domingo, 28 de junho de 2009

Impressão

A impressão que eu tenho é que a noite apaga o sol, todos os dias.

E o sol acende de novo, todos os dias seguintes.

sábado, 27 de junho de 2009

Branco


Dizem que quando se ama, surpreende-se ao ser amado de volta. A reciprocidade não é exigência do amor. Dizem que aquele que ama, não espera ser amado de volta, porque ele apenas sente, não sabe dizer porquê ou como. Erra-se ao esperar que o outro ame de volta. Esse tipo de amor é egoísta, mesquinho. Se o outro ama de volta, sorte dos dois. Sorte do destino. Sorte, apenas. O amor não tem causa, não tem resposta, não tem consequência. É clichê falar sobre o amor, e eu nada sei. Mas sempre achei que o amor é a como a cor branca, uma mistura de todas as cores que existem. Todos os sentimentos misturados formam o amor.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eu tinha escrito e guardei


O jeito dele de gostar das pessoas é diferente. Ele mesmo que me contou. Ele não se encanta em primeiros encontros. Ele nunca sentiu uma paixão dessas que leva tudo embora. Ele é um passarinho. E quando ele bate as asas, todo mundo espera para ver onde ele vai pousar. Mas ele não pousa nunca, ele voa. Eu criei um monte de ninhos em árvores que já nem sei mais. Claro que os meus ninhos ficaram lá, claro que foram bonitos um dia. O menino-pássaro tem muito o que aprender sobre os tantos tufões do amor. Eu posso ajudar nisso, sobre tufões eu sei. Mas eu aqui observando o seu vôo, acho que é ele quem precisa me ensinar a voar.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

O hoje da minha irmã

Olha só que engraçado isso: minha irmã, lá na Austrália, falou que a noite daqui é dia de lá. Claro que eu já sabia, claro que isso é óbvio, claro. Mas eu nunca tinha parado para pensar direito. Eu nunca me importei com o fuso horário dos cangurus australianos, até terça passada. Ela falou ainda, brincando: "quem sabe eu espio a resposta dos seus problemas aqui no futuro e te ligo para contar!" Pensei, então, que eu nunca mais vou ficar sozinha enquanto ela estiver lá.

domingo, 21 de junho de 2009

Ele pesou a alma humana

Em 1907, um cientista completamente poético fez um experimento pesando pessoas antes e depois de morrerem. Ele criou a tese de que, como as pessoas perdiam 21 gramas após falecerem, este seria o peso da alma.

Eu não sou cientista e nem me atrevo a fazer experimentos. Apenas escrevo e crio as minhas pseudoteorias. A respeito da alma, eu acredito que não tenha peso. Ela flutua sob nossas carcaças e às vezes se perde com o vento. Às vezes ela viaja para longe e volta uns tempos depois. Nem sempre a nossa alma nos acompanha.

Minha alma, por exemplo, já nem sei. Outro dia pensei que a tinha aqui comigo, engano meu. Eu a perdi já faz um tempo, mas ainda espero que ela volte.



MacDougall é conhecido até hoje pelo seu experimento dos 21 gramas, chegando até a inspirar um filme americano. No dia 16 de outubro de 1920, o The New York Times anunciava sua morte com o título: "Ele pesou a alma humana".

sábado, 20 de junho de 2009

an outflow

I really enjoyed the movie. I enjoyed the company, the cold weather and your laugh. Everything could not be more perfect. I even felt as if I was in paris at a certain point, with the skyscrapers, the lights and everything. Nothing is wrong with you or your beautiful smile. I just hope that my lonelyness did not turn me into a cold, distant, empty person. Did it?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

