quarta-feira, 25 de abril de 2018

adeus menino

menino distante
nada nunca
é o bastante
pra você voltar
menino indeciso
sua cama ocupada
é um aviso
para eu te deixar
menino sem voz
e sem volta
me deixa solta 
pra eu voar
menino ansioso
essa ansiedade 
não é saudade
da sua cidade?
adeus menino
fiorentino
seria divino
te encontrar
adeus que eu vou
sair de fininho
pra não me machucar

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Crise de ansiedade

Ninguém percebe
meu coração disparado
a tensão
dentro de mim
alguma dor me invade
um desespero
tão invisível quanto Deus
finjo estar presente, converso
olho no olho
só que estou em outro lugar
presa
nos meus pensamentos ruins
De repente
você fala de Deus
do universo, das coisas que não vemos
e tudo
fica
bem.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Peixes

Eu nem ligo
se você se parece tanto comigo
e há um mar no meio de nós
cheio de peixes
sei que você também não liga
somos tão parecidos
mas pode ser que um dia desses
um outro aquário apareça
e me encha de peixes
eu nem ligo
mas você se parece tanto comigo.

domingo, 15 de abril de 2018

nos sonhos

Eu não vou te esperar
você sabe
estarei por aqui
aquariana
no mundo da lua
nos sonhos
(nos meus e nos seus)
estarei por aqui
sendo eu
sem saber quem é você
se gosta de poesia
se pega na mão
se abraça
se tem a voz do Anderson Silva
nem mesmo se cortou o cabelo
você aí longe
talvez venha
sem saber quem sou eu
se sou barulhenta
se choro às vezes
se vou ou se fico
estarei por aqui
por ali
em todo lugar
esperando sem querer

domingo, 8 de abril de 2018

Remédio

Se existe remédio para tudo 

eu quero dois 

um para mim mesma

outro para quem penso que sou

um remédio que 

ligue

e outro que

desligue

contragosto

não gosto de rimar
acho bobo
fazer palavra combinar


coca-cola

descobri que coca-cola
dispara meu coração
acendi uma vela
anotei num papel
pedi para os santos
até promessa eu fiz
nada adianta
só coca-cola
dispara meu coração



quinta-feira, 5 de abril de 2018

Viagem de ida

Você disse que vem
e quero que venha
mas não chegue tão perto
que eu tenho medo
Venha, mas devagar
que é pra não assustar
o meu coração
Pode chegar, ocupar espaço
dizer o que quiser
e até ir embora
mas se for demorar
e a cabeça apoiar
no meu ombro
por favor não se vá
fique
me deixe sentir
as batidas de dentro
o calor do seu peito
segurar sua mão
fique
me deixe ter coragem
de não ser personagem
numa viagem de ida
uma vez na vida
fique




quarta-feira, 4 de abril de 2018

D(eu)s

Agora que eu finalmente
te achei
me ajuda então
a sair daqui
dividir com alguém
o que eu tiver
juro que divido
o que você me der
me dê uma mão
um sinal
qualquer coisa que me faça manter
a força de procurar
você em todo lugar

fundo

ninguém tem inveja 
do fundo do poço
raiva também não
nem olho gordo
não há interesse fingido
conversa pra boi dormir
ninguém aparece 
nem mesmo pra dizer um oi
do fundo do poço tudo parece tão alto
dá vontade de nem sair mais
dói o pescoço de olhar pro céu 
pra procurar o sol 
é tão silencioso
pacífico
e triste
e solitário
não tem sofá no fundo do poço 
janela, jardim ou comida
não há nada aqui
e eu não sei mais sair 



domingo, 1 de abril de 2018

entendo

sempre faço escolhas erradas
e acho que ninguém vai notar
mas saio perdendo
num jogo que nem começou

pelo menos eu tento
e entendo por que perco

a vida é assim.

trinta e um

Os anos estão passando
e eu não sei se essa sempre fui eu
desse jeito, com essas olheiras
se esse peso sempre esteve nas minhas costas
disfarçado de outra coisa
parece que de repente
todo machucado demora mais pra cicatrizar
às vezes nem cicatriza
fica ali, exposto
antes eu nem sentia
hoje eu tenho vontade de entrar num casulo
e só sair depois de pronta
dizem que o tempo nem existe
deve existir pros sentimentos
que mudam tanto
deixam nossa cara tão marcada
os anos estão passando e eu não estou nem perto
da borda da piscina.







Assim

É sempre assim:
nada acontece
e eu me pergunto
por que tudo me esquece
o telefone não toca
de jeito nenhum
a campainha não soa
lá fora
nada me chama
seu olhar nem por acaso
vem parar em mim
é sempre assim
e eu me pergunto
o que eu fiz assim
que se fizesse assado
você se prenderia em mim







As suas coisas espalhadas

Elas me observam andar pela casa, chorar escrever  quando é minha vez de observá-las choro um pouco mais por tudo que carregam viagens, lemb...