terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Doar; doer

Dôo minhas roupas, todas. Aquela saia que acabei de ganhar, a blusinha do brechó, os vestidos. Dôo os sapatos (não vou mais caminhar), dôo minhas jóias, até mesmo as que eu ganhei. As minhas bolsas, esmaltes, brincos. Eu quero tirar tudo daqui. Que levem tudo. A cama? Podem levar. Levem as minhas canetas, pode ser que eu já nem escreva mais. O telefone? Por favor, levem agora, tirem daqui. Não quero mais essa janela. Essa vista, esses olhos. Não quero mais essa preguiça e nem essa vontade de continuar. Eu não quero mais nada. Estou doando meu presente e o meu futuro (o passado, infelizmente, não dá). Estou doando tudo o que eu ia escrever. Pode anotar. Os meus cabelos, dedos, pés. O meu coração, até. Levem tudo, tudo, tudo. Não deixem nada aqui. Disfarcem, não deixem que eu veja, se restar algum pedaço de mim.


3 comentários:

Angela Brug disse...

tão profundo que até dói ...

Anônimo disse...

Quando pensou em doar, já doou tudo. Agora recomece a juntar novamente tudo, para uma nova doação. Porque a vida, meu bem, é isso:amar e doar!...

Anônimo disse...

Quando pensou em doar, já doou tudo. Agora recomece a juntar novamente tudo, para uma nova doação. Porque a vida, meu bem, é isso:amar e doar!...

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...