True-life fairytales

Minha mãe uma vez me disse que por trás de toda história há um conto de fadas. Muitas foram as noites violentas, os silêncios ensurdecedores, as lágrimas sem sal, até me esqueço da frase da minha mãe. Como aquela vez que ralei meu joelho no chão e perdi a vontade de correr. Ou quando perdi o meu primeiro amor, o segundo e o terceiro também. Ou como acontece todos os dias quando abro o jornal e não acho nenhum conto de fadas em histórias de gente que morreu, ou que ainda vive, mas vai morrendo todos os dias de tristeza ou fome. Os fins que a gente dá mas que nunca se darão. As portas trancadas com suas chaves perdidas por aí. As tristezas que você vem me dizer enquanto chora. As pessoas que batem no meu vidro pedindo um pouco do que eu tenho. As coisas me confundem e não encontro contos de fadas. É incrível, mesmo depois de tanto tempo eu só consigo encontrar conto de fadas no colo da minha mãe.
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rótulos

Adoro tentar descobrir as frases que as pessoas teriam nos seus rótulos, se as pessoas viessem com rótulos. Claro que eu já tentei criar um para mim, mas eu sempre mudo. Hoje eu entrei em um blog e encontrei uma menina que dizia que é "uma pessoa feita de pequenas saudades". Ei, menina desconhecida, posso usar o seu rótulo para mim também?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ele ficou esperando

Há pouco, uma menina quase partiu para abraçar um sonho que a esperava do outro lado da calçada. Acontece que um ônibus desses de dois andares parou bem no meio da rua e a menina não pôde atravessar. O farol custou para ficar verde novamente e a menina ficou bastante irritada. Ah, mas como foi bonito ver o ônibus saindo da frente e a menina correndo para abraçar o sonho que ficou ali esperando, você precisava ver que cena mais linda.
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domingo, 14 de junho de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Livro

Eu guardei o seu livro na estante dos meus livros preferidos. Prometi a você que eu o devolveria assim que terminasse de lê-lo, pois é, eu ainda não terminei. Eu li até a penúltima página e o fechei, guardei na estante. Sempre cumpro as minhas promessas e eu não faria diferente desta vez. Apenas não li o final do livro para não ter de devolvê-lo. Enquanto eu lhe dei minha vida inteira e o meu órgão vital, esse livro é a única coisa sua que eu tenho. E eu não pretendo nunca ler a última página, se você quer saber.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Perda de tempo

Não é que eu seja tola ou inocente. Eu apenas amo as pessoas muito antes de descobri-las. E na hora de descobri-las eu as descubro já com os olhos do amor, que são tantas vezes cegos. Todas as vezes, as boas e as ruins, houve o meu amor e ele nunca foi desperdiçado. Todas as pessoas que eu amei, de uma forma ou de outra precisaram do meu amor. E eu não me importo em saber se elas o mereciam, isso já seria perda de tempo.
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domingo, 7 de junho de 2009

Sem novidades

Só queria avisar,
que o mundo todo morreu,
que a água acabou,
que o céu se fechou,
que eu não moro mais aqui,
e nem ali,
e nem em lugar algum.
Tudo se foi,
sem deixar espaço para perguntas,
respostas, ou afirmações.
Aqui nada mais cabe nem vive.
De resto, estou sem novidades.


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sábado, 6 de junho de 2009

Peça

Tenho procurado em outros lábios o modo como os seus lábios calavam os meus. Tenho procurado apenas, e às vezes observado de longe outros lábios que se beijam. Há dias em que me contento com a busca, e dizem ser interminável. Eu busco o silêncio e a cor que tinham os fins de tarde, que agora nem pássaros mais tem. Gosto de imaginar a minha janela cheia de árvores que balançam alegres e fazem flores a cada dia. Tem dias que nem nuvens cinzas eu vejo na janela, apenas mais um dia indo para onde vão os fins. Quando me chamam de triste, eu lembro que você não gostava da minha alegria exagerada e fico aliviada que você sabia tão pouco de mim. Em cada lugar que eu vou, espero para ver se você não chega. É triste mesmo ver a vida assim passando tão à toa, me sinto uma peça que não se encaixa em quebra-cabeça nenhum.



quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cemitério

Sabe, eu resolvi escrever para você, porque hoje eu passei na frente de um cemitério, e ele me fez pensar que nunca é a hora certa de partir.

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As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...