sexta-feira, 28 de julho de 2017

O assalto

Ontem eu vi um assalto, ou segundos depois de um assalto numa praça. Eram dez horas da noite e a praça me parecia bem iluminada. De um lado eu vi a vítima, um rapaz gordinho com uma camiseta amarela de ginástica colada no corpo e uma menina que não consegui perceber bem. O rapaz era moreno e tinha um cavanhaque. O bigode me chamou mais atenção do que a rala barba. Ele usava óculos de grau e capacete. Segurava a bicicleta com a mão direita e tinha o braço esquerdo jogado do lado do corpo no maior ar de derrota que eu já vi na frente. Ele fitava fixamente o assaltante indo embora e enfiando a carteira roubada no bolso. Do outro lado da minha visão tinha o assaltante. Ele passou perto do meu carro e eu achei que tinha visto uma arma no seu bolso. Tinha o corpo de no máximo vinte anos. Era magro, negro e vestia um moletom branco de gorrinho, com o gorrinho escondendo o rosto. Vestia um boné de aba reta também. Acho que estava de bermuda e chinelo, mas isso eu não tenho certeza se inventei, em todo caso a bermuda era preta. Aquela cena formou um quadro na minha memória cujo ponto central é a cara de impotência e fracasso do gordinho de bicicleta.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...