sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

I've decided to say goodbye for good. So this is it. Goodbye.

Formigas e diamantes


Meu pai tinha razão aquela vez, quando a formiga me picou. Ele disse: "Não chore, filhinha. Suas lágrimas são preciosas, como diamantes. Se você chorar por essa formiguinha, depois não vão sobrar lágrimas para coisas importantes."

É, ele estava certo. As lágrimas são mesmo como diamantes e vão se esgotando. Ontem eu chorava tanto que hoje eu já quase não tenho mais lágrimas. Eu ainda não descobri se chorava por uma formiguinha ou alguma coisa importante. Isso meu pai não me ensinou a identificar, mas algo me diz que é a vida que mostra as formigas e às vezes nos traz alguns diamantes.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Don't disappear

É uma rua tranquila até, e eu quase sempre passo distraída por lá. Ou melhor, passava. Até eu conhecer esse vendedor de chicletes, cujo nome eu não sei, que fala inglês. Deve ter uns quarenta e poucos anos, todos os dias veste um terno cinza bem surrado e óculos escuros. Ele chega na janela do seu carro e começa a falar com um inglês bem razoável se você quer comprar os chicletes dele, que são ótimos, que você parece uma atriz de hollywood e mais um monte de abobrinhas. O cara é ótimo. Mesmo que você esteja horrorosa e deprimida ele te anima e ainda faz você comprar aquele chiclete com gosto de isopor. Eu sempre compro. Isso já faz um tempo e eu até criei certa amizade com ele, tendo em conta que o farol dali é bastante demorado. Fiquei um tempo sem aparecer naquela rua, e ele notou. Quando eu finalmente reapareci e começamos o nosso papo, o farol logo abriu e a única coisa que ele gritou para mim, num tom meio desesperado foi:

-Please, don't disappear!

Eu achei graça a princípio. Para um americano isso não faria muito sentido, porque o que ele quis dizer faz mais sentido em português. Depois comecei a pensar, e meu amigo do farol tem toda razão. É isso mesmo que as pessoas fazem: elas desaparecem.
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma hora

Enquanto o dia ganhava uma hora, um gato comia ração. Uma folha seca caía de uma árvore velha e uma mãe gritava com um filho. O ponteiro de todos os relógios ficou parado, porque estava na hora de acabar com o horário de verão. Até o ponteiro do relógio daquela professora malvada ficou parado. Bem feito: ela esperava o marido chegar. A noite que já era longa, ficou mais longa, e a música não parou de tocar, porque ainda tinha uma hora de festa. Um avião que passava ali por cima avisou os passageiros: "Voltem uma hora nos seus relógios!" E todos os passageiros sorriram: "Ganhamos uma hora!". Enquanto os bombeiros não apagavam nenhum fogo que não acontecia naquela hora, eu, distraída, deixei a hora passar. Os ratos imundos entravam nos esgotos, as bolas de basquete pingavam no chão, as nuvens formavam suas chuvas, as barrigas de mães grávidas cresciam mais uns milímetros. E eu poderia ficar feliz que ganhei mais uma hora para o meu dia. Eu poderia sorrir ou celebrar, como todos faziam. Poderia tomar uma taça de champagne e me alegrar. Mas eu não, eu não me alegrei.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Os 50% do amor

Você falou milhares de frases desconexas e um pouco incompreensíveis.
E todas elas renderiam um post. Mas eu escolhi essa.

"As pessoas não tem culpa se você gosta delas. O sentimento é seu. A culpa é sua. A responsabilidade é sua."

Não concordo, garotinho. 50% para cada.

50% culpa de quem gosta, 50% culpa de quem é gostado. Porque ninguém gosta de alguém porque escolheu aquela pessoa, essas coisas a gente não escolhe. E ao mesmo tempo, há uma fração de segundo em que se é possível escolher: se encantar ou fechar a porta.

