domingo, 24 de novembro de 2013
sonho
Meu pai veio me dizer que o meu sonho era um pouco caro e um pouco difícil, não tira o foco do trabalho, filha. Como se eu não soubesse já. Como se eu não tivesse arrastado esse sonho na garganta por vinte e seis anos e cinco meses. Mas tudo bem, é só mais uma montanha que eu vou precisar escalar, depois do meu trabalho me obrigar a adiar e adiar mais o meu sonho. Porque é assim mesmo. Todo sonho que se preza tem que ser difícil, impossível e quase sempre a gente desiste. Eu penso todo dia em desistir, porque eu não sou forte pra aguentar um sonho ridículo desse nas costas, mas eu sempre quero tentar mais um pouquinho, mais umas semanas, mais uns meses. Pode ser até que eu acabe pensando em não desistir, pelo menos um dia. Esse dia vai ser bom. No dia seguinte a vida real volta a me atormentar, e o sonho volta a ser só sonho.
O barbudo do trabalho
Tenho histórias secretas pra contar pra ninguém.
As histórias que eu imagino olhando para as pessoas.
Olho pra esse cara do trabalho, imagino ele tocando algum instrumento genial na janela de casa. Aquela cobertura que quase dá no céu, um céu meio solitário, mas cheio de estrelas. E imagino ele cozinhando ao som de um jazz que eu não conheço. Imagino ele não fazendo a barba e deixando os óculos em cima da pia. Depois ele vê o jornal na televisão, o jornal da meia-noite. Ele analisa tudo com os olhos semi-fechados e dorme. Ele tem tanta coisa pra contar pra alguém.
As histórias que eu imagino olhando para as pessoas.
Olho pra esse cara do trabalho, imagino ele tocando algum instrumento genial na janela de casa. Aquela cobertura que quase dá no céu, um céu meio solitário, mas cheio de estrelas. E imagino ele cozinhando ao som de um jazz que eu não conheço. Imagino ele não fazendo a barba e deixando os óculos em cima da pia. Depois ele vê o jornal na televisão, o jornal da meia-noite. Ele analisa tudo com os olhos semi-fechados e dorme. Ele tem tanta coisa pra contar pra alguém.
Outros séculos
Estava estudando romantismo alemão, espanhol, português. Eles se matam, elas morrem de amor, elas esperam, eles morrem na guerra, elas ficam grávidas de outros, eles se entregam ao inimigo, elas também. Dor, dor, dor. Tudo tão trágico. Exatamente como na vida real.
sábado, 23 de novembro de 2013
Coisas invisíveis
Acho que talvez esteja na hora de ficar um pouco longe disso tudo, tá na hora de ir para casa, para o acampamento, para a chácara da vovó. Preciso ver a terra, me ver de longe, preciso ver melhor. Quando se fica muito tempo longe de casa, do que se acredita, o caminho de volta fica quase invisível.
Teresa
Quem põe os pingos nos is,
a vírgula para dar uma pausa,
o ponto para finalizar a questão.
Quem traz o sol de manhã
- mas isso é um clichê, ela diria.
Quando um avião cai,
- e todos os dias caem aviões -
ela respira e faz o mundo saber, tranquilamente.
Ela foge do que chama de mundo cão,
porque na hora do almoço ninguém merece sofrer.
Saias longas, botas, pulseiras
e um jeito doce, doce.
Teresa, a sua existência torna a vida na terra mais suave,
todos os dias.
Porque você e os seus cachos
parecem um daqueles milagres disfarçados de gente.
Assinar:
Postagens (Atom)
As suas coisas espalhadas
Elas me observam andar pela casa, chorar escrever quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...
-
Naquela sexta-feira eu tinha um casamento. Ou talvez uma festa chique, não sei exatamente. Quis fazer meu cabelo, minhas unhas, maquiagem. P...
-
Tudo isso para tão pouco, talvez pior do que pouco, talvez pior do que nada. Tudo isso para um abismo.
-
Por que foges, beija-flor? Não vês que te espero? Não sabes onde estou? Eu vi o sol nascer -E morrer tantas vezes. A ti eu vi tão pouco, Não...