quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu preciso ir embora

"It's funny. Don't ever tell anybody anything. If you do, you start missing everybody."
(The Catcher in the Rye, J.D. Salinger)

Eu não costumava ser assim. Eu até falava bastante de mim antigamente, adorava explicar as minhas teorias e falar do meu passado. Mesmo porque o meu passado é uma delícia. Não sei se foi um fato pontual que me calou por enquanto. Também não sei se é só por enquanto. Mas o meu passado continua bonito, continua mesmo. Eu é que fiquei um pouquinho mais medrosa. Cuidadosa, talvez. Prometo que qualquer dia desses eu falo um pouco mais. Só que não gosto de falar muito. Eu sempre me arrependo depois, fico achando que estou nua. Que você pode rir da minha participação insignificante no mundo. Ou que você pode achar tudo isso um pouco bagunçado demais, você que é arrumadinho. Eu gosto de você, e quando eu gosto de alguém eu fico morrendo de medo de ouvir "eu preciso ir embora." Pra mim isso é pior do que um "eu nunca te amei." Eu supero não-amores, mas despedidas eu não sei. Fica tudo meio engasgado, eu fico perdida no meio da rua da minha cabeça. Quantas vezes já escrevi sobre adeuses? Eu acabo indo embora antes de ser abandonada, não consigo. Devem ter sido muitos desencontros. Tenho medo de virar aquelas pessoas que não se apegam, porque tiveram que desapegar demais. Apesar de que eu acho que já não posso mais partir, acho que é você que terá que ir. Será que você vai mesmo embora? Se for, não deixe de perguntar mais uma ou duas coisas sobre mim, para você eu quero falar.

5 comentários:

Camila S. disse...

Assumo muitas vezes o papel de "leaver" do que a de "left behind". E quando isso acontece, eu desabo, fico muito mal. Meu maior medo, confesso, é o de ser abandonada. Prefiro ficar de vilã.

estcin disse...

Já dizia Stendhal: "As alegrias do amor são sempre proporcionais ao medo de as perdermos."

E Clarice Lispector arremata: "Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."

Tamiris disse...

Tudo oq queremos é evitar sentimentos ruins...

Mas para viver o belo, é necessario conhecer o feio...
No meu blog, tem um texto que se xama, sem a guerra não há paz... E é a verdadeira realidade...

Bjos kerida, e parabens por mais um lindo texto...

Anônimo disse...

É para mim que você vai se abrir...
Não apresse as coisas, elas acontecerão com a pessoa certa(eu), no momento certo.

Sabrina Bombonatti disse...

Este texto e'um dos melhores!A parte que citarei abaixo e' genial! Mas antes a pergunta: Quantos anos mesmo voce tem? Uns 38, ne'?! rs. Beijo! Tia Sab.

"Eu gosto de você, e quando eu gosto de alguém eu fico morrendo de medo de ouvir "eu preciso ir embora." Pra mim isso é pior do que um "eu nunca te amei." Eu supero não-amores, mas despedidas eu não sei. Fica tudo meio engasgado, eu fico perdida no meio da rua da minha cabeça."

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...