segunda-feira, 5 de novembro de 2012
È chiuso
A gente sempre chegava quando todo mundo estava indo embora. Era engraçado. "Encerramos o café da manhã, mas vocês ainda podem pedir pão de queijo direto no balcão." Ufa, conseguimos pelo menos que eles sirvam o nosso pão de queijo. Mas era assim no almoço e no jantar também. Eu às vezes ficava decepcionada com a nossa falta de cuidado com os horários estabelecidos das coisas. No primeiro dia de aula o professor já estava na metade da explicação quando a gente chegou. E nas outras aulas foi a mesma coisa. O pior é que gente se esforçava, juro. Subimos por um caminho longo, chovia fininho, fazia frio. Era nossa viagem de lua-de-mel, sem que a gente fosse casar nem nada. Nós dois estávamos com fome e queríamos ir no restaurante que o cara do lobby nos indicou. Cansados e famintos vimos as últimas pessoas saírem de lá, um bando de jovens locais. "È chiuso." "ma per favore, signora" "vá bene, venire presto!" Eu demorei pra perceber o que era. Eu demorei pra perceber que a gente não estava atrasado nem adiantado. O nosso negócio é que a gente sempre teve o nosso próprio timing. Os nossos horários eram só nossos e eram diferentes do resto do mundo, sempre foi assim.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
uma mordida na perna um veneno de lagarta no dedo uma conta negativa no banco uma franja que eu não gosto um bloqueio criativo um medo que n...
-
Naquela sexta-feira eu tinha um casamento. Ou talvez uma festa chique, não sei exatamente. Quis fazer meu cabelo, minhas unhas, maquiagem. P...
-
Eu queria escrever alguma coisa, mas tenho medo que você leia e saia correndo. Eu tenho um medo constante de que as pessoas saiam correndo, ...
-
Chore porque eu não te amo, ou chore porque te deixei. Chore com a música que já não é nossa, ou chore com o som dos meus passos partindo. C...
Nenhum comentário:
Postar um comentário