Não há muito o que escolher
um tapete mofado, um chão sujo
não há saída
uma fuga talvez, um abandono
lágrimas agora ou depois, tanto faz
as coisas mudam
para voltar a ser o que eram
nada é fixo, estático
e andar em círculos também é andar
o que fazer
senão sentar e assistir tudo ruir
pregar as próprias mãos numa cruz
deixar-se levar ou morrer lentamente
Não há o que escolher
a escolha nunca foi uma escolha real
já estava tudo decido muito antes
o copo que está no chão
não está meio cheio nem vazio
está quebrado.
domingo, 28 de outubro de 2018
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
Pouco importa
Ontem pela primeira vez você me olhou
como se quisesse alguma coisa comigo
não corpo ou bom humor
alguma coisa com a minha alma
ela secretamente me pede para voltar
para sua casa no final do dia
mas eu não posso:
nunca mais achei minha escova de dentes
você a descartou?
Sabe, eu queria te ajudar
a pôr as plantinhas de volta na estante
como escrevi naquela poesia
mas pouco importa você
está indo viajar de novo
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Domingo
você me dá medo e eu
dou espaço pra outro
mas há
um espaço enorme
entre eu e o outro
um vazio que eu preencho
com você me esperando
domingo
eu não quero outro
mas eu tenho medo
dou espaço pra outro
mas há
um espaço enorme
entre eu e o outro
um vazio que eu preencho
com você me esperando
domingo
eu não quero outro
mas eu tenho medo
domingo, 14 de outubro de 2018
fluxo contínuo de ideias
não me lembrava de sentar por horas no chão sem distração num fluxo contínuo de ideias sem nem se tocar que sorte a minha encontrar você perdido na porta um copo de cerveja na mão não gosto de plástico nem de cerveja mas eu quis aceitar o seu copo tomar o que for ao seu lado e escutar tudo sobre aquele olhar que só fazia desviar tímido de mim eu não me lembrava a sensação de olhar no rosto de alguém e pensar pode parar encontrei bem aqui, é isso
terça-feira, 9 de outubro de 2018
Aprendi assim
Eu
já fui fundamental
imprescindível
irremediável
você
me ensinou
que posso não ser
nada disso
aprendi assim
que não preciso
de você
já fui fundamental
imprescindível
irremediável
você
me ensinou
que posso não ser
nada disso
aprendi assim
que não preciso
de você
domingo, 7 de outubro de 2018
hora
Eu gosto de observar, atenta, os horários das coisas
desde pequena no berço
minha mãe falando baixo, hora de dormir
o dia ficando escuro, hora de voltar
agora, enquanto você dorme profundamente,
observo atenta os sinais
a noite mal dormida
a falta de espaço e de tempo
me despeço mentalmente do seu beijo
é hora de partir.
desde pequena no berço
minha mãe falando baixo, hora de dormir
o dia ficando escuro, hora de voltar
agora, enquanto você dorme profundamente,
observo atenta os sinais
a noite mal dormida
a falta de espaço e de tempo
me despeço mentalmente do seu beijo
é hora de partir.
vento
O vento batendo na sua janela
me faz pensar que hoje talvez seja
a última vez que vou ouvir
o vento batendo na sua janela
me faz pensar que hoje talvez seja
a última vez que vou ouvir
o vento batendo na sua janela
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Outubro
Você chegou tão de repente
não tenho mais poesia pra você, outubro
esgotei-as ao longo do ano
até corações no correio eu botei
em setembro e ainda não te conheço
você chegou agora, outubro
não tenho mais forças para escrever
sobre alguém que eu nem conheço
em fevereiro não havia outubro
só o nosso aniversário, nosso aquário
guardamos segredo por meses
você chegou de fininho
disfarçado de férias, carregando outro amor
não há mais segredo,
não há mais poesia
o que haverá em outubro?
Você enfim chegou.
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