segunda-feira, 17 de abril de 2017

Empresto de Hilda Hilst

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite 
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água 
Desejasse

Escapar da sua casa que é o rio,
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo 
Entendo que sou terra. Há tanto tempo 
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento. 


(do "Dez chamamentos ao amigo")

Um comentário:

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