segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sutileza

 Eu gosto das suas declarações sutis, entre uma frase e outra, escondidas no meio de um monte de outras coisas que você me diz. São por causa delas que eu fico um tempão sorrindo no trabalho. Quando você não diz nenhuma delas, as notícias que eu sou obrigada a escrever todos os dias me parecem tão inúteis. Quem precisa de notícias de outros lugares, quem precisa de informações de outras pessoas, dessas manchetes, quem precisa? Eu preciso das suas declarações, sutis ou não. Elas transformam o meu dia. Elas transformam tudo.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Carnaval no vizinho

A janela do meu quarto dava para prédios, e nesses prédios sempre acontecia alguma festa. Eu era adolescente e ficava morrendo de inveja. Ficava me remoendo por dentro, ansiosa, triste, desejando estar naquelas festas. Eu sentia que era um fim de semana sendo desperdiçado. O tempo passou e eu fui à tantas festas, em tantos prédios, em tantos lugares que jamais conseguiria fazer as contas. Aquele sentimento bobo de antes passou. Claro. Eu já sei que não existem fins de semana desperdiçados. Quando ouço festas do meu quarto, me dá é preguiça de estar ali. Mas eu nunca perdi um carnaval sequer. Pulei todos. De formas diferentes em lugares diferentes, mas sempre pulei. Dessa vez eu vou trabalhar. Eu nem me importaria se não fosse por você. Pensar que você com os seus amigos fica tão diferente me incomoda. Que aquele seu amigo em especial vai estar junto me incomoda. Pensar que carnaval é carnaval e você vai estar por aí me incomoda. Se você não existisse, seria apenas mais um barulho de festa no vizinho. Mas você existe, a festa está alta, tem muita gente ali, e o fim de semana está sendo desperdiçado. 
Valeu a pena ter voltado por causa de mim?

Eu não quero mais isso

Você adora discordar de mim e eu ainda não entendo por que faz isso. Magoada eu não fico, mas desgasta nós dois. E desgastar não é o que acontece com os seus argumentos. Tantas vezes eu já concordei com você porque eu prefiro continuar de mãos dadas. Você não faz isso, mas eu quero te ensinar. Eu quero te ensinar que nós vamos discordar de tantas coisas, mas alguns momentos você vai ter que ceder, porque é isso que as pessoas que se amam fazem. Elas não concordam com tudo, mas não ficam discordando o tempo todo. Minha mãe tantas vezes concordou com o meu pai para evitar o desgaste. E vice-versa. Eu vejo isso o tempo todo. Vamos brigar pelas coisas que valem a pena, vamos discordar do que vai nos fazer aprender alguma coisa. Vamos prezar pela paz, porque ela é muito mais importante do que você tentar me provar que eu estou errada. Eu não quero mais isso. Hoje eu me dei conta que eu não quero mais isso.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ERRATA

Ao contrário do que foi publicado qualquer dia desses por aqui, eu nunca fui quem eu sou. Eu sou, na verdade, quem eu nunca fui.

Ainda não voltou

Às vezes eu chego a acreditar em amor à distância, quando esqueço que nós moramos tão perto e que você já está voltando. A verdade é que você não parece morar ali e parece que, desde a primeira vez que você saiu, ainda não voltou.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Eu não esperei

Não se preocupe porque eu não esperei por você. Talvez você tenha ficado sem graça de me dizer que não estava voltando, porque eu poderia estar te esperando. Mas saiba, eu não te espero mais. Já faz um tempo que eu aprendi a não ter expectativas, não esperar nada, não te esperar. Aquela vez, quando você saiu mais cedo da cama e ficou horas na cozinha, eu pensei que você voltaria com café na cama pra mim, como eu fiz uma vez pra você. (Lembra? Foi um desastre: o omelete estava sem sal, a torrada muito tostada e o café, frio.) Você não, você voltou da cozinha sem nada. E aquela foi a última vez que eu esperei alguma coisa de você. Hoje você diz que vem, diz que vai, diz que sim. Mas eu sei que não, não, não. O sim eventual me surpreende. Raras vezes me surpreende. Raras e maravilhosas vezes. Mas não se preocupe meu amor, eu aprendi a não esperar. Eu aprendi a deixar surpreender.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Lancôme

