bem, faz tempo que você não caminha por aqui, antes eu te encontrava sempre...
Conversamos mais um pouco e eu estava prestes a virar, como pedia o meu trajeto, mas eu precisei seguir em frente para não deixá-lo falando sozinho.
Então, eu me dei conta de que minha insignificância é significante para um senhor que caminha todos os dias. Eu me dei conta que eu fiz alguma falta na vida de uma pessoa que não fez falta na minha. Eu, de fato, ocupo um espaço qualquer em um universo.
Aquele senhor naquele momento ocupou um espaço no meu universo, porque ele sem se dar conta, mudou o meu trajeto.
Sabe, às vezes as pessoas nos fazem mudar nosso trajeto.
Encontrei aquele velho senhor que eu encontrava quando caminhava com maior frequência.
Eu simplesmente acenei e iria continuar minha caminhada, mas ele falou:
-Como vai?
-Bem, e o senhor?
-Estou bem, faz tempo que você não caminha por aqui, antes eu te encontrava sempre...
Conversamos mais um pouco e eu estava prestes a virar, como pedia o meu trajeto, mas eu precisei seguir em frente para não deixá-lo falando sozinho.
Então, eu me dei conta de que minha insignificância é significante para um senhor que caminha todos os dias. Eu me dei conta que eu fiz alguma falta na vida de uma pessoa que não fez falta na minha. Eu, de fato, ocupo um espaço qualquer em um universo.
Aquele senhor naquele momento ocupou um espaço no meu universo, porque ele sem se dar conta, mudou o meu trajeto.
Sabe, às vezes as pessoas nos fazem mudar nosso trajeto.
domingo, 5 de outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
Depois do fim
Eu te quero quando tudo acabou.
Te quero quando não quero mais nada.
Eu desejo o seu beijo, quando todas as bocas secaram.
Eu te vejo quando meus olhos cansaram de ver.
Te chamo quando minha voz rouca não atinge mais outros ouvidos.
Você está onde só restou o fim da festa,
-E não há mais ninguém no salão.
Porque depois de todo fim, é você que permanece.
Te quero quando não quero mais nada.
Eu desejo o seu beijo, quando todas as bocas secaram.
Eu te vejo quando meus olhos cansaram de ver.
Te chamo quando minha voz rouca não atinge mais outros ouvidos.
Você está onde só restou o fim da festa,
-E não há mais ninguém no salão.
Porque depois de todo fim, é você que permanece.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Anti-espelho
Eu queria conseguir ver a mim mesma.
O espelho é mais uma janela sem fim.
No reflexo: rugas que ainda virão.
Algumas lágrimas e muita máscara.
Eu não sei onde fica o meu rosto,
é no pé ou é no coração?
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Eu nunca fico

sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Alguns dias
Desde a última vez que eu o vi, você cresceu alguns dias. Será que você mudou muito e já nem me reconhece mais?
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Beija-flor
domingo, 21 de setembro de 2008
Desperdício

domingo, 7 de setembro de 2008
Medo

sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Única condição
Hoje eu estou triste. Estou triste e nada faz mudar o meu estado. Estou triste e não quero que ninguém me entenda. Não quero abraços, não quero palavras,
. Não quero mais ficar triste, mas hoje é assim que eu estou.não quero consolo
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
(des)inspiração
Q
uando eu sinto vontade de escrever, eu estou quase explodindo de vontade. E não há cadernos, livros, papéis ou blogs que me segurem. Eu vou escrevendo desesperadamente em qualquer canto do mundo. Do meu mundo. Escrevo até na parede se me for preciso. Minha mãe grita lá da escada: "Menina que loucura é essa? Se isso não sair da parede vou fazer você apagar com a boca!" Mas quando essa vontade não vem, não há beijos, saudades, dores ou alegrias no mundo que me façam escrever. E parece até que a terra gira um pouco mais rápido, para ver se me inspira.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Minha primeira despedida

quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Era tudo tão frágil
Eu tenho tanto medo da fragilidade. Ela consegue transformar um objeto inteirinho em milhares e milhares de pedaços em um segundo. Conheço uma menina que em algumas horas se transformou em milhares e milhares de pedacinhos, por causa da fragilidade das coisas. Era ela e ele. Agora são milhares dela.

