terça-feira, 27 de julho de 2010
O meu jornal de hoje
Estudos comprovam que cachorros enxergam como humanos
Nova Lei impede a maioria dos políticos a se reeleger
Furacão destrói o equivalente a um estádio de futebol na Conchinchina
Empresas são obrigadas a dar férias aos funcionários a cada dois meses
Mais de quinhentos criminosos morrem de velhice fulminante em São Paulo
Flores de cor indefinida nascem no sul do país
Crianças podem ter descoberto a cura da pedofilia por acaso
Mais uma chacina acontece no Ururuniaquistão
Papa pede demissão e comprova que a fé não requer religião
Tendência para a moda dos próximos anos: inteligência e nudez
Estados Unidos alegam que capitalismo tem fim próximo
Formigas são apontadas como substitutas para o dinheiro
Novo padrão de beleza é decretado: gorduras, celulites e olheiras estão em alta
Pandemia de felicidade atinge quase todos os países do Globo
É encontrada a única menina no mundo a ter zero porcento de stress, ela mora em São Paulo, tem duas irmãs e só para de sorrir ao ir dormir, boa noite.
Nova Lei impede a maioria dos políticos a se reeleger
Furacão destrói o equivalente a um estádio de futebol na Conchinchina
Empresas são obrigadas a dar férias aos funcionários a cada dois meses
Mais de quinhentos criminosos morrem de velhice fulminante em São Paulo
Flores de cor indefinida nascem no sul do país
Crianças podem ter descoberto a cura da pedofilia por acaso
Mais uma chacina acontece no Ururuniaquistão
Papa pede demissão e comprova que a fé não requer religião
Tendência para a moda dos próximos anos: inteligência e nudez
Estados Unidos alegam que capitalismo tem fim próximo
Formigas são apontadas como substitutas para o dinheiro
Novo padrão de beleza é decretado: gorduras, celulites e olheiras estão em alta
Pandemia de felicidade atinge quase todos os países do Globo
É encontrada a única menina no mundo a ter zero porcento de stress, ela mora em São Paulo, tem duas irmãs e só para de sorrir ao ir dormir, boa noite.
A última vez
A primeira vez que eu entreguei um poema a alguém,
foi a última.
Ele não disse uma palavra sequer,
não sorriu e nem fez qualquer cara.
Eu passei quase o dia todo esperando uma resposta.
Era a minha alma que estava em jogo.
E nada.
Então, eu me fechei para balanço.
Daqui de dentro eles não saem mais, eu pensei.
foi a última.
Ele não disse uma palavra sequer,
não sorriu e nem fez qualquer cara.
Eu passei quase o dia todo esperando uma resposta.
Era a minha alma que estava em jogo.
E nada.
Então, eu me fechei para balanço.
Daqui de dentro eles não saem mais, eu pensei.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Que ninguém saiba
Queria ficar em segredo,
escondida,
-sob sigilo absoluto.
Pra ninguém saber,
em lugar algum,
que eu estou amando.
domingo, 25 de julho de 2010
Pescador
A memória de peixe às vezes bate na gente, e a gente esquece completamente que um dia sofreu. A gente pensa que nunca existiu nada disso antes, mas é só a memória de peixe. Algumas pessoas não entendem nada de mar, e chamam isso de amor.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Menino das bochechas grandes
-Como você sabe que eu não sou um grande psicopata?
-Alguém com bochechas desse tamanho não pode fazer mal.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Elipse
Farei como certo poeta escreveu uma vez, porque ele tem razão.
Não pronunciarei a palavra amor.
Esta santa palavra, de minha boca não sairá.
Se um dia pensares que não o amo, que o fim chegou,
não o penses, se o problema for o meu silêncio.
O amor não será dito, ele será um segredo de nós dois.
Não posso correr o risco de soltar a palavra aos ventos,
e deixá-la fora do meu peito.
Não pronunciarei a palavra amor.
