quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Resposta de jabuticaba

Era uma pergunta que ela não sabia responder, não queria decidir sozinha, queria uma resposta mágica. Como se ela pudesse perguntar a Deus e ele pudesse responder com um raio. Mas ela não acreditava em Deus e nem estava chovendo para que um raio caísse. E esse tipo de resposta óbvia de Deus era coisa de filme. Então ela lembrou que havia um saco cheio de jabuticabas na geladeira. Milhares e milhares de jabuticabas que a empregada havia colhido no parque vizinho. Ela decidiu que as comeria uma a uma até chegar a última jabuticaba - e se a última jabuticaba estivesse doce a resposta seria positiva, se estivesse azeda, negativa. Comeu, comeu e comeu até ficar cheia. Não cabiam mais jabuticabas no estômago, mas ela não ia desistir. Faltavam muitas ainda e ela começou a ficar com nojo da fruta. Mas continuou. Aprendeu a perceber quando a jabuticaba estaria doce e quando estaria azeda. Começou a escolher as mais azedas para se livrar logo delas, mas percebeu que dessa forma ela estaria escolhendo também a resposta que iria receber. Então foi comendo-as todas compulsivamente, como se fossem pipoca. Quando finalmente aquela bolinha preta imprestável era a última que lhe restava para comer, olhou-a, olhou-a, apertou-a e sentiu que estaria azeda pra burro, com um gosto horrível. Abriu a janela da cozinha e arremessou a jabuticaba bem longe.

3 comentários:

Anônimo disse...

Minha doce jaboticaba.

Anônimo disse...

Minha doce jabuticaba.

Anônimo disse...

Minha doce jabuticaba.

uma mordida na perna um veneno de lagarta no dedo uma conta negativa no banco uma franja que eu não gosto um bloqueio criativo um medo que n...