domingo, 17 de agosto de 2008
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
O passo que falta
Ele espera que ela se mova,
Ela espera que ele fale.
Ele não diz, ela não sai do lugar.
Eles se amam assim: mudos e parados.
Mas nenhum dos dois sabe...
Ela espera que ele fale.
Ele não diz, ela não sai do lugar.
Eles se amam assim: mudos e parados.
Mas nenhum dos dois sabe...
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Linguiças, tremas e unhas roídas

Hoje eu não vou postar nada, mas só porque hoje nada me inspirou. Não acho legal esse negócio de ficar enchendo lingüiça só para atualizar o blog.
E por falar em lingüiça, a trema, que antes tinha nesta palavra, não terá mais em 2009. A trema será extinta. Essa geração da internet ajudou a mudar bastante a acentuação da língua portuguesa, e eu particularmente achei isso muito bom. Já é tudo muito complicado na nossa língua e a trema não serve para nada.
Acho que podemos até marcar uma festa de despedida para ela, a trema. Afinal, é uma viagem só de ida ao céu das coisas extintas. Será que existe um céu de coisas exintas? Acho importante saber disso porque aqueles adesivos brilhantes que eu colecionava quando era pequena agora devem estar nesse céu. Junto com algumas barbies e algumas manias minhas, como roer unhas, que eu consegui parar no ano passado.
domingo, 10 de agosto de 2008
sábado, 9 de agosto de 2008
Aquela noite

quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Submersão
Às vezes eu penso se daqui a milhares e milhares de anos a casa onde eu moro ficará submersa. Se haverá resquícios das minhas coisas, se algum peixe sentirá o meu cheiro debaixo de tanta água. Adoraria ver a minha longa coleção de postais flutuando pelas profundezas. A tinta de todas as coisas desbotando. Tudo subindo, procurando a superfície. Seria fácil se perder entre todas as coisas submersas do mundo. Se ontem mesmo eu já me perdi...
domingo, 3 de agosto de 2008
Sala de espera
Não desista, a não ser que Deus dê um dos seus sinais invisíveis de que está na hora de partir. E então, dê espaço para que a outra parte da sua história se inicie. Mas espere, porque valerá cada segundo. Os números são infinitos para que haja chances para toda pessoa que entra no mundo. Você entrou no mundo há pouco tempo, seu número ainda está sendo formado. Durma de olhos abertos porque sua vez pode chegar a qualquer momento... E não se esqueça que a espera é apenas temporária, não deixe que ela se torne permanente. Enquando você está na sala de espera, vá olhar a paisagem colorida da janela. Logo você será o autor de toda paisagem colorida.

sábado, 2 de agosto de 2008
Aquela nossa antiga parceria
Há muitos e muitos anos eu trocava versos com um poeta. Mas eram proibidos. Hoje não são mais, mas só porque são antigos.

