quinta-feira, 29 de outubro de 2009
When you say it
I read this once somewhere, and now I can say it for myself: I love how my name sounds safe in your mouth. It sounds like a special name when you say it.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Eugênia
Talvez uma das minhas pernas fosse coxa e talvez minha existência tenha sido mesmo insignificante. Mas, na verdade, mal sabes ti que eu não o admirei como pensaste. Eu o quis porque tu me admiraste, e isso me foi bonito. Quando finalmente viste os meus defeitos, fostes embora. Eu agradeço por fim, por teres partido. Tu eras tão manco quanto eu, mas eu era manca apenas na perna. E tu? Bom, tu era um ser coxo da cabeça aos pés. Tua existência foi coxa e morreste tão só quanto eu.
domingo, 25 de outubro de 2009
na mesma gaveta
Tenho que admitir um dos meus maiores erros: guardo multas de trânsito e cartas de amor na mesma gaveta.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Cheiro errado
Não gosto do cheiro da sua chegada: é cheiro de despedida.
Sabe cheiro de quem vai embora?
Espero que o seu perfume abafe esse cheiro que me arde,
espero que minhas narinas estejam erradas,
espero que o mundo inteiro reinvente o cheiro das coisas.
Não quero mais que esse seja o seu cheiro: eu quero que você fique.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Teorias conspiratórias
Preciso de uma tesoura para recortar um anúncio de jornal. É sobre ganhar muito dinheiro escrevendo alguma coisa. Não pude ver direito o que eu preciso escrever, mas o dinheiro é muito e eu adoro escrever. Se for sobre carros eu improviso, sobre esportes também. Se for sobre política eu dou um jeito de xingar todo mundo. Se for sobre Deus, eu invento um. Se for sobre amor, rasgo meu peito, fica fácil. Preciso mesmo da tesoura. Acho que é sobre a guerra que estão inventando. Talvez sobre teorias conspiratórias, parece que criaram umas novas, vão fazer um filme. Não sei o que é, mas com a grana dava para eu ir viajar um pouco. Uma praia bem distante. Uns coqueiros. Adoro coqueiros. Olhar para eles. Talvez eu até levasse alguém comigo. Achei o anúncio, tá aqui. Vou cortar. Ah. É para escrever marchinhas de carnaval. Não, sem chance. Marchinha de carnaval não. Pode levar a tesoura de volta. Nem tô precisando de tanta grana assim.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Deixadas como estão
Tive uma insônia brava ontem. Não sei se foi por conta do café que tomei (como uma chicarazinha pode ser tão potente?) ou se foi por conta do meu coração meio disparado, meio parado. Não sei o que foi. Eu apenas acendi a lâmpada de criadomudo e fiquei olhando as coisas em volta. Não ouvi música, não peguei meu livro e nem tomei um copo de água com açúcar. Eu fiquei olhando um par de sapatos no chão, a bolsa aberta com a carteira meio para fora, alguns papéis caídos (seriam multas, cartas?), achei um pouquinho incrível. À noite as coisas ficam silenciosas, esquecidas, deixadas como estão... Parece um quadro bonito.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Pouca noite
Foi estranho. Estranho mesmo. Eu olhei para a janela do carro e comecei a achar tudo um pouco diferente do que era antes. E a noite não tem culpa, eu é que não consigo dormir: são muitos sonhos para pouca noite.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Lição de Casa
Quando eu estava na segunda ou terceira série, minha lição de casa era fazer um poema com palavras que rimassem. Foi uma das lições de casa mais legais que tive até hoje. Na época tive grandes dificuldades, e chamei a mamãe:
-Mamãe, eu só consigo rimar "tristeza" e "Tereza", e não consigo fazer nenhuma frase!
Minha mãe passou o resto da tarde se divertindo comigo. A gente juntas fez o poema mais lindo da classe (na verdade minha mãe fez quase tudo). É claro que hoje eu não lembro do poema, mas eu lembro que era mais ou menos assim:
Acho que era por aí. Eu nunca vou saber ao certo como era o poema, porque ele ficou perdido em algum caderninho da terceira série, e nem sei se ele ainda existe. Sei que toda vez que me sinto um pouquinho triste, vem a frase na minha cabeça "A tristeza de Tereza" e me lembro da vozinha que minha mãe falava comigo quando eu era pequena. Eu sorrio.
-Mamãe, eu só consigo rimar "tristeza" e "Tereza", e não consigo fazer nenhuma frase!
Minha mãe passou o resto da tarde se divertindo comigo. A gente juntas fez o poema mais lindo da classe (na verdade minha mãe fez quase tudo). É claro que hoje eu não lembro do poema, mas eu lembro que era mais ou menos assim:
A tristeza de Tereza
Por Maria Clara Moraes e Thelma Bombonato
Se sentia Tereza tristeza
Se sentia Tereza tristeza
A tristeza não sentia a Tereza
E Tereza sentia ainda mais tristeza,
porque a tristeza não sabia de Tereza.
Acho que era por aí. Eu nunca vou saber ao certo como era o poema, porque ele ficou perdido em algum caderninho da terceira série, e nem sei se ele ainda existe. Sei que toda vez que me sinto um pouquinho triste, vem a frase na minha cabeça "A tristeza de Tereza" e me lembro da vozinha que minha mãe falava comigo quando eu era pequena. Eu sorrio.
Continua a tristeza sem saber de Tereza?
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Não fui embora porque
Não posso partir sob o luar.
Faz muito frio de madrugada,
Faz muito frio de madrugada,
E falta luz para me guiar.
Me abandone você então,
Mas vá à noite:
Prefiro perder na escuridão.segunda-feira, 12 de outubro de 2009
il mio principe
Ver-te foi leve
Leve como a tua despedida
faz quase um ano, tu te lembras?
