quinta-feira, 16 de julho de 2015
A vida certa
Eu sei que eu já dei de cara com a proposta da minha vida. A proposta para me fazer completa, me elevar o espírito, me deixar em paz com o mundo já veio. Sim, ela me chamou mas eu não percebi e saí andando. Acho que foi isso que me aconteceu. Hoje eu vivo uma vida paralela à que eu deveria viver. Vivo uma vida que, se eu tivesse feito a escolha certa, eu nem pensaria que poderia haver outra opção. Por isso penso que nada que eu possa fazer pode ser errado. Minha vida já é a errada, já não era para ser essa. A vida certa teria poesia, música e teatro. Teria horas para criar, para gastar. A vida certa teria gente na hora certa - e na hora errada só teria eu, porque sou de aquário e preciso ficar só de vez em quando. Na vida certa eu poderia escrever o que eu quero no meu expediente, porque o meu expediente seria meu - e não de uma empresa. Se eu vivesse essa vida acho que seria mais paciente. Seria mais calma, não roeria unhas. Eu poderia ser quem eu sou lá de dentro, não perderia tempo (e nem energia) com o que eu não gosto, com o que eu não sou. Não perderia tempo com tanto cansaço. Porque cansaço não é coisa de gente jovem e cheia de vontade como eu. Eu tenho dor nas costas, eu tenho dor na alma. Na vida certa não existe dor na alma.
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