quinta-feira, 29 de abril de 2010
O que não tem nos livros
Eu preferia que você me ensinasse sobre o que eu não sei. Eu sei tão pouco, mas o que eu já sei não me interessa mais. Quero aprender, quero aprender mais e mais, e tudo que eu quero de você, é que você me ensine.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Não gosto de casa vazia
Não vá embora dessa vez. Fique para tomar mais um ou dois goles, mais um copo. Fique porque o filme ainda não acabou, fique. Vamos, fique para me contar mais alguma bobagem qualquer que nem me importa. Fique porque eu não gosto de casa vazia. Eu não gosto de abrir a porta para niguém sair a essa hora da noite. Vamos, fique aqui. Você nem precisa ir embora, você nem tem mentira nenhuma para contar amanhã, é melhor ficar. Não vá embora dessa vez, eu não aguentaria.
domingo, 25 de abril de 2010
Ressaca
Como suportar o dia seguinte da vida? O que significa esse aperto, é um aperto? A vida passando por entre os dedos, como se não fosse nada demais... Esses furacões diários, como é que a gente sobrevive? Como é que se chama essa ressaca de viver? Essa ressaca de dor de saudade, o que é que eu faço com isso? Eu não sei esperar o dia seguinte de hoje. Eu não sei sobreviver a perspectiva do fim do dia, e quando o dia seguinte chega, eu não sei o que fazer com ele. É assim mesmo que se vive, sem nem saber como sobreviver?
segunda-feira, 19 de abril de 2010
The best things in the world
Aquela distância
Você tinha cara de quem ia me ensinar muita coisa. Realmente, eu aprendi coisa ou outra. Claro que você não me convenceu que Radiohead é a melhor banda de todos os tempos, nem que Lars Von Trier é uma delícia de se assistir, mas me ensinou a não esperar nada. Quando eu ganho uma coisinha ou outra, eu lembro de você e daquela distância no sofá.
domingo, 18 de abril de 2010
o ato de enlaçar-se
Eu gosto de enlaçar meu braço no seu pescoço e olhar o seu sorriso enquanto eu o faço. É quase automático, ele surge no seu rosto e é possível que você nem perceba. Talvez seja por isso que eu goste de você, você é tão distraído.
o velho medo
Vez ou outra acordo num susto. É aquele velho medo de estar viva. Todo mundo sabe que eu tenho isso. Parece loucura, mas é muito sã. Eu tenho medo de estar viva, porque morrer parece fácil. Puff, acabou. Estar viva é uma coragem. Os sonhos me apavoram. Digo sonhos desses de alcançar. Apavoram porque podem vir amanhã, ou podem nunca vir. E tem também as perdas. Dia se ama, dia não. E se eu amar, mas de repente não amar mais? Não foi de repente que do silêncio fez-se o pranto? E se meu barulho também virar pranto? E se? Lá vou eu questionar tudo. É o medo, quando se tem esse medo todo que eu tenho, tudo parece uma grande bobagem, tudo parece faz-de-conta, não é possível que nada disso seja real. Será que quando se realiza um sonho, no dia seguinte se continua vivendo? Como é a vida após o sonho? Ela existe?
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Houve um momento
Ele tinha uma boca de cigarro e café. Alguma coisa de noites mal dormidas, e aquilo tirava um pouco da beleza e da poesia do seu rosto doce, já não tão doce. Ele criava um ar de distância, algo que fazia com que ela sentisse a necessidade de levantar dali. Mas não. Tinha outra coisa também, alguma coisa no olhar dele que a convidava a continuar sentada. O olhar vencia. Dava uma vontade de se aproximar, de explorar toda aquela solidão que ele exalava. E diante daqueles pensamentos todos, ela acabou por dizer: preciso ir, até amanhã. Ele abraçou-a com uma força que talvez lhe fosse comum (mas é claro que ela achou que a força era só para ela) e disse: até. Mais nada, ele não disse mais nada. Mal sabiam que aquilo, aquele breve instante, fora deles.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Penteie o cabelo
Não se esqueça de pentear o cabelo antes de dormir
talvez assim você se lembre de mim
foi para isso que eu deixei os meus fios no seu pente.
talvez assim você se lembre de mim
foi para isso que eu deixei os meus fios no seu pente.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Novamente
Quantas vezes eu já te vi antes?
E todas as vezes que te encontro, são para me despedir.
Adeus, adeus. Espero que seja feliz.
E no entando, nada muda, tudo fica igual.
Você não parte, eu fico aqui,
e lá vamos nós nos despedir novamente.
E todas as vezes que te encontro, são para me despedir.
Adeus, adeus. Espero que seja feliz.
E no entando, nada muda, tudo fica igual.
Você não parte, eu fico aqui,
e lá vamos nós nos despedir novamente.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Midnight thought
Bom mesmo seria nunca ter de me perguntar se eu deveria ter feito diferente. Vou fazer diferente e talvez não reste perguntas, porque mesmo se der errado, eu vou esquecer o motivo, mas vou lembrar de ter tentado.
domingo, 4 de abril de 2010
Caio Fernando Abreu de hoje:
"Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo."
Uma tristeza bonita que não acaba mais
Eu escolhi dar risada porque é muito mais fácil, não nego.
Escolhi deixar que todos riem de mim (ou comigo, tanto faz)
e assim todos ficarão bem distraídos.
Vou disfarçando a morte que acontece o tempo todo.
Vou disfarçando o amor se desfazendo dentro de mim.
Disfarço a poesia que trago.
Disfarço o cansaço, o desespero, a agonia e o medo.
Ah, o medo. Principalmente o medo. O medo de tudo.
Até chega a parecer que vejo o mundo engraçado, mas é mentira.
É puro disfarce.
Eu vejo o mundo em fotografias preto-e-branco,
numa tristeza bonita que não acaba mais.
O mundo é uma espécie de espelho quebrado,
é um troço esquisito que eu estou descobrindo, não sei o que é,
mas me apavora ficar nele sozinha por muito tempo.
E quando eu dou risada, eu me protejo disso tudo.
Eu finjo que sou maior que essa tristeza toda,
eu finjo e acabo acreditando.
Mas não é sempre assim, claro.
Há dias em que alguém segura na minha mão,
ou alguém precisa de mim para um abraço,
e é claro que a risada acontece tão verdadeira.
Há músicas, imagens, crianças e muitas piadas engraçadas.
Mas a graça é tão efêmera... E eu me escondo.
Ninguém sabe que eu deixo tanto amor escapar.
Todo dia o amor me escapa.
Ninguém sabe que eu tenho vontade de ser menos eu.
Às vezes eu só finjo, às vezes eu só minto.
Há de chegar o dia em que eu não vou mais precisar me proteger,
há de chegar esse dia.
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