Aceito flores, quantas quiseres me dar.
Aceito olhares, aceito palavras de amor.
Aceito teu riso sem graça, teus verdes olhos a fitar-me.
Aceito mensagens escondidas por trás dos poemas.
Aceito um pensamento no fim da tarde vermelha.
Aceito pensar em ti, sem ter que lembrar do resto.
Aceito o mistério de não saber o que fazes do teu dia.
Aceito o que não me for provocar dor,
O que não me for dar medo ou angústia.
Aceita tu, que em ti eu penso, mas nada posso oferecer-te
Senão o meu pensamento no fim da tarde...
Aceita também os versos de improviso.
Aceita os poetas, meus irmãos de rimas.
Aceita as pessoas, a pessoa, o Pessoa,
Aceita, que eu te aceito por inteira.
Aceita os descuidos da minha verdade,
Aceita as vontades do "fim da tarde vermelha",
Aceita as dúvidas, como aceitarias as certezas,
Aceita, que eu te aceito de qualquer maneira.
Aceita as interdições do destino,
Aceita as culpas pelo que não ocorreu e ocorreria
Se aceitasses meus convites
De malícia, de galhofa, de poesia.
Aceita os beijos nunca correspondidos,
Aceita os desejos reprimidos,
Aceita os ensejos desperdiçados,
Aceita, aceita, quieta, docemente conformada.
Quanto a mim, não precisas pedir que te aceite as negativas.
Sou poeta, vivo no mundo da fantasia.
Apenas sonho com palavras enternecidas
Que, entre flores e olhares e medos,
Serão sonhos? Serão realiade? Serão poesia?
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
O deserto dos meus olhos
A cor dos meus olhos é castanho-claro. Ao olhar para eles, é essa cor que se vê. Eu, no entanto, quando olho para meus próprios olhos no espelho vejo a mesma cor da areia do deserto. Desses desertos bem vazios mesmo. Sem oásis, sem caravanas de árabes, sem rastros de algum jipe que se perdeu, sem lagartos ou escorpiões (talvez um pequeno escorpião-filhote se esconda por debaixo de alguns grãos). Não me desanima abrigar essa cor tão solitária nos meus olhos. Foi num desses desertos bem vazios que o piloto de um avião encontrou o Pequeno Príncipe.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Outra estação

Não havia folhas secas para pisarmos fazendo barulho.
Não era primavera e não ficamos deitados na grama.
Não sentimos frio com o sol na cara, não vimos estrelas.
Talvez porque não era primavera.
Não deixei meu cheiro em seu travesseiro, e você não segurou minha mão.
Que estação era, eu não sei, mas não era primavera.
Porque você partiu, porque eu quis ficar.
Podia ser que você nem me notasse, porque não era primavera.
São poucas as estações, são poucos os dias, são poucas as pessoas.
Minhas palavras não foram poucas, mas não ficaram em você.
Caminharei por entre as árvores e vou lembrar daquela estação, mas haverá outra mão segurando a minha mão, sem que eu peça.
Eu bem que quis, eu até sorri.
Mas não pude ficar, porque eu não posso esperar até a primavera.
Um poema antigo, para uma primavera que nunca chegou.
domingo, 6 de julho de 2008
Trajeto

"O meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive" (V.D.M.)
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Não vou mais me casar hoje
domingo, 29 de junho de 2008
sábado, 28 de junho de 2008
A minha Esfinge

sexta-feira, 27 de junho de 2008
Cartas para minha mãe - #1
Se eu te contasse que eu colei na prova, caí no chão, cantei alto, bebi demais, chorei, traí meu namorado, errei no tom, no passo, no jeito, que eu fiz os piores amigos, dei vexame, gritei, esqueci os bons-modos, falei palavrão e nem pedi licença para passar, se eu te contasse tudo isso, você conseguiria não dizer absolutamente nada e simplesmente me abraçar?
quinta-feira, 19 de junho de 2008
bem simples

Para G.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Horóscopo do dia

domingo, 15 de junho de 2008
Porquê eu penso
Eu sei que não posso e não devo pensar em você, mas quando começo a controlar meus pensamentos, eles já foram pensados.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Ausente
Eu estou sentada nesta cadeira de palha, mas eu nem sinto a palha. Estou em outro lugar na verdade, numa cadeira de plástico na praia. Chego a sentir areia entre meus pés descalços, mesmo estando de tênis azuis. Não estou aqui, estou em outro lugar, qualquer outro lugar.
terça-feira, 10 de junho de 2008
E talvez as almas não seriam tão perdidas

