domingo, 2 de dezembro de 2012
fim de festa
Quando o amor deles era recém-nascido existia um sofrimento tão doce. Um sofrimento quase infantil. Eles não sabiam o quanto deviam se falar durante a semana e às vezes ficavam mudos, os dois. Inseguros e receosos. Um não sabia do outro, não sabia se era hora de ligar para o outro, se o outro iria se incomodar. Ah, que coisa, é normal esse negócio? É normal que eu sofra assim? É normal sofrer de silêncio? O momento do encontro era mais do que uma alegria, um prazer, era também um alívio. Um doce alívio. Tantos suspiros, surpresas, suspeitas. O amor foi amadurecendo bem devagar. E ele resolveu pôr pra fora o desespero da distância. Ou foi ela que o fez? Algum dos dois não aguentou mais. Os dois não aguentaram. Eles concordaram que aquele silêncio era doloroso, que devia acabar, que eles não precisavam sofrer com tanto amor de sobra. Foi difícil no começo e às vezes a distância voltava. Voltava o silêncio, voltava o vazio. E um sofria de um lado, o outro sofria do outro. Foi aos poucos que o vazio foi embora. E então, certo sábado à tarde ela acordou na cama dela, a pequena cama dela, e olhou o dia. Um sol lindo, um dia todo à toa, todo azul. Mas o amor não vinha, o amor não veio, o amor havia ido. Ela ficou sentada na beirada da cama, sentindo aquele sofrimento já não tão doce do início do amor. O mesmo sofrimento tão infantil, da falta de intimidade, da falta de dia-a-dia, de começo de amor. Ela sentiu o vazio e um medo. Um medo daquele ser um vazio de fim de festa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
você, um beco
Querosene explosão admite a melhora admite a melhora da casa com as plantas uma samambaia para cada lado tirar dois livros da estante uma b...
-
Naquela sexta-feira eu tinha um casamento. Ou talvez uma festa chique, não sei exatamente. Quis fazer meu cabelo, minhas unhas, maquiagem. P...
-
Tudo isso para tão pouco, talvez pior do que pouco, talvez pior do que nada. Tudo isso para um abismo.
-
Por que foges, beija-flor? Não vês que te espero? Não sabes onde estou? Eu vi o sol nascer -E morrer tantas vezes. A ti eu vi tão pouco, Não...
Um comentário:
Amo você.
Postar um comentário