Uma cestinha. As pessoas, que eram 16, entram naquela cestinha e o cara começa a soltar fogo pra esquentar o balão. Apavorante. A cestinha começa a subir, não tem nenhuma asa, nenhuma tecnologia de ponta, nenhum motor. Dá um tremendo desespero, até começar a ver as pessoinhas, iguais à formiguinhas, torcendo o pescoço pra olhar pra cima, emocionadas. É uma mistura de vista de um prédio bem alto com vista de avião. E você pode tocar no ar. Pode colocar a cabeça pra fora. Pode gritar. Eis que eu preferi fingir que estava voando (mesmo porque eu estava) e me calar. Durante o vôo confesso que me distraí bastante e fiquei pensando nas pessoas da minha vida, pessoinhas, iguais à formiguinhas... Fiquei lembrando de todos os nascer-do-sol que eu já vi na vida e que eu jamais pensei em ver o sol nascendo de cima de um balão. Fiquei pensando que eu não tive medo de estar ali, porque eu estava com a minha família e era só o que me importava. Olhava a carinha de pavor da minha mãe, sempre segurando a mão do meu pai, que fingia não estar com medo. Lá embaixo a vida ia amanhecendo, os pastos com suas vacas, os carros começando a seguir seus caminhos na rua, alguém que havia acabado de casar deixava restos da festa espalhados pela cidade. Então o balão subia mais um pouco e até dava para sentir a respiração de Deus, mesmo sem subir tão alto. Era ofegante, como se o mundo tivesse dando um certo trabalho. O mais estranho foi descer de volta, depois de imaginar que eu era um gigante perto de Deus. Foi esquisito voltar a ser formiguinha.
domingo, 27 de abril de 2008
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8 comentários:
Geniais as últimas seis linhas!
Já passei por essa experiência... Muito bom!!
Só tenho uma coisa pra falar: "Não tenha medo. É seguro voar!"
Bjus
Queria estar lá ao seu lado e sentir um pouco disso também. Quero te ver logo.
Um beijo florzinha.
SEN-SA-CIO-NAL!
o texto, a experiência, a escritora!
foda! amei!
queria ter a oportunidade d viver essa experiência também! :)
saudade imensa!
linda, linda, linda!
Sobe devagarinho,
desce um pouco,
continua subindo,
às vezes desce muito,
para subir outra vez,
venta, zumbe, suave,
todos juntos,
solidão,
ficar junto,
bem juntinho,
e solidão outra vez,
desce,sobe,
sobe, desce,
a vida é estar no balão.
LINDO!LINDA!
O balão é um divisor de águas,
não é?
Que lindo Clarinha!!
Adorei!
beijos
do irmão mais velho que vc nunca teve (mas agora tem!
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