Há muitos e muitos anos eu trocava versos com um poeta. Mas eram proibidos. Hoje não são mais, mas só porque são antigos.
Aceito flores, quantas quiseres me dar.
Aceito olhares, aceito palavras de amor.
Aceito teu riso sem graça, teus verdes olhos a fitar-me.
Aceito mensagens escondidas por trás dos poemas.
Aceito um pensamento no fim da tarde vermelha.
Aceito pensar em ti, sem ter que lembrar do resto.
Aceito o mistério de não saber o que fazes do teu dia.
Aceito o que não me for provocar dor,
O que não me for dar medo ou angústia.
Aceita tu, que em ti eu penso, mas nada posso oferecer-te
Senão o meu pensamento no fim da tarde...
Aceita também os versos de improviso.
Aceita os poetas, meus irmãos de rimas.
Aceita as pessoas, a pessoa, o Pessoa,
Aceita, que eu te aceito por inteira.
Aceita os descuidos da minha verdade,
Aceita as vontades do "fim da tarde vermelha",
Aceita as dúvidas, como aceitarias as certezas,
Aceita, que eu te aceito de qualquer maneira.
Aceita as interdições do destino,
Aceita as culpas pelo que não ocorreu e ocorreria
Se aceitasses meus convites
De malícia, de galhofa, de poesia.
Aceita os beijos nunca correspondidos,
Aceita os desejos reprimidos,
Aceita os ensejos desperdiçados,
Aceita, aceita, quieta, docemente conformada.
Quanto a mim, não precisas pedir que te aceite as negativas.
Sou poeta, vivo no mundo da fantasia.
Apenas sonho com palavras enternecidas
Que, entre flores e olhares e medos,
Serão sonhos? Serão realiade? Serão poesia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário