quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Todo o frio que sentes

Nem todo o frio que sentes
é culpa desse inverno.
Pode ser que parte dele
seja do inverno passado,
que ainda gela em ti.

domingo, 27 de junho de 2010

Beleza tua

Não queria ser bela para ter atenção quando passo,
nem ser bela para capa de revista.
Tampouco para que a beleza facilite certas coisas.
Não queria ser bela para qualquer um que vê.
Eu queria ser bela,
para que os seus olhos ficassem mais calmos
cada vez que pousassem sobre o meu rosto.
Para que os seus dedos deslizassem no meu corpo, tranquilamente.
Para que você nunca tivesse pressa comigo.
Para que você ficasse mais em paz, só de me olhar passando.
Eu queria ser uma obra de arte, mas só no seu museu silencioso.
Queria ser de uma beleza invisível para os homens, mas incrível para você.
Queria ser tão bela quanto a sua música preferida,
eu queria caber nas cores do seu desenho de criança.
Eu queria ter um rosto que te lembrasse todos os lugares lindos que você já passou.
Mas eu queria também ter um olho bem atento,
só para ficar olhando você viver.

Para GB

sábado, 26 de junho de 2010

Você já parou para pensar que até num abraço apertado há milhares e milhares de átomos nos separando?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Para onde foi a manhã?

Onde está aquela manhã que deveria acontecer?
A manhã que deveria fazer a noite se calar.
(E a noite não se cala.)
Onde está essa manhã que não veio?
Haverá algum fuso horário atrapalhando a sua chegada?
Alguma estrela entupindo a passagem?
Algum cemitério escondendo manhãs que morrem sem nascer?
Quem esconde a minha manhã de sol forte,
ou mesmo de chuva e tempo frio?
Não vejo manhã nenhuma, nessa noite que não termina,
nessa escuridão que é o meu peito por dentro.
Aquela manhã que há anos espero,
que há anos deve me esperar também,
aquela manhã que deveria clarear o dia,
que deveria pôr os girassóis a girar,
para onde foi que não a vejo chegando?
Há anos que minha vida é uma noite interminável,
sempre a espera de uma manhã.

terça-feira, 22 de junho de 2010


Ave do nepal

Ganhei este poema de presente. E amei. Obrigada...
Olhos de pessoa leve
pássaro de seda
raio de cristal
pousam em uma cabeça
feito nave errante
num voo arrasante
ave do nepal

guardiã do paraíso
pérola de fogo
ave do sinal

fez um sonho de grafite
que cegou nos olhos
de um louco mortal

ave do nepal

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Urgência de ser

Me desculpe estar correndo tanto com tudo.
Tenho pressa, tenho muita pressa.
Acho que tudo pode acabar no próximo instante.
Tenho pressa para viver tudo neste instante agora,
quero aprender tudo que couber no agora.
Rápido, antes que esse agora acabe,
e logo já seja outro agora.
No próximo agora, tudo pode ser menos interessante.
Eu posso morrer de calor, ou de frio,
posso achar tudo tão triste quanto antes.
Tenho pressa para aproveitar esse agora que é meu,
o próximo agora pode já não ser.

sábado, 19 de junho de 2010

Apertado

Sinto saudade e não sei do quê,
porque não é saudade, é dor.
Deve ser eu mesma,
que não caibo dentro de mim.
Fica apertado
o espaço de dentro,
e dói.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Onze horas

Esqueci por quê eu ia chorar, e então eu fui dormir.

Aquela lua

Ele reparou tanto na lua,
e me mostrou tão cheio de orgulho,
como se fosse dele, aquela lua.
Eu acreditei que era dele,
e acabei pegando emprestada.

This is not

Ouvindo uma música que não era de amor,
eu não quis te abraçar, mas você me abraçou bem no ritmo
not a love song
me abraçou tanto
I'm changing my ways
Eu fui cedendo, no ritmo
this is not
Quando fui ver, no meio da música que não tinha nada de amor,
eu me entreguei, assim, entregue.
This is not a love poem, you should know.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A timidez da felicidade


O ideal é manter a discrição. Não fazer muito alarde. Porque a felicidade, se ela se dá conta que ficou demais em um lugar só, ela vai embora, tímida que é. O ideal é disfarçar, ir pouco a pouco levando a felicidade consigo na discrição. Dizem por aí que há pessoas que conseguiram burlar a timidez da felicidade, e a carregaram para o resto da vida.

