segunda-feira, 22 de junho de 2015

Presa na garganta

Era uma vez uma história entalada em uma garganta. Uma história que não saia da garganta e fazia os olhos lagrimejarem e os dedos atrofiarem e o peito apertar. Uma história que doía como um filho de 12 meses preso no ventre pesado de uma velha mãe. Essa história nunca saiu da garganta. Dias e meses se passavam e ela mais se afixava nos ossos do meio da garganta. Parecia uma alga marinha, dessas verdes que se prendem no vidro do aquário. E aquário é o meu signo, mas mesmo se fosse câncer eu acho que essa história não sairia da garganta. Até porque não é pela garganta que ela há de sair. Talvez pelos dedos, talvez por um palco bem grande, talvez no ralo de um chuveiro, talvez numa linha telefônica enrolada num pescoço. Talvez em lugar nenhum. Talvez essa história seja uma poesia - que talvez já tenha sido escrita bem antes.

Um comentário:

cotia disse...

Como voce escreve bonito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

você, um beco

Querosene explosão  admite a melhora admite a melhora da casa com as plantas uma samambaia para cada lado tirar dois livros da estante uma b...