sábado, 26 de dezembro de 2009

Lençóis

Eu nunca mais troco os lençóis
-pensando que você vai ficar.

Pela poesia

Quando me despeço de você, sempre que me despeço de você, tenho vontade de agradecer por um dia você ter me amado. Eu era mais bonita quando você me amava. Eu gostava de fingir que dentro do meu peito não havia só um monte de veias e tubos, havia um troço grande pulsando todo o meu sangue. Você sorria em paz quando me olhava, como se nunca tivesse existido solidão e frio. Sinto falta de quando eu não era insignificante. Sinto falta do seu abraço, que me lembrava o berço em que dormia. Me ame de novo, eu peço. Só para que eu possa escrever mais poesia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O amor tem cheiro de pólvora


E exala no nariz de quem insiste, fere o pulmão de quem inala, dói a quem respira, destrói o coração de quem se cala, pensando ser imune. O amor tem cheiro de pólvora sim, mas o cheiro engana, as balas são de festim.

Sala de cinema

Você se lembra daquela sala de cinema?
Sala vazia de cinema, eu e você, sem ver filme algum.
Aquele dia, sabe, eu achei que a vida era um filme.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Não muito

Quando eu te vi pela primeira vez, acho que foram os seus olhos claros que me convidaram. Havia tanta gente. Você me olhava com medo, parecia que era medo. Pelo tempo que demorou a vir me perguntar qualquer coisa, acho que era mesmo um pouco de medo. Você dizia coisas tão fascinantes. Ou era eu que escutava só o que eu queria ouvir? Você me ganhou desde o primeiro olhar. E foi me ganhando. Mas você parece me perder aos poucos agora. Eu não sei se espero, se vou, se é cedo ou se é tarde. Você me confunde. Eu não consigo te decifrar, você carrega qualquer coisa de saudade. Antes mesmo de você chegar eu já estou sentindo saudade. Acho que é a ausência, que mesmo que você lute contra ela, você aprendeu a ser ausente. Eu carrego uma multidão no peito. São muitas e muitas pessoas. E todas elas querem um pouco. Todas elas sentem saudade, você consegue deixar a multidão do meu peito sozinha. Você consegue não dar a mão para nenhuma das pessoas que eu trago comigo. Eu não peço muito, posso transformar essa multidão em uma só. Eu não peço muito, só não quero mais essa sua saudade.

caged


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Que você segurasse

- O perigo nunca vai deixar de existir, disse ele meio ofegante. Talvez estivesse cansado de tentar explicar para ela.
- Pode ser, e é por isso mesmo que eu gostaria que você segurasse a minha mão, ela respondeu.

E então, as coisas ficaram um pouco mais complicadas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lições de um vazio

O vazio inevitável do fim do dia voltou a aparecer. Discretamente, enquanto eu estou distraída pensando no que será que amanhã. É um vazio bonito, até. Quase se confunde com um sentimento de impotência, de insignificância. Mas é um vazio, apenas. Não esvazia o meu ser, não me deixa desiludida esperando algo para preenchê-lo, ele apenas é. Tem dias que sinto uma paz enorme em estar aqui, tem dias que passo cheia de dúvidas se eu deveria estar em outro lugar. E o vazio, que passa o dia todo escondido, surge segundos antes de meus olhos fecharem para dormir. Não luto contra ele, não sofro (só às vezes que sofrer me faz grande), eu deixo o vazio ali, porque ele é meu e com ele eu aprendi a coexistir.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Me deixe partir:

Enquanto ainda estou inteira.

caneta de dedos

Não consigo disfarçar a vontade de escrever poemas em seu peito. Será que algum dia você me deixa?

sobre escolher

Eu te escolhi. Outros me olhavam, outros pareciam até mais interessantes, mas eu escolhi você. Eu já havia escolhido outras pessoas outras vezes, mas dessa vez foi diferente. Foi tão complexo, tão astronômico, tão inusitado: você me escolheu também.

Acho melhor não publicar

Fico cheia de rascunhos. Nas minhas mensagens de texto, nos meus e-mails, no meu blog, nas minhas declarações, e hoje percebi: nos meus olhares também.

domingo, 6 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não vá

Por favor, não vá.
Parei de esperar
que você seja outra pessoa.
Por favor, não vá.
Acho que aprendi
a enxergar você.
Não vá,
eu quero te conhecer.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...