Que partiste sem cerimônias.
Ver-te foi bonito,
porque tu estavas igual.
Igual àquele que um dia amei,
igual àquele que me fez chorar,
escrever tanta poesia,
e continuar andando.
E ver-te me fez lembrar
que eu sei caminhar
mesmo depois
de ouvir adeus.
E agora eu é que digo,
com a boca feliz
a boca que já não é tua
a boca que ouviu muito, depois de ti
eu é que digo:
adeus, amor meu.
Leve como a tua despedida
faz quase um ano, tu te lembras?
Que partiste sem cerimônias.
Ver-te foi bonito,
porque tu estavas igual.
Igual àquele que um dia amei,
igual àquele que me fez chorar,
escrever tanta poesia,
e continuar andando.
E ver-te me fez lembrar
que eu sei caminhar
mesmo depois
de ouvir adeus.
E agora eu é que digo,
com a boca feliz
a boca que já não é tua
a boca que ouviu muito, depois de ti
eu é que digo:
adeus, amor meu.
Para R. A.
sábado, 10 de outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Freud, me explica?
Tantas foram as vezes que eu olhei a sua foto,
Que já decorei todos os seus contornos,
Sei desenhar o seu sorriso igualzinho está no retrato.
Gostava muito de olhar você congelado naquele instante.
Hoje eu não gostei.
Hoje eu, de repente, esqueci os seus traços,
Não soube desenhar.
Mas o mais estranho disso tudo foi
Que naquela foto tão antiga de você,
Fui olhar hoje de novo,
E o seu sorriso não estava mais lá.
Que já decorei todos os seus contornos,
Sei desenhar o seu sorriso igualzinho está no retrato.
Gostava muito de olhar você congelado naquele instante.
Hoje eu não gostei.
Hoje eu, de repente, esqueci os seus traços,
Não soube desenhar.
Mas o mais estranho disso tudo foi
Que naquela foto tão antiga de você,
Fui olhar hoje de novo,
E o seu sorriso não estava mais lá.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Eu queria
Queria ter
Um pouquinho de vergonha na cara
Ou até um pouquinho (mais) de preguiça
Queria ser
Um tantão mais corajosa
E um tantão mais qualquer coisa
Eu queria ser um pouco menos eu
E um pouco mais o que eu sou de verdade
Eu queria ter menos vontade
menos saudade
Se o meu peito fosse
Um pouquinho maior
Talvez eu te convidasse
Para vir morar
E talvez eu não quisesse
mais nada.
Um pouquinho de vergonha na cara
Ou até um pouquinho (mais) de preguiça
Queria ser
Um tantão mais corajosa
E um tantão mais qualquer coisa
Eu queria ser um pouco menos eu
E um pouco mais o que eu sou de verdade
Eu queria ter menos vontade
menos saudade
Se o meu peito fosse
Um pouquinho maior
Talvez eu te convidasse
Para vir morar
E talvez eu não quisesse
mais nada.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
The sweetest thing
Entrou ele primeiro no ônibus, depois ela. Ele tinha uma cara de bravo, era grande e forte. Contrastava completamente com a menina, que era quase uma bonequinha de vestido rosa. Ela segurava a mão dele e sorria. Ele pagou as passagens e foi procurar um banco. Ela soltou a mão dele e foi correndo se sentar no assento com a marcação amarela. Ele foi atrás dela com aquela cara brava, pronto para explicar que ali ela não poderia se sentar, pois era assento preferencial. Mas antes que ele abrisse a boca, a menina-bonequinha apontou para o adesivo na janela e disse com uma voz fininha:
-Papai, qual dessas menininhas você escolhe? Eu escolho a do bebezinho!
Para Vivi
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
5 de outubro de 2009
Eu fico achando que eu sou enorme. Que sou toda forte, que eu posso tudo, que tudo vai ser maravilhoso para onde quer que eu vá, que tudo está bem assim. Eu fico achando que aguento tudo, que tudo sempre dá certo. Dou discursos, conselhos, dicas e lições de moral para quem quiser ouvir. Tenho palavras para dar e vender. Mas aí, acontece uma coisinha como aconteceu comigo hoje, uma coisinha dessas que faz a gente ficar meio nervosa, e então tudo cai por água abaixo. Eu já não sei mais onde estou, quem eu sou e para onde estou indo. Eu fico fraquinha, como aquela abelha que acabou de morrer na minha janela. Eu não sei mais onde estão meus propósitos, quais são os meus propósitos. Para quê eu sirvo, para quem eu sirvo, eu sirvo para alguma coisa? Já não sei mais nada. Mais o pior disso tudo é pensar que eu estou sozinha nisso tudo.
Desculpa, pai. Desculpa, desculpa, desculpa.
domingo, 4 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Eu acho que é isso
Às vezes a gente tem que despistar todo mundo para que ninguém veja a alegria absurda que estamos sentindo. Para que ela não escape no meio de tantos olhares curiosos, para que ninguém nos a tome (mesmo que sem querer). Assim também acontece com a tristeza profunda. Temos que despistar todo mundo, para que ela não se espalhe e acabe penetrando outras vidas e deixando tudo azul. Para que ela não saia de nós e passe para quem precisamos ver sorrindo. As máscaras diárias protegem a nós mesmos e salvam vidas. É preciso saber usá-las, no entanto, para que a vida não seja vivida por trás da máscara, na solidão. É preciso saber deixar o pouquinho exato de tristeza e o pouquinho exato de alegria transbordarem para todos os lados e penetrarem em alguns cantos.
Vingança
Tem dias em que eu quase me desculpo ao resto do mundo por ter nascido, e me escondo dentro da cama, por vingança à minha enorme vontade de sair vivendo.
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