Se agora escrevo sobre você
é porque o pedaço seu que você me deixou
involuntariamente
infiltrou-se nos meus poros
transbordou no meu peito
transformou-se em palavras.
Se você nunca quis deixar nada pra mim,
peço desculpas.
Queria poder devolvê-lo,
mas agora é tarde demais:
ele está aqui.
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Algo
Tantos anos se passaram e eu continuo não sendo nada.
Mas também, o que eu gostaria de ser?
Para o nada que eu sou,
até que tenho algo dentro de mim.
Mas também, o que eu gostaria de ser?
Para o nada que eu sou,
até que tenho algo dentro de mim.
sábado, 26 de agosto de 2017
Fazia sol em Camburi
Fazia sol em Camburi e o céu estava completamente azul. Marcos era surfista e queria passar na casa da namorada de manhã para poder pegar umas ondas ainda antes do almoço. Ele estava cansado da namorada e queria terminar o namoro para poder surfar em paz. Estava numa época da vida em que tudo era uma descoberta: o surf, as garotas, as drogas, as festas e o céu azul de Camburi. Ele estudava, mas não muito. Queria crescer e ser alguém na vida, mas não muito. Ana odiava os "não muito" de Marcos e o namoro já estava péssimo há algum tempo. Ele estava decidido a terminar de forma rápida e indolor. Apesar de não acompanhá-lo nessa fase da vida, Ana era uma garota legal e iria entender, eles poderiam até se tornar amigos. Ele tocou a campainha daquela conhecida porta azul e ela abriu vestindo uma camisola escondida sob um roupão curto de seda - pela cara dela dava pra ver que já pressentia o término. Marcos respirou aliviado em pensar que tudo poderia ser até mais rápido do que ele planejava. Ele abriu a boca para dizer as primeiras palavras quando Ana disse: "estou grávida."
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Viela, montanha, isolamento
Por que desviei?
Por que não observei,
por que não ouvi o seu chamado?
Em que viela, montanha, isolamento
eu estava?
Quando você aparecia (do nada),
quando você me alimentava (de poesia),
onde é que eu estava?
Por outro lado,
se vivemos num eterno retorno,
em que viela, montanha, isolamento
está você agora?
Por que não observei,
por que não ouvi o seu chamado?
Em que viela, montanha, isolamento
eu estava?
Quando você aparecia (do nada),
quando você me alimentava (de poesia),
onde é que eu estava?
Por outro lado,
se vivemos num eterno retorno,
em que viela, montanha, isolamento
está você agora?
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