segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Se é
Eu vivo em tempos estranhos. De comunicação ao extremo, mas muita muita muita falta de olho no olho. Muita pele e pouco papo. São tempos tristes. Isso, tristes, muito tristes e solitários. Como uma música do Chet Baker, exatamente assim, com aquela voz de tristeza pura. Tempos de querer aparecer, se mostrar, tempos de mostrar felicidade. Tempos de Rivotril, porque a tristeza não é bem-vinda. A tristeza é perigosa na verdade. Ela tem matado pessoas com cintos no pescoço. Pessoas engraçadas, pessoas que eram felizes. Mas hoje quem é feliz? Não sabemos nem direito o que é isso, confundimos com dinheiro. Confundimos com amor, com drogas, com espelho, com televisão. Eu não sei também, não olhem pra mim. Eu tanto não sei que às vezes chego a pensar que é Pink Floyd. Aquela música que ela grita, grita: The great gig in the sky. Eu tenho vontade de gritar como ela. Tenho vontade de me jogar dum penhasco pra ver como é - e depois sair andando. Ser feliz, que coisa imbecil. Ser vivo, ser o que se é, ser. Ser, coisa difícil. Como é que se é?
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