sexta-feira, 20 de junho de 2014
Vigiada
Não soará falso a você se eu passar a escrever pensando em quem irá ler? Haverá uma faixa de preocupação tomando o espaço da minha alma. Não tente me fazer voltar a escrever, eu não vou mais. Perdeu a graça pensar que a minha alma está sendo vigiada.
terça-feira, 17 de junho de 2014
de tudo isso
Estou arrependida
de ter saído do útero da minha mãe
de ter dito o que eu disse
de ter ido aonde eu fui
de ser assim como eu sou
de não ser como eu poderia ser
e eu não vou mais parar de me arrepender
não hoje, não por enquanto
não aqui
não tem como.
de ter saído do útero da minha mãe
de ter dito o que eu disse
de ter ido aonde eu fui
de ser assim como eu sou
de não ser como eu poderia ser
e eu não vou mais parar de me arrepender
não hoje, não por enquanto
não aqui
não tem como.
Ficção
Desde quando vc me falou que tudo que eu escrevia estava me expondo demais eu não parei de pensar nisso. Mas ninguém lê isso aqui e se lê, nunca vai saber quando é realidade e quando é ficção. Eu misturo tudo
"And I am not frightened of dying
Any time will do, I don't mind
Why should I be frightened of dying?
There's no reason for it
You've gotta go sometime.
I never say I was frightened of dying"
domingo, 15 de junho de 2014
Eu penso em você
Penso em você nas horas mais estranhas: quando tenho raiva do trânsito, quando penso que serei demitida, quando não sou demitida e quando sou também. Penso em você quando cometo erros de português, quando penso por que existe o português e quando penso que eu poderia ter nascido no Japão. Eu penso demais em você. Questiono a sua existência no mundo, se você é mesmo desse mundo, se você existe em algum lugar ou lugar nenhum. Penso se você pensa em mim também, se você sabe que eu existo, se você já me viu passar. Eu penso muito se eu ando fazendo as coisas certas, do jeito certo, do jeito que talvez você se orgulhasse de mim. Eu penso se todo mundo tenta falar com você, se alguém consegue, se alguém já conseguiu. Eu penso se você tem mesmo vários nomes, se você tem nome, se alguém acertou o seu nome. Eu queria saber se ter um nome é mesmo importante, se existir é mesmo lindo como dizem. Se você se cansa de ser você, se você pensa em desistir como eu. Eu penso em desistir o tempo todo. Tudo que eu tenho eu penso em deixar pra lá e o que eu não tenho também. Eu não gosto quando alguém tenta comprovar que você está por aqui porque eu não consigo ver e nem sentir e fico me sentindo tão burra, tão insensível e tão sozinha. Foi você mesmo que fez tudo? E por que não desfez até agora? Você está esperando a gente desfazer tudo sozinhos? É por preguiça, raiva, decepção, desilusão? Eu tenho tantas perguntas, eu e todo mundo. Mas eu sei que você não responde nada. Não sei se por covardia ou por não existir mesmo: como pode responder se não existe? O fato é que eu pensei em você hoje e eu quis pegar a sua mão enquanto ouvia a minha mãe tocar piano. Ela nunca toca piano, mas hoje ela tocou.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
As unhas
Quando machuco os meus dedos de tanto arrancar as unhas ou as peles em volta delas eu penso no que pode estar errado. Pode ser muita coisa, mas eu aumento o som do rádio e falo mais alto do que deveria falar - para não pensar no que pode ser. Me dá ânsia de vômito pensar na quantidade de coisas que me incomodam aqui e agora. Mas o que eu posso fazer?
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Sequestro
Ontem eu sonhei que tinha sido sequestrada. A polícia chegou e no lugar de prender os meus algozes, me prendeu - num presídio de segurança máxima. Eu ficava isolada, com medo, desesperada, me sentindo sozinha, longe. Eu recebia notícias de que a polícia estava atrás dos criminosos, mas que enquanto não os encontrasse eu ficaria presa. Acordei num impulso com vontade de chorar. Freud, pelo amor de deus me explica. Eu estou sofrendo, não estou?
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