sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

dia de mudança

Eu tinha 12 anos e ele 14. Ele era todo descolado, gringo, lindo. Eu brincava de Barbie ainda, escondendo sempre dos amigos da minha irmã mais velha. A minha vizinha era minha grande parceira de brincadeira e naquele dia a gente resolveu arrumar a casa da Barbie na minha casa. Foi preciso transferir todos os móveis da casa dela para a minha. Tinha cadeira, almofadas, copos, tapetes, sofás, tudo em miniatura. Aliás, tinha um jogo de sofás cor de rosa que eu adorava. Fomos levando tudo em várias viagens que consistiam em: sair da casa dela, andar uns cinco ou sete passos e chegar na minha. Quando só faltava o jogo de sofás cor de rosa para terminar a mudança e eu já estava no segundo passo em direção à minha porta, eu o avistei descendo a rua com um amigo. Meu coração disparou. Eu precisava esconder aqueles móveis da Barbie com urgência se não ele jamais iria me querer. Peguei o moletom que estava na minha cintura e graças a Deus pude cobrir tudo que eu carregava. Ele e o amigo se aproximaram: "Oi. Tá fazendo o que?", o amigo perguntou. Eu respondi com prontidão: "arrumando umas coisas só, nada de mais." Eu suava. "O que é isso embaixo do seu moletom?" "Nada não, coisas de mulher." Quando eu achei que tinha me livrado daquele momento de tortura e me virei para ir embora, tropecei em mim mesma e derrubei todo o jogo de sofás cor de rosa na calçada.

As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...