
Eu fiz um acordo unilateral com você: Deixei você me ver sob uma lente invisível e deixei você gostar do que viu. Eu deixei o seu sorriso ser dos meus olhos. Mas o meu sorriso continuou meu, eu continuei sentada, sem lentes e sem muitos sorrisos. Minha cadeira se manteve ocupada com a minha presença vazia. O acordo foi só para você, eu fiquei de fora. Agora que o acordo já foi revelado e você veio pedir a sua parte, eu não peço perdão por ter sido unilateral. Porque você, nesse acordo, venceu. Eu quis sair ganhando sem lhe dar nada, mas eu perdi. Eu perdi o direito de te chamar de amigo. Perdi os seus sorrisos todos de uma vez. Perdi as suas graças, as minhas graças, perdi um espaço no seu espaço, eu perdi o que eu nunca consigo ganhar. Não que você tenha vencido de fato, que tudo esteja lindo e nada tenha mudado para você, mas os seus são danos necessários. São danos reparáveis, são danos que a gente eventualmente tem de viver. Acho que esse acordo me mostrou uma coisa ao menos: Nada pode ser feito de um lado só. Sorrisos são feitos para dar e receber mutuamente, sem que alguém fique sentando esperando não sair ferido. Acordos unilaterais sempre acabam com alguém ferido, às vezes os dois lados.
Para P., quem eu perdi.
Um comentário:
Você é uma carregadora. Mas ainda não sei porquê.
Postar um comentário