As minhas mãos estavam secas, ásperas. Eu odeio quando as minhas mãos ficam assim. Procurei na minha bolsa algum creme, eu sempre tenho algum na bolsa. Não achei. Fiquei chateada. De pensar que eu ia passar o dia todo com as mãos secas, me deu vontade de chorar. Tudo já estava meio errado, desde o momento em que eu acordei mais cedo do que deveria. Acordei de mais um pesadelo onde eu ia embora. Ou era você que ia? Nem sei. Abri a bolsa de novo, procurei nos bolsos de fora. Achei. Nem vi que creme era, se era mesmo um creme, já fui passando. O cheiro era tão bom, que creme é esse, que eu lembro desse cheirinho de algum lugar? Esse cheiro me remete a alguma lembrança boa que eu não tenho certeza... Ah. Lembrei. Nós estavamos sentados na cadeira da penteadeira. Olhávamos as fotos pelo seu computador. Estavam lindas, as fotos. Mas já era tarde, estava na hora de dormir. Você fechou o computador e eu saí do seu colo. Você virou para me dar um beijo e eu reparei como o seu rosto estava seco, quase descascava. Na Itália fazia frio, e no Brasil, calor. Por isso a sua pele ficou assim, só fazia quatro dias que você tinha chegado. Eu propus te emprestar um creme, você não quis.
Mas eu insisti e você acabou cedendo. Enquanto eu passava aquele creminho de amostra grátis no seu rosto eu fiquei reparando nas suas pintinhas, e no seu olhão arregalado. Virou hábito naquela viagem o seu rosto ficar seco e eu passar aquele creminho. Era bom. Eu adorava aquela hora do dia. Eu guardei o frasquinho para comprar o creme um dia e te dar... Um dia. Um dia que nunca veio. O frasquinho que ficou guardado e hoje eu achei na minha bolsa. Eu já estava com vontade de chorar mesmo, não segurei. Onde é que ficou aquela viagem? Aquele você daquela viagem? Aquela eu tão distraída e orgulhosa de qualquer coisa? Minhas mãos não estavam mais secas, mas agora era o vazio que me incomodava. O vazio de hoje. Mas para esse, não tem creme. Não tem nada.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Just a work night

Estou viciada em uma música que você nunca ouviu, e você nem imagina.
Ela é triste e fala de separação. Eu gosto de músicas tristes.
Não gosto de pensar que alguns detalhes tão insignificamente importantes para mim você nem sabe.
And now I'm giving up on you, plim plim plim (piano)
Penso em você dormindo com a boca ligeiramente aberta e os braços jogados (eu não estou entre eles).
A música acaba e a gente continua longe,
claro. Você dorme e eu estou plenamente acordada.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Eu já amo demais

Você fica me observando o tempo todo, e todos os dias e tenta me agradar de alguma forma.Vê o que eu gosto de comer, o que eu gosto de ler na internet, o que eu costumo fazer quando o trabalho acaba. Eu percebi, mas me faço de tonta e disfarço com uma falsa concentração na tela do computador. A última música que você pediu para eu escutar tinha uma mensagem secreta e eu não posso escutá-la. E nem quero.

Não ser mais outra

De repente eu não quis mais ser ruiva. Nem ter olhos claros e nem ser mais magra. Eu me dei conta que eu sou assim porque eu sou um pouco do meu pai, aquele que pulou mais de dez vezes de paraquedas. Aquele que faz até o jardineiro morrer de rir. Aquele que gosta de pintar ouvindo música clássica e quer ler todos os livros do mundo. O meu pai me emociona, e é incrível poder ter os traços dele.

Solitary dance

A minha pista de dança tem sido o meu quarto. Não que eu dance ali, mas eu não tenho dançado muito e quando danço é sozinha. Você bem que tenta vez ou outra. Acontece que eu ficaria a noite toda, e sei que você logo está cansado. Aí eu vou pro quarto e danço sozinha... Assim que eu fecho os olhos.

Um pequeno obrigada

Você me deu um pedaço do seu sanduíche e para a minha surpresa aceitou um pedaço do meu. Outro dia me falou sobre sua ex-mulher, e eu nem sabia que você já tinha casado. Eu fico feliz que você tenha me deixado olhar um pouco além da fresta. Você é uma pessoa incrível e eu precisava deixar registrado o quanto estou feliz em ter te conhecido.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uma noite perdida

Aquela noite ele ficou jogando ping pong, e essa era mais uma das coisas que eu não sabia fazer. Fui para a praia, porque essa era uma das coisas que eu queria fazer com ele. Ele demorou para sentir a minha falta, e quando chegou lá, já era tarde. Eu não estava mais pensando nele. Eu pensava no trabalho. Eu agradecia aos meus colegas, e imagino que as energia que mandei para eles os fez dormir melhor, pelo menos aquela noite. Gosto de agradecer pessoas com uma certa reza. Quando ele chegou, ele estava bravo porque eu tinha sumido e nem percebeu como a lua estava grande, como eu estava bonita para ele e como eu daria tudo para viver naquela noite para sempre. E eu, bom, eu já estava com sono e queria dormir.
Eu não escuto mais nenhum voz que me faz escrever. Talvez elas não existam mais, ou talvez eu tenha perdido a caneta. Sinto falta deste blog, ele me deixava mais leve.

eu ajunto a coragem

eu só quero o que desejo porque  há o seu abraço o seu tempero o seu tempo, temperamento  há tempos eu percebo  minha vida, meu sossego  bem...