sábado, 8 de abril de 2017
Despreocupados
Eu lembro direitinho da primeira vez que eu quis casar com você. A gente estava no Camboja, bem no meio da viagem, e o guia turístico esqueceu de nos avisar que ficaríamos dois dias sem banho. Aquela noite a gente ia dormir numa vila de palafita com uma família local. Eu vestia um macacão curto e uma regata laranja e você uma bermuda cáqui e uma camisa da seleção. Durante o dia, totalmente despreocupados, fizemos tudo que tinha para fazer: andamos de charrete de madrugada para ver o nascer do sol, comemos um escorpião e partes de uma tarântula, atravessamos uma ponte mística e suamos toda a água do nosso corpo. Meu cabelo, que era super comprido, estava duro por causa do suor. O sol já estava se pondo quando o guia lembrou de nos avisar sobre o banho. A gente já devia ter imaginado que isso fosse acontecer porque aquela vila ficava no meio do nada e não tinha eletricidade, internet ou álcool gel. Eles nem sequer conheciam essas coisas. A seleção brasileira de futebol eles conheciam. Logo que o guia terminou de falar eu imediatamente senti o meu próprio cheiro e quis chorar um pouquinho. Olhei para o lado e você não estava mais ali: estava jogando futebol com as crianças da vila.
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2 comentários:
Lindo
Eu lembro do seu macacão, lembro de como você acordou o dia seguinte, lembro do seu sorriso infinito quando a gente foi num casamento e você ensinou as meninas locais a dançar. Lembro da sua alegria quando eu te dei de presente um pintinho que tava rondando pela nossa casa, e você cuidou dele fechadinho nas suas mãos por um tempo antes de soltar ele de volta. Lembro como no final do dia a gente ficou feliz por que os presentes que a gente tinha comprado pras crianças fizeram mais sucesso que todos. Lembro de como a gente saiu de um lugar onde falta tudo mas ainda restam as coisas basicas da vida e mais importantes. E sai com a sensação de que nunca conseguiria descrever pra ninguém no mundo o que a gente tinha vivido ali, mas eu sabia que eu teria você do meu lado pra sempre e que aqueles momentos não iriam morrer nunca.
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