Uma vez o Pequeno Príncipe disse que a gente gosta do pôr-do-sol quando estamos tristes. Eu sempre gostei do pôr-do-sol. Mesmo no ápice da felicidade. Se eu pudesse virar minha cadeira e vê-lo de novo eu o faria. Mas é preciso viver o dia inteiro para poder vê-lo novamente. A alegria e a tristeza andam tão próximas, como o amor e o ódio. E a gente a esconde no armário, mas ela também é linda, a tristeza. E o pôr-do-sol não é só triste. Ele leva todo o dia com ele. Leva a luz do sol, leva as pessoas embora, leva adeuses e perdões.
Eu bem que queria entender por que são tão tortas as coisas. Drummond diz que pode ser por conta do Deus canhoto, que escreveu tudo com a mão esquerda. Pode ser mesmo. Acontece que seriam muitas mãos canhotas para tanto desencontro da vida. Olhando para a noite é que eu penso na quantidade de corpos andando sem alma pelas ruas e trombando na gente. É muita gente, são muitas almas perdidas, são muitos corpos perdidos. Acho que as mãos de Deus nada têm a ver com as perdas.
Deve ser a falta de poesia. Porque escrever poesia não é necessariamente sentir. Eu, às vezes, (tantas) escrevo mas não sinto. A poesia no viver me escapa. Meu pai mesmo me diz que eu sou duas pessoas diferentes: a que escreve e a que vive. E talvez, se todo mundo acordasse e fosse dormir com poesia de verdade, o mundo seria feito só de pôr-do-sol sem tristeza triste (mas com um pouco de tortura).
segunda-feira, 9 de junho de 2008
O sol e o vagalume

-Tudo não. Só o vagalume consegue iluminar as coisas pequenas que mal se enxerga. O sol ilumina as grandes, o vagalume ilumina as pequeninas, que tantas vezes são as mais importantes.
domingo, 8 de junho de 2008
Já posso fechar o meu livro

terça-feira, 3 de junho de 2008
Enquanto eu cuidava
Aprendi assim, meio sem querer, que é possível se doar por completo sem que nenhuma parte de si fique faltando. A gente dá tudo o que pode, e ainda sim sai no lucro. Deve ser aquela velha história de cuidar do jardim... Eu andava cuidando, mas sem esperar as borboletas. Eis que é isso mesmo: cuidar do jardim sem esperar as borboletas. Elas chegam de mansinho, quase imperceptíveis... Nada de caçá-las, elas sabem exatamente onde pousar.
sábado, 31 de maio de 2008
A pintura que se desfez na chuva
Pingaram no quadro pendurado do lado de fora.
Estragaram a pintura, desfizeram as cores.
Tornaram-se cores molhadas.
As cores emprestaram seus vários tons para a chuva.
A chuva ficou azul, amarela, vermelha, cor-de-rosa.
Era tudo um ensopado de cores pingando.
O quadro agora desfeito, a pintura agora inexistente.
Tudo seria tristeza,
Se não fosse a alegria da chuva, de ficar colorida.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Amizade com o vento
Para Y. - Você se enganou naquela velha mensagem que apagou: "Os livros mais belos dizem que sim, duram para sempre". É... Nem sempre.
terça-feira, 27 de maio de 2008
A chegada do inverno
Quero flutuar apenas. Depois de alguns dias solta por aí, dando uma bela esticada antes da hibernação, só quero flutuar. Até agora foi tudo muito planejado, não vou mais planejar e nem lembrar do que já foi. Vou hibernar tranquila com o que me espera. Eu sou livre, minha liberdade flutua comigo: pode chegar, inverno. Estou pronta.
Há molduras que esperam

Assinar:
Postagens (Atom)
até o barulho da porta
No café da manhã te conto um sonho você finge não entender te beijo e abraço suas costas você beija de volta e vai embora fico com as suas ...
-
No café da manhã te conto um sonho você finge não entender te beijo e abraço suas costas você beija de volta e vai embora fico com as suas ...
-
Uma cestinha. As pessoas, que eram 16, entram naquela cestinha e o cara começa a soltar fogo pra esquentar o balão. Apavorante. A cestinha ...
-
Talvez você encontre a menina que nunca disse eu te amo, a menina que não gosta de sair, que não escreve sobre você e nem ninguém. Tua menin...