Esta santa palavra, de minha boca não sairá.
Se um dia pensares que não o amo, que o fim chegou,
não o penses, se o problema for o meu silêncio.
O amor não será dito, ele será um segredo de nós dois.
Não posso correr o risco de soltar a palavra aos ventos,
e deixá-la fora do meu peito.
domingo, 18 de julho de 2010
Lágrimas de Chopin
Fico tentando desvendar o que Chopin pensava quando fez aquele noturno triste daquele jeito.
Seu coração doía? Ele teve vontade de chorar?
Me parece que ele não tinha lágrimas. Todas as suas lágrimas haviam secado.
Há algo de pertubador demais em pensar que nem chorar se pode.
É isso que ele fez: transformou cada lágrima em uma tecla.
Eu choro cada vez que ouço as lágrimas de Chopin.
Seu coração doía? Ele teve vontade de chorar?
Me parece que ele não tinha lágrimas. Todas as suas lágrimas haviam secado.
Há algo de pertubador demais em pensar que nem chorar se pode.
É isso que ele fez: transformou cada lágrima em uma tecla.
Eu choro cada vez que ouço as lágrimas de Chopin.
Treasure it
- O que você tem aqui é diferente de tudo que eu já vi.
- Mas eu devo guardar?
- Você provavelmente nunca mais vai encontrar nada igual.
- Mas eu devo guardar?
- Você provavelmente nunca mais vai encontrar nada igual.
sábado, 17 de julho de 2010
That's it
Remember when I told you I didn't know how this thing worked? It was true. It is true. Can you see it now? Are you patient enough to teach me? Can you do it very slowly so I can send all my fears away? They live inside of me, so you have to be patient. That's it. This is me.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Eu peço
O silêncio entre todas as coisas que você diz
o silêncio do que você pensou
o silêncio do seu sono
o silêncio
seu
o silêncio do que você pensou
o silêncio do seu sono
o silêncio
seu
Rainny days
Se fossem pequenas pedrinhas no lugar de gotas, todo mundo estaria morto, de tão forte que estava a chuva. O guarda-chuva já não resolvia mais. Entrou no carro correndo, e sentiu um alívio profundo ao ganhar a proteção do teto. Durou pouco, o alívio. O carro era velho, e devia estar com o teto furado, pois ela ainda podia sentir a chuva. Ao chegar em casa, sentia goteiras em todo lugar, já não sabia mais o que fazer. Nem tomou banho, se enfiou nas cobertas e dormiu. Com muita dificuldade, ela dormiu. Não foi o sono que a aliviou da chuva. Quando ela dormiu, a chuva continuou no sonho. Ela estava apenas começando, iria durar mais do que se dura uma chuva. Era uma chuva dela.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Treze de julho
Você surgiu antes de mim. Não duvido nada que tenha tomado conta daquele lugar escuro onde eu me escondia. Não duvido nada que tenha cantado para mim antes mesmo de eu nascer. Eu não duvido nada que você tenha me ensinado a amar, logo que eu cheguei.
Esse é para Carolina
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O seu livro
Eu posso ficar completamente brava, ou encantada com alguém, não importa. É sempre a mesma resposta que ela me dá (e eu prefiro ouvir isso quando encontro pessoas terríveis, me dá um certo alívio), ela diz:
- É só mais um capítulo para o seu livro.
- É só mais um capítulo para o seu livro.
Livros e paradas de mão
Ele pediu para ela abaixar o volume e para explicar porque ela fazia paradas de mão na grama. Ela não tinha a menor idéia. Mas é bom, ela dizia. Tenta! Ele ficou deitado na rede, imóvel, lendo o livro. Era um livro interessante, mas não a interessava naquele momento. O que a interessava naquele momento era o interesse dele, que parecia desinteressado com tudo, menos o livro. Os dois passaram a tarde envoltos em seus mundo diferentes. Tão diferentes que para mudar de um mundo para o outro seria preciso viajar de avião. Por horas e horas. E mesmo assim, talvez nunca se chegasse ao mundo do outro.