Tanta coisa importante

Uma vez, um professor meu me mostrou um quadro e me falou que aquele era Gustav Klint. Meus pais me mostraram nomes de passarinhos, de flores, de sentimentos e de pessoas importantes. Amigos me mostraram coisas proibidas, palavrões e um monte de coisa legal. E os namorados então! Já tive tanto namorado, cada um me ensinou uma coisa. Teve um que me ensinou até a fazer carinho em cachorro bravo. A gente aprende tanta coisa nessa vida. As pessoas adoram ensinar coisas, é tão curioso. A minha irmã me ensinou a ter nojo de carpete, porque existem muitos ácaros e bactérias morando em todos os carpetes. Isso eu nunca gostaria de ter aprendido. E eu digo tudo isso porque saudade não se aprende com ninguém. Você sente um troço estranho, pergunta para a sua vó o que é aquilo e ela logo deduz que é saudade do papai e da mamãe, que foram viajar. Assim a gente conhece a saudade (claro que pra cada um é de um jeito diferente). Eu já a conhecia, é claro, afinal basta sobreviver para sentir saudade de ontem. Acontece que eu sempre achei um tremendo de um blefe quando alguém dizia que sentia saudade de uma pessoa que acabara de partir. Sempre achei aquilo exagerado. Um dia, eu conheci um garoto de olhos amarelos e pintinhas. Eu não achava que ele iria me ensinar algo tão importante, mas ele me ensinou que a gente pode sentir saudade um segundo depois que uma pessoa parte. Ele nem sabe disso, e por favor não conte, mas ele anda me ensinando tanta coisa importante, do tipo que livro nenhum ensina.

domingo, 13 de junho de 2010

Quem poderá dizer?

Eles deram as mãos e começaram a caminhar. Objetos caíam da estante, lençóis rasgavam, incêndios aconteciam. Era só olhar os lados para ver, mas eles não viram nada. Eles mantiveram as mãos dadas - na verdade eles mantiveram as mãos entregues, e foram andando. Até onde foram, quem poderá dizer, se eles continuam caminhando por aí?

Licença Poética

Eu ponho ponto final onde eu quiser. Eu tiro vírgulas de onde eu quiser tirar, Eu escrevo em minúsculas, e eu faço um desenho no meio do papel também se eu quiser. é assim, porque eu acho que assim fica lindo. Porque um dia eu ouvi uma música que me lembrava o perfume de um beijo que eu dei. Eu escrevo, escrevo, e ponto final;

Pétalas de rosas

Que eu enjôo de tudo é verdade. Mas como é que eu posso enjoar de algo que vive me surpreendendo?

sábado, 12 de junho de 2010

Ainda não passou

Hoje é o dia mais frio do ano, dizem especialistas. Eu já tive dias bem mais frios este ano, hoje até que está ameno. O frio não passou pelo meu fim de tarde ainda.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

As cascas de lugares novos

Eu logo tracei um perfil dela: estudiosa, perfeccionista (e por isso um pouco chata) e honesta. Dele eu não pude dizer muita coisa, porque ele ficou o tempo todo gastando energia tentando ser legal. Preferia ter visto o rosto verdadeiro, mas não consegui. E tiveram as outras pessoas, observei-as uma a uma, traçando todos os perfis bem detalhados. Eu simplesmenete adoro quando o tempo passa e eu me descubro completamente enganada sobre todo mundo, é o que eu mais gosto. As pessoas usam cascas, vestem máscaras e gastam bastante energia diária tentando ser outras coisas, mas é infalível: vem o tempo e mostra tudo. Fico pensando, o que será que vêem em mim e na minha casca?

Pergunta à ninguém

Todas as pessoas do mundo foram condenadas a algum dia sentir saudade até o corpo todo doer?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olhos cor do sol

Eu nem vi o sol daquela manhã, e nem vi de que cor estava o mundo. Nem vi se chovia também. Tanto faz, tanto faz. Os seus olhos tem a cor do sol, e foi só essa cor que eu vi.

Se você voltou

Fiquei esperando de chinelos calçados, mas achei melhor tirá-los. Depois de um tempo, achei melhor parar de esperar também. Depois de muito tempo, acabei dormindo. Se você voltou e se deitou ao meu lado, eu não sei, eu estava dormindo.

I wish

I wish I knew you well enough to know,
what I wish I knew.

Você nem imagina

Aquela pousadinha guarda histórias que você nem imagina. Justo aquela pousadinha bem ali na esquina. Pessoas acordaram sem saber onde estavam, pessoas não voltaram para dormir lá, pessoas se conheceram no corredor. Pessoas tomaram café da manhã lembrando da noite anterior, pessoas fizeram tanta bagunça que foram expulsas daquela pousadinha. Sim, bem aquela pousadinha ali, naquele lugarzinho tão fora de mão. Sabe, há pessoas sendo felizes em todos os cantos, você nem imagina.
Capote me pareceu tão interessante daquela rede.
Eu lembro dele às vezes entre uma piscada e outra.

Pernas balançando

Eu sinto como se todo tempo os dias ficassem me esperando, sentados, com um pouco de pressa. Pernas balançando, me reprovando e aprovando algumas vezes. Os dias conseguem ser bastante cruéis, e eu só quero saber o que será deles, se um dia eu me sentar e esperar por eles.
Eu não quero estar aqui para ver,
quando o fim do domingo chegar.
Será que um dia ela aprende
a se distanciar um pouco do mundo?

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...