Os medrosos fecham a porta e põe a culpa no outro. Os aventureiros se jogam com tanta força que às vezes chegam até a quebrar alguns membros do corpo. Às vezes até um órgão vital. O coração, por exemplo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Obrigada

Andava aflita para lá e para cá, com mil coisas para fazer. Estava estressada, minha cabeça voava em mil coisas. Tinha que ir para o andar de cima do prédio, então peguei o elevador. Assim que entrei no elevador, dei de cara com ele: o limpador de espelhos. Era um senhor bem velhinho que limpava o espelho do elevador com uma calma, uma paz tão grande. Esqueci de todos os meus problemas, esqueci para onde estava indo e por que eu estava ali. Fiquei observando a calma daquele ser. Ele passava o rodinho, tirava o sabão, depois repassava, até o espelho ficar brilhante. E como ficou brilhante! Aquele senhor devia ter muita experiência, pois tinha feito um excelente trabalho. E melhor ainda: me emprestou um pouco de sua paz.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Água doce

Se eu fosse um peixinho de água doce,
E eu te desse um beijinho,
Me diga: Ele seria docinho?
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ô tempo, seu safado! Quer tratar de curar o meu coração tonto? Ô tempo, seu malvado! Achei que você curava tudo, eu ouvi dizer. Era mentira? Quer tratar de passar logo por mim, para que esse vazio se torne uma bobagem de novo?
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pode ir, meu príncipe.


Pode ir, meu príncipe. Pode pegar o seu cavalo branco e ir pela floresta! Você é o meu príncipe e eu vou sonhar com você todas as noites, mas pode ir... Eu gosto tanto do seu sorriso que dói. Vai doer tanto ver você indo embora, meu príncipe. Vai doer porque eu queria construir um castelo tão lindo para a gente morar! Com janelinhas para a gente ver a lua e as estrelas. Vai doer porque eu fiz um montão de poesias lindas para você, e eu ia deixá-las nas suas coisas, para você ir achando ao longo da vida. Mas pode ir. Eu quero tanto que você seja feliz, porque você é um príncipe tão lindo! Eu quero ver o seu sorriso em capa de jornal, em fotos de viagens, em competições que você ganhar. Que você ganhe todas! Você me fez tão bem, príncipe meu. Tão bem! Eu chorei bastante já, mas foram lágrimas boas! Eu chorei porque tudo foi tão lindo... Eu pisava no seu pé para não ser picada pelas formigas. Eu gostava de usar as suas blusas no frio. Gostava do seu beijinho com biquinho de guaxinim. Gostava de todas as suas manias: de falar "entendeu?", de ser curioso, da sua distração. Nossa, a sua distração! Como eu gostava de vê-lo viajando tão longe... Você é um príncipe lindo, aprendi a ser mais bonita, porque você me ensinou. Eu nunca não vou gostar de você, pode ir pelo bosque. Pode ir sim! Vai ser feliz, príncipe, muito feliz! Eu vou ficar aqui, e eu vou ser uma princesa boazinha, não vou chorar mais, tá bom?

Um dia você vai se orgulhar de mim, meu príncipe. Eu prometo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Eu li em um livro e lembrei de você

“Você sabe o que acontece quando a gente magoa as pessoas?” Ammu perguntou. “Quando você magoa as pessoas, elas começam a amar você menos. É isso que acontece quando se fala sem pensar. As pessoas amam você menos”. Uma mariposa fria com tufos de pêlos dorsais excepcionalmente densos pousou suavemente no coração de Rahel. No ponto em que as patas geladas a tocaram, ela se arrepiou. Seis arrepios em seu coração descuidado. Sua Ammu a amava menos.

(O Deus das Pequenas Coisas - Arudathi Roy)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vá achar a tua menina

Talvez você encontre a menina que nunca disse eu te amo, a menina que não gosta de sair, que não escreve sobre você e nem ninguém. Tua menina deve estar em algum lugar, aquela que não te chama de nomes de bichos (porque você diz que não gosta) a menina que não come muito, que não bebe nunca, que não liga nem um pouco porque você paga todas as contas. Vá procurar em outro lugar a menina que não dá risada mesmo quando você está a mandando embora. Onde será que está a sua menina? A menina que só gosta de tocar piano e esperar acabar o seu treino. A menina que se apega a você tão rápido, mas que não desapega rápido de jeito nenhum, ela não pode ter essa doença. Você não deve perder tempo, mesmo no meio dessa sua confusão, vá achar a tua menina. Essa menina deve ser mesmo linda, eu até quero conhecer a menina que merece ouvir o seu eu te amo.

Espero

Que o fim seja breve, para que eu logo possa voltar a respirar alegremente.
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As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...