quarta-feira, 13 de março de 2019

breve

ontem, enquanto eu voltava de qualquer lugar, me lembrei do nosso amor breve. de quando eu ia para sua casa pela avenida paulista. era curioso que sempre tinha vaga bem na frente do seu prédio. você tinha que descer para abrir a porta e às vezes a gente comprava cerveja no seu bar de esquina. eu gostava quando você começava a ficar mais falante por causa da cerveja. uma vez você ficou bêbado no sofá, me pediu mil desculpas e disse que me amava. em seguida você disse que eu não queria te amar de volta. talvez você tivesse razão, mas não era consciente. a gente encheu a sua casa de plantas e você fez delas suas filhas. algumas morreram, mas é assim mesmo, plantas são mesmo difíceis. você me deu de presente um livro fascinante sobre a complexidade misteriosa das plantas. a gente conversava na varanda e a casa ia enchendo de pó que vinha da rua. o pó era mais forte do que as faxinas. o barulho da rua só parava bem tarde. a vista para a lua era linda. eu queria ter ouvido mais a sua vitrola, acho que só ouvimos uma vez. eu gostei tanto de quando a gente assistiu o meu filme preferido e você chorou. você se encantou como eu. aquela vez que a sua sopa estragou na geladeira eu queria morrer. ter tirado os tapetes da sala foi a melhor ideia. eu ainda não entendo muito do que você tanto se esconde. se eu quis te amar eu não sei, mas eu acho que amei.

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...