você prega dois quadros na minha parede
seu cachorro me fareja chegando
passa um trem na minha janela
prefiro os seus passarinhos
coloco roupas pra lavar na sua cesta
será que um dia a gente se casa no almoço
a calça do seu filho me cabe
você não gosta do churros
a moça que vasculha o lixo nos chama
o velho artista recita poesia no ipad
triste com o frio e as coisas da velhice
um estúdio com vista
pra gente imprimir amor nas paredes
o próximo inquilino vai ter que pintar
naquele monte de livros eu te conto:
uma mulher fez poesia com o movimento dos olhos
o movimento que fazemos me encanta
não gostava desse bairro
mas estou aprendendo a amar cada canto
porque é seu
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Contagem das notas
Adio todos os dias a contagem das notas
já sei que não são muitas
todos os dias me fazem pensar
os legumes enrugados na forma
a minha pele
contar notas é o que se faz
essas palavras que eu transbordo
me desenrugam um pouco a pele
mas não colocam legumes na forma
é preciso levantar
e contar notas
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
de manhã
Eu sei que não dá tempo pra mais coisa
de manhã:
tem o café, o cão, o rosto para lavar
pernas que te prendem
mas sabe o que é?
precisa regar também pela manhã
faz tanto calor
manjericão gosta de água
o tomilho-limão e aquela azulzinha
sendo assim, deixe comigo
eu irei te enroscar
toda manhã te atrasarei
café, cão, rosto pra lavar
depois
prometo
eu regarei nosso jardim
de manhã:
tem o café, o cão, o rosto para lavar
pernas que te prendem
mas sabe o que é?
precisa regar também pela manhã
faz tanto calor
manjericão gosta de água
o tomilho-limão e aquela azulzinha
sendo assim, deixe comigo
eu irei te enroscar
toda manhã te atrasarei
café, cão, rosto pra lavar
depois
prometo
eu regarei nosso jardim
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Tô falando agora
Fico querendo dizer que eu te amo em momentos que não tem nada a ver como quando estamos deitados vendo filme ou no meio da madrugada quando você está dormindo ou quando estamos no sofá da sala depois de ter passado vários dias sem se ver. Acontece que falar eu te amo me soa sempre tão redundante, óbvio, clichê. Um carrapato dizer que adora sangue. Você já sabe e eu falar parece que vai tirar a graça de todos os gestos que falam por mim. Já falei tantas vezes. Tô falando agora enquanto te olho com essa cara de boba e fico fazendo carinho no seu rosto. Falei também quando criei o hábito de sentar no seu colo no café da manhã. Te amo. Te amo.
domingo, 1 de setembro de 2019
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