quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O pai e a filha (ou a minhoca e o urso)

A filha chegou em casa toda chorosa. Logo se esparramou na cama do pai e chorou tudo que a incomodava: o coração, o trabalho, a faculdade e todas as suas picuinhas de filha. O pai ficou de certo um pouco preocupado: bolou gráficos, tabelas e métodos para melhorar a alma bagunçada da sua pobre filha. Explicou-lhe sobre meninas que andam vazias e precisam de outros artefatos para se preencher, sobre como conseguir sair de onde está, sobre propagandas de conhaques italianos e sobre outras coisas que só a filha e o pai podem entender. A filha enxugou suas lágrimas e se conformou por hora. Abraçou o pai e foi tratar dos seus desesperos. O pai ficou parado por uns instantes e sorriu. O desespero da filha, suas lágrimas tristes e inquietude eram mesmo ruins, mas ele não podia deixar de alegrar-se em ver que sua filha ainda precisa dele, e muito.

5 comentários:

Incontinente disse...

Pais... esses seres fantásticos.

Paulinha disse...

Lindo.

Não acho mais palavras, talvez por causa da saudade repentina que me tomou.

Beijos querida!

Anônimo disse...

Lindo lindo... Fiquei com saudades do meu pai!

Anônimo disse...

A menina chorou e esperneou, mas por baixo da carapaça de cágado, nada mais havia se não uma linda andorinha. Vai, vai andorinha, voa com suas asas para todos os picos do mundo, para os córregos, para os canions,para as alegrias das nuvens! Depois, volta para casa.

Vâmvú disse...

Lindo isso, Clara. Muito bom!!
A tua sensibilidade é impressionante, à flor da pele...
Bjs

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...