No café da manhã te conto um sonho
você finge não entender
te beijo e abraço suas costas
você beija de volta e vai embora
fico com as suas coisas
o seu cheiro em tudo
um grampeador tem seu cheiro
um garfo
coloco as toalhas no sol
abraço sua roupa
fuço sua carteira
procuro por mim em algo seu
até nos livros de lacan
que já estavam ali bem antes
seminários sem graça
sem a gente
ouço o barulho do trânsito
você escuta?
o resto do dia é qualquer coisa
até o barulho da porta
que corro para abrir