sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ele me disse

-se você soubesse o que eu sinto por você, acho que você correria.
-é feio?
-não, é muito forte.

Da janela pra dentro

A paisagem era horrível
tinha gente em todo lugar
fazendo todo tipo de coisa
a todo instante, de todos os jeitos
tanto mundo, tanta coisa
e ela achava a paisagem horrível
do lado de dentro da janela.

Se eu sair

Se eu sair
-e não voltar mais
quando eu voltar,
você ainda vai estar aí?

Poeira

E quando a poeira baixa,
e eu vejo melhor os meus pés
e eu vejo onde estou
aonde vou
e eu vejo o horizonte
eu paro, eu não quero continuar.
Eu quero que a poeira levante de novo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Você não precisa ir embora

Quando eu chorar à noite e você não souber por que choro,
você não precisa ir.
Quando eu não sorrir para você ou deixar de te abraçar,
quando alguma coisa parecer estranha, não vá.
O nosso amor é, e não vai deixar de ser.
Não tão cedo, não já, talvez nunca.
Você não precisa ir embora ao primeiro sinal de incerteza.
Eu não sei o que foi, às vezes nem sei por que choro.
Eu só peço que você fique.
-para sempre.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O passar dos sonhos

Acordo de sonhos estranhos, e continuo acreditando que eles são reais. Até quando essa dúvida? Essa pouca vida, essa quase nada? Será sonho ou será eu, que estou acabando?

domingo, 17 de outubro de 2010

I love you, G.B.


sábado duas vezes

Se um dia você me deixar,
ou eu resolver partir,
tem uma coisa que não vai ter jeito:
o domingo
vai voltar a existir.

O Gosto

Pode ser que eu nem mais te reconheça:
quando o amor passa, o rosto muda
e o andar fica diferente.
Os teus beijos que já foram meu motivo,
deixaram só um gosto estranho.
Gosto de nunca mais.

não adianta

-Troco o seu silêncio por palavras.
-Não adianta, você vai dizer as palavras erradas.

Nada de críticos da arte

Os fortes que me perdoem:
os meus poemas são só para os fracos.

Teu nome

Houve um tempo que de tanto te amar,
reduzi o teu nome a uma inicial.
Faz muitos anos.
Eu não conseguia ler o teu nome sem o coração disparar.
Para não ter que sofrer cada vez que eu lia o teu nome,
ele virava uma letra só. A tua inicial.
Aquilo te deixava mais fraco:
Eu que mandava no tamanho do teu nome.
A realidade é que eu chorava,
e não havia nada mais que eu pudesse fazer.

Olhos nos olhos

Sou obrigada a desviar o olhar para não ser mal interpretada, mas se eu pudesse ficaria encarando todas as pessoas que passam, por horas e horas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Minha vida dividida

Eu não sei o que será de mim quando eu tiver que dividir a minha cama com um homem, todos os dias. Fico pensando se eu serei capaz de dividir a minha vida. Ela é tão escassa, tão pouca, mal dá para eu viver. O que será dos meus pensamentos se eu tiver de compartilhá-los todo tempo? O que será dos meus silêncios? E se eles forem mal interpretados? Eu não consigo explicar todos os meus silêncios. São tantos, eles fazem parte do que eu sou. Eu sou feita de silêncios e algumas palavras entre eles. O que vai ser da minha vida, dividida ao meio? Vai sobrar um pouco para existir por aí, sem ser de ninguém?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quando menos

Quanto mais eu me aproximo,
mas difíceis são os dias
sem a tua mão forte,
o teu não
que discorda de mim.
Quanto mais eu me aproximo,
mais vidro eu me torno
com medo de quebrar.
Quanto mais...
eu não sei:
nunca estive tão perto.

Amarelos olhos

O teu olhar
me dói
quando não
me vê

você dorme e eu não

Quando você dorme e eu continuo acordada, eu fico pensando em coisas que se você pudesse ouvir, me abraçaria bem forte. De repente, você acorda e me abraça forte, meio distraído. É por isso que eu consigo dormir afinal.
I don't know exactly what I fear, but I fear something.

domingo, 3 de outubro de 2010

nova ida

O caminho de volta,
é sempre um caminho de ida.

Parou

esvaziou, de tanto inundar
agora num vazio de universo
num vazio de estrela morta
de astronauta que volta trinta anos depois
acreditando que três meses se passaram
nesse vazio de inundações que levam tudo
de quem já não tem nada
num vazio de luz apagada
nesse vazio que não existe mais nada
não se põe, nem se tira
acho que o meu coração parou.

Uma noite como outra qualquer


- São quatro valsas, com quem você vai dançar as outras três?

Vento nenhum

O vento que passou,
levou quase tudo.
Poderia ter levado tudo,
mas levou quase tudo.
Quebrou copos, vidros e objetos,
mas não quebrou ninguém.
Vestidos voaram, mostrando o que não deveria,
mas nenhuma moça sofreu ferimentos.
Haverá sempre um refúgio, um abrigo qualquer.
Nenhum vento no mundo pode ser tão forte,
a ponto de mudar uma vida de direção.

O livro dos adeuses e dos nunca mais

E a próxima página ficou vazia. Nada mais foi escrito, e o livro não pôde ser publicado. Nunca mais.

Aquele dia - a tristeza de repente

(...) Eu odeio você hoje porque o dia está horrível e eu quero odiar tudo para ficar mais fácil levantar da cama. Te amar poderia me deixar linda, mas hoje eu quero ser feia. Hoje eu não quero te amar. Dá muito trabalho tudo isso. Eu não quero te falar sobre o meu passado, sobre o que eu sei e sobre o que eu sou. Eu quero ficar calada te odiando secretamente durante todo o dia. Amanhã eu volto ao normal e nem ligo para o mundo. Amanhã eu te amo a troco de nada de novo. Amanhã eu não me importo que você trabalha com moda. Amanhã, mesmo se o dia estiver horrível eu prometo que volto a te amar e achar que você é o homem da minha vida. Porque você não é feito do seu trabalho, e ele não tem nada a ver com você. Você é uma exceção da sua espécie. Você parece que estava distraído enquanto tudo acontecia. Você não ouviu a maldade. Eu amo tanto o seu jeito de ser o que você é, assim tão facilmente. E você é tão lindo que me dá raiva. E os seus olhos são uma coisa que eu não tenho a menor idéia como explicar. É o sol e a lua ao mesmo tempo. É tipo uma paisagem vista da janela de um navio. Teus olhos exigem um silêncio. O mesmo silêncio que exige o mar. E eu não consigo mais te detestar porque você é todo feito de paz, você me dá vontade de chorar e de te abraçar tão forte. Eu não consigo nem chegar perto de te odiar, nem num dia desses, que eu acordei pronta para o mistério da tristeza de de repente.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...