Direção
Na volta, parecia que a gente estava indo em direção ao pôr-do-sol, e estávamos mesmo indo porque é isso que se faz a vida toda. Eu fiquei aliviada de ver que ao meu lado estava ele. É ele, eu pensei. Acho que eu finalmente o encontrei.
Capítulo doze ou treze
Eu e a Carol tínhamos ciúmes de tudo naquele acampamento. Do refeitório bagunçado, dos beliches rabiscados, do pebolim, do palco cheio de placas com recados carinhosos. Aquilo tudo era só nosso e de mais ninguém. Então, depois de algumas semanas, meu pai ligou e disse que a Mariana estava chegando. Eu e a Carol entramos em desespero. Como se alguém fosse ocupar nosso reinado, como se alguém fosse tomar tudo aquilo da gente. Passamos então a avisar todo mundo que a Mariana era uma chata dissimulada. Que ela era sem graça, que era fresca e não tinha nada a ver com o acampamento. Todo mundo ficou esperando receber a Mariana que avisamos que estaria chegando. Não deu outra: ela chegou e imediatamente todo mundo, dos mais pequenos aos adolescentes mandões, se apaixonou por ela. Não houve uma pessoa dali que não disse que ela era a pessoa mais linda, engraçada e fofa que existia. No dia seguinte eu tive cólicas e ela passou a tarde toda cuidando de mim.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Uma das tantas hipóteses
Ando descobrindo que talvez a saudade não seja algo direcionado a alguma coisa ou a alguém. Talvez seja um troço que se aloja no corpo, e às vezes come um pouquinho da gente.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
My heart alone
Esse meu coração...
Nunca posso deixá-lo sozinho.
Ele se confunde com a chuva,
ele se confunde com a neve (que nem existe por aqui).
O meu coração sozinho faz desgraças.
Ele se despedaça inteiro,
só para me magoar.
Depois para consertá-lo dá o maior trabalho,
se um dia eu conseguir.
Nunca posso deixá-lo sozinho.
Ele se confunde com a chuva,
ele se confunde com a neve (que nem existe por aqui).
O meu coração sozinho faz desgraças.
Ele se despedaça inteiro,
só para me magoar.
Depois para consertá-lo dá o maior trabalho,
se um dia eu conseguir.
domingo, 4 de julho de 2010
Butterflies in the stomach
I feel the urgent need to talk with a lower voice,
because we might scare the butterflies away,
and I want them to live in my stomach forever.
O seu amor que come laços
Às vezes eu fico te ouvindo falar e começo a lembrar um monte de poesia que eu gosto. Veja se você não pensaria nessa poesia do João Cabral de Melo Neto (um trecho):
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Só quero que entendas
Seu passado faz parte dos seus olhos, da sua risada, do seu nariz. Eu não ligo para ele, até gosto de tudo que ele te fez. Te fez uma mistura de coisas que eu procurava em lugares diferentes. Tem a dose certa de abraço (nem mais, nem menos), tem o doce exato no beijo e tem uma bobeirinha que te faz rir de mim, quando espero ouvir sua risada. As pessoas que caminharam no seu peito, e o deixaram do tamanho que ele é, não podem ter o meu desgosto, que faço do seu peito o meu jardim. Não se assuste com a minha cara de surpresa, quando vejo o seu passado em fotografia. Eu não me sinto dolorida e nem menor. É que o passado é uma coisa tão abstrata, fere os olhos ele assim, tão exposto na minha frente. Guarde o seu passado nos seus olhos, na sua risada e no seu nariz, não deixe que eu veja o rosto que ele tem.
Já não sinto medo de (quase) nada
Eu nunca tive nenhuma coragem como estou tendo agora, deitada aqui no seu ombro.
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