Não olho para a noite, porque não há cor. Eu não gosto quando falta nada, e falta cor. Gosto de sentir a terra girando. E ela gira bem devagar, só pra me provocar. O relógio continua fazendo o barulho dos ponteiros cansados. Que giram num eixo tão pequeno. Olhem para os relógios: que erro! Esse eixo não vai conseguir segurar um dia todo! Consertem-no! Aumentem os relógios! Deixem os ponteiros girarem por mais tempo, eles precisam de mais segundos! E eu preciso de água. Esqueci de tomar água, de comer, de dormir. Eu esqueci, porque pensava naquele mistério: A sua mão que não segura a minha. Há mãos abanando, há mãos que falam pelas bocas surdas, há mãos que imploram perdão, há mãos que mostram uma idade longa, e há a sua, que não segura a minha. Eu sei que há maiores mistérios, como o arco-íris cheio de cores que se unem, e elas se unem tão bonito... Logo depois da chuva. É tão belo: cores claras, cores escuras. A natureza que as fez amarelas, azuis... Mas a noite não tem cor. E é por isso que eu não olho para a noite, porque ela não quis usar nenhuma cor.
domingo, 6 de abril de 2008
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