domingo, 10 de maio de 2009

Na outra vida

Não é que a madrugada me faça companhia. Isso parece coisa de louco. É que eu gosto de silêncio às vezes, esse vazio. Todo mundo faz muito barulho. Mesmo as teclas do teclado que batem agora. É fácil fazer barulho. Difícil é calar-se e só observar. Difícil é reconhecer a solidão da noite, do escuro, e acolher-se nesse preto todo. Todo mundo dormindo e em silêncio. Sonhando com outras vidas. Eles tem razão, sabe, eu deveria dormir também. As outras vidas que eu teria se fechasse os olhos seriam muito mais coloridas e cheias de vida do que esta. Ainda mais agora, nesse escuro sem fim. Vou dormir, estou até ficando com medo. Quero viver minha outra vida. Nela as pessoas são muito mais reais do que nessa. As pessoas da outra vida me abraçam com mais vontade e quando não querem que eu fique, elas me deixam ficar. Quem vai embora são elas.
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2 comentários:

Rodrigo Guerreiro disse...

Nossa Clara, adorei esse post!

Dino disse...

Hoje passei na Psiquiatria... de verdade.
Conheci o Sr. João que me disse que era filho da rainha da Dinamarca e filho de Deus. Como ele era esquizofrenico, muitas vezes ficava viajando em silencio encostado na parede. Mas o silencio dele não era correspondido já que a Sra. Flavia do outro quarto estava em mania e berrava a plenos pulmões.
Achei bonito aquele momento e pensei em contar ele pra voce. Pensei em dar o meu jaleco pro representante real dinamarques e ficar no lugar dele por um tempo, ja que eu estava preocupado com provas e ele com sua coroa herdada.
Pensei, pensei, fui pra sala de aula e tinha uma foto de um quadro do Gustav Klimt.
Nao resisti.

Queria eu ser filho da Rainha da Dinamarca numa outra vida.

Eu sei que voce (e provavelmente só voce) me entende...

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...